segunda-feira, 21 de março de 2016

Homilética: Ceia do Senhor: "O Memorial do Senhor".


O Tríduo Sacro, que começa com a Missa vespertina na Ceia do Senhor e vai até o Sábado Santo, é o tempo do amor que nos convida a um serviço que vai até ao extremo da cruz. Na quinta-feira santa Jesus antecipa o dom da sua vida no Sacramento da Eucaristia; na sexta-feira santa, o Senhor realiza na cruz o sacrifício redentor pela humanidade; no sábado santo, entramos nas entranhas da salvação que se está realizando. De repente, em meio ao silêncio mais profundo, quando tudo parecia perdido, Cristo aparece ressuscitado e glorioso.

A Eucaristia é o sacramento que sintetiza e resume todos os mistérios da vida de Jesus Cristo, máxime o seu Mistério Pascal (Paixão, Morte e Glorificação). Este sacramento permanece para que nós possamos entrar em contato com quem realmente nos salvou com seu poder e com suas obras poderosas: Jesus.

Postos a contemplar o Cristo que se oferece para a nossa redenção e ressuscita para a nossa salvação, a nossa vida só pode expressar-se autenticamente como serviço a Deus e, por amor a Deus, a todas as pessoas, especialmente aos irmãos na fé.

Às vezes preocupa-me o fato de que hoje em dia estamos muito tolerantes com as pessoas de outras religiões e não conseguimos compreender com carinho aqueles que são nossos irmãos na fé católica. Poderia dar-se o caso de fazer compatível a muita tolerância para com os outros que ainda não são da nossa família e as críticas brutais contra aqueles partilham o mesmo sangue que nós, o sangue de Jesus, que nos reconciliou com o bom Deus. Isso seria ridículo! 

A instrução de Jesus “fazei isto em memória de mim” não significa ter uma recordação intelectual de sua pessoa; trata-se de uma ordem para que a comunidade de fiéis (a Igreja) celebre a entrega de Jesus ratificada na cruz e plenificada na ressurreição. E, como a páscoa de Jesus foi realizada como plenificação da Páscoa judaica, a “memória” que se celebra é o conjunto dos atos salvíficos de Deus, quando a morte foi transformada em vida. A celebração da eucaristia é atualização, no aqui e agora, dos eventos salvíficos realizados ao longo da história que culminaram no mistério de Cristo.

Como reconhecer quando uma pessoa está possuída pelo demônio?

 
Padre Cipriano de Meo é exorcista desde 1952. Este frei capuchinho explica algumas pistas que permitem reconhecer quando uma pessoa está possuída pelo demônio e um método para distinguir uma doença de uma possessão demoníaca.

Em entrevista concedida à ACI Stampa – agência em italiano do Grupo ACI –, o Pe. de Meo afirma que “os casos de possessão felizmente não são muitos ou tão numerosos. Entretanto, existem vários casos que com frequência são desconhecidos”.

“O método para discernir a possessão da doença é a oração feita pelo sacerdote (exorcista) e o fiel. Uma oração prolongada, até o ponto que, se o adversário estiver presente, ocorrerá uma reação. Normalmente quem está doente evidencia em sua atitude geral”, disse o sacerdote e ex-presidente da Associação Internacional de Exorcistas.

O Pe. Cipriano assinalou que “o possuído tem várias atitudes gerais ante um exorcista, que é visto pelo adversário como um inimigo preparado para combatê-lo. Não faltam expressões atemorizantes no rosto, ameaça com palavras ou gestos e outras coisas, mas sobretudo blasfêmia contra Deus e contra a Virgem Maria”.

O perito explica que, “entretanto, nem todos os casos são semelhantes. O sacerdote que serve neste ministério deve saber confrontar o caso ao qual enfrenta, por vontade de Deus, com amor e humildade”.

O frade capuchinho, nascido em 1924, afirma que “os italianos vivem um grande jejum da realidade demoníaca. Facilmente dão importância aos falatórios de magos ou ilusionistas, esquecendo as armas que o Senhor coloca a nossa disposição”.

“A Igreja, de fato, quer uma vida de oração. Não somente do sacerdote, mas também do fiel que pede a intervenção do exorcista, que também recebe benefícios por meio da ajuda dos familiares”, explicou o sacerdote.

