domingo, 25 de outubro de 2015

Igreja deve proclamar misericórdia, não aplicar condenações, diz Papa


Discurso do Papa Francisco
Conclusão do trabalho dos Sínodo sobre as Famílias
Sábado, 24 de outubro de 2015


Amadas Beatitudes, Eminências, Excelências,
Queridos irmãos e irmãs!

Quero, antes de mais, agradecer ao Senhor por ter guiado o nosso caminho sinodal nestes anos através do Espírito Santo, que nunca deixa faltar à Igreja o seu apoio.

Agradeço de todo o coração ao Cardeal Lorenzo Baldisseri, Secretário-Geral do Sínodo, a D. Fabio Fabene, Subsecretário e, juntamente com eles, agradeço ao Relator, o Cardeal Peter Erdö, e ao Secretário Especial, D. Bruno Forte, aos presidentes delegados, aos secretários, consultores, tradutores e todos aqueles que trabalharam de forma incansável e com total dedicação à Igreja: um cordial obrigado!

Agradeço a todos vós, amados padres sinodais, delegados fraternos, auditores, auditoras e conselheiros, párocos e famílias pela vossa activa e frutuosa participação.

Agradeço ainda a todas as pessoas que se empenharam, de forma anónima e em silêncio, prestando a sua generosa contribuição para os trabalhos deste Sínodo.

Estai certos de que a todos recordo na minha oração ao Senhor para que vos recompense com a abundância dos seus dons e graças!

Enquanto acompanhava os trabalhos do Sínodo, pus-me esta pergunta: Que há-de significar, para a Igreja, encerrar este Sínodo dedicado à família?

Certamente não significa que esgotámos todos os temas inerentes à família, mas que procurámos iluminá-los com a luz do Evangelho, da tradição e da história bimilenária da Igreja, infundindo neles a alegria da esperança, sem cair na fácil repetição do que é indiscutível ou já se disse.

Seguramente não significa que encontrámos soluções exaustivas para todas as dificuldades e dúvidas que desafiam e ameaçam a família, mas que colocámos tais dificuldades e dúvidas sob a luz da Fé, examinámo-las cuidadosamente, abordámo-las sem medo e sem esconder a cabeça na areia.

Significa que solicitámos todos a compreender a importância da instituição da família e do Matrimónio entre homem e mulher, fundado sobre a unidade e a indissolubilidade e a apreciá-la como base fundamental da sociedade e da vida humana.

Significa que escutámos e fizemos escutar as vozes das famílias e dos pastores da Igreja que vieram a Roma carregando sobre os ombros os fardos e as esperanças, as riquezas e os desafios das famílias do mundo inteiro.

Significa que demos provas da vitalidade da Igreja Católica, que não tem medo de abalar as consciências anestesiadas ou sujar as mãos discutindo, animada e francamente, sobre a família.

Significa que procurámos olhar e ler a realidade, melhor dito as realidades, de hoje com os olhos de Deus, para acender e iluminar, com a chama da fé, os corações dos homens, num período histórico de desânimo e de crise social, económica, moral e de prevalecente negatividade.

Significa que testemunhámos a todos que o Evangelho continua a ser, para a Igreja, a fonte viva de novidade eterna, contra aqueles que querem «endoutriná-lo» como pedras mortas para as jogar contra os outros.

Significa também que espoliámos os corações fechados que, frequentemente, se escondem mesmo por detrás dos ensinamentos da Igreja ou das boas intenções para se sentar na cátedra de Moisés e julgar, às vezes com superioridade e superficialidade, os casos difíceis e as famílias feridas.

Significa que afirmámos que a Igreja é Igreja dos pobres em espírito e dos pecadores à procura do perdão e não apenas dos justos e dos santos, ou melhor dos justos e dos santos quando se sentem pobres e pecadores.

Significa que procurámos abrir os horizontes para superar toda a hermenêutica conspiradora ou perspectiva fechada, para defender e difundir a liberdade dos filhos de Deus, para transmitir a beleza da Novidade cristã, por vezes coberta pela ferrugem duma linguagem arcaica ou simplesmente incompreensível. 

