sexta-feira, 4 de março de 2016

As Dores de Nossa Senhora


Duas vezes no ano lembra-se a Igreja das Dores de Maria Santíssima: na Sexta-feira que antecede ao domingo de Ramos, e no dia 15 de setembro. Já antes dessas solenidades vinha o povo cristão consagrando terna lembrança às Dores da Mãe de Deus. No século XIII a tendência geral fixa-se na celebração das Sete Dores. A Ordem dos Servitas, principalmente, fundada em 1240, muito contribuiu para propagar essa devoção. Pois seus membros deviam santificar a si e aos outros pela meditação das Dores de Maria e de Seu Filho. Pelos fins do século XV era quase geral no povo cristão o culto compassivo das dores de Maria. Os poetas de vários países consagraram-lhe inúmeras poesias. O hino Stabat Mater dolorosa tem por autor o franciscano Jacopone da Todi (1306). A festa foi primeiramente introduzida pelo Sínodo de Colônia em 1423, sob o título de Comemoração das Angústias e Dores da Bem-aventurada Virgem Maria, para expiação das injúrias cometidas pelos Hussitas contra as imagens sagradas. Propagou-se rapidamente, tomando o nome de festa de Nossa Senhora da Piedade. Em 1725 introduziu-a o papa Bento XII no Estado Pontifício, e em 1727 estendeu-a para a Igreja universal. Mas, porque perdia um pouco de seu valor, por estar na quaresma, Pio VII, em 1804, mandou que fosse celebrada também no terceiro domingo de setembro. Com a reforma do Breviário, por Pio X, veio a festa a ter uma data fixa no dia 15 de setembro

(Nota do tradutor). 

I. MARIA FOI A RAINHA DOS MÁRTIRES POR CAUSA DA DURAÇÃO E INTENSIDADE DE SUAS DORES

Quem poderia ouvir sem comoção a história mais triste que jamais houve no mundo? Uma nobre e santa senhora tinha um único filho, o mais amável que se possa imaginar. Era inocente, virtuoso e belo. Ternamente retribuía o amor de sua mãe. Nunca lhe havia dado o mínimo desgosto, mas sempre lhe havia testemunhado todo respeito, toda obediência, todo afeto. Nele, por isso, a mãe tinha posto todo o seu amor, aqui na terra. Ora, que aconteceu? Pela inveja de seus inimigos, foi esse filho acusado injustamente. O juiz reconheceu, é verdade, a inocência do acusado e proclamou-a publicamente. Mas, para não desgostar os acusadores, condenou-o a uma morte infame, como lhe haviam pedido. E a pobre mãe, para sua maior pena, teve de ver como aquele tão amante e amado filho lhe era barbaramente arrancado: na flor dos anos. Fizeram-no morrer diante de seus olhos maternos, à força de torturas e esvaído em sangue num patíbulo infamante. Que dizeis, piedoso leitor? Não vos excita à compaixão a história dessa aflita mãe? 

Já sabeis de quem estou falando? Esse Filho, tão cruelmente suplicado, foi Jesus, nosso amoroso Redentor. E essa Mãe foi a bem-aventurada Virgem Maria, que por nosso amor se resignou a vê-lO sacrificado à justiça divina pela crueldade dos homens. Portanto é digna de nossa piedade e gratidão essa dor imensa que Maria sofre por nosso amor. Mais Lhe custou sofrê-la, do que suportar mil mortes. E se não podemos corresponder dignamente a tanto amor, demoremo-nos hoje, ao menos por algum tempo, na consideração de Suas acerbíssimas dores. Digo, por isso: Maria é Rainha dos mártires, porque as dores de Seu martírio excederam às dos mártires 1º em duração; 2º em intensidade. 

