domingo, 28 de fevereiro de 2016

Eis as uniões civis: um matrimônio camuflado


“Nós impedimos uma revolução contra a natureza”, diz satisfeito Angelino Alfano, líder de Ncd e ministro do interior da Itália, no dia depois da aprovação da grande emenda assinada por Maria Elena Boschi, que consiste em um único artigo e 69 parágrafos, e que introduz as uniões civis na Itália.

Está satisfeito porque, depois de exaustas negociações com o Partido Democrata, conseguiu garantir a retirada da adoção de enteado e o vínculo de fidelidade.

Bastaram estes dois “ajustes” segundo Alfano, para sentir que se evitou o que ele chama de uma “revolução contra a natureza”. Não se sabe exatamente o que ele quer dizer com esta definição, o fato é que se a colocamos sob uma lupa o PL aprovado ontem é fácil constatar que estamos diante de um matrimônio camuflado.

Formalmente, o texto passado no Senado está salpicado de detalhes destinados a distinguir as uniões civis do matrimônio. No entanto, no parágrafo 20, a equivalência ao matrimônio é feita rapidamente: “As disposições que se referem ao matrimônio e as disposições que contém as palavras cônjuge, cônjuges, ou termos equivalentes, aonde apareçam na lei, nos atos com força de lei, nas regulamentações e nos atos administrativos e nos contratos coletivos, se aplicam também a cada uma das partes da união civil entre pessoas do mesmo sexo”.

Vida familiar Não só.

Em outra passagem do projeto de lei, há uma explícita aproximação entre um casal que contrai a união civil e uma família: “As partes concordam entre si o endereço da vida familiar e fixam as residências comuns; a cada uma das partes corresponde o poder de atuar o endereço concordado”.

O Rito e a falta de objeção de consciência para o oficial de estado civil

Outra analogia com o matrimônio é encontrada onde se explica que a união civil é ratificada através de “declarações perante o oficial do estado civil e na presença de duas testemunhas”. Os contraentes não podem ser já casados e não podem ter entre eles laços de sangue (mas como o princípio é um conceito abstrato de amor, por que dois parentes não podem provar este sentimento mútuo?). Uma vez que o oficial registrou os atos de união, “as partes podem decidir tomar um sobrenome escolhendo entre seus sobrenomes”. Observação: Não está previsto que o oficial de estado civil possa fazer objeção de consciência. Um aspecto que, no futuro, poderia causar problemas.

Coabitação, obrigações e direitos

Uma vez contraída a união civil, o casal tem a obrigação recíproca da assistência moral e material e à coabitação. Regras idênticas ao matrimônio com relação à licença matrimonial, as gratificações familiares e as garantias previdenciárias. Não existe, porém, a obrigação da fidelidade recíproca, que tem um valor meramente simbólico, mas que garante proteção a um cônjuge infiel, obrigação que um PL assinado pela Laura Cantini (Pd) e aprovado ontem no Senado, queria eliminar também do código civil. “É um legado de uma visão ultrapassada e antiquada de matrimônio”, diz Cantini que, no entanto, teria gostado de aplicar este “legado” do passado também às “modernas” uniões civis “modernos”. 

Porta-voz do Episcopado espanhol pede que autor de exposição sacrílega não fique impune


O porta-voz da Conferência Episcopal espanhola, Pe. José María Gil Tamayo assegurou que quem ofende as convicções das pessoas não pode ficar impune. O comentário se refere à exposição sacrílega que Abel Azcona apresentou em Pamplona usando 242 hóstias consagradas que o artista roubou.

“Quando exercemos atos, se estes forem delitivos ou atentam contra as liberdades das pessoas, ou as convicções religiosas, existe uma responsabilidade”, disse o sacerdote em uma coletiva de imprensa realizada ontem.

Azcona expôs na Sala Conde de Rodezno de Pamplona fotografias nas que mostrava 242 hóstias consagradas com as quais formou a palavra pederastia. Também exibia um prato cheio de formas consagradas. Estas hóstias teriam sido obtidas pelo autor em missas, nas quais ela fingia que comungava.

Depois de uma ação apresentada pela Associação Advogados Cristãos por supostos delitos de profanação e ofensa aos sentimentos religiosos, Abel Azcona foi intimado mas se negou a responder às perguntas da promotoria, só respondeu ao juiz.

No seu depoimento Azcona reconheceu que sabia que eram hóstias consagradas aquelas que usou para escrever a palavra pederastia, mas em sua declaração negou todos os cargos.

