Olá caro leitores, eu como tinha prometido nas redes sociais
estou preparando dois artigos um sobre as “Cruzadas” e outro sobre a “Teologia
da Libertação” mas um assunto foi muito colocado esta semana em minhas mãos
sobre a polêmica das palmas na santa missa; antes de qualquer coisa quero dizer
que ao contrário do que eu faço rotineiramente eu procurarei neste artigo usar
de reflexões não somente minhas, mas também de pessoas do clero, que darão mais
credibilidade do que um simples “leigo” que sou, sempre baseio minhas reflexões
nas sólidas doutrinas da Igreja, mas hoje deixarei escancarado isso, então
espero que leiam e se aprofundem.
Sacralidade Histórica
A santa missa desde de o cristianismo primitivo, na teologia
católica ela teve um único e específico sentido, que é reviver o sacrifício do
calvário, nas palavras do mais renomado Biblista católico Scott Hahn: “Era a
Eucaristia: a representação do sacrifício de Jesus Cristo, a refeição
sacramental em que os Cristãos consumiam o corpo e o sangue de Jesus.” (Hahn,
2011. P 37), creio que até aqui não haja desavenças de opiniões, até porque se
houver já estamos no âmbito da heresia, mas enfim, continuemos, sendo assim a
igreja desde seus primórdios viu que se necessitava de uma certa “sacralidade”
quando havia a eucaristia envolvido, afinal não era mero simbolismo, ou teatro
mas sim o verdadeiro sacrifício de Jesus. A verdade é que os primeiros cristãos
já tinha esta visão de que a eucaristia é sacrifício de Jesus, isto é um fato
para os teólogos, é óbvio que cada um vivia a sacralidade que lhe era próprio
de seu tempo, os primeiros cristãos não havia paramentos de ouro, nem vestes
tecidas a linho nobre, pois eram perseguidos e não eram de poder aquisitivo
elevado em sua maioria, mas havia o respeito único e primordial com o corpo de
Cristo, é com certeza a contemplação algo típico dos primeiros cristãos, até
por que os judeus em seus ritos previam regras quase que super-sacras, ao ponto
de somente o sumo sacerdote ter contato com os “santo dos santos” prevendo um
respeito divino para com os ritos. Chegando à idade média a Igreja se viu
envolta de beleza, e presentes de reinos cristãos, presentes estes como ouro,
terras, obras de artes e até catedrais feitas por reis em honra a suas devoções
pessoais, através desta riqueza podendo assim elevar a eucaristia ainda mais ao
nível de sagrado, agora adornando Jesus como um rei (Ap 1, 5), muito merecido
dado as discrições do livro do apocalipse; para Scott Hahn e para a Igreja o
apocalipse é a chave para compreensão da missa, e na missa vemos toda soberania
descrita no apocalipse, Jesus como Rei, nossa Senhora como Rainha, os santos ao
redor do cordeiro, os sete candelabros de ouro (Ap1, 12) até as vestes do
sacerdote (Ap 1, 13).
Você deve estar se perguntando mais o que tudo isso tem a ver
com as palmas? Ora, tem tudo a ver, a missa tem dois princípios básicos quanto
ao rito eucarístico, ela é o sacrifício de Jesus, e ela é solene pois
representa o celeste, a céu na terra, ai vamos para o segundo tópico, sobre a
essência da santa missa.
Missa e sua essência
A santa
missa foi feita em para ser reflexiva e não festiva, foi feito para revivermos
o dia do sacrifício, “0 mistério eucarístico disjunto da própria natureza
sacrifical e sacramental deixa simplesmente de ser tal” (João Paulo II, 1980)
este é o sentido mais intrínseco de sagrado e sacralidade Cristã, não supõe nem
danças, palmas ou músicas que não contem melodias sacramentais, isto pode ser
duro de ler para algumas pessoas, mas a essência da missa, não é festiva e sim
reflexiva de alto grau de interioridade; diante da Cruz de Cristo ninguém mais
bateu palmas a não ser os assassinos de Cristo.
Para
dar mais credibilidade a minha fala, vamos ver o que Papa Bento XVI ainda
como Cardeal Joseph Ratzinger disse:
“A dança não é uma forma de expressão
cristã”. Já no século III, os círculos gnóstico-docéticos [portanto, uma
Heresia!] tentaram introduzi-la na Liturgia. Eles consideravam a crucificação
apenas como uma aparência: segundo eles, Cristo nunca abandonou o corpo, porque
nunca chegou a encarnar antes da sua paixão; consequentemente, a dança podia
ocupar o lugar da Liturgia da Cruz, tendo a cruz sido apenas uma aparência. As
danças culturais das diversas religiões são orientadas de maneiras variadas –
invocação, magia analógica, êxtase místico; porém, nenhuma dessas formas
corresponde à orientação interior da Liturgia do “Sacrifício da Palavra”. É totalmente absurdo – na
tentativa de tornar a Liturgia “mais atraente” – recorrer a espetáculos de
pantomimas de dança – possivelmente com grupos profissionais – que, muitas
vezes (e do ponto de vista do seu desígnio com razão), terminam em aplauso.
