sexta-feira, 3 de julho de 2015

Como o Matrimônio é um sacramento, se ele já existia antes de Cristo?


Se o Matrimônio já existia antes de Nosso Senhor, como é possível que ele seja um sacramento? Esta pergunta, que pode parecer ociosa, está no coração de um debate que remonta à própria Reforma Protestante. Reunidos na dieta de Augsburgo, os luteranos, alegando que, como “o matrimônio não foi originalmente instituído no Novo Testamento, mas no início, imediatamente na criação da raça humana”, e como “tem promessas, não tanto vinculadas ao Novo Testamento, mas à vida corporal” [1], não poderia ser considerado um verdadeiro sacramento.

Nós, católicos, ao contrário, cremos firmemente que “a aliança matrimonial, (...) ordenada por sua índole natural ao bem dos cônjuges e à geração e educação da prole, (...) foi elevada, entre os batizados, à dignidade de sacramento por Cristo Senhor” [2]. Isto é, o pacto natural existente entre o homem e a mulher, com vista à realização pessoal de ambos, por meio de uma vida virtuosa, foi de algum modo perturbado pelo drama do pecado original: injustiças, ciúmes e outras doenças afetivas começaram a fazer parte do convívio entre os dois. Nosso Senhor, então, veio redimir a realidade conjugal, transformando o homem em um ser capaz não só de virtude, mas também de santidade.

quinta-feira, 2 de julho de 2015

Ir aos rebeldes


Nem sempre temos coragem de enfrentar críticas, oposições e situações conflitantes e problemáticas. Em nossas tarefas cotidianas, porém, surgem empecilhos que nos deixam perplexos e com vontade de desistir de continuar na missão e tarefas próprias de nossa condição de vida ou vocação. No entanto, é preciso sermos responsáveis para não deixarmos o barco da função ao léu. Muitos, para não perderem as vantagens do cargo, preferem ir pelo caminho da corrupção e não ter que fazer denúncia de quem lhes oferece propinas para não ser processado e perder o cargo. Isso acontece demais, principalmente na coisa pública. Até pessoas de aparência ética, de freqüência e atividade religiosa, eleita por essa sua comunidade, trai a mesma por interesse monetário e de cargos. Como fica sua consciência, se é que tem consciência e grandeza de caráter?

Na Bíblia encontramos exemplos de missão dada por Deus a profetas, para irem aos rebeldes, por exemplo: “Filho do homem, eu te envio aos israelitas, nação de rebeldes, que se afastaram de mim. Eles e seus pais se revoltaram contra mim até o dia de hoje. A estes filhos de cabeça dura e coração de pedra vou te enviar” (Ezequiel 2,3-4). O profeta obedeceu e cumpriu sua árdua missão, apesar de ter sido perseguido. Sua tarefa de sentinela foi cumprida. Também isso acontece demais. Os que apresentam o que é justo, ético, conforme a dignidade humana, a verdade e o bem nem sempre são aceitos por quem vive só para o próprio egoísmo e buscando vantagens. Este último usa do lícito e do ilícito para sempre ganhar em aparência de prestígio e de bens materiais. Mas se diminui como pessoa humana, tornando-se desumana e sem moral. Ganha aparentemente, mas perde, de fato, em sua dignidade. A Bíblia até fala que vale mais a pouca riqueza de quem ganha honestamente do que a muita adquirida corruptamente! 

Uma cátedra a Michel Foucault na PUC-SP?

Uma universidade católica não pode homenagear alguém afinado com o marxismo.

Bem andaram as altas autoridades da PUC-SP, a magnífica reitora e o grão-chanceler, ao obstarem a instalação de uma cátedra em homenagem ao filósofo Michel Foucault.  Com efeito, uma cátedra deste tipo constitui um conjunto de expedientes que visam a aprofundar determinados estudos, com cursos, palestras etc. Recentemente, a PUC-SP erigiu uma cátedra em honra a são João Paulo II. De fato, através deste areópago universitário, os estudantes conhecerão mais a fundo a imensa doutrina do papa polonês, principalmente a assim chamada teologia do corpo.

