sábado, 24 de outubro de 2015

A crise da família começa pelo afastamento de Deus, diz Arcebispo


Em sua coluna semanal intitulada “Proclamem a beleza do plano de Deus para a família”, o Arcebispo de Los Angeles (Estados Unidos), Dom José Gómez, explicou a importância do Sínodo sobre a família que acontece em Roma. Segundo ele, a crise da família se origina no afastamento de Deus.

Em seu texto, Dom Gómez considera que a atual crise familiar tem um sentido antropológico, porque “nossa cultura perdeu o sentido do significado da pessoa humana e da criação. Esta perda tem sua origem no afastamento de Deus”.

“Frente à crise generalizada da família, acho que nossa sociedade precisa escutar uma vez mais a bela verdade a respeito da pessoa humana e do plano amoroso de Deus para a criação e para a história; um plano que está centrado na família”, indicou.

Nesse sentido, explicou que os bispos que participam do Sínodo da Família “estamos aqui porque o Papa Francisco nos pediu que o assessoremos em alguns dos assuntos cruciais que os casais e as famílias enfrentam hoje”, disse o Prelado acerca da sua participação junto a aproximadamente 300 bispos provenientes de todos os continentes, de sacerdotes, religiosos e leigos.

Indicou que esta discussão começou a partir do documento de trabalho Instrumentum

Laboris. “Nosso trabalho consiste em proporcionar compreensão e conselhos acerca do texto”, explicou Dom Gómez.

O Arcebispo de Los Angeles disse que este documento reconhece que existe “uma ‘pedagogia divina’ na história da salvação que se desenvolve nas Sagradas Escrituras”. Acrescentou que a Igreja deve recuperar essa “pedagogia divina” para “fortalecer o matrimônio e a família em nosso tempo”.

Em sua coluna, recordou as palavras que o Santo Padre pronunciou nos Estados Unidos: “Deus confiou à família seu plano amoroso para a criação”.

Este “plano do Criador para sua criação e para a história da humanidade” é revelado na Palavra de Deus e esta “é o ponto de partida para compreender a autêntica vocação e missão da família”, explicou o Prelado.

Por isso, é urgente que a Igreja ofereça “uma nova catequese evangélica sobre a criação, como um elemento essencial da nova evangelização. Devemos proclamar a beleza do plano de amor de Deus para a criação, para a pessoa humana e para a família humana”. 

Cardeal Marx promove dar Comunhão a divorciados recasados


Depois de anos de uma série de afirmações diretas e indiretas sobre o tema, o Cardeal alemão Reinhard Marx se pronunciou a favor de admitir ao sacramento da Comunhão os divorciados recasados, uma postura contrária à doutrina católica.

Em sua intervenção, no dia 14 de outubro, ante os bispos provenientes de distintas partes do mundo para participar do Sínodo da Família, o Cardeal Marx afirmou que “devemos considerar seriamente a possibilidade – olhando cada caso individualmente e não de modo geral – de admitir aos divorciados em nova união os sacramentos da Penitência e da Santa Comunhão”.

Isto deve ser permitido, prosseguiu, “quando a vida compartilhada em um matrimônio canonicamente válido fracassou definitivamente e o matrimônio não pode ser anulado, as responsabilidades deste matrimônio se resolveram, existe um arrependimento pela falta que é a ruptura do vínculo matrimonial e exista a vontade de viver o segundo matrimônio civil na fé, educando os filhos na fé”.

A intervenção do Cardeal Marx aconteceu depois de alguns anos de uma série de pedidos dos bispos alemães a fim de mudar as normas da Igreja a respeito, apesar de nos últimos 50 anos os Papas terem rejeitado esta proposta por ser contrária à doutrina da Igreja, a qual estabelece que o matrimônio é indissolúvel e que este vínculo somente termina com a morte de um dos esposos.

No voo de retorno da Filadélfia para Roma no fim de setembro, o Papa Francisco disse aos jornalistas que dar a Comunhão aos divorciados em nova união era uma solução “simplista” ao problema.

Além disso, o Santo Padre anunciou recentemente uma reforma do processo das causas de nulidade que gerarão maior brevidade e menor custo dos mesmos. 

I Congresso católico online sobre afetividade e sexualidade


O Congresso Virtual é uma das inúmeras iniciativas da Campanha Amor Autêntico que visa difundir entre os jovens a beleza da sexualidade humana à luz da Teologia do Corpo de São João Paulo II. Entrevista com Fernando Gomes, responsável pelo Ministério Jovem da RCC no Brasil e organizador do evento.

