quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

Lucro e capital não são superiores ao homem, diz Papa


Viagem Apostólica do Papa Francisco ao México
Discurso no Encontro com o mundo do trabalho na Ciudad Juárez

Queridos irmãos e irmãs!

Quis encontrar-me convosco nesta terra de Juárez, devido à relação especial que esta cidade tem com o mundo do trabalho. Agradeço-vos não só a saudação de boas-vindas e os vossos testemunhos que revelaram as ânsias, as alegrias e as esperanças que sentis na vossa vida, mas gostaria também de vos agradecer esta oportunidade de intercâmbio e reflexão. Tudo o que pudermos fazer para dialogar, para nos encontrar, para procurar melhores alternativas e oportunidades já é uma conquista que merece apreço e destaque. Obviamente não é suficiente, mas hoje não podemos permitir-nos o luxo de cortar qualquer possibilidade de encontro, discussão, confronto, pesquisa. Esta é a única maneira que temos de poder construir o amanhã: ir tecendo relações duradouras, capazes de gerar a estrutura necessária para, pouco a pouco, se reconstruir os vínculos sociais consumidos pela falta do mínimo de respeito requerido para uma sadia convivência. Obrigado e que esta instância sirva para construir futuro, seja uma oportunidade boa para forjar o México que o seu povo e os seus filhos merecem.

Quereria debruçar-me sobre este último aspecto. Hoje encontram-se aqui várias organizações de trabalhadores e representantes de câmaras e associações empresariais. À primeira vista, poderiam considerar-se antagonistas, mas une-os uma responsabilidade comum: procurar criar oportunidades de trabalho digno e verdadeiramente útil para a sociedade e sobretudo para os jovens desta terra. Um dos maiores flagelos a que estão expostos os vossos jovens é a falta de oportunidades de instrução e trabalho sustentável e rentável, que lhes permitam lançar-se na vida; isso gera em muitos casos situações de pobreza. E esta pobreza torna-se o terreno favorável para cair na espiral do narcotráfico e da violência. Um luxo que ninguém se pode conceder é deixar só e abandonado o presente e o futuro do México.

Infelizmente, o tempo em que vivemos impôs o paradigma da utilidade económica como princípio das relações pessoais. A mentalidade dominante pretende a maior quantidade possível de lucro, a todo o custo e imediatamente. Não só provoca a perda da dimensão ética das empresas, mas esquece também que o melhor investimento que se pode fazer é investir no povo, nas pessoas, nas suas famílias. O melhor investimento é criar oportunidades. A mentalidade dominante coloca o fluxo de pessoas ao serviço do fluxo de capitais, provocando em muitos casos a exploração dos trabalhadores, como se fossem objectos que se usam e jogam fora (cf. Enc. Laudato si’, 123). Deus pedirá contas aos esclavagistas dos nossos dias, e nós devemos fazer todo o possível para que estas situações não ocorram mais. O fluxo do capital não pode determinar o fluxo e a vida das pessoas.

Sucede, não raramente, que a Doutrina Social da Igreja veja as suas propostas colocadas em questão com estas palavras: «Estes pretendem que sejamos organizações de beneficência ou que transformemos as nossas empresas em instituições filantrópicas». Mas a única pretensão que tem a Doutrina Social da Igreja é velar pela integridade das pessoas e das estruturas sociais. Sempre que esta integridade, por várias razões, é ameaçada ou reduzida a bem de consumo, a Doutrina Social da Igreja há-de ser uma voz profética que nos ajudará a todos a não nos perdermos no mar sedutor da ambição. Sempre que a integridade duma pessoa é violada, de certa forma a sociedade inteira começa a deteriorar-se. E isto não é contra ninguém, mas a favor de todos. Cada sector tem a obrigação de preocupar-se pelo bem de todos; estamos todos no mesmo barco. Todos devemos lutar para que o trabalho seja uma instância de humanização e de futuro; seja um espaço para construir sociedade e cidadania. Esta atitude não só cria uma melhoria imediata, mas, a longo prazo, tornar-se-á uma cultura capaz de promover espaços dignos para todos. Esta cultura, nascida muitas vezes de tensões, vai gerando um novo estilo de relações, um novo tipo de nação. 