Santuário de São Sebastião receberá o título de Basílica Menor, no Rio de Janeiro




A Igreja que caminha no Rio de Janeiro tem uma bela história ligada à da cidade, que neste ano completa 450 anos de fundação. O início da cidade transferida para o morro do Castelo trouxe uma presença católica muito importante com a presença de religiosos e de símbolos que, mesmo depois de destruídos juntamente com o morro, continuam marcando a memória de nossa cidade.

Neste ano, o Prefeito Municipal decretou que a Igreja de São Sebastião, na Tijuca, é um templo de especial valor afetivo para a cidade e, ao mesmo tempo, a Arquidiocese o erigiu em Santuário Arquidiocesano. Agora, neste primeiro de novembro, este templo receberá as insígnias de Basílica Menor.

O Santuário Arquidiocesano de São Sebastião, aqui em nossa Arquidiocese, foi elevado a Basílica Menor. No dia 17 de junho deste ano, a Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos autorizou o decreto que concede o título à Igreja que fica localizada no bairro Tijuca.  

O Papa é a única pessoa com potestade para conceder o título de “basílica” a um templo.  Só existem 4 basílicas com o título de “Basílica Maior”, todas elas situadas na cidade de Roma: São Pedro, São João de Latrão, Santa Maria a Maior e São Paulo Extramuros.  As demais basílicas ostentam o título de “basílica menor”, e existem cerca de 1.500 ao redor do mundo, algumas das quais aqui no Rio de Janeiro.

Uma Basílica Menor é uma Igreja com o título concedido pelo Papa, considerada importante por diferentes motivos, tais como: veneração que lhe devotam os cristãos, transcendência histórica e beleza artística de sua arquitetura e decoração. 

O Santuário São Sebastião, no Rio de Janeiro, é administrado pelos Frades Capuchinhos, e foi declarado Santuário Arquidiocesano neste ano, durante as comemorações pelo dia do padroeiro, em 20 de janeiro. O templo possui especial valor afetivo para os cariocas (conforme o decreto municipal), pois possui a guarda de três símbolos importantes para a cidade: o marco de fundação, os restos mortais do fundador da cidade, Estácio de Sá, e a imagem histórica de São Sebastião, padroeiro da Cidade do Rio de Janeiro, que foi trazida por ele.

A Igreja de São Sebastião, situada na Tijuca, Rio de Janeiro, foi inaugurada em 15 de agosto de 1931. Ela sucede a antiga Igreja do Morro do Castelo, edificada em 1567, e reconstruída por Salvador de Sá em 1583. Para este local foram transportados o que chamamos de “Relíquias Históricas da Cidade”: os restos mortais do fundador da cidade do Rio de Janeiro, Estácio de Sá, morto em 1567; o marco zero (português) da cidade fundada em 1565, e a pequena imagem de São Sebastião, de 1563. 

Em 1842, a Igreja de São Sebastião do Castelo foi entregue aos cuidados dos frades capuchinhos. Esta igreja sobreviveu até 1922, quando foi demolida juntamente com o Morro do Castelo. Embora com isso o Rio de Janeiro tenha perdido uma das partes mais significativas de sua história antiga, muitas coisas foram conservadas e transferidas para a Igreja de São Sebastião na Tijuca. 

A atual Igreja de São Sebastião dos Capuchinhos foi elevada a paróquia em 9 de janeiro de 1947 pelo Cardeal Arcebispo Dom Jaime de Barros Câmara. No dia 8 de junho, instalou-se a nova paróquia de São Sebastião do Antigo Morro do Castelo, tendo como primeiro pároco o Frei Jacinto de Palazzolo, Ofmcap. Foi conservada aos capuchinhos a guardiania das “Relíquias Históricas da Cidade do Rio de Janeiro”.  

Sínodo: Papa Francisco foi 'eleito' novamente


Esta é uma nova fumaça branca. A Igreja reunida em Roma não deu ao Papa Francisco um voto de desconfiança mas, pelo contrário, o "elegeu" pela segunda vez. E nem trancafiou a vontade reformista de Jorge Mario Bergoglio: a questão dos sacramentos aos divorciados recasados será avaliada caso a caso. Caberá aos bispos e aos padres, aos que servem desde abaixo a Igreja, e não a quem está lá no alto, isto é, aos teólogos que comandam a Cúria.