Nos dias 26 de Outubro a 01 de Novembro acontecerá o I Congresso Católico Online sobre Afetividade e Sexualidade, com o tema: Congresso Virtual Amor Autêntico. A iniciativa é liderada pelo jovem missionário Fernando Gomes, que já foi membro da Coordenação da Pastoral Juvenil Nacional ligada à CNBB e hoje é responsável pelo Ministério Jovem da RCC no Brasil.

O Congresso Virtual é uma das inúmeras iniciativas da Campanha Amor Autêntico que visa difundir entre os jovens a beleza da sexualidade humana à luz da Teologia do Corpo de São João Paulo II. O evento tratará de temas como namoro, sexualidade, afetividade, vida de solteiro, castidade, preparação para o casamento, dentro de uma perspectiva católica. E contará com a participação de diversos pregadores de renome do Brasil e do exterior. Dentre eles, estarão o Prof. Felipe Aquino, Pe Paulo Ricardo, Lucimar Maziero, Diego Fernandes, Nilton Jr, Fernando Gomes, Prof. Felipe Nery, Celina e Gerson Abarca, Dra Roberta Castro, Gleyvison Cunha, Tiago Borges, e o casal Pablo e Sandra de Madri na Espanha e do líder juvenil Francisco Javier, da Costa Rica.

A novidade do evento, além do conteúdo, é que o mesmo é totalmente online e gratuito. Para se inscrever basta clicar nesse link:  Congresso Virtual Amor Autêntico  e digitar o seu email pessoal e já estará inscrito. E os cadastrados receberão por email as informações de como acessar o Congresso e o cronograma das palestras com os temas, pregadores e horários.


Fernando Gomes, organizador do evento, concedeu uma entrevista a ZENIT explicando os detalhes dessa iniciativa.   

O fiel que discorda do magistério Papal não pode sair por aí criticando o Papa levianamente... saiba o porquê!


Em vista das muitas perguntas que chegam continuamente à nossa redação - dessa vez a respeito do Papa Francisco, sua recente encíclica e as acusações públicas ao Papa - entrevistamos brevemente o vice-reitor do Pontifício Ateneu Santo Anselmo de Roma, Stefano Visintin, osb, que respondeu com muita amabilidade as nossas questões. Acompanhe a seguir essa breve entrevista:

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ZENIT: Ultimamente ouvimos muitas críticas sobre o Papa Francisco, principalmente acusando-o de comunista. O que você acha disso, à luz da Pastor Aeternus? Ou seja, tudo o que diz e pensa o Papa entra no dogma da infalibilidade papal?

P. Stefano: Claro que não. Entra no dogma apenas o que a) é relativo à fé e moral; b) é dito "ex cathedra", isto é, quando explicitamente se fala que é um dogma; c) está (obviamente), em substância, contido na Sagrada Escritura e na Tradição.

Quanto às acusações de "comunismo", deve-se lembrar que desde Leão XIII (Rerum Novarum, 1891), a Igreja tem uma sua "Doutrina Social". O Papa segue esta, que não é nem "comunista" nem "capitalista".

ZENIT: O Papa é ou não "primus inter pares”? De onde surgiu essa expressão?

P. Stefano: A expressão nasceu no período da Roma antiga e tem mais o sentido de primado de honra. Neste sentido não se aplica ao Papa que tem jurisdição sobre a Igreja Católica Romana. Mais especificamente: Há apenas um sujeito do supremo poder da Igreja: o colégio episcopal estruturado sob o Papa como sua cabeça; mas há duas maneiras em que tal supremo colégio pode atuar: um “ato propriamente colegial” e o ato do Papa como cabeça do colégio.

ZENIT: O Papa deve ser ouvido e lido apenas quando fala infalivelmente ou também nos seus atos de magistério ordinário?

P. Stefano: O Papa e os Bispos devem ser ouvidos no exercício ordinário do seu magistério, que é o habitual, e que ocupará provavelmente toda a sua vida. A tarefa deles é dar uma orientação à vida dos fieis nas circunstâncias ordinárias, a fim de permitir uma melhor compreensão da revelação e das suas implicações morais. As intervenções "infalíveis" são um acontecimento raro. 

sexta-feira, 23 de outubro de 2015

Ataques periódicos e concentrados para deslegitimar o papa


Premissas necessárias para que nos entendamos bem desde o início: o nosso raciocínio é baseado em fatos demonstráveis. No entanto, é sempre uma hipótese e, portanto, é uma "verdade" pessoal que pode ser rejeitada ou criticada.

1) A primeira deve ser reiterada não só em honra da verdade, mas por afeto e solidariedade: o Papa Francisco, que goza de uma "frágil saúde de ferro", está bem e porta com alegria e leveza as fraquezas da sua idade e não poupa esforços e empenho no seu serviço à Igreja e ao mundo.