Imitemos o exemplo de Cristo como pastor


Se quereis parecer-vos com Deus porque fostes criados à sua imagem, imitai o seu exemplo. Se sois cristãos, nome que já é uma proclamação de caridade, imitai o amor de Cristo.

Considerai as riquezas de sua bondade. Estando para vir como homem ao meio dos homens, enviou à sua frente João, como pregoeiro e exemplo de penitência; e antes de João, tinha enviado todos os profetas para ensinarem aos homens o arrependimento, a volta ao bom caminho e a conversão a uma vida melhor.

Vindo, pouco depois, ele mesmo em pessoa, proclamou coma sua voz: Vinde a mim, todos vós que estais cansados e fatigados e eu vos darei descanso (Mt 11,28). Como acolheu ele os que ouviram a sua voz? Concedeu-lhes sem dificuldade o perdão dos pecados e a imediata libertação de seus sofrimentos. O Verbo os santificou, o Espírito os confirmou; o velho homem foi sepultado nas águas do batismo e o novo, regenerado, resplandeceu pela graça.

Que conseguimos ainda? De inimigos de Deus, nos tornamos amigos; de estranhos, filhos; e de pagãos, santos e piedosos.

Imitemos o exemplo de Cristo como pastor. Contemplemos os evangelhos e vendo neles, como num espelho, o exemplo de sua solicitude e bondade, aprendamos a praticá-las.

Vejo ali, em parábolas e figuras, um pastor de cem ovelhas que, ao verificar que uma delas se afastara do rebanho e andava sem rumo, não permaneceu com as outras que pastavam tranquilamente. Saiu à sua procura, atravessando vales e florestas, transpondo altos e escarpados montes, percorrendo desertos, num esforço incansável até encontrá-la.

Tendo-a encontrado, não a castigou nem a obrigou com violência a voltar para o rebanho; pelo contrário, tomando-a nos ombros e tratando-a com doçura, levou-a para o aprisco, alegrando-se mais por esta única ovelha recuperada do que por todas as outras. Consideremos a realidade oculta na obscuridade da parábola. Nem esta ovelha nem este pastor são propriamente uma ovelha e um pastor; são imagem de uma realidade mais profunda.

Há nesses exemplos um ensinamento sagrado: nunca devemos considerar os homens como perdidos e sem esperança de salvação,nem deixar de ajudar com todo empenho os que se encontram em perigo nem demorar em prestar-lhes auxílio. Pelo contrário, reconduzamos ao bom caminho os que se afastaram da verdadeira vida e alegremo-nos com a sua volta à comunhão daqueles que vivem reta e piedosamente.


Das Homilias de Santo Astério de Amaséia, bispo

(Hom. 13:PG40,355-358.362)             (Séc.V)

Aborto em caso de estupro é pecado?


A história de Lianna Rebolledo – a mãe que, com apenas 12 anos, engravidou por causa de um estupro – é realmente chocante. A violação de que foi vítima deixou-a "semimorta" e "com sua face e pescoço horrivelmente desfigurados". Ela mesmo confessa, mais de duas décadas depois do ocorrido, que pensou que seus agressores iam matá-la. Não há palavras que possam expressar suficientemente a dor e a indignação de qualquer pessoa moralmente sadia diante de um crime como este. Embora a "cultura pornográfica" vigente procure até mesmo justificar este tipo de abuso, sabemos que se trata de "um atentado contra a justiça e a caridade", que "ofende profundamente o direito de cada um ao respeito, à liberdade e à integridade física e moral" e "causa um prejuízo grave, que pode marcar a vítima para toda a vida" [1].