O sínodo aprovou a relação final com a maioria qualificada (os dois terços), mas reduziu os consensos para o parágrafo 85, o mais delicado, que passou um voto do limite dos 177 (178 sim e 80 não). Porque o ponto 85 absorve as mediações entre conservadores e progressistas sobre os divorciados, as aberturas e as exceções, com uma linguagem felpuda: "Mesmo mantendo a norma geral, é necessário reconhecer que a responsabilidade de determinadas ações ou decisões, não é a mesma em todos os casos. O discernimento pastoral, sempre tendo em conta a consciência retamente formada das pessoas, deve dar conta destas situações".

Para anular as pressões do grupo de reacionários, as sentinelas do Papa Francisco na assembleia - o cardela Lorenzo Baldisseri e o arcebispo Bruno Forte - trabalharam para aliviar as divisões. Isto impediu, inclusive, que o texto fosse rejeitado. Pelo contrário, o texto obteve a unanimidade na comissão e na aula sempre teve 66 por cento dos consensos.

Não era o momento para forçar a Igreja mais reacionária, dispersa nos cinco continentes e representada na Cúria pelos cardeais Robert Sarah e Gerhard Müller. Não havia a exigência de forçar sobre os divorciados, porque Bergoglio já interveio sobre o tema com o duplo motu proprio de setembro que agiliza o processo de nulidade. Na prática, não muda muito. Em teoria, a Igreja confirma a linha de Bergoglio. Que, no entanto, não é nada terno. No discurso de clausura disse: "O Sínodo nos fez entender melhor que os verdadeiros defensores da doutrina não são aqueles que defendem a letra mas o espírito, não as ideias mas a pessoa humana, não as fórmulas, mas a gratuidade do amor de Deus e do seu perdão".

Uma mensagem explícita para Sarah e os colegas. Nada de revolucionário sobre os homossexuais, somente a repetição de um conceito: "Devem ser respeitados na sua dignidade para evitar qualquer tipo de injusta discriminação".

Mas sobre as uniões civis, a Igreja continua inflexível. "Acerca dos projetos de equiparação ao matrimônio, não existe nenhum fundamento para assimilar ou estabelecer analogias, ainda que remotas, entre as uniões homossexuais e o desígnio de Deus sobre o matrimônio e a família". É reafirmada a tolerância zero contra os pedófilos. 

Por que chamar de amor o que não é amor?


Falar de amor é muito fácil. Todo mundo acha que o conhece, alguns creem que ele é ilusório e muitos julgam dá-lo da maneira mais perfeita. Mas o frequente sofrimento que ele causa na maioria das pessoas deveria levá-las a perguntar-se se o que costumam conceber como "amor" realmente o é.

Quais são as "fontes" nas quais se bebe e se aprende o que significa amar? Em geral, as pessoas se inspiram nas poesia, na música e nos próprios hormônios, que fervem na adolescência e tentam incinerar o corpo com o impulso sexual descontrolado, arrastando a vida em uma perigosa espiral que, quanto mais se quer sair dela, mais ela arrasta ao fundo do abismo do vazio.

Infelizmente, a experiência do amor tem sido conduzida pelos impulsos, deixando de lado sua essência, que é a doação, a oblação. Ao conceber o amor como instinto, muitos deixam que a natureza se encarregue de educá-lo – algo que ela nunca fará e que acabará nos levando de maneira irremediável a viver a vida inteira dependendo da paixão, do sexo, da afetividade, que são apenas faíscas do amor.

E, assim, ao invés de amar, as pessoas vão remendando a vida.

A falsa noção de amor pode custar caro: a superficialidade de um prazer que preenche por instantes, mas que esvazia cada vez mais a alma sedenta. Porque o amor não foi feito para quem quer viver na periferia da pele, para quem nunca quis ir além do seu próprio hedonismo nem para quem se considera como o umbigo do universo. 

sábado, 24 de outubro de 2015

A crise da família começa pelo afastamento de Deus, diz Arcebispo


Em sua coluna semanal intitulada “Proclamem a beleza do plano de Deus para a família”, o Arcebispo de Los Angeles (Estados Unidos), Dom José Gómez, explicou a importância do Sínodo sobre a família que acontece em Roma. Segundo ele, a crise da família se origina no afastamento de Deus.

