O jornal do Vaticano, L’Osservatore Romano (LOR),
publicou um artigo no qual critica a capa blasfema com que o semanário francês
Charlie Hebdo comemora o primeiro ano do massacre praticado por extremistas
muçulmanos em sua sede em Paris, no qual faleceram doze pessoas no dia 7 de
janeiro de 2015.
Em um artigo intitulado “A fé manipulada”, o jornal
do Vaticano afirma que a capa é “lamentável” e explica que foi publicada “há um
ano dos assassinatos, com uma iconografia claramente cristã na qual estampou
uma charge de Deus correndo como se fosse um terrorista, manchado de sangue e
carregando um fuzil kalashnikov nas costas”.
Esta capa blasfema, prossegue LOR, “não é uma
novidade: atrás da bandeira enganadora de uma laicidade sem compromissos, o
semanário esquece uma vez mais aquilo que tantos dirigentes religiosos de todas
as confissões não deixam de repetir para rejeitar a violência em nome da
religião: usar Deus para justificar o ódio é uma verdadeira blasfêmia, como
disse em várias ocasiões o Papa Francisco”.
“Na escolha do ‘Charlie Hebdo’ é claro o triste
paradoxo de um mundo cada vez mais atento ao politicamente correto, ao ponto de
chegar ao ridículo (como sublinhou o editorial de Paolo Mieli no Corriere della
Sera do dia 4 de janeiro), mas que não quer nem reconhecer, nem respeitar a fé
em Deus de todo o crente, qualquer que seja a sua religião”, ressaltou o diário
católico.
Em seguida, o jornal também recordou as palavras do
presidente do Conselho Francês de culto muçulmano, Anouar Kbibech, que disse
que a capa do semanário é uma imagem que “fere todos os crentes de várias
religiões: é uma caricatura que não ajuda, em um momento no qual precisamos
permanecer lado a lado”.
Estas palavras, afirmou LOR, estão em sintonia com
o comentário do episcopado francês, quando perguntou se este é o “tipo de
polêmicas que a França precisa”.