Disto, de fato, Lianna é testemunha viva: a violação realmente "marca a vítima para toda a vida". Mesmo depois de um tempo, ela conta que não conseguia livrar-se do sentimento de sujeira, chegando a cogitar a hipótese do suicídio.

Outro fato, porém, destinou a mudar a vida desta mulher para sempre: a notícia de que estava grávida, de que seria mãe. Já na época em que ficou sabendo de sua gravidez, um médico tentou pressioná-la a abortar. Ela, porém, consciente de que havia outro ser humano dentro de si, disse "não". O abuso que sofreu foi realmente terrível, mas punir um ser humano indefeso por isso não era, absolutamente, uma saída viável.

Alguns defensores do aborto podem sentir-se tentados a usar a história de Lianna para proveito próprio. Nesta ótica, ao invés de respaldar a defesa da vida, o caso de Lianna seria um exemplo da importância de dar à mulher o eufemístico "direito de escolha" – melhor definido como "direito de matar". A posição que estes assumem é a mesma do médico da história: não se poderia obrigar a mulher a viver "com as consequências do estupro". Para eliminar essas "consequências", então, valeria tudo, até mesmo matar o próprio filho.

Este é o argumento dos grupos que se intitulam "pró-escolha" (pro-choice, em inglês), exposto na sua crueza. Seu erro é bem evidente: coloca a liberdade humana – neste caso específico, a feminina – acima do próprio direito à vida. Mas, como bem afirma o Papa João Paulo II, "a tolerância legal do aborto (...) não pode, de modo algum, fazer apelo ao respeito pela consciência dos outros, precisamente porque a sociedade tem o direito e o dever de se defender contra os abusos que se possam verificar em nome da consciência e com o pretexto da liberdade" [2]. Só porque o homem é livre, não significa que tudo o que faz seja bom ou moralmente legítimo. 

São Simeão, bispo


São Simeão foi bispo de Jerusalém. Filho de Cleófas, São Simeão era primo de Jesus. Ele foi um dos primeiros apóstolos, tendo inclusive recebido o Espírito Santo no dia de Pentecostes.

Depois do assassinato de São Tiago, o menor, pelos judeus, os apóstolos e discípulos se reuniram para escolher seu sucessor na sede de Jerusalém. O escolhido foi Simeão. No ano 66 começou na Palestina a guerra civil em conseqüência da oposição dos judeus aos romanos e parece que os cristãos de Jerusalém receberam do céu o aviso de que a cidade seria destruída e que deviam sair dela sem demora, refugiando-se com o santo na cidade de Péla.

Depois da tomada e destruição de Jerusalém, os cristãos voltaram e se estabeleceram nas ruínas. Simeão voltou e recomeçou com os fiéis a reconstrução das casas. Houve muitas conversões, pois o acontecimento fez muita gente refletir sobre a mensagem evangélica. Numerosos judeus converteram-se ao cristianismo devido aos milagres feitos pelos santos. Os imperadores Vespasiano e Domiciano mandaram matar todos os membros descendentes de Davi, mas Simeão conseguiu escapar.

Contudo, durante a perseguição do Imperador Trajano, foi denunciado às autoridades, torturado, crucificado e morto. Simeão, com 120 anos de idade, recebeu ordem de prisão e intimação de prestar homenagem aos deuses. O santo negou-se corajosamente a trair aquele que era seu Mestre e Senhor. No meio da cruel flagelação, Simeão louvou e bendisse o nome de Deus e o de Jesus Cristo. Do alto da cruz, ainda confessou o nome do divino Mestre, rezou pelos inimigos e entregou o espírito nas mãos de Deus.

Morreu com 120 anos, depois de ter governado durante 43 anos a Igreja. Sua simplicidade e a fidelidade uniu os cristãos em torno do Evangelho de Jesus.  

