domingo, 20 de março de 2016

Bendito o que vem em nome do Senhor, o rei de Israel


Vinde, subamos juntos ao monte das Oliveiras e corramos ao encontro de Cristo, que hoje volta de Betânia e se encaminha voluntariamente para aquela venerável e santa Paixão, a fim de realizar o mistério de nossa salvação.

Caminha o Senhor livremente para Jerusalém, ele que desceu do céu por nossa causa – prostrados que estávamos por terra – para elevar-nos consigo bem acima de toda autoridade, poder, potência e soberania ou qualquer título que se possa mencionar (Ef 1,21), como diz a Escritura.

O Senhor vem, mas não rodeado de pompa, como se fosse conquistar a glória. Ele não discutirá, diz a Escritura, nem gritará, e ninguém ouvirá sua voz (Mt 12,19; cf. Is 42,2). Pelo contrário, será manso e humilde, e se apresentará com vestes pobres e aparência modesta.

Acompanhemos o Senhor, que corre apressadamente para a sua Paixão e imitemos os que foram ao seu encontro. Não para estendermos à sua frente, no caminho, ramos de oliveira ou de palma, tapetes ou mantos, mas para nos prostrarmos a seus pés, com humildade e retidão de espírito, a fim de recebermos o Verbo de Deus que se aproxima, e acolhermos aquele Deus que lugar algum pode conter.

Alegra-se Jesus Cristo, porque deste modo nos mostra a sua mansidão e humildade, e se eleva, por assim dizer, sobre o ocaso (cf. Sl 67,5) de nossa infinita pequenez; ele veio ao nosso encontro e conviveu conosco, tornando-se um de nós, para nos elevar e nos reconduzir a si.

Diz um salmo que ele subiu pelo mais alto dos céus ao Oriente (cf. Sl 67,34), isto é, para a excelsa glória da sua divindade, como primícias e antecipação da nossa condição futura; mas nem por isso abandonou o gênero humano, porque o ama e quer elevar consigo a nossa natureza, erguendo-a do mais baixo da terra, de glória em glória, até torná-la participante da sua sublime divindade.

Portanto, em vez de mantos ou ramos sem vida, em vez de folhagens que alegram o olhar por pouco tempo, mas depressa perdem o seu verdor, prostremo-nos aos pés de Cristo. Revestidos de sua graça, ou melhor, revestidos dele próprio, – vós todos que fostes batizados em Cristo vos revestistes de Cristo (Gl 3,27) – prostremo-nos a seus pés como mantos estendidos.

Éramos antes como escarlate por causa dos nossos pecados,mas purificados pelo batismo da salvação, nos tornamos brancos como a lã. Por conseguinte, não ofereçamos mais ramos e palmas ao vencedor da morte, porém o prêmio da sua vitória.

Agitando nossos ramos espirituais, o aclamemos todos os dias, juntamente com as crianças, dizendo estas santas palavras: “Bendito o que vem em nome do Senhor, o rei de Israel”.



Dos Sermões de Santo André de Creta, bispo

(Oratio 9 in ramos palmarum: PG 97,990-994)                 (Séc.VI)

Domingo de Ramos: Jesus entra em Jerusalém


Começa a Semana Santa e recordamos a entrada triunfal de Cristo em Jerusalém. Escreve São Lucas. “Ao aproximar-se de Betfagé e de Betânia, junto ao monte chamado das Oliveiras, enviou dois dos seus discípulos dizendo-lhes: “Ide a essa aldeia que está em frente e, ao entrar, encontrareis um burrico amarrado que nunca ninguém montou. Soltai-o e trazei-o. Se alguém vos perguntar porque o soltais, dir-lhe-eis: o Senhor tem necessidade dele”. Foram e encontraram tudo como o Senhor lhes tinha dito”.

Que pobre montaria Nosso Senhor escolhe! Talvez nós, presunçosos, tivéssemos escolhido um imponente cavalo. Porém, Jesus não se guia por razões meramente humanas, mas por critérios divinos. “Isto sucedeu – anota São Mateus – para que se cumprissem as palavras do profeta: «Dizei à filha de Sião: eis que o teu rei vem a ti, manso e montado sobre um jumento, num burrico, filho de jumenta»”.

