Eu fui criado
como um protestante evangélico, em Birmingham, no Alabama. Meus pais eram
amorosos e dedicados, sinceros em sua fé, e profundamente envolvidos em nossa
igreja. Eles incutiram em mim o respeito pela Bíblia como a Palavra de Deus, e
um desejo e uma fé viva em Cristo. Missionários frequentavam nossa casa e
traziam o seu entusiasmo pelo seu trabalho. As estantes em nossa casa estavam
cheias de livros de teologia e apologética. Desde cedo, eu absorvi a noção de
que a minha maior vocação era ensinar a fé cristã. Suponho que não seja nenhuma
surpresa que eu tenha me tornado um historiador da Igreja, mas me tornar um
católico era a última coisa que eu esperava.
A igreja da
minha família era nominalmente Presbiteriana, mas as diferenças denominacionais
significavam muito pouco para nós. Eu frequentemente ouvia que divergências
sobre o batismo, a ceia, ou o governo da igreja do Senhor não eram importantes,
desde que eu acreditasse no Evangelho. Assim, queríamos dizer que a pessoa deve
“nascer de novo”, que a salvação é pela fé, e que a Bíblia é a única autoridade
para a fé cristã. Nossa igreja apoiava os ministérios de muitas denominações
protestantes diferentes, mas o grupo certamente estava em oposição a Igreja
Católica.
O mito de uma
“recuperação” protestante do Evangelho era forte em nossa igreja. Eu aprendi
muito cedo a idolatrar os reformadores protestantes Martinho Lutero e João
Calvino, porque supostamente haviam resgatado o Cristianismo das trevas do
Catolicismo medieval. Os católicos eram os que confiavam nas “boas obras” para
levá-los para o céu, que se renderam à tradição ao invés das Escrituras, e que
adoravam Maria e os santos em vez de Deus. Sua obsessão com os sacramentos
também criou um enorme obstáculo para a verdadeira fé e um relacionamento
pessoal com Jesus. Não havia dúvida. Os católicos não eram verdadeiros
cristãos.
Nossa igreja era
caracterizada por uma espécie de intelectualismo confiante. Presbiterianos
tendem a ser bastante ou teologicamente intelectuais, e professores de
seminário, apologistas, cientistas e filósofos eram os oradores frequentes de
nossas conferências. Foi essa atmosfera intelectual que atraiu o meu pai para a
igreja, e suas estantes estavam lotadas com as obras do reformador João Calvino,
e do puritano Jonathan Edwards, bem como autores mais recentes como B.B.
Warfield, A.A. Hodge, C.S. Lewis e Francis Schaeffer. Como parte dessa cultura
acadêmica, tomávamos como certo que a investigação honesta levaria alguém a
nossa versão da fé cristã.