ORAÇÃO


Querido Pai, Deus Uno e Trino, pela intercessão do bispo São Simeão, conserve em nós a fidelidade ao projeto de amor aos mais abandonados e sofredores e que o testemunho deste apóstolo seja alimento de nossa fidelidade ao evangelho. Por Cristo, nosso Senhor. Amém.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

Papa: "Prisões, sintoma de como estamos na sociedade".


VIAGEM DO PAPA FRANCISCO AO MÉXICO
Visita ao Centro Penitenciário de Ciudad Juárez
Quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016


Queridos irmãos e irmãs!

Estou a concluir a minha visita ao México e não queria ir embora sem vos saudar, sem celebrar o Jubileu da Misericórdia convosco.

De coração agradeço as palavras de saudação que me dirigistes, nelas manifestando tanta esperança e tantas aspirações, mas também tantas amarguras, medos e dúvidas.

Durante a viagem à África, na cidade de Bangui, pude abrir a primeira Porta da Misericórdia para o mundo inteiro. Hoje, no vosso meio e convosco, quero reafirmar uma vez mais a confiança a que Jesus nos impele: a misericórdia que abraça a todos, em todos os cantos da terra. Não há lugar onde a sua misericórdia não possa chegar, não há espaço nem pessoa que ela não possa tocar.

Celebrar o Jubileu da Misericórdia convosco é lembrar o caminho que devemos urgentemente empreender para romper o ciclo vicioso da violência e da delinquência. Já se perderam várias décadas pensando e crendo que tudo se resolve isolando, separando, encarcerando, livrando-nos dos problemas, acreditando que estas medidas resolvem verdadeiramente os problemas. Esquecemo-nos de concentrar-nos naquilo que realmente deve ser a nossa preocupação: a vida das pessoas; as suas vidas, as das suas famílias, as daqueles que também sofreram por causa deste ciclo vicioso da violência.

A misericórdia divina lembra-nos que as prisões são um sintoma de como estamos na sociedade; em muitos casos são um sintoma de silêncios e omissões provocadas pela cultura do descarte. São sintoma duma cultura que deixou de apostar na vida, duma sociedade que foi abandonando os seus filhos.

A misericórdia lembra-nos que a reinserção não começa aqui dentro destes muros; começa antes, começa lá fora nas ruas da cidade. A reinserção ou reabilitação começa criando um sistema que poderíamos chamar de saúde social, isto é, uma sociedade que procure não adoecer contaminando as relações no bairro, nas escolas, nas praças, nas ruas, nos lares, em todo o espectro social. Um sistema de saúde social que vise gerar uma cultura que seja eficaz procurando prevenir aquelas situações, aqueles caminhos que acabam por ferir e deteriorar o tecido social.

Às vezes parece que as prisões se proponham mais colocar as pessoas em condição de continuar a cometer delitos do que promover processos de reabilitação que permitam enfrentar os problemas sociais, psicológicos e familiares que levaram uma pessoa a determinada atitude. O problema da segurança não se resolve apenas encarcerando, mas é um apelo a intervir para enfrentar as causas estruturais e culturais da insegurança que afetam todo o tecido social. 

Homilética: 2º Domingo da Quaresma - Ano C: "Descer do Monte!…".



Depois de ter lido e meditado no domingo passado a luta contra as tentações e o mal, hoje com a passagem da transfiguração temos assegurado que a vida cristã termina com a vitória e a glorificação, se lutarmos com e do lado de Cristo.

Neste segundo domingo de Quaresma a liturgia da Palavra nos convida a meditar acerca das sugestivas narrações da Transfiguração de Jesus. No alto do Monte Tabor, na presença de Pedro, Tiago e João, testemunhas privilegiadas deste importante acontecimento, Jesus é revestido, também exteriormente, da glória de Filho de Deus que lhe pertence.


O Evangelho ( Lc 9,28-36 ) apresenta a fé dos Apóstolos, fortalecida na Montanha, pela Transfiguração de Jesus.

Na Caminhada para Jerusalém, o primeiro anúncio da Paixão e Morte de Jesus abalou profundamente a fé dos apóstolos. Desmoronaram seus planos de glória e de poder.