Sempre que haja aplauso pelos atos humanos na Liturgia, é sinal de que a
natureza se perdeu inteiramente, tendo sido substituída por diversão de gênero
religioso. [...]
A Liturgia só pode atrair pessoas olhando para Deus e não para ela própria;
deixando-O ingressar e agir.” (Ratzinger, 2010. P 146 – 147, grifos meus).
A missa
não suporta palmas, danças, shows, músicas, como solos de guitarras ou baterias
de shows de rock ou ritmos profanos que sejam, ao passar do tempo pós concílio
Vaticano II, tivemos uma grande influência pentecostal protestante nos
movimentos carismáticos católicos, principalmente nas décadas de 70 à 90, em
que não se previa tanto o uso reflexivo da razão para se amadurecer a fé, mas
sim exaltar a emoção e por vezes até o extremo emocionalismo, e outra
influência grande pós concilio Vaticano II foi o advento da teologia da
libertação, também principalmente nas décadas de 70 à 90, que quis fazer da liturgia
um convívio social destituído da hierarquia divina e trazer o transcendente
para um mísero agir social imanente, ou um convívio de amigos que o que menos
importava era a eucaristia como sendo o próprio Deus. Neste pano de fundo houve
duas grandes deformações no campo eucarístico, a primeira foi a exaltação
exacerbada da emoção e a quebra do silêncio reflexivo para se ter orações de
cunho emotivas, muitas vezes tirando a atenção de Deus e colocando na forma de
oração pentecostal; e a segunda deformação do espírito eucarístico provido pela
Teologia da Libertação, foi o desprezo para com o sagrado, a queda do sentido
de obediência e respeito para com a eucaristia e a liturgia, a destruição para
com o seu significado sacrificial singular para os católicos, a missa se
tornou uma rotina superficial, ou encontros sociais, mas menos o comungar do
Deus vivo e sacrificado no altar.
As palmas não são litúrgicas
As
palmas distraem, retira o momento solene de sacralidade e dispersa a atenção
que deveria ser única e exclusiva a Deus para uma convenção social em massa
(salva de palmas, ou danças). Bom, se você procura ser inteiramente fiel à
Igreja e suas diretrizes, eis mais um motivo, o Missal não prevê palmas, logo
se não prevê é porque não havia de se ter palmas na missa, o Missal é um
“manual de missa” em que tudo que se refere à missa esta ali. Usando da lógica,
se o que se vive no altar da santa missa é o sacrifício de Jesus, qual o
sentido das palmas? Para quem quer argumentar que na missa africana existe a
dança como algo previsto pelo Missal, o Cardeal Francis Arinze (Cardeal da
Nigéria) fala sobre isso:
“As pessoas que estão discutindo dança
litúrgica deveriam usar o seu tempo rezando o Rosário, ou (…) lendo um dos
documentos do Papa sobre a Sagrada Eucaristia. Nós já temos problemas
suficientes. Por
que banalizar mais? Por que dessacralizar mais? Já não temos confusão suficiente?” (fonte, Grifos meus);
para finalizar
as palavras de um Bispo brasileiro, Dom Roberto Francisco Ferrería Paz, Bispo
auxiliar de Niterói:
“Porque bater palmas é um gesto que
dispersa e distrai das finalidades da missa gerando um clima emocional que faz
passar a assembleia de povo sacerdotal orante à massa de torcedores,
inviabilizando o recolhimento interior.” (fonte),
“Roma
Locuta, Causa fina est” = “Roma falou, Caso encerrado” (Santo Agostinho), e
ponto final.
Frase que marca
“A liturgia não vive de surpresas
simpáticas, de invenções cativantes, mas de repetições solenes. Não deve
exprimir a atualidade e o seu efêmero, mas o mistério do Sagrado.” (Bento XVI,
comentário a Carta Apostólica Domenica Caena)
Bibliografia:
HANH,
Scott. O banquete do Cordeiro. 5º Edição. Edições Loyola: Ipiranga, SP
RATZINGER,
Joseph. Introdução ao espírito da Liturgia. 3ª Edição. Paulinas: Prior Velho,
Portugal.
Biblia
Ave Maria, Edições de estudos. 3º Edição. Editora Ave Maria. São Paulo
PAULO
II, João. Carta Apostólica Domenica Caena, 24/02/1980
http://ocatequista.com.br/archives/5571#sthash.QuKGAtCc.dpuf,
acessado em: 31/05/2014., acessado em: 31/05/2014.
Disponível: Pro Ecclesia Catholica
Nenhum comentário:
Postar um comentário