O Pe. de Meo considera que “a ignorância dos italianos (e não só deles) acontece devido o silêncio dos sacerdotes acerca da presença demoníaca (…). Com frequência nosso povo dá mais importância às dúvidas ou incertezas em vez de ficar preocupados pelo pecado no qual estão vivendo”.

“É absolutamente fundamental extirpar o pecado e viver em graça de Deus”, precisou.

Via-Sacra: 9ª Estação: “Jesus cai pela terceira vez” (Lamentações 3,27-32).



  
“Levanta-te e anda”.

Com a sua terceira queda, Jesus confessa com quanto amor abraçou, por nós, o peso da provação e renova o chamamento para O seguirmos até ao fim na fidelidade. Mas permite-nos também lançar um olhar para além do véu da promessa: «Se nos mantivermos firmes, reinaremos com Ele».

As suas quedas pertencem ao mistério da sua Encarnação. Procurou-nos na nossa debilidade, descendo até ao fundo da mesma para nos elevar até Ele. «Mostrou-nos em Si mesmo o caminho da humildade, para nos abrir o caminho do regresso». «Ensinou-nos a paciência como arma para vencer o mundo». Agora, caído no chão pela terceira vez, enquanto «Se com-padece das nossas fraquezas», indica-nos o modo para não sucumbir na provação: perseverar, permanecer firmes e inabaláveis. Simplesmente: «permanecer n’Ele».

A experiência da queda, do fracasso ou de uma grande derrota realmente nos põe no chão, mas o pecado é uma derrota e fracasso do homem todo assim como a Salvação em Jesus Cristo alcançou todas as realidades de nossas vidas. Não importa quais foram as suas quedas ou se você esta caído, existe alguém que estende a mão para você e diz: “Eu te ordeno levanta-te e anda!”.

Se Ele aflige, Ele se compadece segundo a sua grande bondade.

E que dizer da terceira queda de Jesus sob o peso da cruz? Pode talvez fazer-nos pensar na queda do homem em geral, no afastamento de muitos de Cristo, caminhando à deriva para um secularismo sem Deus. Mas não deveríamos pensar também em tudo quanto Cristo tem sofrido na sua própria Igreja? Quantas vezes se abusa do Santíssimo Sacramento da sua presença, frequentemente como está vazio e ruim o coração onde Ele entra! Tantas vezes celebramos apenas nós próprios, sem nos darmos conta sequer d’Ele! Quantas vezes se contorce e abusa da sua Palavra! Quão pouca fé existe em tantas teorias, quantas palavras vazias! Quanta sujeira há na Igreja, e precisamente entre aqueles que, no sacerdócio, deveriam pertencer completamente a Ele! Quanta soberba, quanta auto-suficiência! Respeitamos tão pouco o sacramento da reconciliação, onde Ele está à nossa espera para nos levantar das nossas quedas! Tudo isto está presente na sua paixão. A traição dos discípulos, a recepção indigna do seu Corpo e do seu Sangue é certamente o maior sofrimento do Redentor, o que Lhe trespassa o coração. Nada mais podemos fazer que dirigir-Lhe, do mais fundo da alma, este grito: Kyrie, eleison – Senhor salvai-nos (cf. Mt 8, 25).

Senhor, muitas vezes a vossa Igreja parece-nos uma barca que está para afundar, uma barca que mete água por todos os lados. E mesmo no vosso campo de trigo, vemos mais cizânia que trigo. O vestido e o rosto tão sujos da vossa Igreja horrorizam-nos. Mas somos nós mesmos que os sujamos! Somos nós mesmos que Vos traímos sempre, depois de todas as nossas grandes palavras, os nossos grandes gestos. Tende piedade da vossa Igreja: também dentro dela, Adão continua a cair. Com a nossa queda, deitamo-Vos ao chão, e Satanás a rir-se porque espera que não mais conseguireis levantar-Vos daquela queda; espera que Vós, tendo sido arrastado na queda da vossa Igreja, ficareis por terra derrotado. Mas, Vós erguer-Vos-eis. Vós levantastes-Vos, ressuscitastes e podeis levantar-nos também a nós. Salvai e santificai a vossa Igreja. Salvai e santificai a todos nós.