Para fortalecer essa fé ainda tão frágil… Cristo tomou três deles… subiu ao Monte Tabor e “Transfigurou-se…”

A transfiguração de Jesus é uma catequese que revela aos discípulos e a nós Quem é Jesus: O Filho Amado de Deus!

Em nossa caminhada para a Páscoa somos também convidados a subir com Jesus a montanha e, na companhia dos três discípulos, viver a alegria da comunhão com Ele. As dificuldades da caminhada não podem nos desanimar. No meio dos conflitos, o Pai nos mostra desde já sinais da Ressurreição e do alto daquele monte Ele continua a nos gritar: “Este é o Meu Filho Amado, escutai-O”.

Não desanimemos diante das dificuldades! Os Planos de Deus não conduzem ao fracasso, mas à Ressurreição, à vida definitiva, à felicidade sem fim!
  


O tempo da Quaresma nos é oferecido, precisamente, como uma ocasião para nos colocarmos mais na escuta da Palavra de Deus que Se fez carne. Possamos aproveitar para aprofundar o nosso silêncio interior, tornando-nos mais atentos ao que Jesus quer dizer a cada um de nós.

E agora, ao celebrar a Eucaristia, Jesus nos dá o seu corpo e o seu sangue, para que de certa forma possamos saborear já aqui na terra a situação final, quando os nossos corpos mortais forem transfigurados à imagem do corpo glorioso de Cristo.

Como Pedro, Tiago e João, também nós somos convidados a subir ao Monte Tabor juntamente com Jesus, e a nos deixar deslumbrar pela Sua glória.  E Maria, que como Abraão esperou contra toda a esperança, nos ajude a reconhecer em Jesus o Filho de Deus e o Senhor da nossa vida.  E que esta quaresma possa constituir para cada um de nós um momento privilegiado de graça e possa trazer abundantes frutos de bem.

"Os jovens são a riqueza do país, a riqueza da Igreja", diz Papa


VIAGEM DO PAPA FRANCISCO AO MÉXICO
Encontro com os jovens
Estádio “José María Morelos y Pavón”
Terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

Queridos jovens, boa tarde!

Quando cheguei a esta terra, fui recebido com boas-vindas calorosas, podendo assim constatar algo que já intuíra há tempos: a vitalidade, a alegria, o espírito festoso do povo mexicano. Agora mesmo, depois de vos ouvir e sobretudo depois de vos ver, constato de novo outra certeza, algo que disse ao Presidente da nação, na minha primeira saudação: um dos maiores tesouros desta terra mexicana tem um rosto jovem, são os seus jovens. É verdade! Sois vós a riqueza desta terra. Eu não disse a esperança desta terra, mas a sua riqueza.

Não se pode viver a esperança, pressentir o amanhã, se antes a pessoa não consegue estimar-se, se não consegue sentir que a sua vida, as suas mãos, a sua história têm valor. A esperança nasce, quando se pode experimentar que nem tudo está perdido, mas para isso é necessário exercitar-se começando «por casa», começando por si mesmo. Nem tudo está perdido. Não estou perdido, valho… e muito! A principal ameaça à esperança são os discursos que te desvalorizam, fazem sentir-te um ser de segunda classe. A principal ameaça à esperança é quando sentes que não interessas a ninguém, ou que te puseram de lado. A principal ameaça à esperança é quando sentes que tanto vale estares como não estares. Isto mata, isto aniquila-nos e é porta de entrada para tanta amargura. A principal ameaça à esperança é fazer-te crer que começas a valer qualquer coisa, quando te mascaras com roupas de marca, do último grito da moda, ou que ganhas prestígio, te tornas importante por teres dinheiro, mas, no fundo do teu coração, não crês ser digno de carinho, digno de amor. A principal ameaça é quando uma pessoa sente que tudo aquilo de que precisa é ter dinheiro para comprar tudo, inclusive o carinho dos outros. A principal ameaça é crer que, pelo facto de ter um grande «carro», és feliz.