Jesus Cristo, que é Deus, contenta-se com um burrico por trono. Nós, que não somos nada, mostramo-nos muitas vezes vaidosos e soberbos: procuramos sobressair, chamar a atenção; tratamos de que os outros nos admirem e louvem. São Josemaria Escrivá, canonizado por João Paulo II há dois anos, ficou cativado com esta cena do Evangelho.

Dizia de si mesmo que era um burrico sarnento, que não valia nada; mas como a humildade é a verdade, reconhecia também que era depositário de muitos dons de Deus; especialmente, da tarefa de abrir caminhos divinos na terra, mostrando a milhões de homens e mulheres que podem ser santos no cumprimento do trabalho profissional e dos deveres ordinários.

Jesus entra em Jerusalém sobre um burrico. Temos de tirar conseqüências desta cena. Cada cristão pode e deve converter-se em trono de Cristo. E aqui servem como anel ao dedo umas palavras de São Josemaria. “Se a condição para que Jesus reinasse na minha alma, na tua alma, fosse contar previamente com um lugar perfeito dentro de nós, teríamos motivos para desesperar. Jesus contenta-se com um pobre animal por trono. (...) Há centenas de animais mais belos, mais hábeis e mais cruéis. Mas Cristo escolheu esse para se apresentar como rei diante do povo que o aclamava. Porque Jesus não sabe o que fazer com a astúcia calculista, com a crueldade dos corações frios, com a formosura vistosa, mas oca. Nosso Senhor ama a alegria de um coração jovem, o passo simples, a voz sem falsete, os olhos limpos, o ouvido atento à sua palavra de carinho. É assim que reina na alma”.

Deixemo-lo tomar posse dos nossos pensamentos, palavras e ações! Afastemos sobretudo o amor-próprio, que é o maior obstáculo ao reinado de Cristo! Sejamos humildes, sem nos apropriarmos de méritos que não são nossos. Imaginais o ridículo em que cairia o burrico, se se tivesse apropriado das aclamações e aplausos que as pessoas dirigiam ao Mestre? 

Conta oficial do Papa Francisco é lançada no Instagram

 
Neste sábado, 19, o Papa Francisco lançou sua conta no Instagram. Na primeira publicação, o Pontífice pede em português, acrescentando outros oito idiomas, para que todos rezem por ele. O @franciscus já conta com mais de 243 mil seguidores de todo o mundo.

O Santo Padre anunciou através de um post no twitter sua integração no instagram, dizendo: “inicio um novo caminho, no Instagram, para percorrer com vocês a estrada da misericórdia e da ternura de Deus.”

“O Instagram vai ajudar a contar o pontificado através de imagens, para que as pessoas compartilhem os gestos de ternura e misericórdia do Papa Francisco”, explicou o prefeito da poderosa Secretaria das Comunicações da Santa Sé, Monsenhor Dario Edoardo Viganò.

São Teodósio


São Teodósio nasceu em 424 na Capadócia onde recebeu sua primeira educação cristã na família. Quando jovem inclinado para os estudos, São Teodósio recebeu a função de leitor na Igreja da cidade. Sempre ficava impressionado com a ordem de Deus para Abraão, pois naquela idade se sentia impulsionado a ir para o lugar onde o Senhor inspirasse.

Teodósio viajou para a Terra Santa onde consagrou-se à vida religiosa num convento próximo à Torre de Davi. Ficou responsável por uma igreja, por causa do seu progresso na vida monástica e na santidade. Devido as numerosas visitas retirou-se Teodósio para a solidão e intensa vida de penitência que durou trinta anos.

O santo realizou seu trabalho com muita sabedoria e humildade, e foi testemunho de uma vida santa e cheia de oração, o que motivou a outros jovens a tornarem-se religiosos.

Acabou organizando o regulamento de uma comunidade que em pouco tempo tornou uma aldeia com quatrocentos monges; hospedaria e setores masculinos, feminino além de um setor para doentes mentais. Entregue nas mãos Providentes do Pai, nada do necessário faltava na comunidade do caridoso e pacífico Teodósio.

Com fama de santidade Teodósio era amigo de São Sabas e outros homens de Deus. Foi nomeado superior dos monges da Palestina e não deixou de combater as heresias e sofrer perseguições.

Morreu com 105 anos de idade e teve seu corpo depositado numa gruta escolhido por ele mesmo.  