Michel Foucault, por seu turno, desenvolveu teses de color marxista, francamente contrárias ao cristianismo que, como sabemos, repugna o comunismo e quejandos. Não é razoável, pois, que uma escola confessional, como a PUC-SP, prestigie este pensador, a ponto de lhe conceder uma cátedra. Isto não impede, é claro, que, em aula, se estudem os livros de Foucault, desde que ocorra sempre a contrapartida da ilustração católica, num diálogo corajoso e honesto entre a fé e a razão, ao lume da verdade. O mencionado caráter confessional da PUC-SP implica um compromisso com a verdade da parte dos docentes, os quais devem inculcar os valores evangélicos por intermédio da mediação sociológica da universidade. Demais, reza a constituição apostólica Ex Corde Ecclesiae, a lei canônica que disciplina as universidades católicas, que uma das características essenciais desse jaez de instituição educacional consiste na “fidelidade à mensagem cristã tal como é apresentada pela Igreja” (13.3). As regras da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) corroboram este preceito: “Missão da universidade católica é servir à humanidade e à Igreja, garantindo de forma permanente e institucional, a presença da mensagem de Cristo, luz dos povos, centro e fim da criação, no mundo científico e cultural.” (Diretrizes para as Universidades Católicas no Brasil, doc. 64 da CNBB). 

Pontifício Conselho divulga mensagem para a Jornada Mundial do Turismo 2015


PONTIFÍCIO CONSELHO PARA A 
PASTORAL DOS MIGRANTES E ITINERANTES

Mensagem pastoral por ocasião da Jornada Mundial do Turismo 2015

“Mil milhões de turistas, mil milhões de oportunidades”.

1. Era 2012 quando a barreira simbólica de mil milhões de chegadas turísticas internacionais foi superada. E os números, agora, continuam a aumentar de tal modo que as previsões estimam que em 2030 se alcançará a nova meta de dois mil milhões. A estes dados devem acrescentar-se cifras ainda mais altas ligadas ao turismo local.

Para o Dia Mundial do Turismo queremos concentrar-nos sobre as oportunidades e os desafios lançados por estas estatísticas e por isto faremos nosso o tema que a Organização Mundial do Turismo propõe: “Mil milhões de turistas, mil milhões de oportunidades”.

Este crescimento lança um desafio a todos os setores envolvidos neste fenômeno global: turistas, empresas, governos e comunidades locais. E, certamente, também à Igreja. O mil milhões de turistas deve necessariamente ser considerado sobretudo no seu mil milhões de oportunidades.

A presente mensagem torna-se pública há poucos dias da apresentação da encíclica Laudato si’ do Papa Francisco, sobre o cuidado da casa comum.1 É um texto que devemos ter em forte consideração porque oferece importantes linhas diretrizes a seguir na nossa atenção ao mundo do turismo.

2. Estamos numa fase de mudança, na qual muda o modo de deslocar-se e, consequentemente, também a experiênca da viagem. Quem se desloca para um país diferente do seu, fá-lo com o desejo, mais ou menos consciente, de despertar a parte mais recôndita de si através do encontro, da compartilha e do confronto. O turista está sempre mais à procura de um contato direto com o diverso na sua extraordinariedade.

Já se atenuou o conceito clássico de “turista”, ao passo que se reforçou o de “viageiro”, ou seja, daquele que não se limita a visitar um lugar, mas, de alguma forma, torna-se dele parte integrante. Nasceu o “cidadão do mundo”. Não mais ver, mas pertencer, não curiosar, mas viver, não mais analisar, mas aderir. Não sem o repeito do que ou de quem se encontra.

Na última encíclica, Papa Francisco convida-nos a nos aproximarmos da natureza com “a abertura para a admiração e o encanto”, falando “a língua da fraternidade e da beleza na nossa relação com o mundo” (Laudato si’, n. 11). Eis a justa abordagem a adotar em relação aos lugares e aos povos visitados. É esta a estrada para aproveitar mil milhões de oportunidades e fazê-las frutificar mais ainda. 

Faleceu Pe. Salvatore, o jovem que comoveu o Papa Francisco com seu desejo de ser sacerdote


A história do Pe. Salvatore Mellone comoveu milhares de pessoas. Faltava dois anos para ser ordenado sacerdote e foi diagnosticado com câncer no esôfago em fase terminal. Entretanto, com uma permissão especial do seu Bispo e a bênção do Papa Francisco, pôde receber a ordem sacerdotal.