Vós sois a riqueza do México, vós sois a riqueza da Igreja. Compreendo que muitas vezes se torna difícil sentir-se tal riqueza, quando estamos continuamente sujeitos à perda de amigos ou familiares nas mãos do narcotráfico, das drogas, de organizações criminosas que semeiam o terror. É difícil sentir-se a riqueza duma nação, quando não se tem oportunidades de trabalho digno, possibilidades de estudo e formação, quando não se sentem reconhecidos os direitos levando-vos a situações extremas. É difícil sentir-se a riqueza dum lugar, quando, por serdes jovem, vos usam para fins mesquinhos, seduzindo-vos com promessas que, no fim, se revelam vãs.

Mas, apesar de tudo isto, não me cansarei de dizer: vós sois a riqueza do México. 

Pedofilia: Vaticano confirma a obrigação de denunciar os abusos cometidos por padres


Nunca houve tantas atenções voltadas à Pontifícia Comissão para a Proteção de Menores, a equipe internacional criada pelo papa Francisco em 2014 para combater o flagelo dos abusos contra crianças e adolescentes na Igreja. Após a polêmica dos últimos dias em torno ao desligamento de Peter Saunders da comissão, foi divulgado hoje um novo comunicado, assinado pelo cardeal presidente Sean O’Malley, afirmando a “responsabilidade moral e ética” de denunciar “às autoridades civis” quaiquer abusos cometidos por padres contra menores.

Na semana passada, a comissão tinha sido indiretamente arrastada para a berlinda pela imprensa de língua inglesa, que dera destaque às declarações de um expoente vaticano segundo o qual não haveria obrigação dos bispos de denunciar casos de abusos.

“Bispos católicos não são obrigados a denunciar abusos do clero contra crianças, diz o Vaticano”: esta foi a manchete, totalmente tendenciosa e mentirosa, estampada pelo jornal The Guardian, que trazia declarações de mons. Tony Anatrella, conhecido especialista em psiquiatria e psicologia, que davam a entender a suposta preparação de um novo documento da Santa Sé sobre os abusos e a pedofilia.

A Comissão teve de intervir com a seguinte declaração. “Como o papa Francisco tão claramente afirmou, ‘os crimes e os pecados dos abusos sexuais contra crianças não devem nunca mais ser mantidos em segredo. Eu garanto a zelosa vigilância da Igreja para proteger as crianças e a promessa da plena responsabilidade para todos” (27 de setembro de 2015)”, dizem as primeiras linhas do texto.

O’Malley, em nome dos 16 membros da comissão, afirma também “que as nossas obrigações no âmbito do direito civil devem ser respeitadas, certamente, mas, para além desses vínculos, todos temos a responsabilidade moral e ética de denunciar supostos abusos às autoridades civis, que têm a tarefa de proteger a nossa sociedade”.

Continua o comunicado: “Nos Estados Unidos, os nossos bispos afirmam claramente a obrigação de todas as dioceses e eparquias e de todos os seus membros de relatar as suspeitas de abuso às autoridades públicas. Todos os anos, em nossa reunião de novembro, em uma sessão de formação para os novos bispos, esta obrigação é reiterada; e em cada mês de fevereiro, a segunda conferência propõe um programa de formação para os novos bispos que reforça de forma clara e explícita esta obrigação”.

Portanto, encerra a nota, “como comissão consultiva do Santo Padre para a proteção dos menores, partilhamos recentemente com o papa Francisco uma visão panorâmica dos esforços de educação da Comissão para as Igrejas locais ao longo dos últimos dois anos, e reafirmamos a vontade dos membros de fornecer material para os cursos oferecidos em Roma, incluindo, entre outros recursos, o programa anual de formação para os novos bispos e para os escritórios da Cúria romana, a fim de que possam ser usados em seus esforços para proteger os menores”.