Apesar das queixas levadas à prefeitura (foram entregues mais de 110 mil assinaturas pedindo a retirada da exposição) as autoridades não fecharam a mostra sacrílega. De fato, o prefeito da cidade, Joseba Asirón, apoiou o artista alegando que o mesmo estaria exercendo sua liberdade de expressão. 

O véu quaresmal das imagens e cruzes


Permanece vivo em muitas igrejas o costume de cobrir com um véu roxo a cruz e as imagens sacras durante a última semana da Quaresma. Embora tal tradição já se tenha perdido em alguns lugares e em outras tantos não se saiba mais qual seu significado, a igreja ainda o recomenda. Neste pequeno artigo apresentaremos algumas informações de caráter histórico sobre a origem desse costume e, ao fim, verificaremos nos livros litúrgicos restaurados por decreto do Concílio Vaticano II como se deve proceder atualmente.

O velum quadragesimale

Para descobrir a origem do véu das imagens é preciso retroceder aos primeiros séculos do cristianismo, pois é a partir da prática penitencial antiga que se desenvolverá esse costume, como veremos. A disciplina penitencial da Igreja antiga era extremamente rígida: durante meses e até anos, ou em certos casos até ao fim da vida, o penitente deveria realizar atos ascéticos e não poderia participar plenamente da liturgia. Assim como os penitentes, todos os pagãos, hereges e os catecúmenos não podiam acompanhar toda a celebração eucarística.

Sinal disso é que, até a publicação do Missal de Paulo VI (1969), a missa era dividida em duas partes: a “missa dos catecúmenos” (orações ao pé do altar, intróito, kyrie, glória, oração coleta, leitura, salmo gradual, evangelho, prédica, credo) e missa dos fiéis (ofertório, cânon, ritos de comunhão, oração pós-comunhão, bênção final, último evangelho). De início a missa dos catecúmenos era concluída com uma oração de bênção e o convite do diácono para os “não-fiéis” já enumerados retirarem-se¹.

Véu quaresmal que cobre todo o presbitério (Freiburg - Münster, Alemanha)

Tal convite – que num largo processo desembocou no atual “Ite, missa est”, “Ide, a missa terminou” ou “Ide, é a missa [missão, envio]” – marcava a saída dos catecúmenos e penitentes do recinto sagrado. Os penitentes eram reconciliados na manhã da Quinta-feira Santa, para participarem do Tríduo Pascal.

Segundo D. Prósper Guéranger e o Pe. João Batista Reus (p. 149-150), quando a penitência pública caiu em desuso e passou a ser praticada a penitência privada dada pelo confessor, o sentido da saída dos penitentes foi preservado com o uso litúrgico do “velum quadragesimale”, o “véu da quaresma”. Esse véu inicialmente recobria todo o presbitério, ocultando completamente o altar aos olhos de todos, como que advertindo-os de que é necessário fazer penitência antes de tomar parte nos Sagrados Mistérios.

O Pe. Edward McNamara conduz tal costume a uma tradição germânica:

Em seguida, tal prática foi simplificada. Desapareceu o véu quaresmal, ficando apenas o véu da cruz e das imagens.

... a origem histórica desta prática [...] provavelmente deriva do costume, existente na Alemanha desde o IX século, de estender um grande tecido na frente do altar desde o início da Quaresma. Este tecido, chamado “Hungertuch” (pano de fome), cobria inteiramente o altar para os fiéis durante a quaresma e não era removido até a leitura da Paixão na Quarta-feira Santa, às palavras “o véu do templo partiu-se em dois”. (tradução livre nossa – original em inglês)

Microcefalia e Zika Vírus: Perplexidades, dúvidas, hipóteses e direitos


NOTA DO GRUPO DE TRABALHO DA 
UNIÃO DOS JURISTAS CATÓLICOS DO RIO DE JANEIRO

MICROCEFALIA E ZIKA VÍRUS:

PERPLEXIDADES, DÚVIDAS, HIPÓTESES E DIREITOS

A atual crise na saúde pública brasileira, decorrente do aumento dos casos de microcefalia – e mais recentemente da Síndrome de Guillain-Barré – tem sido supostamente associada, em maior ou menor grau, a uma epidemia causada pelo Zika vírus. Este conturbado cenário soma-se a outras graves crises pelas quais passa a nossa nação. Correlacionado a isso, transparece o drama das pessoas e famílias atingidas, bem como direitos individuais e sociais, em especial os direitos constitucionais à saúde e à inviolabilidade do direito à vida, desde o início da existência no útero materno.