Deus de bondade, que fazeis tudo de bom para o ser humano e a cada um de nós acolheis com paternal afeição, concedei-nos, pela intercessão de são Teodósio, a graça de entregar em vossas mãos as nossas dificuldades e dai-nos a dom da confiança absoluta no vosso amor. Por Cristo nosso Senhor!

sábado, 19 de março de 2016

Cristo é rei


Celebramos este Domingo de Ramos com alegria de aclamar Jesus como nosso Rei, à semelhança dos judeus, à entrada triunfante dele na capital de seu país, representando a capital do mundo que O aceita como tal (Cf. Lucas 19,28-40).

O reinado do Mestre é modelo para todos os governos do universo, em todos os tempos e lugares. Quando conseguirmos que isso aconteça, teremos superação de guerras, de fábrica de armas para se ganhar dinheiro matando os outros, injustiças generalizadas, fome, acúmulo de riquezas para poucos em detrimento de maiorias, roubos, desonestidades, famílias mal formadas, juventude abandonada, crianças e mulheres agredidas e tantos outros males. Jesus vem nos mostrar que Ele reina nas pessoas que querem seguir o bem conforme o projeto divino e não conforme os instintos. Estes são muito alardeados por boa parte da mídia, fazendo como que a lavagem cerebral das pessoas e a propaganda sub-reptícia para elas façam o que grupos que detêm o poder econômico e a mídia querem!

Os ramos que o povo jogava à passagem do Rei pobre, montado num jumento, podem também ser os nossos, querendo viver a Boa-Nova do Evangelho do Filho de Deus. Ele nos indica o caminho a seguir e nos dá a certeza de que atingiremos a meta da vida. Ela não é a fixação no transitório como sendo finalidade de vida, e sim o Reino definitivo, que começa nesta vida e tem coroamento na eternidade. Viver só para a terra nos decepciona. Os que acumulam demais para si, na ordem do ter, do poder e do prazer, vão ficar decepcionados, pois, já terão recebido sua recompensa aqui na terra. 

Cardeal Odilo Scherer fala sobre o momento político ‘crítico e agudo’ do Brasil

 
O Cardeal arcebispo de São Paulo, dom Scherer afirmou que a situação política brasileira, trata-se, sem dúvida, de um momento difícil, configurando-se em uma crise de vários aspectos – econômico, social, moral e de credibilidade – que, segundo ele, está chegando em um momento bastante “crítico e agudo”, no qual os ânimos se exaltam com o risco inclusive de haver violência nas manifestações. “As manifestações são um direito de todos, um direito democrático. Mas é importante que sejam respeitosas e pacíficas, mesmo quando cada um manifesta a sua posição em desacordo com o outro”.

Dom Odilo manifestou, ainda, ter a impressão de que a crise política deixou o atual governo bastante fragilizado em função de uma série de circunstâncias, inclusive, talvez, por “decisões equivocadas”, como o recente convite ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para fazer parte do governo da presidente Dilma Rousseff como ministro chefe da Casa Civil. “No meu parecer, isso enfraqueceu ulteriormente o governo da presidente Dilma”, afirmou.

Quinta pregação da Quaresma 2016: “O Caminho rumo à unidade dos cristãos”.




Quinto sermão de Quaresma
O CAMINHO RUMO À UNIDADE DOS CRISTÃOS
Reflexão sobre a “Unitatis Redintegratio”

1.    O caminho ecumênico após o Vaticano II

A moderna ciência hermenêutica tornou familiar o princípio de Gadamer da “história dos efeitos” (Wirkungsgeschichte). De acordo com este método, compreender um texto exige levar em conta os efeitos que ele produziu na história, inserindo-se nessa história e dialogando com ela[1]. O princípio se mostra muito útil quando aplicado à interpretação da Escritura. Ele nos diz que não podemos compreender plenamente o Antigo Testamento a não ser à luz do seu cumprimento no Novo – e que não se pode entender o Novo Testamento se não à luz dos frutos que ele produz na vida da Igreja. Não é suficiente, portanto, o habitual estudo histórico-filológico das “fontes”, ou seja, das influências sofriadas por um texto; é necessário levar em conta também as influências exercidas por ele. É a regra que Jesus tinha formulado muito tempo antes, dizendo que toda árvore se conhece pelos frutos (cf. Lc 6, 44).