Em seu texto, Dom Gómez considera que a atual crise familiar tem um sentido antropológico, porque “nossa cultura perdeu o sentido do significado da pessoa humana e da criação. Esta perda tem sua origem no afastamento de Deus”.

“Frente à crise generalizada da família, acho que nossa sociedade precisa escutar uma vez mais a bela verdade a respeito da pessoa humana e do plano amoroso de Deus para a criação e para a história; um plano que está centrado na família”, indicou.

Nesse sentido, explicou que os bispos que participam do Sínodo da Família “estamos aqui porque o Papa Francisco nos pediu que o assessoremos em alguns dos assuntos cruciais que os casais e as famílias enfrentam hoje”, disse o Prelado acerca da sua participação junto a aproximadamente 300 bispos provenientes de todos os continentes, de sacerdotes, religiosos e leigos.

Indicou que esta discussão começou a partir do documento de trabalho Instrumentum

Laboris. “Nosso trabalho consiste em proporcionar compreensão e conselhos acerca do texto”, explicou Dom Gómez.

O Arcebispo de Los Angeles disse que este documento reconhece que existe “uma ‘pedagogia divina’ na história da salvação que se desenvolve nas Sagradas Escrituras”. Acrescentou que a Igreja deve recuperar essa “pedagogia divina” para “fortalecer o matrimônio e a família em nosso tempo”.

Em sua coluna, recordou as palavras que o Santo Padre pronunciou nos Estados Unidos: “Deus confiou à família seu plano amoroso para a criação”.

Este “plano do Criador para sua criação e para a história da humanidade” é revelado na Palavra de Deus e esta “é o ponto de partida para compreender a autêntica vocação e missão da família”, explicou o Prelado.

Por isso, é urgente que a Igreja ofereça “uma nova catequese evangélica sobre a criação, como um elemento essencial da nova evangelização. Devemos proclamar a beleza do plano de amor de Deus para a criação, para a pessoa humana e para a família humana”. 

Cardeal Marx promove dar Comunhão a divorciados recasados


Depois de anos de uma série de afirmações diretas e indiretas sobre o tema, o Cardeal alemão Reinhard Marx se pronunciou a favor de admitir ao sacramento da Comunhão os divorciados recasados, uma postura contrária à doutrina católica.

Em sua intervenção, no dia 14 de outubro, ante os bispos provenientes de distintas partes do mundo para participar do Sínodo da Família, o Cardeal Marx afirmou que “devemos considerar seriamente a possibilidade – olhando cada caso individualmente e não de modo geral – de admitir aos divorciados em nova união os sacramentos da Penitência e da Santa Comunhão”.

Isto deve ser permitido, prosseguiu, “quando a vida compartilhada em um matrimônio canonicamente válido fracassou definitivamente e o matrimônio não pode ser anulado, as responsabilidades deste matrimônio se resolveram, existe um arrependimento pela falta que é a ruptura do vínculo matrimonial e exista a vontade de viver o segundo matrimônio civil na fé, educando os filhos na fé”.

A intervenção do Cardeal Marx aconteceu depois de alguns anos de uma série de pedidos dos bispos alemães a fim de mudar as normas da Igreja a respeito, apesar de nos últimos 50 anos os Papas terem rejeitado esta proposta por ser contrária à doutrina da Igreja, a qual estabelece que o matrimônio é indissolúvel e que este vínculo somente termina com a morte de um dos esposos.

No voo de retorno da Filadélfia para Roma no fim de setembro, o Papa Francisco disse aos jornalistas que dar a Comunhão aos divorciados em nova união era uma solução “simplista” ao problema.

Além disso, o Santo Padre anunciou recentemente uma reforma do processo das causas de nulidade que gerarão maior brevidade e menor custo dos mesmos. 

I Congresso católico online sobre afetividade e sexualidade


O Congresso Virtual é uma das inúmeras iniciativas da Campanha Amor Autêntico que visa difundir entre os jovens a beleza da sexualidade humana à luz da Teologia do Corpo de São João Paulo II. Entrevista com Fernando Gomes, responsável pelo Ministério Jovem da RCC no Brasil e organizador do evento.