O Senhor cai pela terceira vez, na ladeira do Calvário, quando faltam apenas quarenta ou cinquenta passos para chegar ao cume. Jesus não se aguenta em pé: faltam-Lhe as forças e jaz, esgotado, por terra.

Entregou-se porque quis; maltratado, não abriu a boca, como cordeiro levado ao matadoiro, como ovelha muda ante os tosqueadores (Is LIII, 7).

Todos contra Ele...: os da cidade e os forasteiros, e os fariseus, e os soldados, e os príncipes dos sacerdotes... Todos verdugos. Sua Mãe - minha Mãe -, Maria, chora.

Jesus cumpre a vontade de Seu Pai! Pobre: nu. Generoso: que lhe falta entregar? Dilexit me et tradidit semetipsum pro me (Gal II, 20), amou-me e entregou-Se, até à morte, por mim.

Meu Deus!, que eu odeie o pecado e me una a Ti, abraçando-me à Santa Cruz, para cumprir, por meu lado, a Tua Vontade amabilíssima..., nu de todo O afecto terreno, sem outro alvo que a Tua glória.... generosamente, não reservando nada para mim, oferecendo-me conTigo em perfeito holocausto. 

"Política brasileira vive situação de caos baseada na idolatria do dinheiro", diz Arcebispo de BH

  
“A terra estava deserta e vazia, as trevas cobriam o abismo...”. Assim começa a narração do Livro do Gênesis, permitindo uma analogia com o atual momento político do Brasil. A política partidária instalou incontestavelmente o caos na sociedade. Está perdida a capacidade para o diálogo que gera consensos e entendimentos. Não paira, absolutamente, o Espírito de Deus no mundo da política. É uma escuridão que fomenta o caos - um “salve-se quem puder” que passa por cima do bem comum como um trator. Não há esperança de que a política partidária consiga, rapidamente, oferecer contribuições para os rumos da nação. A lista de desmandos, escolhas absurdas, interesseiras e manipulações é interminável. Comenta-se, em muitas esferas da sociedade, sobre a expectativa do surgimento de um líder político capaz de gerar agregação e apontar novas direções.  Isso parece ser difícil de ocorrer, justamente pelo atual cenário vivido pela política partidária. Quem seria capaz, agora, de reverter essa difícil situação? O mundo da política partidária no Brasil configura-se como um devastador desastre humano à semelhança das incidências horrendas que ferem o meio ambiente. 

A deterioração da esfera política e o tratamento inadequado das questões ambientais se desenvolvem a partir da mesma raiz. Aqui vale relembrar as palavras do Papa Francisco, na sua Exortação Apostólica Alegria do Evangelho, quando se refere à nova idolatria do dinheiro. O caos vem dessa idolatria. É inexistente a nobreza de fazer política pelo bem comum, com o objetivo de ajudar a nação a alcançar patamares de civilidade e de funcionamentos que promovam, sem populismos, os seus cidadãos. A falta dessa nobreza é resultado de carência na formação humanística que ilumina intuições, capacita para o bem, muito acima do interesse de enriquecimentos ilícitos. O Papa Francisco afirma que “uma das causas desta situação está na relação estabelecida com o dinheiro porque aceitamos pacificamente o seu domínio sobre nós e nossas sociedades”. Essa verdade explica os desajustes no tecido da cultura, que delineia a identidade da sociedade e influencia suas direções. 

Gloriemo-nos também nós na Cruz do Senhor!




A Paixão de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo é para nós penhor de glória e exemplo de paciência.

Haverá alguma coisa que não possam esperar da graça divina os corações dos fiéis, pelos quais o Filho unigênito de Deus, eterno como o Pai, não apenas quis nascer como homem entre os homens, mas quis também morrer pelas mãos dos homens que tinha criado?

Grandes coisas o Senhor nos promete no futuro! Mas o que ele já fez por nós e agora celebramos é ainda muito maior. Onde estávamos ou quem éramos, quando Cristo morreu por nós pecadores? Quem pode duvidar que ele dará a vida aos seus fiéis, quando já lhes deu até a sua morte? Por que a fraqueza humana ainda hesita em acreditar que um dia os homens viverão em Deus?