Guardadas as proporções, este princípio – como vimos nas meditações anteriores – também se aplica aos textos do Vaticano II. Hoje eu quero mostrar a sua aplicação, especialmente, ao decreto sobre o ecumenismo, Unitatis Redintegratio, que é o tema desta meditação. Cinquenta anos de caminho e progresso no ecumenismo estão demonstrando as potencialidades contidas naquele texto. Depois de recordar as razões profundas que levam os cristãos a procurar a unidade entre si, e depois de observar entre os crentes das diversas Igrejas a difusão de uma nova atitude a este respeito, os Padres conciliares expressaram assim a intenção do documento:

“Portanto, considerando com alegria todos esses fatos, depois de ter exposto a doutrina sobre a Igreja e movido pelo desejo de restaurar a unidade entre todos os discípulos de Cristo, este sagrado Concílio pretende agora propor a todos os católicos as ajudas, diretrizes e modos para que possam responder a esta vocação e a esta graça divina”[2].

As realizações ou frutos deste documento foram de dois tipos. No âmbito doutrinal e institucional, foi constituído o Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos; foram também lançados diálogos bilaterais com quase todas as confissões cristãs, a fim de promover um melhor conhecimento mútuo, um debate de posições e a superação dos preconceitos.

Junto com este ecumenismo oficial e doutrinal, desenvolveu-se desde o início um ecumenismo do encontro e da reconciliação dos corações. Neste âmbito, destacam-se alguns encontros célebres que marcaram o caminho ecumênico nestes 50 anos: o de Paulo VI com o patriarca Atenágoras, os inúmeros encontros de João Paulo II e de Bento XVI com os líderes de diferentes igrejas cristãs, do papa Francisco com o patriarca Bartolomeu em 2014 e, mais recentemente, com o patriarca de Moscou, Cirilo, em Cuba, que abriu um novo horizonte para o caminho ecumênico.

A este mesmo ecumenismo espiritual pertencem ainda as muitas iniciativas em que os crentes de diferentes Igrejas se encontram para orar e proclamar juntos o Evangelho, sem tentativas de proselitismo e na plena fidelidade de cada um à própria Igreja. Eu tive a graça de participar de muitos desses encontros. Um deles permanece particularmente vivo na minha lembrança porque foi como uma profecia visiva daquilo a que o movimento ecumênico deveria nos levar.

Em 2009, foi realizada em Estocolmo uma grande manifestação de fé chamada “Jesus manifestation”, “Manifestação por Jesus”. No último dia, os crentes das várias Igrejas, cada um por uma via diferente, caminhavam em procissão para o centro da cidade. O pequeno grupo local de católicos, liderados pelo bispo local, também andava pelo seu caminho, rezando. Chegados ao centro, as filas se rompiam e era uma única multidão que proclamava o senhorio de Cristo perante 18.000 jovens e transeuntes atônitos. Aquela que pretendia ser uma manifestação “por” Jesus se tornou uma poderosa manifestação “de” Jesus. Sua presença podia quase ser tocada com a mão num país não habituado a manifestações religiosas desse tipo.

Esses desenvolvimentos do documento sobre o ecumenismo também são fruto do Espírito Santo e sinal do invocado novo Pentecostes. Como é que o Ressuscitado convenceu os apóstolos a se abrirem para os gentios e a acolhê-los na comunidade cristã? Levou Pedro até a casa do centurião Cornélio e o fez assistir à vinda do Espírito sobre os presentes com as mesmas manifestações que os apóstolos tinham experimentado no dia de Pentecostes: o falar em línguas, o glorificar a Deus em alta voz. Não restou a Pedro senão tirar a conclusão: “Se Deus deu a eles o mesmo dom que deu a nós… quem era eu para pôr impedimentos a Deus?” (Atos 11, 17).

O Senhor ressuscitado está fazendo a mesma coisa hoje. Ele envia o seu Espírito e os seus carismas para os fiéis das mais diversas Igrejas, mesmo às que acreditávamos mais distantes de nós, muitas vezes com idênticas manifestações externas. Como não ver nisto um sinal de que Ele nos exorta a aceitar-nos e reconhecer-nos como irmãos, embora ainda a caminho de uma unidade visível mais plena? Em todo caso, foi isso o que me converteu ao amor pela unidade dos cristãos, habituado como estava pelos meus estudos pré-conciliares a ver ortodoxos e protestantes apenas como “adversários” a refutar em nossas teses de teologia.

Via-Sacra: 7ª Estação: “Jesus cai pela segunda vez” (Lamentações 3,1-2.9.16).