Nos dias 26 de Outubro a 01 de Novembro acontecerá o I Congresso Católico Online sobre Afetividade e Sexualidade, com o tema: Congresso Virtual Amor Autêntico. A iniciativa é liderada pelo jovem missionário Fernando Gomes, que já foi membro da Coordenação da Pastoral Juvenil Nacional ligada à CNBB e hoje é responsável pelo Ministério Jovem da RCC no Brasil.

O Congresso Virtual é uma das inúmeras iniciativas da Campanha Amor Autêntico que visa difundir entre os jovens a beleza da sexualidade humana à luz da Teologia do Corpo de São João Paulo II. O evento tratará de temas como namoro, sexualidade, afetividade, vida de solteiro, castidade, preparação para o casamento, dentro de uma perspectiva católica. E contará com a participação de diversos pregadores de renome do Brasil e do exterior. Dentre eles, estarão o Prof. Felipe Aquino, Pe Paulo Ricardo, Lucimar Maziero, Diego Fernandes, Nilton Jr, Fernando Gomes, Prof. Felipe Nery, Celina e Gerson Abarca, Dra Roberta Castro, Gleyvison Cunha, Tiago Borges, e o casal Pablo e Sandra de Madri na Espanha e do líder juvenil Francisco Javier, da Costa Rica.

A novidade do evento, além do conteúdo, é que o mesmo é totalmente online e gratuito. Para se inscrever basta clicar nesse link:  Congresso Virtual Amor Autêntico  e digitar o seu email pessoal e já estará inscrito. E os cadastrados receberão por email as informações de como acessar o Congresso e o cronograma das palestras com os temas, pregadores e horários.


Fernando Gomes, organizador do evento, concedeu uma entrevista a ZENIT explicando os detalhes dessa iniciativa.   

O fiel que discorda do magistério Papal não pode sair por aí criticando o Papa levianamente... saiba o porquê!


Em vista das muitas perguntas que chegam continuamente à nossa redação - dessa vez a respeito do Papa Francisco, sua recente encíclica e as acusações públicas ao Papa - entrevistamos brevemente o vice-reitor do Pontifício Ateneu Santo Anselmo de Roma, Stefano Visintin, osb, que respondeu com muita amabilidade as nossas questões. Acompanhe a seguir essa breve entrevista:

***

ZENIT: Ultimamente ouvimos muitas críticas sobre o Papa Francisco, principalmente acusando-o de comunista. O que você acha disso, à luz da Pastor Aeternus? Ou seja, tudo o que diz e pensa o Papa entra no dogma da infalibilidade papal?

P. Stefano: Claro que não. Entra no dogma apenas o que a) é relativo à fé e moral; b) é dito "ex cathedra", isto é, quando explicitamente se fala que é um dogma; c) está (obviamente), em substância, contido na Sagrada Escritura e na Tradição.

Quanto às acusações de "comunismo", deve-se lembrar que desde Leão XIII (Rerum Novarum, 1891), a Igreja tem uma sua "Doutrina Social". O Papa segue esta, que não é nem "comunista" nem "capitalista".

ZENIT: O Papa é ou não "primus inter pares”? De onde surgiu essa expressão?

P. Stefano: A expressão nasceu no período da Roma antiga e tem mais o sentido de primado de honra. Neste sentido não se aplica ao Papa que tem jurisdição sobre a Igreja Católica Romana. Mais especificamente: Há apenas um sujeito do supremo poder da Igreja: o colégio episcopal estruturado sob o Papa como sua cabeça; mas há duas maneiras em que tal supremo colégio pode atuar: um “ato propriamente colegial” e o ato do Papa como cabeça do colégio.

ZENIT: O Papa deve ser ouvido e lido apenas quando fala infalivelmente ou também nos seus atos de magistério ordinário?

P. Stefano: O Papa e os Bispos devem ser ouvidos no exercício ordinário do seu magistério, que é o habitual, e que ocupará provavelmente toda a sua vida. A tarefa deles é dar uma orientação à vida dos fieis nas circunstâncias ordinárias, a fim de permitir uma melhor compreensão da revelação e das suas implicações morais. As intervenções "infalíveis" são um acontecimento raro.