Muito mais incrível é o que já aconteceu: Deus morreu pelos homens.

Quem é Cristo senão aquele que no princípio era a Palavra, e a Palavra estava com Deus: e a Palavra era Deus? (Jo 1,1). Essa Palavra de Deus se fez carne e habitou entre nós (Jo 1,14). Se não tivesse tomado da nossa natureza a carne mortal, Cristo não teria possibilidade de morrer por nós. Mas deste modo o imortal pôde morrer e dar sua vida aos mortais. Fez-se participante de nossa morte para nos tornar participantes da sua vida. De fato, assim como os homens, pela sua natureza, não tinham possibilidade alguma de alcançar a vida, também ele, pela sua natureza, não tinha possibilidade alguma de sofrer a morte.

Por isso entrou, de modo admirável, em comunhão conosco: de nós assumiu a mortalidade, o que lhe possibilitou morrer; e dele recebemos a vida.

Portanto, de modo algum devemos envergonhar-nos da morte de nosso Deus e Senhor; pelo contrário, nela devemos confiar e gloriar-nos acima de tudo. Pois tomando sobre si a morte que em nós encontrou, garantiu com total fidelidade dar-nos a vida que não podíamos obter por nós mesmos.

Se ele tanto nos amou, a ponto de, sem pecado, sofrer por nós pecadores, como não dará o que merecemos por justiça, fruto da sua justificação? Como não dará a recompensa aos justos, ele que é fiel em suas promessas e, sem pecado, suportou o castigo dos pecadores?

Reconheçamos corajosamente, irmãos, e proclamemos bem alto que Cristo foi crucificado por amor de nós; digamos não com temor, mas com alegria, não com vergonha, mas com santo orgulho.

O apóstolo Paulo compreendeu bem esse mistério e o proclamou como um título de glória. Ele, que teria muitas coisas grandiosas e divinas para recordar a respeito de Cristo, não disse que se gloriava dessas grandezas admiráveis – por exemplo, que sendo Cristo Deus como o Pai, criou o mundo; e, sendo homem como nós, manifestou o seu domínio sobre o mundo – mas afirmou:

Quanto a mim, que eu me glorie somente na cruz do Senhor nosso, Jesus Cristo (Gl 6,14).



Dos Sermões de Santo Agostinho, bispo
(Sermo Guelferbytanus 3:PLS 2,545-546)

(Séc.V)

Segunda-feira Santa: Jesus em Betânia


Ontem recordamos a entrada triunfal de Cristo em Jerusalém. A multidão dos discípulos e outras pessoas aclamaram-no como Messias e Rei de Israel. No fim do dia, cansado, voltou a Betânia, aldeia situada muito próximo da capital, onde costumava alojar-se nas suas visitas a Jerusalém.

Ali, uma família amiga tinha sempre disponível um lugar para Ele e para os seus. Lázaro, a quem Jesus ressuscitou dos mortos, é o chefe da família; vivem com ele Marta e Maria, suas irmãs, que esperam cheias de entusiasmo a chegada do Mestre, contentes por poder oferecer-lhe os seus serviços.

Nos últimos dias da sua vida na terra, Jesus passa longas horas em Jerusalém, dedicado a uma pregação intensíssima. À noite, recupera as forças em casa dos seus amigos. E em Betânia tem lugar um episódio recolhido pelo Evangelho da Missa de hoje.

Seis dias antes da Páscoa – relata São João –, foi Jesus a Betânia. Ali lhe ofereceram uma ceia; Marta servia e Lázaro era um dos que estavam com Ele à mesa. Maria tomou então uma libra de perfume de nardo autêntico, muito caro, ungiu os pés de Jesus com ele e enxugou-os com os seus cabelos, e a casa encheu-se com a fragrância do perfume.

Imediatamente salta à vista a generosidade desta mulher. Deseja manifestar o seu agradecimento ao Mestre, por ter devolvido a vida ao seu irmão e por tantos outros bens recebidos, e não repara em gastos. Judas, presente na cena, calcula exatamente o preço do perfume.

Mas, em vez de louvar a delicadeza de Maria, entregou-se à crítica: por que não se vendeu este perfume por trezentos denários para dá-los aos pobres? Na realidade, como faz notar São João, não lhe importavam os pobres; interessava-lhe ter acesso ao dinheiro da bolsa e furtar o seu conteúdo. 

