“Por alguma fissura a fumaça de Satanás entrou no templo de Deus.”
- Papa Paulo VI
Todos sabemos que a nova presidência da Conferência
Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) tomou posse na manhã da sexta-feira, dia
24 de abril de 2015, durante a sessão de encerramento da 53ª Assembleia Geral
(AG) da entidade, iniciada no dia 15 do mesmo mês, em Aparecida (SP). Também
tomaram posse os doze presidentes da Comissões Episcopais. Na ocasião, a CNBB
publicou uma nota sobre o momento nacional, nela “os
bispos falam da necessidade de se retomar o crescimento econômico sem trazer
prejuízo à população, aos trabalhadores e, principalmente, aos mais pobres.
Refere-se à lei que permite a terceirização do trabalho, em tramitação no
Congresso Nacional, com tendência a restringir os direitos dos trabalhadores.
Recordam que os povos indígenas até hoje não receberam reparação das injustiças
que sofreram desde a colonização do Brasil (demarcação e homologação das
terras, e o fim dos conflitos). Insiste que a redução da maioridade penal não é
solução para a violência que grassa no Brasil. E defende uma Reforma Política
que atinja as entranhas do sistema político brasileiro. Apartidária, a proposta
da Coalizão pela Reforma Política Democrática e Eleições Limpas, da qual a CNBB
é signatária, se coloca nessa direção”. (Palavras de dom Pedro Luiz
Stringhini, bispo de Mogi das Cruzes), disponíveis aqui.
Após as leituras das notas, os jornalistas puderam
fazer perguntas ao eleito presidente e secretário geral da CNBB, dom Sérgio da Rocha, bispo da
Arquidiocese de Brasília sobre as acusações de atitudes favoráveis ao partido
do governo PT. Na ocasião, dom Sérgio respondeu:
“Nós deixamos
muito claro que a CNBB, na sua história e no momento presente tem sempre se
pautado por aquilo que é a Doutrina Social da Igreja. Nós temos sim o dever de
nos pronunciar sobre as questões sociais e fazemos isso sempre na fidelidade a
Cristo, iluminados pela palavra dele. A palavra da Igreja é profética, é de
anúncio é de denúncia, sempre fundamentada na palavra de Deus. É a palavra de
Deus que está sendo proclamada nas condições concretas do nosso tempo, do nosso
país. De nossa parte, nós não temos adotado e não queremos adotar nenhuma
posição que seja político-partidária. E no caso da Reforma Política, até mesmo
existem outros projetos diversos daquele que a Coalizão, da qual a CNBB
participa, está propondo. Então não é justo, às vezes as pessoas não estão
muito atentas aos detalhes, às vezes vão misturando as coisas. Por exemplo, o
fato da Igreja falar da reforma política, mostrar a importância da palavra
política não quer dizer que esteja adotando uma posição que seja do governo que
aí está ou então de um partido ou outro. Nós fazemos isso [falar da reforma
política], com sentimento de corresponsabilidade e de responsabilidade na vida
social. Eu deixo muito claro que se há equívocos, a gente respeita, até mesmo
pessoas que possam ter uma postura mais crítica, mas, de nossa parte, aquilo
que tem sido e que continuará a ser é uma postura de autonomia, de
independência diante daquilo que é posição político-partidária.
Lamentavelmente, às vezes, acaba-se confundindo as coisas dependendo daquilo
que se fala”. Essa entrevista está disponível no site da CNBB.
No entanto, o que não faz sentido é que as palavras
pronunciadas pela CNBB parecem não corresponder com a prática. Vejamos por que:
JOVEM É AGREDIDO NA PUC
POR DEFENDER
POSIÇÃO DA IGREJA
No dia 24 de abril de 2015, mesmo dia em que a nova
presidência da CNBB foi empossada, a Pontifícia Universidade Católica (PUC) de
Goiás, recebeu o secretário da CNBB, Daniel Seidel, que foi encarregado de fazer propaganda do projeto
de reforma política que faz parte do projeto de poder comunista do PT. No
encontro havia representantes de vários movimentos sociais defendidos por
partidos comunistas como o PT e também uma pequena representação de um grupo de
católicos que não se intimidaram em condenar tal ação acontecendo em um espaço
que pertence à Igreja Católica, que condena todo e qualquer movimento ligado
diretamente ao comunismo. Transcrevemos abaixo parte das falas e o desenrolar
da discussão:
“Olhando para a
conjuntura que estamos atravessando, cada vez, vou me convencendo mais de que
talvez nós tínhamos que dar um passo a mais: em vez de discutirmos reforma,
talvez começarmos a discutir REVOLUÇÃO. Não há caminho para fazer as mudanças
necessárias, fazer nosso ajuste de contas por caminhos de reformas. Todas as
reformas têm um limite, tem um limite para a gente avançar. No fundo, no fundo,
o que nós queremos é uma superação do sistema”. (Trecho do
discurso do representante do MST).
“Nós temos de
tomar juízo, vergonha na cara, e nos dedicarmos a esta coleta de
assinaturas. Por que eu digo isto?