2) A segunda deve ser destacada por necessidade do raciocínio que segue: em 30 meses, Jorge Mario Bergoglio se tornou o líder moral e religioso mais importante do mundo, e as suas palavras não são apenas ouvidas, mas a cada dia chegam a "plateias" inesperadas, ultrapassando todo tipo de barreira religiosa, linguística, cultural, política e cultural. A sua liderança, sem dúvida, é a que tem maior autoridade, é a mais sólida e convincente no mundo de hoje, e isso não acontecia no panorama internacional há muitos anos.

3) Com base nessa realidade da qual Francisco é protagonista, reconhecida pelos seus piores detratores, há apenas a verdade da sua palavra e a sua coerência de vida. Francisco fala como um profeta (encarnando a missão profética da Igreja) sem se importar com os cálculos diplomáticos, com os jogos de poder muitas vezes obscuros, com as conveniências do momento, e faz isso usando a denúncia, mas também a esperança, trazendo de volta para hoje – dos subterrâneos das bibliotecas – Jesus e o seu Evangelho.

4) Obviamente, tudo isso fez com que ele se tornasse o líder mais amado, reconhecido como pastor e guia, e, portanto, ouvido por milhões e milhões de pessoas, dentro e fora da Igreja, mas, ao mesmo tempo, aconteceu outra coisa, natural e evidente: pouco a pouco, as fileiras dos seus adversários foi crescendo em número, agressividade e consistência. São as forças, diversas e compósitas, que vão desde os piedosos "ateus devotos" a algumas corporações, aos conservadores e reacionários, aos corruptos de todas as camadas, aos bem-pensantes por conveniência carreirista, aos pusilânimes que são sempre "moderados" (quando se trata dos seus interesses), aos nostálgicos mal educados a uma fé que deveria sempre embasar o poder. 

Arcebispo pede ao Sínodo falar abertamente sobre o ataque do demônio contra a família


Em sua intervenção durante o Sínodo sobre a Família, o Arcebispo de Hajdúdorog (Hungria), Dom Péter Fülöp Kocsis, exortou aos bispos a denunciar abertamente o “feroz e enorme ataque” do diabo contra a família.

O Sínodo Ordinário sobre a Família acontece no Vaticano entre o dia 4 e 25 de outubro, com a participação de bispos, sacerdotes e leigos do mundo inteiro.

Dom Péter Fülöp Kocsis assinalou que “devemos dizer abertamente que em nosso mundo malcriado, a família e o homem de boa vontade, com boas intenções, estão sendo atacados, estão sofrendo um feroz e enorme ataque. E este está sendo realizado pelo demônio”.

“Devemos chamar estas forças diabólicas pelo seu nome, estas forças têm um papel que cumprir com estes fenômenos, pois desta forma podemos encontrar algumas indicações inclusive para a busca de possíveis soluções”, disse. 

Os abutres do Vaticano


Em um mundo cada vez menor, o cumprimento do processo iniciado com João XXIII é a condição sine qua non para que a Igreja Católica seja fator de paz e não de divisão. O Papa Francisco sabe disso e age em conformidade. Mas muitos, dentro da Igreja, ou não sabem disso ou não o desejam. Entre inimigos internos e inimigos externos, há até alguns que não hesitam em se transformar em abutres e a cercar sinistramente o corpo do papa.

Há um ditado de Jesus desde sempre inquietante, que nestas horas assume uma dimensão ainda mais sinistra. "Onde estiver o corpo, aí se reunirão os abutres" (Lucas 17, 37). O ditado também se encontra em Mateus 24, 28, e em ambos os Evangelhos a frase está totalmente fora de contexto, aparece como uma espécie de marreta errática caída do céu, completamente independente daquilo que vem antes e daquilo que vem depois. Não se sabe a ocasião concreta que levou Jesus a pronunciar essas palavras, mas, na sua força icônica, elas fotografam uma experiência concreta da vida natural, naqueles tempos diante dos olhos de todos.

Nos nossos dias, porém, mudadas as formas, também não falta a presença dos abutres. Especialmente quando o que está em jogo é o corpo do papa. E ainda mais quando se trata do corpo "deste" papa. O fato de que o Papa Francisco é, no mínimo, incômodo para uma parte nada pequena dos poderes políticos, econômicos, financeiros e, obviamente, eclesiásticos é uma simples questão de fato, bem documentada em um livro recente de um jornalista do Avvenire, Nello Scavo, intitulado I nemici di Francesco [Os inimigos de Francisco], subtítulo: "Quem quer desacreditar o papa, quem quer calá-lo, quem o quer morto".