A partir de novembro de 2015, foi manifestada surpresa com o grande número de casos de microcefalia detectados no Sistema Único de Saúde, principalmente no Nordeste, levando à decretação de emergência nacional. No dia 1º de fevereiro de 2016, foi anunciado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) emergência de saúde pública internacional, na qual foi afirmado que a investigação sobre a causa dos novos conglomerados de casos de microcefalia e transtornos neurológicos deve intensificar-se para determinar se há uma relação de causalidade com o vírus da Zika e outros fatores ou cofatores.

Em que pese um tentador estabelecimento da relação de causa e efeito entre o Zika vírus e a microcefalia, ainda não há o reconhecimento pela comunidade científica da referida associação, pelo não preenchimento de todos os critérios necessários que normalmente são exigidos para esta conclusão. De fato, há surtos de Zika em outros países em que não se observa maior prevalência de microcefalia, sendo milhares os exemplos de mulheres grávidas infectadas com o referido vírus, na Colômbia, Cabo Verde e El Salvador. No Brasil, a quase totalidade dos novos casos confirmados de microcefalia está localizada no Nordeste (cerca de 98%), principalmente em Pernambuco e Bahia, apesar de 22 estados apresentarem “circulação autóctone do vírus Zika”.

Como não foi cientificamente demonstrada a etiopatogenia da microcefalia a partir do vírus Zika, o aumento do número de casos confirmados de microcefalia e/ou alterações do sistema nervoso central pode ser, pelo menos em tese, devido a outros fatores que não o Zika vírus. Porém, tem sido passada, direta ou indiretamente, a ideia  de “relação” entre o vírus e a microcefalia, algumas vezes dando a impressão de que o assunto está, do ponto de vista científico, definitivamente estabelecido, constituindo, portanto, matéria inquestionável. Por sua vez, algumas locuções  governamentais, a despeito da absoluta escassez de publicações científicas em plataformas acadêmicas de reputação nacional e internacional, têm, recentemente, abandonado a prudência, assumindo um ideário implícito de relação causa e efeito – na realidade não comprovada – embora possa ser ressalvada a existência de alguns textos oficiais mais cautelosos quanto a esta afirmação. 

Veio uma mulher da Samaria para tirar água


Veio uma mulher. Esta mulher é figura da Igreja, ainda não justificada, mas já a caminho da justificação. É disso que iremos tratar.

A mulher veio sem saber o que ali a esperava; encontrou Jesus, e Jesus dirigiu-lhe a palavra. Vejamos o fato e a razão por que veio uma mulher da Samaria para tirar água (Jo 4,7). Os samaritanos não pertenciam ao povo judeu; não eram do povo escolhido. Faz parte do simbolismo da narração que esta mulher, figura da Igreja, tenha vindo de um povo estrangeiro; porque a Igreja viria dos pagãos, dos que não pertenciam à raça judaica.

Ouçamos, portanto, a nós mesmos nas palavras desta mulher, reconheçamo-nos nela e nela demos graças a Deus por nós. Ela era uma figura, não a realidade; começou por ser figura, e tornou-se realidade. Pois acreditou naquele que queria torná-la uma figura de nós mesmos. Veio para tirar água. Viera simplesmente para tirar água, como costumam fazer os homens e as mulheres.

Jesus lhe disse: “Dá-me de beber”. Os discípulos tinham ido à cidade para comprar alimentos. A mulher samaritana disse então a Jesus: “Como é que tu, sendo judeu, pedes de beber a mim, que sou uma mulher samaritana?” De fato os judeus não se dão com os samaritanos (Jo 4,7-9.)
Estais vendo que são estrangeiros. Os judeus de modo algum se serviam dos cântaros dos samaritanos. Como a mulher trazia consigo um cântaro para tirar água, admirou-se que um judeu lhe pedisse de beber, pois os judeus não costumavam fazer isso. Mas aquele que pedia de beber tinha sede da fé daquela mulher.

Escuta agora quem pede de beber. Respondeu-lhe Jesus? “Se tu conhecesses o dom de Deus e quem é que te pede: ‘Dá-me de beber’, tu mesma lhe pedirias a ele, e ele te daria água viva (Jo 4,10).

Pede de beber e promete dar de beber. Apresenta-se como necessitado que espera receber, mas possui em abundância para saciar os outros. Se tu conhecesses o dom de Deus, diz ele. O dom de Deus é o Espírito Santo. Jesus fala ainda veladamente à mulher, mas pouco a pouco entra em seu coração, e vai lhe ensinando. Que haverá de mais suave e bondoso que esta exortação? Se tu conhecesses o dom de Deus e quem é que te pede: ‘Dá-me de beber’,tu mesma lhe pedirias a ele, e ele te daria água viva.