  
Cristo padeceu por vós, deixando-vos o exemplo, para que sigais os seus passos.

Jesus cai de novo sob o peso da Cruz. Sobre o madeiro da nossa salvação pesam não só as enfermidades da natureza humana, mas também as adversidades da vida. Jesus carregou o peso da perseguição contra a Igreja de ontem e de hoje, a perseguição que mata os cristãos em nome de um deus alheio ao amor e a que mina a sua dignidade com «lábios mentirosos e palavras arrogantes». Jesus carregou o peso da perseguição contra Pedro, aquela contra a voz clara da «verdade que interpela e liberta o coração». Jesus, com a sua Cruz, carregou o peso da perseguição contra o seus servos e discípulos, contra aqueles que respondem ao ódio com o amor, à violência com a mansidão. Com a sua Cruz, Jesus carregou o peso daquele exagerado «amor de nós mesmos que chega ao desprezo de Deus» e espezinha o irmão. Tudo carregou voluntariamente, tudo sofreu «com a sua paciência, para dar uma lição à nossa paciência».

“Eu sou o homem que conheceu a miséria sob a vara do seu furor”.

A tradição da tríplice queda de Jesus sob o peso da cruz recorda a queda de Adão – o ser humano caído que somos nós – e o mistério da associação de Jesus à nossa queda. Na história, a queda do homem assume sempre novas formas. Na sua primeira carta, S. João fala duma tríplice queda do homem: a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida. Assim interpreta ele a queda do homem e da humanidade, no horizonte dos vícios do seu tempo com todos os seus excessos e depravações. Mas, olhando a história mais recente, podemos também pensar como a cristandade, cansada da fé, abandonou o Senhor: as grandes ideologias, com a banalização do homem que já não crê em nada e se deixa simplesmente ir à deriva, construíram um novo paganismo, um paganismo pior que o antigo, o qual, desejoso de marginalizar definitivamente Deus, acabou por perder o homem. Eis o homem que jaz no pó. O Senhor carrega este peso e cai… Cai para poder chegar até nós; Ele olha-nos para que em nós volte a palpitar o coração; cai para nos levantar.

Senhor Jesus Cristo, carregastes o nosso peso e continuais a carregar-nos. É o nosso peso que Vos faz cair. Mas sois Vós a levantar-nos, porque, sozinhos, não conseguimos levantar-nos do pó. Livrai-nos do poder da concupiscência. Em vez do coração de pedra, dai-nos novamente um coração de carne, um coração capaz de ver. Destruí o poder das ideologias, para os homens poderem reconhecer que estão permeadas de mentiras. Não permitais que o muro do materialismo se torne intransponível. Fazei que Vos ouçamos de novo. Tornai-nos sóbrios e vigilantes para podermos resistir às forças do mal, e ajudai-nos a reconhecer as necessidades interiores e exteriores dos outros, e a socorrê-las. Erguei-nos, para podermos levantar os outros. Concedei-nos esperança no meio de toda esta escuridão, para podermos ser portadores de esperança no mundo.

Já fora da muralha, o corpo de Jesus volta a abater-se por causa da fraqueza, caindo pela segunda vez, entre a gritaria da multidão e os empurrões dos soldados.

A debilidade do corpo e a amargura da alma fizeram com que Jesus caísse novamente. Todos os pecados dos homens - os meus também - pesam sobre a Sua Humanidade Santíssima.

Foi Ele quem tomou sobre Si as nossas enfermidades e carregou com as nossas dores; e nós tivémo-Lo por castigado, ferido por Deus e humilhado. Mas foi trespassado pelas nossas iniquidades e torturado pelos nossos pecados; o castigo que nos devia trazer a paz caiu sobre Ele, e nós fomos curados nas Suas chagas (Is LIII, 4-5).

Desfalece Jesus, mas a Sua queda levanta-nos, a Sua morte ressuscita-nos.

À nossa reincidência no mal, corresponde Jesus com a Sua insistência em redimir-nos, com abundância de perdão. E, para que ninguém desespere, volta a levantar-Se fatigadamente abraçado à Cruz.

Que os tropeços e derrotas não nos afastem, nunca mais, d'Ele. Como a criança débil se lança compungida nos braços vigorosos do seu pai, tu e eu agarrar-nos-emos ao jugo de Jesus. Só essa contrição e essa humildade transformarão a nossa fraqueza humana em fortaleza divina.