Mas agora a notícia do tumor no cérebro, divulgada pelo jornal Quotidiano Nazionale, falando de "uma mancha, um pequeno tumor no cérebro", destina-se a aumentar drasticamente o voo ameaçador dos abutres. O porta-voz papal, padre Lombardi, logo desmentiu secamente a notícia. E o jornal L'Osservatore Romano falou de "poeirama levantada com intenção manipuladora".

O certo é que seria difícil hoje esconder por muito tempo uma notícia sobre a saúde do pontífice: o corpo do papa, ao contrário dos séculos passados, quando era velado à vista de muitos e vivia em uma dimensão sagrada que levava a pensá-lo como quase divino, totalmente desprovido das deficiências dos reles mortais, agora é cotidianamente exposto ao olhar das telecâmeras de todo o mundo.

Isso aconteceu cerca de 15 anos atrás com João Paulo II, cujo mal de Parkinson, antes sistematicamente negado pelo porta-voz vaticano, depois se tornou evidente aos olhos de todos. A saúde do corpo de um papa nunca foi apenas uma questão privada, e hoje o é menos do que nunca. O verdadeiro ponto, porém, não diz respeito à saúde de Jorge Mario Bergoglio, mas aos abutres. O que chama a atenção, de fato, é que a notícia foi publicada apenas ontem (a dez meses de distância da hipotética visita especializada) e, principalmente, a poucas horas do encerramento do estratégico Sínodo sobre a família.

Uma combinação casual? Obviamente não; ao contrário, o levantar voo de um bando de abutres. Naturalmente, não me refiro aos jornalistas que, de posse da notícia, fizeram apenas o seu trabalho, assim como teria feito qualquer outro jornalista do mundo; ao contrário, refiro-me àqueles que, justamente agora, vazaram a notícia no momento talvez mais delicado do pontificado de Francisco. 

Igreja e Sínodo são sinônimos, afirma Papa Francisco


COMEMORAÇÃO DO CINQUENTENÁRIO 
DA INSTITUIÇÃO DO SÍNODO DOS BISPOS

DISCURSO DO SANTO PADRE FRANCISCO

Sala Paulo VI
Sábado, 17 de Outubro de 2015


Beatitudes, Eminências, Excelências, Irmãos e Irmãs!

A comemoração do cinquentenário da instituição do Sínodo dos Bispos, em pleno andamento da Assembleia Geral Ordinária, é para todos nós motivo de alegria, louvor e agradecimento ao Senhor. Desde o Concílio Vaticano II até à actual Assembleia, temos vindo a experimentar de forma cada vez mais intensa a necessidade e a beleza de «caminhar juntos».

Nesta feliz circunstância, desejo saudar cordialmente o Senhor Cardeal Lorenzo Baldisseri, Secretário-Geral, juntamente com o Subsecretário D. Fabio Fabene, os oficiais, os consultores e restantes colaboradores da Secretaria Geral do Sínodo dos Bispos, pessoas que, nos bastidores, trabalham todos os dias pela noite dentro. Juntamente com eles, saúdo e agradeço pela sua presença os padres sinodais, os outros participantes na Assembleia em curso e ainda quantos estão presentes nesta Aula.

Neste momento, queremos recordar também aqueles que, ao longo de cinquenta anos, trabalharam ao serviço do Sínodo, começando pelos sucessivos Secretários-Gerais: os Cardeais Władysław Rubin, Jozef Tomko, Jan Pieter Schotte e o Arcebispo Nikola Eterović. Aproveito esta ocasião para expressar do fundo do coração a minha gratidão a quantos, vivos ou mortos, contribuíram com generoso e competente empenho para o desenrolar da actividade sinodal.

Desde o início do meu ministério como Bispo de Roma, pretendi valorizar o Sínodo, que constitui um dos legados mais preciosos da última sessão conciliar.[1] Segundo o Beato Paulo VI, o Sínodo dos Bispos devia repropor a imagem do Concílio Ecuménico e reflectir o seu espírito e o seu método.[2] O mesmo Pontífice previa que o organismo sinodal, «com o passar do tempo, poderia ser aperfeiçoado».[3] Fazia-lhe eco, vinte anos depois, São João Paulo II ao afirmar que «talvez este instrumento possa tornar-se ainda melhor. Talvez a responsabilidade colegial possa expressar-se no Sínodo de uma forma ainda mais plena».[4] Por fim, em 2006, Bento XVI aprovava algumas variações no Ordo Synodi Episcoporum, à luz também das disposições do Código de Direito Canónico e do Código dos Cânones das Igrejas Orientais, entretanto promulgados.[5]

Devemos continuar por esta estrada. O mundo, em que vivemos e que somos chamados a amar e servir mesmo nas suas contradições, exige da Igreja o reforço das sinergias em todas as áreas da sua missão. O caminho da sinodalidade é precisamente o caminho que Deus espera da Igreja do terceiro milénio.