PONTO PRIMEIRO
Duração do martírio de Maria

1. Maria é realmente uma mártir 

Jesus é chamado Rei das dores e Rei dos mártires, porque em Sua vida mortal padeceu mais que todos os outros mártires. Assim também é Maria chamada com razão Rainha dos Mártires, visto ter suportado o maior martírio que se possa padecer depois das dores de Seu Filho. Mártir dos mártires é por isso o nome que lhe dá Ricardo de S. Lourenço. E bem lhe pode aplicar o texto do profeta Isaías: Ele te há de coroar com uma coroa de  amargura (22, 18). A coroa, com a qual foi constituída Rainha dos mártires, foi justamente Sua dor tão acerba, que excedeu à de todos os mártires reunidos. É fora de dúvida o real martírio de Maria, como assaz o provam Dionísio Cartuxo, Pelbarto, Catarino e outros. Pois, conforme uma sentença incontestada, para ser mártir é suficiente sofrer uma dor capaz de dar a morte, ainda que em realidade se não venha a morrer. S. João Evangelista é reverenciado como mártir, não tenha embora morrido na caldeira de azeite fervendo, senão haja saído dela mais robustecido, como diz o Breviário. Para a glória do martírio, segundo Tomás, basta que uma pessoa leve a obediência ao ponto de oferecer-se à morte. Maria, no sentir do Abade Oger, foi mártir não pelas mãos dos algozes, mas sim pela acerba dor de Sua alma. Se não lhe foi o corpo dilacerado pelos golpes do algoz, foi Seu bendito coração transpassado pela Paixão de Seu Filho. E essa dor foi suficiente para dar-Lhe não uma, porém mil mortes. 

Vemos por aí que Maria não só foi verdadeiramente mártir, mas que Seu martírio excedeu a todos os outros por sua duração. Pois que foi Sua vida, senão um longo e lento martírio? 

2. Duração do martírio de Maria 

Assim como a Paixão de Jesus começou com Seu nascimento, diz S. Bernardo, também assim sofreu Maria o martírio durante toda a Sua vida por ser em tudo semelhante ao Filho. Como observa S. Alberto Magno, o nome de Maria significa, entre outras coisas, amargura do mar. 

Aplica-lhe o Santo por isso o texto de Jeremias: Grande como o mar é a minha dor (Jr 2, 13). Com efeito, e o mar amargo e salgado. Assim foi também toda a vida de Maria sempre cheia de amarguras, porque não Lhe desaparecia do espírito a lembrança, da Paixão do Redentor. Mais iluminada pelo Espírito Santo que todos os profetas, compreendia melhor do que eles as predições a respeito do Messias, registradas na Escritura. Está isso acima de toda e qualquer dúvida. Assim instruiu um anjo a S. Brígida, e ainda ajuntou que Nossa Senhora sentia terna compaixão com o inocente Salvador, mesmo antes de Lhe ser Mãe. E tudo por causa do conhecimento que possuía sobre as dores a serem suportadas pelo Verbo Divino, para a salvação dos homens, e sobre a cruel morte que O aguardava em vista de nossos pecados. Já então começou, portanto o padecimento de Maria.

Mas sem medida tornou-se essa dor, desde o dia em que a Virgem ficou sendo Mãe de Jesus. Sofreu daí em diante um perene martírio, observa Roberto de Deutz, tendo em vista as dores que esperavam por Seu Filho. E também o que significa a visão de S. Brígida, em Roma, na igreja de S. Maria. Aí lhe apareceu a Santíssima Virgem em companhia de S. Simeão, e de um anjo que trazia uma longa espada a gotejar sangue.

Essa espada era um emblema da mui longa e acerba dor que dilacerou o coração de Maria, durante toda a sua vida. O supra-citado abade põe nos lábios de Maria as seguintes palavras:
Almas remidas, filhas diletas, não vos deveis compadecer de mim,  só por aquela hora em que assisti à morte de meu amado Jesus. Pois a espada, prenunciada por Simeão transpassou minha alma em todos os dias de minha vida. Quando eu aleitava Meu Filho, o aconchegava ao colo, já contemplava a morte cruel que Lhe estava reservada. Considerai por isso que áspera e intensa dor eu devia sofrer! 

Maria, pois, teve razão para dizer com Davi: A minha vida se consome na dor e os meus anos em gemidos (SI 30, 11). A minha dor está sempre ante os meus olhos (SI 37, 18).

Passei toda a Minha vida entre dores e lágrimas, porque a minha dor, que era a compaixão com Meu Filho, nunca se apartava dos Meus olhos. Eu estava sempre contemplando todos os Seus tormentos e a morte que Ele um dia havia de sofrer.

Revelou a Divina Mãe a S. Brígida que, mesmo depois da morte e da ascensão de Seu Filho ao céu, continuava viva e recente em Seu materno coração, a lembrança dos sofrimentos dEle. Acompanhava-A até nos trabalhos e nas refeições. Vulgato Taulero escreve, por isso, que a Virgem passou toda a Sua vida em perpétua dor, carregando no coração luto e pesar. 