O jovem padre de 38 anos faleceu ontem (29), dia da solenidade de São Pedro e São Paulo, dois meses e meio depois de ser ordenado sacerdote. Com suas últimas forças presidiu a Eucaristia cada dia, pôde administrar o Batismo em uma menina e consolou alguns doentes.

O funeral foi presidido nesta terça-feira por Dom Giovanni Battista Pichierri, Arcebispo do Trani-Barletta, na Igreja da Santa Cruz, na qual milhares de pessoas assistiram ao vivo a sua ordenação sacerdotal, no dia 16 de abril.

Dois dias antes de sua ordenação, o Papa Francisco telefonou para o seminarista Salvatore Mellone e lhe disse: “Salvatore, eu estou contigo. Serás ordenado e celebrarás Missa”. Foi ordenado sacerdote e enviou a sua primeira bênção ao Santo Padre.

Em sua ordenação, Pe. Salvatore disse: “Hoje sinto que Cristo me carregou nos seus ombros; e como sacerdote levarei esta estola com Cristo, para a salvação do mundo... Celebrar por uma única vez a Eucaristia seria para mim a participação do sacerdócio real de Cristo”. 

Mensagem para o mês do Ramadã pede o fim da violência em nome da religião.


PONTIFÍCIO CONSELHO PARA O DIÁLOGO INTER-RELIGIOSO

MENSAGEM PARA O MÊS DO RAMADÃ

E ‘Id al-Fitr 1436 H. / 2015 A.D.

Cristãos e Muçulmanos: não à violência em nome da religião.

Queridos irmãos e irmãs muçulmanos

É-me grato dirigir-vos, quer em nome dos católicos do mundo inteiro, quer pessoalmente, os melhores votos por uma serena e jubilosa celebração de 'Id al-Fitr. No mês de Ramadã respeitastes muito as práticas religiosas e sociais, como o jejum, a oração, a esmola, a ajuda aos pobres, as visitas aos familiares e amigos.

Espero e rezo para que os frutos destas boas obras possam enriquecer a vossa vida!

Para alguns de vós, assim como para outros pertencentes às diversas comunidades religiosas, a recordação dos próprios entes queridos, que perderam a vida e os seus bens ou sofreram física, mental e até espiritualmente por causa da violência, lança uma sombra sobre a alegria da festa. Comunidades étnicas e religiosas em numerosos países do mundo padeceram sofrimentos enormes e injustos: o assassinato de alguns dos seus membros, a destruição do seu patrimônio cultural e religioso, emigração forçada das suas casas e cidades, moléstias e estupros das suas mulheres, escravização de alguns dos seus membros, tráfico de seres humanos, comércio de órgãos, e até venda de cadáveres!

Estamos todos cientes da gravidade destes crimes. Todavia, o que os torna ainda mais hediondos é a tentativa de os justificar em nome da religião. Trata-se de uma clara manifestação da instrumentalização da religião para obter poder e riqueza.

Seria supérfluo dizer que quantos são responsáveis pela segurança e pela ordem pública têm também o dever de proteger as pessoas e as suas propriedades da violência cega dos terroristas. Por outro lado, há também a responsabilidade daqueles que têm a tarefa da educação: as famílias, as escolas, os textos escolares, os líderes religiosos, o discurso religioso, os meios de comunicação. A violência e o terrorismo nascem primeiro na mente das pessoas desviadas, sucessivamente são perpetradas em concreto. 

quarta-feira, 1 de julho de 2015

Palavra de Vida: “Tende coragem! Eu venci o mundo.” (João 16,33).


Com essas palavras concluem-se os discursos de despedida dirigidos por Jesus aos discípulos na sua última ceia, antes de morrer. Foi um diálogo denso, em que revelou a realidade mais profunda do seu relacionamento com o Pai e da missão que este lhe confiou.

Jesus está prestes a deixar a terra e voltar ao Pai, enquanto que os discípulos permanecerão no mundo para continuar a sua obra. Também eles, como Jesus, serão odiados, perseguidos, até mesmo mortos (cf. Jo 15,18.20; 16,2). Sua missão será difícil, como foi a Dele: “No mundo tereis aflições”, como acabara de dizer (16,33).

Jesus fala aos apóstolos, reunidos ao seu redor para aquela última ceia, mas tem diante de si todas as gerações de discípulos que haveriam de segui-lo, inclusive nós.

