domingo, 13 de dezembro de 2015

Rock na celebração litúrgica?

O sacerdote espanhol Joan Enric Reverté canta rock durante a celebração...

Talvez me chamem de cafona ou me qualifiquem com qualquer outro adjetivo juvenil da moda, por me indispor a certos ritmos populares nas celebrações litúrgicas. Nunca, nem em minha juventude, gostei de rock, especialmente do chamado “rock pesado”. Para mim é gritaria e agressividade sonora sem graça. Mas, reconheço que se trata de gosto pessoal, que defendo com o conhecido provérbio latino “de gustibus et coloribus non disputandum est”. (“A respeito de cores e gostos não se discute”).  

Há quem defenda o ritmo roqueiro nas Missas para atrair jovens. Discordo deste princípio pastoral; se música fosse a solução para atrair jovens para as celebrações, tudo seria bem mais fácil. A música tem, sim, sua função evangelizadora, mas não a solução no quesito presença e participação em celebrações litúrgicas. Não gosto do barulho agressor do rock; entendo que promove dispersão e dificulta a oração, impedindo o recolhimento silencioso que, ao meu ver, é essencial para uma participação consciente, ativa e efetiva na celebração.

Os jovens que curtem rock e outros ritmos semelhantes têm muitos (e tantos) outros locais para ouvir sua música barulhenta. Disto a Liturgia pode sentir-se dispensada. Invés de oferecer barulho, é mais pastoral que a Igreja ofereça-lhes espaço e oportunidades onde possam silenciar, neste mundo tão barulhento, no qual vivem e convivem. Os jovens podem, sim, ser atraídos para a celebração pela música, desde que esta seja um diferencial, uma música diferente, capaz de transmitir uma mensagem diferente, a ponto de acalmar e cantar em seus corações com acordes de ternura e de paz, de prece e de consolo. 

Música litúrgica não tem conotações agressivas, nem no ritmo e nem na letra. E, mesmo considerando que a letra seja poetizada com conteúdos bíblicos, a agressividade barulhenta do ritmo roqueiro, ou de outro de igual naipe, a abafa com a agressão de baterias e de guitarras no último volume. A música litúrgica não tem a finalidade de atordoar os sentidos auditivos para promover transe; tem a finalidade de acalmar, de pacificar o coração e colocar em estado de quietude todos os sentidos para se encontrar com a paz divina, na oração, na meditação celebrativa. Por estes, e outros mais, não considero o rock um ritmo adequado para a celebração litúrgica.

O argumento maior de minha recusa ao rock nas celebrações, além dos propostos acima, está na finalidade da música litúrgica na ato celebrativo: cantar a celebração com canções e ritmos que condizem com a celebração do culto divino, com canções e ritmos que favoreçam a beleza nas formas e possibilitam o clima orante (MS 4-5) e introduza os celebrantes na participação plena do Mistério Pascal celebrado.



Serginho Valle
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SAV: Serviço de Animação Litúrgica

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