sábado, 3 de outubro de 2015

Palavra de Vida: “Nisto conhecerão todos que sois os meus discípulos: se vos amardes uns aos outros” (João 13,35).


É esse o distintivo, o sinal de reconhecimento, a característica típica dos cristãos. Ou pelo menos deveria ser esse, porque foi assim que Jesus imaginou que seria a sua comunidade.

Um fascinante escrito dos primeiros séculos do cristianismo, a Carta a Diogneto, dá conta de que “os cristãos não se distinguem dos outros homens nem pelo território, nem pelo modo de falar, nem pelo modo de vestir. Com efeito, não moram em cidades diferentes, não usam alguma língua estranha, nem adotam um modo de vida especial”. São pessoas normais, como todas as outras. No entanto, possuem um segredo que as faz influir profundamente na sociedade, fazendo-as ser como que a sua alma (cf. cap. 5-6).

É um segredo que Jesus confiou aos seus discípulos pouco antes de morrer. Tal como os antigos sábios de Israel, ou como um pai diante de seu filho, também Ele, Mestre de sabedoria, deixou como herança a arte do saber viver, do viver bem. Ele a tinha colhido diretamente do Pai: “Porque vos dei a conhecer tudo o que ouvi de meu Pai” (Jo 15,15), e era esse o fruto da sua experiência na relação com Ele. Essa arte consiste na reciprocidade do amor. É essa a última vontade de Jesus, o seu testamento, a vida do Céu que Ele trouxe à terra, partilhando-a conosco a fim de que nós tenhamos a mesma vida.

Ele quer que seja esta a identidade dos seus discípulos, que eles sejam reconhecidos como discípulos pelo amor mútuo:

“Nisto conhecerão todos que sois os meus discípulos: 
se vos amardes uns aos outros.”

Será que os discípulos de Jesus são reconhecidos pelo amor recíproco? “A história da Igreja é uma história de santidade”, escreveu João Paulo II. “No entanto, ela registra também numerosos episódios que constituem um contratestemunho para o cristianismo” (Incarnationis Mysterium, 11). Durante séculos os cristãos se combateram em nome de Jesus com guerras intermináveis, e persistem na divisão entre si. Ainda hoje há pessoas que identificam os cristãos com as Cruzadas, com os tribunais da Inquisição, ou os veem como defensores ferrenhos de uma moral antiquada, que se opõem ao progresso da ciência.

Não era isso que acontecia com os primeiros cristãos da comunidade nascente de Jerusalém. As pessoas ficavam admiradas pela comunhão dos bens que eles viviam, pela unidade que reinava, pela “alegria e simplicidade de coração” que os caracterizava (cf. At 2,46). “O povo estimava-os muito”, lemos ainda nos Atos dos Apóstolos, com a consequência de que a cada dia “crescia sempre mais o número dos que pela fé aderiam ao Senhor” (At 5,13-14). O testemunho de vida da comunidade tinha uma forte capacidade de atração. Por que também hoje não somos conhecidos como aqueles que se distinguem pelo amor? O que fizemos do mandamento de Jesus? 

sexta-feira, 2 de outubro de 2015

Papa recebeu Kim Davis, cristã presa por não casar homossexuais, durante visita aos EUA


Kim Davis, a funcionária do Condado de Rowan em Kentucky (Estados Unidos) que foi presa por negar-se a dar licenças para matrimônios homossexuais devido a sua fé, assegura ter recebido o apoio e o consolo do Papa Francisco em um encontro no dia 24 de setembro, durante a viagem do Pontífice. Neste mesmo dia, foi o aniversário de Davis, que esteve na prisão durante cinco dias até que um juiz a libertou.

A Sala de Imprensa da Santa Sé emitiu hoje de manhã uma declaração do porta-voz do Vaticano, Pe. Federico Lombardi, a respeito da notícia difundida pelo grupo cristão Liberty Counsel (Conselho pela Liberdade): “Não nego que o encontro foi realizado, mas não tenho comentários a serem acrescentados”, sustentou o sacerdote.

Segundo um comunicado da Liberty Counsel divulgado ontem à noite, o encontro aconteceu na Nunciatura do Vaticano, em Washington, aproveitando a presença do Pontífice devido sua visita ao país. Na reunião, também esteve presente o esposo de Kim, Joe Davis.