3. O tempo não mitigou os sofrimentos de Maria 

O tempo, que costuma mitigar a dor dos aflitos, não pôde aliviá-la em Maria. Aumentava-Lhe, pelo contrário, a aflição. Crescendo, ia Jesus mostrando cada vez mais a Sua beleza e amabilidade. Mas de outro lado ia também se avizinhando da morte.

Com isso cada vez mais a dor por haver de perdê-lO apertava também o coração da Mãe. Tal como a rosa que cresce por entre espinhos, crescia a Mãe de Deus em anos no maior dos sofrimentos. E como crescem os espinhos à medida que a rosa desabrocha, cresceram também em Maria - rosa mística do Senhor - os penetrantes espinhos das aflições. Passemos agora à consideração da intensidade das dores de Nossa Senhora. 

Arcebispo de Barcelona e confissões religiosas rechaçam o “Pai Nosso blasfemo” recitado na Espanha


O Arcebispo de Barcelona, Dom Juan José Omella, publicou recentemente uma carta no jornal ‘La Vanguardia’ – o mais vendido na Catalunha –, na qual rechaçou o Pai Nosso blasfemo que a poetisa Dolors Miquel leu ao receber o prêmio da Cidade Condal.

“Eu gostaria de romper o silêncio que mantive durante estes dias, para não alimentar uma controvérsia política que, indiretamente, tornasse maior a ferida que produziu em milhares de cidadãos de Barcelona o fato de que se programasse em um ato público, organizado pelo consistório, a leitura de um poema que parafraseia a prece central dos católicos”, assegurou o Arcebispo de Barcelona.

Dom Omella afirmou que “o Pai Nosso é a prece dos simples, daqueles que entregam o seu coração e confiam no Pai no Céu. É a prece dos limpos de coração, dos que procuram a justiça, dos que aceitam as próprias limitações e depositam suas esperanças com uma dependência amorosa no Deus que nos ama”.

Recordou que, “ante os fatos ocorridos nestes dias, já manifestei que ‘às vezes a melhor resposta é calar’, o mesmo silêncio que Jesus manifestou diante do Sinédrio. Responder a provocação com o silêncio é uma forma de tomar distância diante do despropósito”.

“Tomada esta distância, devemos recordar que o respeito pela liberdade de expressão e criação é um valor incontrovertível em nossa sociedade, reconhecido no artigo 20 da Constituição”, assegurou o Arcebispo.

“Mas, ética e moralmente pode ser questionável o fato de que uma obra artística que é ofensiva para um grupo de pessoas seja incluída no programa de um ato oficial organizado por um Consistório que representa o mundo inteiro”, precisou.

Nesse sentido, recordou que a defesa da liberdade de expressão “tem que ser compatível com o respeito pela fé religiosa das pessoas” e destacou que “agora mais do que nunca, a liberdade religiosa é um aspecto fundamental que pulsa o grau de civilização de nossas sociedades plurais. A Igreja não é nem quer ser um agente político, mas tem um profundo interesse pelo bem da comunidade política, cuja alma é a justiça”.

“A Igreja continua oferecendo à sociedade, com generosidade e perseverança, o compromisso pelo bem comum que, quando está inspirado no testemunho da caridade, tem um valor superior ao compromisso meramente secular e político”, insistiu e pediu que os políticos “preservem a liberdade religiosa como algo que pertence a todos e que corresponde a todos preservá-la”. 

O mistério da nossa vida nova


O bem-aventurado Jó, como figura da santa Igreja, ora fala em nome do corpo, ora em nome da cabeça. Mas, às vezes, ocorre que, quando fala dos membros, toma subitamente as palavras da cabeça. Eis por que diz: Sofri tudo isso, embora não haja violência em minhas mãos e minha oração seja pura(Jó 16,17).

Sem haver violência alguma em suas mãos, teve também que sofrer aquele que não cometeu pecado e em cuja boca não se encontrou falsidade; no entanto, pela nossa salvação, suportou o tormento da cruz. Foi ele o único que elevou a Deus uma oração pura, pois mesmo em meio aos sofrimentos da paixão orou por seus perseguidores, dizendo: Pai, perdoa-lhes! Eles não sabem o que fazem! (Lc 23,34).