Que água lhe daria ele, senão aquela da qual está escrito: Em vós está a fonte da vida? (Sl 35,10). Pois como podem ter sede os que vêm saciar-se na abundância de vossa morada? (Sl 35,9).

O Senhor prometia à mulher um alimento forte, prometia saciá-la com o Espírito Santo. Mas ela ainda não compreendia. E, na sua incompreensão, que respondeu? Disse-lhe então a mulher: “Senhor, dá-me dessa água, para que eu não tenha mais sede e nem tenha de vir aqui para tirá-la” (Jo 4,15). A necessidade a obrigava a trabalhar, mas sua fraqueza recusava o trabalho. Se ao menos ela tivesse ouvido aquelas palavras: Vinde a mim todos vós que estais cansados e fatigados sob o peso dos vossos fardos e eu vos darei descanso! (Mt 11,28). Jesus dizia-lhe tudo aquilo para que não se cansasse mais; ela, porém, ainda não compreendia.


Dos Tratados sobre o Evangelho de São João, de Santo Agostinho, bispo 

(Tract.15,10-12.16-17:CCL 36,154-156)            (Séc.V)

O demônio é mentiroso e pai da mentira


É muito importante conhecermos essa verdade, porque existem muitas mentiras no mundo em que vivemos, e essas são propagadas pelo “pai da mentira”, que, pouco a pouco, desvia-nos do caminho do céu e da verdade, que é Jesus.

Se lembrarmos como o pecado entrou na história da humanidade, recordaremos que foi por meio de uma mentira. Deus disse aos nossos primeiros pais: “‘Não comas desta árvore, porque se comeres morrerá’. E o demônio, contrariando a Deus, disse: ‘Se você comer, se tornará como Deus’”.

O triste dessa história é que demos ouvidos ao “pai da mentira”, e as mentiras dele têm graves consequências em nossa vida. É muito importante conhecermos a Palavra de Deus e permitirmos que ela faça morada em nosso coração, porque assim podemos desmascarar todas as mentiras do maligno.

O que é a Nova Era?

Por trás da Nova Era está satanás. Não se trata exatamente de uma religião, porque não tem fundador, uma estrutura organizada nem um corpo de doutrina fixa. É uma espécie de movimento transversal, que fala sobre temas espirituais, sobre o homem, a salvação etc. Notamos que existem muitos movimentos e autores, não só escritores, mas pessoas dentro do mundo do cinema e da música que vivem essa espiritualidade.

Embora não haja um corpo doutrinal bem definido, existem algumas mentiras que todos partilham. Grande parte das pessoas que procuro ajudar já fizeram contato com as mentiras da Nova Era. Por meio dela, o demônio consegue pescar muitas almas para as trevas.

Diversos livros da Nova Era são encontrados por todos os lados. As mentiras mais perigosas não são aquelas que são 100% mentira, mas as que trazem 88% de mentira, que misturam algumas verdades com mentiras. Fala-se muito de amor e anjos. É tudo lindo! As pessoas têm uma aparência de bem, mas é tudo muito envenenado, e por trás disso tudo está o inimigo.

Meditemos a Palavra da II Carta de Timóteo 2,23-26: “Rejeita as discussões tolas e absurdas, visto que geram contendas. Não convém a um servo do Senhor altercar; bem ao contrário, seja ele condescendente com todos, capaz de ensinar, paciente em suportar os males. É com brandura que deve corrigir os adversários, na esperança de que Deus lhes conceda o arrependimento e o conhecimento da verdade, e voltem a si, uma vez livres dos laços do demônio, que os mantém cativos e submetidos aos seus caprichos”.

Refletiremos sobre sete perigosas mentiras que o demônio conseguiu semear em toda a humanidade pela Nova Era. 

São Serapião


Serapião foi um grande monge e bispo de Thmuis, no Egito. Temos poucas informações sobre ele, mas sabemos que estudo na escola catequética de Alexandria. Aí conheceu Santo Antão, de quem se fez discípulo e de quem herdou uma túnica de pêlo. São Serapião também foi grande amigo de Atanásio e lutou contra o arianismo.

Quando recebeu a indicação para tornar-se bispo, São Serapião mostrou um pouco triste em ter que abandonar a vida monástica. Para ele a vida de perfeição cristã era a vida do monge.

O santo que hoje comemoramos escreveu muitos livros e cartas pastorais. Quando Atanásio foi preso, Serapião foi até o imperador Constâncio II interceder pelo amigo, mas o grupo dos defensores da heresia ariana conseguiram derrubar Serapião e martirizá-lo em 370 no Egito.