São Nicolau de Flue


São Nicolau de Flue nasceu na Suíça em 1417 e passou sua juventude ajudando o pai em trabalhos práticos e sempre inclinado a vida religiosa. A pedido do pai, casou-se com Dorotéia que muito o levou para Deus, tanto que juntos educaram os dez filhos para a busca da santidade.

Aconteceu que, aos cinqüenta anos e em comum acordo com a esposa e filhos, Nicolau retirou-se na solidão, perto de sua casa, porém com o propósito de se dedicar exclusivamente a Deus, deixando de lado os diversos cargos públicos e administrativo que ocupava na sociedade.

São Nicolau entregou-se totalmente a vida de oração, penitência e jejuns, sem deixar de participar nas missas de domingo e dias santos, além de ter assumido como cama uma tábua, por travesseiro uma pedra e de primeiro frutas e ervas como alimento até chegar a se alimentar somente da Eucaristia.

Nicolau morreu com setenta anos, e mesmo no eremitério em nada se alienou ao mundo, o qual serviu como conselheiro e interferiu pacificamente nas dificuldades entre Católicos e protestantes ao ponto de ser amado tomado como modelo de pacificador e pai da pátria.

Em 1487, no dia em que completava 70 anos, Nicolau morreu. É o santo mais popular e conhecido da Suíça. 



Rezamos hoje com as palavras de São Nicolau: “Ó meu Deus e meu Senhor, afaste de mim tudo o que me afasta de você. Ó meu Senhor e meu Deus, dê-me tudo o que me aproxima de você. Ó meu Senhor e meu Deus, livre-me do meu egoísmo e conceda-me possuir somente você. Amém”.

domingo, 20 de março de 2016

“O crucifixo é a cátedra de Deus”, disse o Papa na homilia




CELEBRAÇÃO DO DOMINGO DE RAMOS
E DA PAIXÃO DO SENHOR

HOMILIA DO PAPA FRANCISCO
Praça São Pedro

XXXI Jornada Mundial da Juventude
Domingo, 20 de Março de 2016


«Bendito seja o que vem em nome do Senhor» (cf. Lc 19, 38): gritava em festa a multidão de Jerusalém, ao receber Jesus. Fizemos nosso aquele entusiasmo: agitando ramos de palmeira e de oliveira, exprimimos o nosso louvor e alegria e o desejo de receber Jesus que vem a nós. Na realidade, como entrou em Jerusalém, assim deseja entrar nas nossas cidades e nas nossas vidas. Como fez no Evangelho – montando um jumentinho –, Ele vem a nós humildemente, mas vem «em nome do Senhor»: com a força do seu amor divino, perdoa os nossos pecados e reconcilia-nos com o Pai e com nós mesmos.

Jesus fica contente com a manifestação popular de afeto da multidão e quando os fariseus O convidam a fazer calar as crianças e os outros que o aclamam, responde: «Se eles se calarem, gritarão as pedras» (Lc 19, 40). Nada poderia deter o entusiasmo pela entrada de Jesus; que nada nos impeça de encontrar n’Ele a fonte da nossa alegria, a verdadeira alegria, que permanece e dá a paz; pois só Jesus nos salva das amarras do pecado, da morte, do medo e da tristeza.

Entretanto a Liturgia de hoje ensina-nos que o Senhor não nos salvou com uma entrada triunfal nem por meio de milagres prestigiosos. O apóstolo Paulo, na segunda leitura, resume o caminho da redenção com dois verbos: «aniquilou-Se» e «humilhou-Se» a Si mesmo (Flp 2, 7.8). Estes dois verbos indicam-nos até que extremos chegou o amor de Deus por nós. Jesus aniquilou-Se a Si mesmo: renunciou à glória de Filho de Deus e tornou-Se Filho do homem, solidarizando-Se em tudo connosco – que somos pecadores – Ele que é sem pecado. E não só… Viveu entre nós numa «condição de servo» (v. 7): não de rei, nem de príncipe, mas de servo. Para isso, humilhou-Se e o abismo da sua humilhação, que a Semana Santa nos mostra, parece sem fundo.