Quem poderá dizer ou pensar uma oração mais pura do que esta em que se pede misericórdia por aqueles mesmos que infligem a dor? Por isso, o sangue de nosso Redentor, derramado pela crueldade dos perseguidores,se transformou depois em bebida de salvação para os que nele acreditariam e o proclamariam Filho de Deus.

Acerca deste sangue, continua com razão o texto sagrado: Ó terra, não cubras o meu sangue, nem sufoques o meu clamor (Jó 16,18). E ao homem pecador foi dito: És pó e ao pó hás de voltar (Gn 3,19).

A terra, de fato, não ocultou o sangue de nosso Redentor, pois qualquer pecador, ao beber o preço de sua redenção, o proclama e louva e, como pode, o manifesta aos outros.

A terra não cobriu também o seu sangue porque a santa Igreja já anunciou em todas as partes do mundo o mistério de sua redenção.

Notemos no que se diz a seguir: Nem sufoques meu clamor. O próprio sangue da redenção, por nós bebido, é o clamor de nosso Redentor. Por isso diz também Paulo: Vós vos aproximastes da aspersão do sangue mais eloquente que o de Abel (Hb 12,24). E do sangue de Abel fora dito: A voz do sangue de teu irmão está clamando da terra por mim (Gn 4,10).

O sangue de Jesus é mais eloquente que o de Abel, porque o sangue de Abel pedia a morte do irmão fratricida, ao passo que o sangue do Senhor obteve a vida para seus perseguidores.
Assim, para que não nos seja inútil o sacramento da paixão do Senhor, devemos imitar aquilo que recebemos e anunciar aos outros o que veneramos.

O clamor de Cristo fica sufocado em nós, se a língua não proclama aquilo em que o coração acredita. Para que esse clamor não seja sufocado em nós, é preciso que, na medida de suas possibilidades, cada um manifeste aos outros o mistério de sua vida nova.


Dos Comentários sobre o livro de Jó, de São Gregório Magno, papa

(Lib. 13,21-23: PL75,1028-1029)            (Séc.VI)

A Paixão de Jesus Cristo


«Oh! se conhecesses o mistério da cruz!, disse Santo André ao tirano que queria induzi-lo a renegar a Jesus Cristo, por ter Jesus se deixado crucificar como malfeitor. «Oh! se entendesses, tirano, o amor que Jesus Cristo te mostrou querendo morrer na cruz para satisfazer por teus pecados e obter-te uma felicidade eterna...».

Quanto agrada a Jesus Cristo que nós nos lembremos continuamente de sua paixão e da morte ignominiosa que por nós sofreu, muito bem se deduz de haver ele instituído o Santíssimo Sacramento do altar com o fito de conservar sempre viva em nós a memória do amor que nos patenteou, sacrificando-se na cruz por nossa salvação. Já sabemos que na noite anterior à sua morte ele instituiu este sacramento de amor e depois de ter dado seu corpo aos discípulos, disse-lhes – e na pessoa deles a nós todos – que ao receberem a santa comunhão se recordassem do quanto ele por nós padeceu: “Todas as vezes que comerdes deste pão e beber de deste cálice, anunciareis a morte do Senhor” (1 Cor 11, 26). Por isso a santa Igreja, na missa, depois da consagração, ordena ao celebrante que diga em nome de Jesus Cristo: “Todas as vezes que fizerdes isto, fazei-o em memória de mim”. E São Tomás escreve: “Para que permanecesse sempre viva entre nós a memória de tão grande benefício, deixou seu corpo para ser tomado como alimento” (Op. 57). E continua o santo a dizer que por meio de um tal sacramento se conserva a memória do amor imenso que Jesus Cristo nos demonstrou na sua paixão.

Se alguém padecesse por seu amigo injúrias e ferimentos e soubesse que o amigo, quando se falava sobre tal acontecimento nem sequer nisso queria pensar e até costumava dizer: falemos de outra coisa – que dor não sentiria vendo o desconhecimento de um tal ingrato? Ao contrário, quanto se consolaria se soubesse que o amigo reconhece dever-lhe uma eterna obrigação e que disso sempre se recorda e se lhe refere sempre com ternura e lágrimas? Por isso é que todos os santos, sabendo a satisfação que causa a Jesus Cristo quem se recorda continuamente de sua paixão, estão quase sempre ocupados em meditar as dores e os desprezos que sofreu o amantíssimo Redentor em toda a sua vida e particularmente na sua morte. Santo Agostinho escreve que as almas não podem se ocupar com coisa mais salutar que meditar cotidianamente na paixão do Senhor. Deus revelou a um santo anacoreta que não há exercício mais próprio para inflamar os corações com o amor divino do que o meditar na morte de Jesus Cristo. E a Santa Gertrudes foi revelado, segundo Blósio, que todo aquele que contempla com devoção o crucifixo é tantas vezes olhado amorosamente por Jesus quantas ele o contempla. Ajunta Blósio que o meditar ou ler qualquer coisa sobre a paixão traz-nos maior bem que qualquer outro exercício de piedade. Por isso escreve São Boaventura: “A paixão amável que diviniza quem a medita” (Stim. div. amor, p. 1. c. 1). E falando das chagas do crucifixo, diz que são chagas que ferem os mais duros corações e inflamam no amor divino as almas mais geladas. 

Click to Pray: novo aplicativo móvel propõe três momentos de oração.


A Rádio Vaticano sediará hoje, a coletiva de imprensa de apresentação da iniciativa Click to Pray, um aplicativo para rezar pelas intenções de oração do Papa.

Este aplicativo, no momento, está disponível em português, inglês, espanhol e francês (proximamente, também em italiano, chinês, coreano e outras línguas) e será apresentado por ocasião da iniciativa “24h para o Senhor”.

O Click to Pray é uma plataforma multicanal que disponibiliza propostas de oração simples e breves, para três momentos do dia, durante os 365 dias do ano. Apresenta também as intenções que o Papa Francisco confia mensalmente ao Apostolado de Oração e a todos os cristãos. 

São Casimiro


Casimiro, cujo nome significa “grande no comandar”, foi proclamado padroeiro da juventude.

Casimiro era filho do rei da Polônia, nasceu com o título de grão-duque da Lituânia, sua terra natal, em 1458. De família real e Católica, Casimiro podia se envolver em perigos políticos por isso renunciou o direito ao trono. Seus pais, a rainha Isabel de Asburgo e Casimiro IV, rei da Polônia, tiveram treze filhos, dos quais doze foram reis.

Livremente optou pelo celibato e com a ajuda da mãe e rainha começou a receber forte educação espiritual. Chegou mesmo a arruinar a saúde por causa de muitos jejuns e penitência.

São Casimiro, com apenas dezessete anos e debilitado pelo excesso de penitência, começou a ajudar o pai no governo da Lituânia, usando sempre a força da oração, prudência e seu amor profundo ao Santíssimo Sacramento e a Nossa Senhora.

Casimiro foi um servidor diligente de seu Estado mas não se deixou levar pela ambição do poder. Era um jovem muito admirado pela sua beleza, porém tinha o ideal ascético da pureza. Era devoto de Nossa Senhora e a ela consagrou-se. Estava sempre atento em divulgar as virtudes de Maria e a festejar solenemente as festas marianas.

Admirado pelos súditos e amado pelo povo, Casimiro foi vítima de tuberculose que lhe trouxe a morte em 1484. Casimiro morreu aos 25 anos e todo o povo polonês já o venerava como santo. Em 1521 foi canonizado e declarado padroeiro da Polônia e da Lituânia pelo Papa Leão X.

Ninguém, no entanto, jamais esquecerá a sua caridade, a sua humildade e a sua simplicidade. Nem tampouco a seriedade diante dos sacrifícios da vida. Valeu a pena ter renunciado às coisas imperiais para ser cristão e santo! 

ORAÇÃO


São Casemiro, vós que tivestes tudo para reinar soberanamente e usufruir do que desejásseis, preferistes o caminho doa santidade. Quanto vos louvo por essa vossa escolha cheia de sabedoria ante a efemeridade desta vida. Dai aos nosso jovens do mundo inteiro, por vossa intercessão junto a Jesus Cristo e a Santa Mãe dos Céus, o despertar das mais santas vocações sacerdotais. Por Cristo Nosso Senhor. Amém. s num só único louvor a Quem que nos criou unicamente para sermos santos. Por Cristo nosso Senhor. Amém.

quinta-feira, 3 de março de 2016

Homilética: 4º Domingo da Quaresma - Ano C: "Um Pai espera a volta do filho".


Ao ler mais uma vez a parábola do filho pródigo, eu pensava que é verdadeiramente justa a ira de Deus para com os pecadores e que é mais fácil entender a justiça que a misericórdia.

No texto do Evangelho de hoje aparece um filho que pede a parte da herança, gasta com prostitutas e depois se apresenta ao seu pai como culpado. O pecado, tão detalhadamente descrito na parábola do filho pródigo, consiste na rebelião contra Deus, ou ao menos no esquecimento ou indiferença para com Ele e para com o seu amor, no desejo tolo de viver fora do amparo de Deus, de emigrar para uma terra distante, longe da casa paterna. Como se passa mal quando se está longe de Deus! “Onde se passará bem sem Cristo – pergunta Santo Agostinho -, ou quando se poderá passar mal com Ele?”

O pai, ao encontrá-lo, o festeja, o presenteia e faz uma festa para ele… “Correu-lhe ao encontro, abraçou-o e cobriu-o de beijos” (Lc 15, 20). Acolhe-o como filho imediatamente! Estas são as palavras da Bíblia: cobriu-o de beijos, comia-o a beijos. Pode-se falar com mais calor humano? Pode-se descrever de maneira mais gráfica o amor paternal de Deus pelos homens? Perante um Deus que corre ao nosso encontro, não nos podemos calar, e temos que dizer-Lhe, como São Paulo: “Abbá, Pai” (Rm 8,15). Quer que Lhe chamemos de Pai, que saboreemos essa palavra, deixando a alma inundar-se de alegria.

Esse pai está louco! No fundo, dá vontade de ver esse filho malandro levar uma boa surra do pai. Não sei se você estará de acordo comigo, querido leitor, mas não é difícil entender que um bom pai corrija com fortaleza um erro cometido por um filho seu. Realmente, é mais compreensível que uma só ovelha se perda que correr o risco de perder as noventa e nove; é mais lógico deixar uma moeda pra lá que revirar a casa por uma só moedinha e depois – e isso é o cúmulo – convidar os amigos, fazer uma festa e gastar mais do que vale a moeda encontrada; é mais fácil entender que o pai desse uma bronca naquele filho sem-vergonha. Enfim, é mais fácil compreender a justiça que a misericórdia!

No entanto, a lógica do Evangelho é outra! Sem contrapor a justiça à misericórdia, a parábola nos apresenta um pai que não é o comum dos pais desta terra, mas o pai só pode ser Deus. Alguma vez escutei e disse aquela frase de que “Deus perdoa tudo, o homem perdoa muitas vezes e a natureza não perdoa nunca”. Hoje eu gostaria de defender a primeira parte: Deus perdoa tudo! Isso sim é motivo de grande alegria! Ele é o nosso Pai, cheio de amor para conosco. Nós, culpados e pecadores, cheios de boas intenções e, também, cheios intenções torcidas e más ações, somos os queridos de Deus. 

Essa parábola deve nos despertar para a beleza do sacramento da Reconciliação (confissão). Na Confissão, através do sacerdote, o Senhor devolve-nos tudo o que perdemos por culpa própria: a graça e a dignidade de filhos de Deus. Cumula-nos da sua graça e, se o arrependimento é profundo, coloca-nos num lugar mais alto do que aquele em que estávamos anteriormente. Devemos valorizar a Confissão porque leva-nos ao problema mais universal e central da conversão evangélica; trata-se de descobrir a verdadeira doença da alma (o pecado). O pecado existe e todo pecado é uma ofensa a Deus; porém a misericórdia de Deus é maior do que todos os nossos pecados. Contudo, supõe uma atitude de retorno: CONVERSÃO.

Deus espera de nós uma entrega alegre, sem tristeza nem constrangimento, pois Deus ama aquele que dá com alegria (2 Cor 9, 7). “É uma doce alegria pensar que o Senhor é justo, que conhece perfeitamente a fragilidade da nossa natureza! Por que então temer? Ele que se dignou perdoar, com tanta misericórdia, as culpas do filho pródigo, não será também justo comigo, que estou sempre junto dEle?” (Santa Teresinha do Menino Jesus). Com alegria sirvamos ao Senhor nas coisas mais pequenas! Preparemos a nossa volta (Confissão)!