O comunicado assinado pelo advogado de Davis, Matt Staver, assegura que o Pontífice agradeceu a Kim pela sua “valentia” e lhe pediu para “manter-se forte”. Além disso, disse que rezaria por ela.

“Nunca pensei que me encontraria com o Papa. Quem sou eu para ter esta oportunidade? Eu apenas sou uma funcionária do Condado que ama Jesus e desejo servi-lo com todo meu coração”, declara Davis através do comunicado.

A funcionária relatou que “Francisco foi amável, atencioso e muito agradável”. “Inclusive me pediu que reze por ele”, diz o comunicado. “Francisco me agradeceu pela minha valentia e me pediu para ser forte”, acrescentou.

Na coletiva de imprensa com os jornalistas a bordo do avião que o levou da Filadélfia a Roma, o Papa falou sobre a objeção de consciência dos funcionários públicos e disse que é um direito humano.

A respeito dos funcionários do governo, o Santo Padre expressou: “É um direito humano! Se o funcionário do governo é uma pessoa humana, tem esse direito. É um direito humano”.

O Papa Francisco assinalou que não pode “ter em mente todos os casos de objeção de consciência que podem existir. Mas posso dizer que a objeção de consciência é um direito que faz parte [do conjunto] de todos os direitos humanos. E se alguém não permite que outros sejam objetores de consciência, essa pessoa nega um direito”. 

Mensagem do Papa para o Dia Mundial do Migrante e Refugiado 2016


MENSAGEM DO PAPA FRANCISCO
PARA O DIA MUNDIAL DO MIGRANTE E DO REFUGIADO 2016

[17 de Janeiro de 2016]

Os emigrantes e refugiados interpelam-nos. A resposta do Evangelho da misericórdia


Queridos irmãos e irmãs!

Na bula de proclamação do Jubileu Extraordinário da Misericórdia recordei que «há momentos em que somos chamados, de maneira ainda mais intensa, a fixar o olhar na misericórdia, para nos tornarmos nós mesmos sinal eficaz do agir do Pai» (Misericordiae Vultus, 3). De facto, o amor de Deus quer chegar a todos e cada um, transformando aqueles que acolhem o abraço do Pai noutros tantos braços que se abrem e abraçam para que todo o ser humano saiba que é amado como filho e se sinta «em casa» na única família humana. Deste modo, a ternura paterna de Deus, que se estende solícita sobre todos, mostra-se particularmente sensível às necessidades da ovelha ferida, cansada ou enferma, como faz o pastor com o rebanho. Foi assim que Jesus Cristo nos falou do Pai, dizendo que Ele Se inclina sobre o homem chagado de miséria física ou moral e, quanto mais se agravam as suas condições, tanto mais se revela a eficácia da misericórdia divina.

Neste nosso tempo, os fluxos migratórios aparecem em contínuo aumento por toda a extensão do planeta: prófugos e pessoas em fuga da sua pátria interpelam os indivíduos e as colectividades, desafiando o modo tradicional de viver e, por vezes, transtornando o horizonte cultural e social com os quais se confrontam. Com frequência sempre maior, as vítimas da violência e da pobreza, abandonando as suas terras de origem, sofrem o ultraje dos traficantes de pessoas humanas na viagem rumo ao sonho dum futuro melhor. Se, entretanto, sobrevivem aos abusos e às adversidades, devem enfrentar realidades onde se aninham suspeitas e medos. Enfim, não raramente, embatem na falta de normativas claras e praticáveis que regulem a recepção e prevejam itinerários de integração a breve e a longo prazo, atendendo aos direitos e deveres de todos. Hoje, mais do que no passado, o Evangelho da misericórdia sacode as consciências, impede que nos habituemos ao sofrimento do outro e indica caminhos de resposta que se radicam nas virtudes teologais da fé, da esperança e da caridade, concretizando-se nas obras de misericórdia espiritual e corporal.