Porque, na verdade, nós não estamos querendo só a reforma política. A reforma
política vai dar margem para a reforma tributária, vai dar margem para outras
reformas necessárias para repartir. Porque, até então, nesses 12 primeiros anos
de governo popular no Brasil, nós tivemos avanços importantes acontecendo, mas
só que nós chegamos ao limite, e hoje nós temos que distribuir a riqueza que a classe
trabalhadora produz nesse nosso país. Agora, a gente só distribui a riqueza com
reforma tributária. Não dá mais para frcar apenas com os importantíssimos
programas sociais que existem: o povo quer mais, e quer avançar para uma
economia mais igualitária. Agora, para isso, precisa reformar o sistema
político brasileiro”. (Trecho do discurso de Daniel Seidel, secretário da CNBB).
Católico 1: Secretário
Daniel, eu peço a palavra por um segundo. O Reitor da PUC não está aqui não?
Ele não vai dar uma palestra, nem nada? Não? ...Não estava aqui? É porque o
senhor está representando a CNBB, certo?
Secretário da
CNBB: Eu vim pela coalizão da reforma política.
Católico 1: Existe algum
grupo de igreja aqui? Da Igreja?
Secretário da
CNBB: Pela CNBB, sou eu.
Católico 1: Sem ser a
CNBB, do pessoal daqui de Goiânia mesmo.
Comunista 1: Não, não se
inscreveram. Dos que estão ouvindo, tem alguma instituição ligada à Igreja?
(silêncio)
Católico 1: Porque eu
queria entender uma coisa...
Secretário da
CNBB: Mas eu posso dar sequencia, então?
Católico 1: Não, não,
porque eu queria entender uma coisa: Como é que uma instituição católica
permite uma bancada formada só de excomungados? Isso que eu queria entender.
Inclusive o senhor que é representante da CNBB. Isso que eu queria entender.
Aqui ó, Decreto Contra o Comunismo, 1949, assinado pelo Papa Pio XII: “Todo
católico que apoia o movimento comunista está automaticamente excomungado”.
Bancada de excomungados! Bancada de excomungados! Eu quero entender isso, eu
quero entender como é que a CNBB, a Conferência Nacional dos Bispos do
Brasil... Que educado o que? Vocês querem fazer revolução armada! Vocês querem
fazer revolução armada, mas falam de educação. Se está pregando revolução
armada, é porque quer matar as pessoas. Quer matar fazendeiro! Quer matar
empresário! Pede vocês para sair. Eu estou na minha casa: Isso aqui existe em
função da Igreja Católica, que já condenou todos esses movimentos, um por um.
[...] Que agredi o que? Quem agride as pessoas são vocês. A manifestação contra
o PT teve 2 milhões de pessoas, e não teve um caso de agressão. Só quem agride
é o pessoal da CUT, é o pessoal do MST. São só vocês que agridem as pessoas na
rua.
Comunista 1: Vamos terminar
a exposição e você terá direito à fala, porque aqui é democrático. Agora, você
tem que respeitar a democracia. Democracia exige ordem, ordem.
Católico 1: Não há
democracia quando se prega revolução armada. Não há democracia no socialismo.
Não vem inventar moda. Não, não vem inventar moda.
Católico 2: Isso aqui é
uma instituição privada da Igreja Católica, que condena esses movimentos.
Católico 1: Existe um
documento da Igreja que excomunga comunistas. Existe um documento da Igreja que
excomunga todo mundo que tem parte com socialismo. [...]
Comunistas [gritando em
coro]: FORA, FORA!!!
Católicos: EXCOMUNGADOS!
EXCOMUNGADOS!!!
[...]
Católico 1: Sai você
rapaz, eu to na Igreja, eu sou católico.
Católico 2: Vocês são
excomungados e estão usando de uma desonestidade intelectual monumental: usando
o espaço católico para pregar algo contra o catolicismo. [...]
Católico 3: Ei vai ficar
olhando? Ei CNBB, vai ficar olhando?
Professora da
PUC dirigindo-se ao Católico 1: [...] Moleque, desrespeitoso, eu
quero que me agrida! Me agrida!
Católico 1: Não vou que eu
não sou de esquerda. Quem agride é comunista. Quem agride é comunista.
Professora da
PUC dirigindo-se ao Católico 1: Desrespeitoso, desrespeitoso,
moleque! Desrespeitoso, saia daqui. Moleque! Eu sou professora daqui, eu sou
professora daqui. [...] Saia daqui, moleque.
[...]
Católico 2: Ele foi
agredido, ele foi agredido, ele não agrediu ninguém. Vocês não tem direito de
usar o espaço católico...
Comunista 2: Eu sou
católico.
Católico 2: Não, você não
é católico. Você apoia isso aí, você não é católico.
Católico 4 [Dirigindo-se
ao secretário da CNBB]: Você deveria ter vergonha, ó, vergonha disso aí, olha
aqui: Decreto contra o Comunismo...
[...]
Comunista 2: O papa apoia a
CNBB no Brasil...
Comunistas [gritando em
coro]: Reforma política, deixa acontecer, eu quero ver o povo e as mulheres no
poder!
[...]
Toda a confusão acima está disponibilizada em vídeo
e vocês podem conferir logo abaixo: