O Arcebispo de Barcelona, Dom Juan José Omella,
publicou recentemente uma carta no jornal ‘La Vanguardia’ – o mais vendido na
Catalunha –, na qual rechaçou o Pai Nosso blasfemo que a poetisa Dolors Miquel
leu ao receber o prêmio da Cidade Condal.
“Eu gostaria de romper o silêncio que mantive
durante estes dias, para não alimentar uma controvérsia política que,
indiretamente, tornasse maior a ferida que produziu em milhares de cidadãos de
Barcelona o fato de que se programasse em um ato público, organizado pelo
consistório, a leitura de um poema que parafraseia a prece central dos
católicos”, assegurou o Arcebispo de Barcelona.
Dom Omella afirmou que “o Pai Nosso é a prece dos
simples, daqueles que entregam o seu coração e confiam no Pai no Céu. É a prece
dos limpos de coração, dos que procuram a justiça, dos que aceitam as próprias
limitações e depositam suas esperanças com uma dependência amorosa no Deus que
nos ama”.
Recordou que, “ante os fatos ocorridos nestes dias,
já manifestei que ‘às vezes a melhor resposta é calar’, o mesmo silêncio que
Jesus manifestou diante do Sinédrio. Responder a provocação com o silêncio é
uma forma de tomar distância diante do despropósito”.
“Tomada esta distância, devemos recordar que o
respeito pela liberdade de expressão e criação é um valor incontrovertível em
nossa sociedade, reconhecido no artigo 20 da Constituição”, assegurou o
Arcebispo.
“Mas, ética e moralmente pode ser questionável o
fato de que uma obra artística que é ofensiva para um grupo de pessoas seja
incluída no programa de um ato oficial organizado por um Consistório que
representa o mundo inteiro”, precisou.
Nesse sentido, recordou que a defesa da liberdade
de expressão “tem que ser compatível com o respeito pela fé religiosa das
pessoas” e destacou que “agora mais do que nunca, a liberdade religiosa é um
aspecto fundamental que pulsa o grau de civilização de nossas sociedades
plurais. A Igreja não é nem quer ser um agente político, mas tem um profundo
interesse pelo bem da comunidade política, cuja alma é a justiça”.
“A Igreja continua oferecendo à sociedade, com
generosidade e perseverança, o compromisso pelo bem comum que, quando está
inspirado no testemunho da caridade, tem um valor superior ao compromisso
meramente secular e político”, insistiu e pediu que os políticos “preservem a
liberdade religiosa como algo que pertence a todos e que corresponde a todos
preservá-la”.
Confissões
religiosas rechaçam o “Pai Nosso blasfemo” recitado na Espanha
Depois dos recentes acontecimentos ocorridos na
Espanha, onde recitaram uma versão blasfema da Oração do Pai Nosso, as
principais confissões religiosas presentes no país enviaram um comunicado
conjunto no qual pedem o respeito aos sentimentos religiosos.
Segundo explicam na carta, “a entrega de prêmios
Cidade de Barcelona deste ano, com uma pretendida finalidade poética, ofereceu
aos participantes uma recitação que, além da provocação e do mau gosto, incorre
em ofensas gratuitas aos sentimentos religiosos de diversas comunidades de
crentes do nosso país”.
“Este é mais um triste episódio, somado a outros
também ofensivos para os crentes e que requerem nossa denúncia pública”,
precisam.
Por isso, asseguram que se deve ter bem claro “que
os sentimentos religiosos em nosso país gozam de proteção, ao mesmo tempo é
garantida a liberdade de expressão com o limite constitucional do respeito aos
outros direitos e liberdades, como a liberdade religiosa”.
Além disso, destacam como diversas comunidades
religiosas na Espanha trabalham “pela convivência harmoniosa e produtiva entre
cidadãos de todas as crenças, exercendo plenamente seu direito à liberdade de
expressão sem ferir os sentimentos dos outros”.
Nesse sentido, sublinham que os representantes
religiosos devem transmitir “uma mensagem de respeito a todos os crentes de
toda confissão e de rechaço às ofensas públicas contra os sentimentos
religiosos de nossos vizinhos, para uma convivência respeitosa e fraterna entre
todos”.
A carta foi assinada pelo presidente da Comissão
islâmica da Espanha, Riay Tatary, o Secretário Geral da Conferência Episcopal
Espanhola, Pe. José María Gil Tamayo, o secretário executivo da federação de
instituições religiosas evangélicas da Espanha, Mariano Blázquez, assim como o
presidente da Federação de Comunidades Judias da Espanha, Isaac Querub.
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ACI Digital
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