Várias matérias aqui no site mostram que o
Espiritismo se divide em diversas espécies, conforme sua origem: kardecista,
umbanda, quimbanda, candomblé, etc. Porém em toda espécie de espiritismo se
ensina que os homens podem comunicar-se com os espíritos dos mortos e em quase
todas se pratica magia, adivinhação, despachos, feitiçarias. Todas essas práticas são abomináveis e Deus
castiga severamente.
LEI DO
KARMA
Pagamos pelos pecados cometidos nesta vida ou em vidas passadas?
Ora, é comum entre nós o comentário de que “pagamos
nesta vida pelos pecados cometidos em vidas passadas” quando nos acontece algo
mal. Nas Sagradas Escrituras encontramos várias passagens em que Deus, por
exemplo, castiga o pecado dos pais nos filhos:
Êxodo 20,5: “...
Castigo a culpa dos pais nos filhos até à terceira e quarta geração dos que me
odeiam....”.
Êxodo 34,6-7: “...
O Senhor, o Senhor, Deus misericordioso e clemente, paciente, rico em bondade e
fiel, que conserva a
misericórdia por mil gerações e perdoa culpas, rebeldias e pecados, mas não
deixa nada impune, castigando a culpa dos pais nos filhos e netos, até a
terceira e quarta geração”.
De fato, os pecados cometidos por nós podem ter sérias consequências
futuras, inclusive atingindo
algumas gerações, como afirma o evangelista Lucas:
Jesus lhes
respondeu: “Pensais que esses galileus eram mais pecadores do que qualquer
outro galileu, por terem sofrido tal coisa? Digo-vos que não. Mas se vós não
vos converterdes, perecereis todos do mesmo modo. E aqueles dezoito que
morreram quando a torre de Siloé caiu sobre eles? Pensais que eram mais
culpados do que qualquer outro morador de Jerusalém? Eu vos digo que não. Mas,
se não vos converterdes, perecereis todos do mesmo modo”. (13,2-4).
Ao contrário do que geralmente entende-se dos
versículos citados, o profeta Ezequiel mostra justamente o contrário quando o
próprio Deus diz:
“Que
provérbio é este que andais repetindo na terra de Israel: ‘Os pais comeram uvas
verdes e os dentes dos filhos ficaram embotados’? Juro por minha vida – oráculo
do SENHOR Deus – não repetireis mais este provérbio. Todas as vidas me
pertencem. Tanto a vida do pai como a vida do filho me pertencem. Quem peca é
que morrerá”. “Quem peca é que deve morrer. O filho não pagará pela culpa do
pai, nem o pai pagará pela culpa do filho. A justiça será creditada ao justo e
a maldade será imputada ao ímpio” (18,2-4.20).
Também diz o profeta Jeremias: Naquele dia ninguém mais dirá: “Os pais comeram uvas verdes, e os
dentes dos filhos ficaram embotados”. Pelo contrário, cada qual morre por seu
próprio pecado; fica com os dentes embotados quem comeu as uvas verdes. (31,29-30)
Tal concepção é reafirmada por Jesus no episódio do
cego de nascença. Os apóstolos acreditavam que se alguém nascia com alguma
doença ou se algo de mal acontecia na vida de alguém, estaria este pagando
pelos pecados de seus pais, vejamos:
Jesus ia
passando, quando viu um cego de nascença. Os seus discípulos lhe perguntaram:
“Rabi, quem pecou para que ele nascesse
cego, ele ou seus pais?” Jesus respondeu: “Nem ele, nem seus pais pecaram, mas
é uma ocasião para que se manifestem nele as obras de Deus” (Jo 9,1-3).
Segundo uma crença muito arraigada no AT e acatada
pelos rabinos, as doenças e desgraças são castigo de uma vida pecaminosa, seja
do próprio indivíduo, seja dos pais. Por isso a pergunta dos discípulos “ou
cometeu um pecado antes de nascer (em vidas passadas) ou seus pais o cometeram”
(v.2). De modo algum se pensa numa existência anterior e na reencarnação no
sentido do espiritismo. A resposta de Jesus não nega de todo alguma ligação
entre doença e pecado. No entanto, ele deixa bem claro que certos males vem de
Deus para que sejam ocasião para mostrar-lhes o seu poder, ou como diria o
apóstolo Paulo: “a força se realiza na
fraqueza” (2Cor 12,9). Em outras palavras Jesus afirma que não se deve
perguntar pela razão, mas pela finalidade, que é a maior glória de
Deus. De fato, o milagre que segue, além de curar o cego (v.7), devia
manifestar Jesus como luz do mundo. Além do mais, fosse assim, Jesus, que foi
concebido e permaneceu sem pecado (cf. 2Cor 5,21; Hb 4,15; 7,26; 9,14; 1Pd
1,19; 2,22; 1Jo 3,5) estaria pagando por qual pecado cometido haja vista que
sua mãe Maria, também foi concebida sem pecado? (cf. Lc1,28.30).*
O profeta Isaías diz que “Eram na verdade os nossos sofrimentos que ele carregava, eram as nossas
dores, que levava às costas. E a gente achava que ele era um castigado, alguém
por Deus ferido e massacrado. Mas estava sendo traspassado por causa de nossas
rebeldias, estava sendo esmagado por nossos pecados. O castigo que teríamos de
pagar caiu sobre ele, com os seus ferimentos veio a cura para nós. Como ovelhas
estávamos todos perdidos, cada qual ia em frente por seu caminho. Foi então que
o SENHOR fez cair sobre ele o peso dos pecados de todos nós.” (53,4-6).
Ora, o Evangelho segundo o Espiritismo, ao
contrário do que afirma as Sagradas Escrituras diz:
Por que uns
sofrem mais do que outros? Por que uns nascem na miséria e outros na riqueza,
sem nada terem feito para justificar essa posição? (…) As contrariedades
da vida são de duas espécies (…): umas têm sua causa na vida presente, outras,
não nesta vida. (…) Tal é, por exemplo, a perda de seres queridos (…); as
calamidades naturais e as enfermidades de nascença (…), as deformidades (…)
etc. Aqueles que nascem nessas condições seguramente não fizeram nada nesta vida
para merecer uma sorte tão triste (…). É certo que Deus não pune o bem que
se faz e nem o mal que não se faz; se somos punidos, é porque fizemos o mal; se
não o fizemos nesta vida, seguramente o fizemos em outra. (A. Kardec,
O Evang. Segundo o Espiritismo. Cap. 5 – itens 3, 4 e 6).
Essa ideia de Allan Kardec de que todas as pessoas
carregam uma espécie de lei de “causa e efeito”, é conhecida como “lei do
karma” que seria uma dívida gerada por atos realizados nesta vida ou em vidas
passadas e foi completamente, como vimos, refutadas pela Bíblia uma vez que nega o perdão divino. Também os
hinduístas, budistas e esotéricos professam essa crença. Como dissemos antes,
embora possamos sofrer nesta vida que é a
única que temos (cf. Hb 9,27) consequências de ações passadas, nem
sempre esta é a causa do sofrimento. Sobre isto, você pode saber mais em uma
matéria do blog “O Catequista”, publicada em nosso site, sob o título: “Lei do Karma: as pessoas sofrem por que merecem?”.