O historiador Eusébio de Cesaréia registra seu martírio, com as seguintes palavras: "Preso Serapião em sua casa, foram-lhe infligidas cruéis torturas. Desfizeram-lhe todas as juntas dos membros e o precipitaram do andar de cima da casa, de cabeça para baixo".  


Querido Deus, mais uma vez celebramos a vida de um mártir. Ajudai-nos a seguir o exemplo da vida de São Serapião e buscar em primeiro lugar a Verdade, que vem do seu filho Jesus. Que nossa vida seja testemunha do amor de Deus e vivamos a vocação de ser sal da terra e luz do mundo. Por Cristo nosso Senhor. Amém!

sábado, 27 de fevereiro de 2016

Papa a jesuítas mexicanos: trabalhem pela dignidade de quem sofre


JUBILEU EXTRAORDINÁRIO DA MISERICÓRDIA

JUBILEU DA CÚRIA ROMANA

HOMILIA DO PAPA FRANCISCO

Basílica Vaticana
Segunda-feira, 22 de Fevereiro de 2016


A festa litúrgica da Cátedra de São Pedro vê-nos congregados para celebrar o Jubileu da Misericórdia como comunidade de serviço da Cúria Romana, do Governatorado e das Instituições ligadas à Santa Sé. Atravessando a Porta Santa, viemos até ao túmulo do Apóstolo Pedro para fazer a nossa profissão de fé; e hoje a Palavra de Deus ilumina de modo especial os nossos gestos.

Neste momento, a cada um de nós o Senhor Jesus repete a sua pergunta: «E vós, quem dizeis que Eu sou?» (Mt 16, 15). Uma pergunta clara e directa, diante da qual não é possível fugir nem permanecer neutro, e nem sequer adiar a resposta ou delegá-la a uma outra pessoa. Mas ela não contém nada de inquisitivo, aliás, está cheia de amor! O amor do nosso únco Mestre, que hoje nos chama a renovar a fé nele, reconhecendo-o como Filho de Deus e Senhor da nossa vida. E o primeiro a ser chamado a renovar a sua profissão de fé é o Sucessor de Pedro, que tem a responsabilidade de confirmar os irmãos (cf. Lc 22, 32).

Deixemos que a graça volte a plasmar o nosso coração para acreditar, e abra a nossa boca para cumprir a profissão de fé e alcançar a salvação (cf. Rm 10, 10). Portanto, façamos nossas as palavras de Pedro: «Tu és Cristo, o Filho de Deus vivo!» (Mt 16, 16). O nosso pensamento e o nosso olhar permaneçam fixos em Jesus Cristo, princípio e fim de qualquer obra da Igreja. Ele é o fundamento, e ninguém pode pôr outro diferente (cf. 1 Cor 3, 11). Ele é a «pedra» sobre a qual devemos edificar. Recorda-o santo Agostinho com palavras expressivas, quando escreve que a Igreja, não obstante agitada e abalada pelas vicissitudes da história, «não desaba, porque está fundamentada sobre a pedra, da qual deriva o nome Pedro. Não é a pedra que haure o seu nome de Pedro, mas é Pedro que o recebe da pedra; assim como não é o nome Cristo que deriva de cristão, mas o nome cristão que provém de Cristo. [...] A pedra é Cristo, sobre cujo fundamento também Pedro foi edificado» (In Joh. 124, 5: PL 35, 1972).

Desta profissão de fé deriva para cada um de nós a tarefa correspondente ao chamamento de Deus. Em primeiro lugar, aos Pastores é pedido que tenham como modelo o próprio Deus que cuida do seu rebanho. O profeta Ezequiel descreveu o modo como Deus age: Ele vai à procura da ovelha tresmalhada, reconduz ao aprisco a perdida, cura aquela que se feriu e restabelece a que está doente (cf. 34, 16). Um comportamento que é sinal do amor sem fim. É uma dedicação fiel, constante e incondicional, para que a sua misericórdia possa chegar a todos aqueles que são os mais frágeis. E, todavia, não devemos esquecer que a profecia de Ezequiel nasce da constatação das faltas dos pastores de Israel. Portanto far-nos-á bem, também a nós, chamados a ser Pastores na Igreja, deixar que a Face do Deus Bom Pastor nos ilumine, nos purifique, nos transforme e nos restitua plenamente renovados à nossa missão. Que também nos nossos ambientes de trabalho possamos sentir, cultivar e praticar um forte sentido pastoral, antes de tudo em relação às pessoas que encontramos todos os dias. Que ninguém se sinta ignorado nem maltratado, mas cada um possa experimentar, antes de tudo aqui, a atenção carinhosa do Bom Pastor.