Na base desta constatação, quis que o Dia Mundial do Migrante e do Refugiado de 2016 fosse dedicado ao tema: «Os emigrantes e refugiados interpelam-nos. A resposta do Evangelho da misericórdia». Os fluxos migratórios constituem já uma realidade estrutural, e a primeira questão que se impõe refere-se à superação da fase de emergência para dar espaço a programas que tenham em conta as causas das migrações, das mudanças que se produzem e das consequências que imprimem novos rostos às sociedades e aos povos. Todos os dias, porém, as histórias dramáticas de milhões de homens e mulheres interpelam a comunidade internacional, testemunha de inaceitáveis crises humanitárias que surgem em muitas regiões do mundo. A indiferença e o silêncio abrem a estrada à cumplicidade, quando assistimos como expectadores às mortes por sufocamento, privações, violências e naufrágios. De grandes ou pequenas dimensões, sempre tragédias são; mesmo quando se perde uma única vida humana. 

Papa sim, Igreja não…


As multidões se espremem ao longo dos percursos do papa Francisco onde quer que ele esteja – e não foi diferente na última viagem apostólica aos Estados Unidos e a Cuba.

Mas o que atrai essas pessoas?

Depois de conversar com algumas delas em Washington – mais especificamente, aquelas que não estavam usando a camiseta azul com o lema “O amor é a nossa missão” – ficou claro que o papa Francisco conseguiu mesmo chegar às “periferias”, já que muitas dessas pessoas não eram católicas e nem mesmo cristãs. Mas também ficou claro que, embora tenha captado a atenção das pessoas, o papa ainda tem bastante trabalho a fazer para conquistá-las para a Igreja.

Coral Keegan, de 24 anos, é de Nova Iorque, mora em Washington, é católica batizada, mas não frequenta a Igreja regularmente. “Eu gosto de ver que o papa está aceitando os gays e lésbicas, que a Igreja não aceitava antes”. E será que o papa vai fazê-la voltar à missa? “Não”, responde Coral. “Eu não acho necessário para ser uma pessoa espiritual”.

Deitado na grama da Casa Branca ao lado dela estava Jorge Gonzalez, de 27 anos, colombiano. “Eu gosto da humildade dele. Ele está mostrando que é apenas um ser humano”. Católico “de criação”, Gonzalez também não frequenta a Igreja e acha que, apesar dos sentimentos positivos que tem pelo papa, é pouco provável que passe a frequentar.

Dustin Meyer, 31 anos, do Estado de Iowa, é outro “ex-católico”: “Eu fui criado como católico, mas não sou católico. Minha avó é e ficou muito animada com a vinda do papa a Washington. Por isso eu vim aqui tirar fotos para ela”. Dustin também admira o papa Francisco. “Eu tenho um respeito muito profundo por ele. Ele mostra as melhores qualidades da fé em geral e da Igreja católica em particular. Ele tira o foco dos componentes negativos da religião e os orienta para os positivos”. 

Pedagogia Litúrgica para o mês de Outubro de 2015


Outubro se apresenta como um mês repleto de atividades, do ponto de vista eclesial. Em contexto mundial, a Igreja celebra o Sínodo da Família e, em contexto nacional, celebramos a festa de Nossa Padroeira, Nossa Senhora Aparecida. Um mês, igualmente, no qual seremos convidados a considerar nosso testemunho cristão diante deste difícil momento histórico, pelo qual passa o nosso país. A pedagogia litúrgica deste mês terá muito a dizer e nos ajudar neste sentido. Além destes dois eventos, Outubro é também o Mês Missionário, o qual a Igreja no Brasil dedica uma especial atenção, seja com a contribuição financeira como com as orações, sustentando os milhares de missionários e missionárias que semeiam e plantam o projeto do Reino de Deus.

Fidelidade conjugal e fidelidade ao Evangelho

A primeira celebração de outubro (27DTC-B) sintoniza-se perfeitamente com a abertura do Sínodo dos Bispos sobre a família. É uma celebração que se inspira e se contextualiza no projeto divino da fidelidade matrimonial, proposto pelo próprio Deus, com a conhecida orientação de Jesus de o que Deus uniu, o homem não ouse separar. Um ensinamento que considera a fidelidade não unicamente do ponto de vista legal, mas como caminho e meio de se viver de modo feliz o Matrimônio. Um tema, por isso, de grande atualidade, que tem a ver com identidade do homem e da mulher que buscam no Matrimônio a felicidade e o sentido de suas vidas. Um tema que, como dizia, torna-se ainda mais atual devido ao Sínodo sobre a Família, que acontecerá neste mês de outubro, no Vaticano.

