Sempre que se aproxima o Natal refletimos sobre
este evento de salvação, nos comovemos com a humildade do Filho de Deus no
presépio. Deus amou tanto o mundo que enviou seu filho para salvá-lo (cf. Jo
3,16). Jesus nasce pobre, em meio aos pobres. Numa manjedoura foi colocado,
junto aos animais. Fez-se humano, como homem tomou o último lugar, o lugar de
servo.
Escapa-nos a maioria das vezes a consideração do
natal no seu aspecto missionário. O que é este envio do Filho pelo Pai a não
ser a missão original? Deus envia seu Filho e Ele vem neste grande “êxodo”, a
saída do Pai para nós. Jesus é o missionário primordial. No natal nós
contemplamos o “êxodo do Pai”; o “êxodo de si mesmo” e o “êxodo para o Pai”
(cf. Fl 2, 6-11). Jesus vem do Pai, se torna homem, sai de si e se torna servo,
mas volta ressuscitado para o Pai. E nesta volta quer levar-nos consigo para o
Pai: na casa do Pai há muitas moradas e eu vos prepararei um lugar para vós, a
fim de que onde eu esteja estejais também (cf. Jo 14,2).
É à luz deste tríplice êxodo que se quebra o
círculo fechado da razão ideológica e o niilismo que tenta fechar-nos na prisão
de um mundo sem Deus. Em Jesus se revela o Amor de Deus que, tendo nos amado,
amou-nos até o fim (cf. Jo 13,1). Somente o amor liberta, porque no amor está a
verdade. Assim no natal se coloca para a Igreja a questão da missão.
A Igreja, assim como Jesus Cristo, é missionária
por sua própria natureza. “A Igreja peregrina é por sua natureza missionária.
Pois ela se origina da missão do Filho e da missão do Espírito Santo, segundo o
desígnio de Deus Pai” ( Vat. II - AA n.2).O papa Francisco não se cansa de
exortar a Igreja para que seja uma Igreja Missionária, Igreja em saída: “Cada
cristão e cada comunidade há de discernir qual é o caminho que o Senhor lhe
pede, mas todos somos convidados a aceitar este chamado: sair da própria
comodidade e ter a coragem de alcançar todas as periferias que precisam da luz
do Evangelho” (Papa Francisco in EG n. 20).