É a pura verdade: entre as alegrias esparsas no nosso caminho não faltam as “aflições”: a incerteza do futuro, a precariedade do trabalho, a pobreza e as doenças, os sofrimentos causados pelas calamidades naturais e pelas guerras, a violência disseminada em casa e entre os povos. E existem ainda as aflições ligadas ao fato de alguém ser cristão: a luta diária para manter-se coerente com o Evangelho, a sensação de impotência diante de uma sociedade que parece indiferente à mensagem de Deus, a zombaria, o desprezo, quando não a perseguição aberta, por parte de quem não entende a Igreja ou a ela se opõe.

Jesus conhece as aflições, pois viveu-as em primeira pessoa. Mas diz:

“Tende coragem! Eu venci o mundo.” 

Essa afirmação, tão decidida e convicta, parece uma contradição. Como Jesus pode afirmar que venceu o mundo, quando pouco depois é preso, flagelado, condenado, morto da maneira mais cruel e vergonhosa? Mais do que ter vencido, Ele parece ter sido traído, rejeitado, reduzido a nada e, portanto, ter sido clamorosamente derrotado.

Em que consiste a sua vitória? Com certeza é na ressurreição: a morte não pode mantê-lo cativo. E a sua vitória é tão potente, que faz com que também nós participemos dela: Ele torna-se presente entre nós e nos leva consigo à vida plena, à nova criação.

Mas antes disso ainda, a sua vitória consistiu no ato de amar com aquele amor maior, de dar a vida por nós. É aí, na derrota, que Ele triunfa plenamente. Penetrando em cada canto da morte, libertou-nos de tudo o que nos oprime e transformou tudo o que temos de negativo, de escuridão e de dor, em um encontro com Ele, Deus, Amor, plenitude.

Cada vez que Paulo pensava na vitória de Jesus, parecia enlouquecer de alegria. Se é verdade, como ele dizia, que Jesus enfrentou todas as contrariedades, até a adversidade extrema da morte e as venceu, também é verdade que nós, com Ele e Nele, podemos vencer todo tipo de dificuldade. Mais ainda, graças ao seu amor somos “mais que vencedores”: “Tenho certeza de que nem a morte, nem a vida […], nem outra criatura qualquer será capaz de nos separar do amor de Deus, que está no Cristo Jesus, nosso Senhor” (Rm 8,37; cf. 1Cor 15,57).

Então compreende-se o convite de Jesus a não ter medo de mais nada:

“Tende coragem! Eu venci o mundo.”

Nota dos Bispos do Regional Sul 3 sobre riscos da ideologia de gênero


NOTA DO REGIONAL SUL 3 SOBRE
RISCOS DA INTRODUÇÃO DA IDEOLOGIA DE GÊNERO
NOS PLANOS ESTADUAL E MUNICIPAIS DE EDUCAÇÃO

O Congresso Nacional aprovou recentemente o Plano Nacional de Educação. Os Estados e Municípios terão até o dia 24 de junho para aprovarem os próprios planos para que as metas estabelecidas nacionalmente sejam monitoradas e cumpridas localmente. A Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul e as Câmaras Municipais estão se preparando para aprovar o Plano Estadual e os Planos Municipais de Educação. O futuro de nosso povo depende da qualidade da educação oferecida às nossas crianças e adolescentes.

Nesse contexto, queremos ressaltar a importância de debatermos e nos acautelarmos sobre a questão de gênero no âmbito do Plano Estadual de Educação e dos Planos Municipais de Educação. Há quem pretenda assegurar e promover a diversidade de gênero, propondo consolidar políticas públicas que defendam a igualdade e identidade de gênero.

Ora, a ideologia de gênero sustenta que a pessoa humana é sexualmente indefinida e indefinível. Elimina-se a ideia de que os seres humanos se dividem em homem e mulher. Para além das evidências anatômicas, entendem que esta não é uma determinação fixa da natureza, mas resultado de uma cultura ou de uma época. Para a ideologia de gênero o “natural” não é tido como valor humano e é preciso superar até mesmo a distinção da natureza masculina e feminina das pessoas. Com o intuito de superar discriminações, desconsideram-se as diferenças. Acusa-se que as explicações naturais são formulações ideológicas para manter determinada posição social. Como consequência da questão de gênero, promove-se a desvalorização da família em favor da liberdade individual, desconsidera-se a maternidade natural e o matrimônio, e desprezam-se os valores religiosos.