Ainda no campo da fidelidade, mas em outro contexto, podemos compreender como esta conduz a vida do homem e da mulher nos caminhos da sabedoria. A celebração do 28DTC-B é bem direta, neste sentido: escolher o dom da sabedoria divina para ser livre, para se viver na alegria de quem tem o coração livre e libertado. É o exemplo de Salomão, o rei sábio, que prefere o dom da sabedoria às estratégias políticas para ter sucesso na liderança de seu povo. Um desejo, este de buscar a sabedoria divina, que jamais deveria se apartar de nossa alma. Buscar o espírito da sabedoria divina cultivado através do contato com a Palavra de Deus e do desapego de todo e qualquer tipo de bem terreno, capaz de impedir nossa liberdade. No contexto do discipulado, é importante interceder o espírito da sabedoria divina para se tornar discípulo e discípula de Jesus. Ou seja, para se viver na sabedoria divina não basta o conhecimento intelectual dos preceitos ou do Evangelho, é preciso viver desapegado de tudo que é terreno, para que o Espírito de liberdade, que vem de Deus, nos torne sábios na vida e fiéis aos ensinamentos do Evangelho.

O sentido da vida: servir

Considerando o sentido da vida e o caminho para se encontrar um sentido existencial, a celebração do 29DTC-B considera a vida a partir do serviço e o fazer do serviço uma atividade missionária. A Igreja pede, na Liturgia deste Domingo, que dediquemos nossas preces com uma lembrança especial à sua atividade missionária. A missionariedade é uma atividade essencial, uma vez que a Igreja nasceu missionária e só vive sua vocação quando exerce o mandato de Jesus de ir pelo mundo em missão evangelizadora. A missão de anunciar o Evangelho encorajando nossa gente a não se deixar cegar pelo atual momento histórico, pelo qual passa o país, mas a exemplo do acontece ao cego que é chamado para se aproximar de Jesus dizer a todo o nosso povo: “coragem, levanta-te, ele te chama!” (30DTC-B). Diante da crise moral, social e econômica do país, a Palavra deste Domingo convida a se aproximar de Jesus, para sermos iluminados pela sua luz e, com esta luz, realizarmos a missão de iluminar quem vive nas trevas. 

quinta-feira, 1 de outubro de 2015

Não existe cristianismo sem cruz


A cruz possui um significado inegociável para o cristianismo. É somente por meio do Cristo crucificado que se pode compreender “o poder de Deus" (cf. 1 Cor 1, 24) e a sua ação salvífica entre os homens. Por isso, na pregação evangélica de Jesus, tudo se resume a esta exortação: “Se alguém quiser vir comigo, renuncie-se a si mesmo, tome sua cruz e siga-me" (cf. Mt 16, 24). Não se trata de mera retórica, mas da apresentação de um dado incontestável: não há redenção sem cruz. O homem que quiser se salvar, deverá, necessariamente, apegar-se às cruzes do dia a dia, renunciando-se a si mesmo, tal qual o Filho do Homem fez no lenho da salvação.

Após aquele encontro fatídico na estrada para Damasco, São Paulo pôde perscrutar o significado autêntico da renúncia anunciada por Jesus. Viu que a lógica da cruz consiste num abandono confiante no “Evangelho da graça", o qual nos apresenta a salvação não como prêmio que se conquista por meio de esforços puramente humanos. É dom gratuito; Deus confunde a “sabedoria" humana ao doar-se inteiramente ao homem — “o que é tido como debilidade de Deus é mais forte que os homens" (cf. 1 Cor 1, 24). São Paulo, por sua vez, fazendo frente às tendências de sua época, não deixou de anunciar aos seus interlocutores a “loucura" e o “escândalo" do madeiro santo: “Porque a linguagem da Cruz é loucura para aqueles que se perdem; mas poder de Deus para os que se salvam, isto é, para nós" (cf. 1 Cor 1, 18-23).

Nas pegadas do Apóstolo das gentes, a Igreja sempre procurou incutir na sociedade o necessário e urgente apelo do Crucificado, sobretudo quando estes esforços sofriam oposição da mentalidade pagã e autossuficiente do período. Ela testemunhou pelo derramamento de sangue — tal qual São Pedro, que se deixou crucificar de cabeça para baixo, achando-se indigno de ter uma morte igual à de Jesus —, pela vida abastada e longe das comodidades do mundo — a exemplo dos monges eremitas e dos irmãos e irmãs do Carmelo —, como também pela atualização diária e milagrosa do próprio sacrifício de Jesus, através da celebração da Santa Eucaristia. Em poucas palavras, pode-se dizer que a pregação da Igreja se fundamentou ordinariamente neste pequeno, mas não menos verdadeiro, princípio: “Quando vires uma pobre Cruz de madeira, só, desprezível e sem valor... e sem Crucificado, não esqueças que essa Cruz é a tua Cruz" [1]. 