“Vou voltar para meu pai e dizer-lhe: Pai, pequei…” (Lc 15,18). Assim falou consigo o pródigo e logo se levantou e começou a caminhar. Façamos isso também nós: não é necessário que tenhamos ido para uma região distante; na verdade, todos estamos longe, todos pecamos sete vezes; deixemo-nos reconciliar com Deus por Cristo e pela Igreja. A Páscoa será mais linda este ano para nós, será uma verdadeira Páscoa de ressurreição!

Já está justificada a nossa alegria para todo o dia de hoje: Deus é Pai! Eu sou seu filho! Deus é muito bom e os sacerdotes no Sacramento da Penitência têm o Coração de Deus e, por isso, compreendem sempre. Não tenha medo e vá se confessar!

Papa: a Igreja não precisa de dinheiro sujo.


PAPA FRANCISCO

AUDIÊNCIA GERAL
 Quarta-feira, 2 de Março de 2016

Amados irmãos e irmãs, bom dia!

Falando da misericórdia divina, evocamos várias vezes a figura de família que ama os seus filhos, os ajuda, cuida deles, os perdoa. E como pai, educa-os e corrige-os quando erram, favorecendo o seu crescimento no bem.

É assim que Deus é apresentado no primeiro capítulo do profeta Isaías, no qual o Senhor, como pai afetuoso mas também atento e severo, se dirige a Israel acusando-o de infidelidade e corrupção, para o reconduzir ao caminho da justiça. O nosso texto começa assim: «Ouvi, ó céus, e presta ouvidos, tu, ó terra, / porque fala o Senhor: / “Criei filhos e cuidei deles, / mas eles prevaricaram contra mim. / O boi conhece o seu possuidor, / e o jumento, a manjedoura do seu dono, / mas Israel não tem conhecimento, / o meu povo não entende”» (1, 2-3).

Deus, mediante o profeta fala ao povo com a amargura de um pai desiludido: fez crescer os seus filhos, e agora eles revoltaram-se contra Ele. Até os animais são fiéis ao seu dono e reconhecem a mão que os alimenta; ao contrário, o povo já não reconhece Deus, recusa compreender. Mesmo se ferido, Deus deixa falar o homem, e apela-se à consciência destes filhos degenerados para que se corrijam e se deixem amar de novo. Eis o que Deus faz! Vem ao nosso encontro para que nos deixemos amar por Ele, pelo nosso Deus.

A relação pai-filho, à qual com frequência os profetas fazem referência ao falar da relação da aliança entre Deus e o seu povo, desvirtuou-se. A missão educativa dos pais tem por finalidade fazê-los crescer na liberdade, torná-los responsáveis, capazes de realizar obras de bem para si e para os outros. Ao contrário, por causa do pecado, a liberdade torna-se pretensão de autonomia, pretensão de orgulho, e o orgulho leva à contraposição e à ilusão de autossuficiência.

Eis então que Deus chama o seu povo: «Erraste o caminho». Afectuosa e amargamente diz o «meu» povo. Deus nunca nos renega; nós somos o seu povo, o mais malvado dos homens, a mais maldosa das mulheres, os mais malvados dos povos são seus filhos. E este é Deus: nunca, nunca nos renega! Diz sempre: «Vem, filho». E este á o amor do nosso Pai; esta é a misericórdia de Deus. Ter um pai assim que nos dá esperança, nos dá confiança. Esta pertença deveria ser vivida na confiança e na obediência, com a consciência de que tudo é dom que vem do amor do Pai. E ao contrário, eis a vaidade, a estultícia e a idolatria.

Por isso agora o profeta dirige-se diretamente a este povo com palavras severas a fim de o ajudar a compreender a gravidade da sua culpa: «Ai da nação pecadora [...] dos filhos corruptos! / Deixaram o Senhor, / blasfemaram do Santo de Israel, / voltaram para trás» (v. 4).

A consequência do pecado é um estado de sofrimento, do qual sofre as consequências também o país, devastado e desertificado, a ponto que Sião — ou seja Jerusalém — se torna inabitável. Onde há a recusa de Deus, da sua paternidade, deixa de haver possibilidade de vida, a existência perde as suas raízes, tudo parece pervertido e aniquilado. Todavia, também este momento doloroso é em vista da salvação. A prova é dada para que o povo possa experimentar a amargura de quem abandona Deus, e por conseguinte confrontar-se com o vazio desolador de uma escolha de morte. O sofrimento, consequência inevitável de uma decisão autodestruidora, deve fazer refletir o pecador a fim de o abrir à conversão e ao perdão.