Nos dias em que são publicados livros
com documentos ‘secretos’ do Vaticano e Vallejo-Chaouqui são investigados,
volta com força, nas páginas dos jornais a palavra “Vatileaks” número 2 ou
segundo ato.
Alguns analistas e observadores
recordaram um ato, então famoso, e de uma notícia que, quando foi publicada,
causou sensação: o primeiro encontro do novo Papa, Francisco, em Castel
Gandolfo, com o pontífice emérito Bento XVI.
Era o dia 23 de março de 2013, dez dias
depois da eleição do novo Papa.
Os jornais de então escreveram que
Bergoglio e Ratzinger, num longo encontro face-a-face, privadamente, discutiram
o dossier Vatileaks.
Um comunicado do Pe. Federico Lombardi
narrou o encontro: os dois, depois de uma saudação de boas-vindas, “subiram até
o apartamento e foram até a capela para um momento de oração. Na capela, o Papa
emérito ofereceu o posto de honra ao Papa Francisco, mas este respondeu: “Somos
irmãos”, e se ajoelhou ao lado de Bento XVI, no mesmo banco. Depois de um breve
momento de oração, se dirigiram até a Biblioteca privada, onde, pelas 12h30min,
começou o encontro reservado”.
Deste encontro reservado não se soube
nada até hoje. Deste momento histórico somente temos a famosa fotografia, que
suscitou grande atenção, da mesa, onde foram colocados os presentes recíprocos,
e bem visível, uma caixa onde, segundo se dizia, estariam mais de 300 fichas
com as conclusões do evento Vatileaks. Um verdadeiro e encorpado dossiê escrito
por três cardeais nomeados por Bento XVI para investigar sobre a delicada
questão que terminou no processo e na condenação de Paolo Gabriele por furto e
divulgação de documentos reservados do Papa Bento XVI.
Os cardeais – o espanhol Julian
Herranz, o eslovaco Jozef Tomko, e o italiano Salvatore De Giorgi – que haviam
entregue o relatório final no dia 17 de dezembro de 2012, foram recebidos pela
segunda vez, três dias antes do fim do pontificado do Papa Ratzinger no dia 23
de fevereiro de 2013.
Talvez agora saibamos o que havia no
dossiê que permaneceu top-secret.
Uma hipótese sobre o conteúdo do dossiê
poderia ser esta: nas 300 fichas havia grande parte do conteúdo sobre o qual se
escreveu nestes dias por ocasião da publicação dos livros de Nuzzi e
Fittipaldi. Conteúdos que dizem respeito aos fatos investigados e analisados de
modo aprofundado pela Pontifícia Comissão Referente ao Estudo e Diretrizes da
Organização da Estrutura Econômico-Administrativa da Santa Sé (COSEA),
instituída com um quirógrafo no dia 18 de julho de 2013.
Da COSEA faziam parte Pe. Lucio Vallejo
Balda, secretário da Prefeitura dos Negócios Econômicos, secretário da COSEA;
Joseph F. X. Zahra, presidente da COSEA; Jean-Baptiste de Frannsu; Enrique
Llano; Jochen Messemer; Jean Videlain-Sevestre; George Yeo e Francesca
Immacolata Chaouqui.