O Papa e a homilia do “fracasso” da Cruz: um evangélico inteligente explica


“E se, às vezes, os nossos esforços e o nosso trabalho parecem gorar-se e não dar fruto, estamos a trilhar a mesma via de Jesus Cristo; a sua vida, humanamente falando, acabou com um fracasso: o fracasso da cruz”. Essas palavras cheias de sabedoria foram ditas pelo Papa Francisco em sua homilia em Nova Iorque (24/09). Algumas pessoas – por ódio, maldade ou por pura ignorância – estão tirando a frase de seu contexto e distorcendo o seu sentido.

Em um dos muitos sites furrecas evangélicos que estão distorcendo essa homilia e xingando o Papa de “Besta do Apocalipse”, tive a alegria de encontrar entre os comentários de leitores esse prudente comentário de um irmão evangélico:


O Dia do Nascituro - 8 de outubro


Por determinação da 43ª Assembleia Geral dos Bispos do Brasil, em 2005, celebra-se, em todo o Brasil, de 1 a 8 de outubro, a Semana Nacional da Vida e no dia 8 de outubro o Dia do Nascituro, ou seja, o Dia pelo direito de nascer. “A Semana Nacional da Vida e o Dia do Nascituro são ocasiões para que toda a Igreja continue afirmando sua posição favorável à vida desde o seio materno até o seu fim natural, bem como a dignidade da mulher e a proteção das crianças” (Dom Leonardo Ulrich Steiner, secretário geral da CNBB). Uma data esquecida, mas que vale a pena recordar. Nascituro, o que está para nascer, é o que todos fomos um dia, no útero de nossa mãe, onde teve início nossa existência, graças a Deus.

Foi escolhido o dia 8 de outubro, por ser próximo ao dia em que se celebra a Padroeira do Brasil (12 de outubro), cujo título, ao evocar a concepção, lembra o fruto correspondente: Nossa Senhora da Conceição Aparecida, Mãe de Deus que se fez homem, Jesus Cristo, nascituro em seu seio, que faz João Batista exultar de alegria no ventre de Isabel (Lc 1,39-45).

A propósito, diante da atual banalização da vida e de opiniões favoráveis ao aborto, defendido por inúmeras pessoas influentes, é importante lembrar que a Igreja compreende as situações difíceis que levam mães a abortar, mas, por uma questão de princípios, defende com firmeza a vida do nascituro, como bem nos ensina S. João Paulo II na Carta Encíclica "Evangelium Vitae" (Sobre Valor e a Inviolabilidade da Vida Humana): “É verdade que, muitas vezes, a opção de abortar reveste para a mãe um caráter dramático e doloroso: a decisão de se desfazer do fruto concebido não é tomada por razões puramente egoístas ou de comodidade, mas porque se quereriam salvaguardar alguns bens importantes como a própria saúde ou um nível de vida digno para os outros membros da família. Às vezes, temem-se para o nascituro condições de existência tais que levam a pensar que seria melhor para ele não nascer. Mas essas e outras razões semelhantes, por mais graves e dramáticas que sejam, nunca podem justificar a supressão deliberada de um ser humano inocente” (n. 58). E, usando da prerrogativa da infalibilidade, o Papa define: “Com a autoridade que Cristo conferiu a Pedro e aos seus sucessores, em comunhão com os Bispos – que de várias e repetidas formas condenaram o aborto e que... apesar de dispersos pelo mundo, afirmaram unânime consenso sobre esta doutrina - declaro que o aborto direto, isto é, querido como fim ou como meio, constitui sempre uma desordem moral grave, enquanto morte deliberada de um ser humano inocente. Tal doutrina está fundada sobre a lei natural e sobre a Palavra de Deus escrita, é transmitida pela tradição da Igreja e ensinada pelo Magistério ordinário e universal”(n. 62).