Na sua 28ª fase,
a maior operação de “limpeza” da corrupção da política brasileira, a assim
chamada Operação Lava Jato, a polícia Federal prendeu hoje um ex-senador, Gim
Argello, e colocou na mira de investigações também uma paróquia da capital.
Segundo o
procurador Carlos Fernando Santos de Lima, em entrevista coletiva na manhã de
hoje, as investigações que tiveram como base para essa operação foram delações
e colaborações realizadas por executivos da ODC que revelaram a existência de
pagamento de propina para um senador da república para que evitasse o
chamamento na CPI da Petrobrás.
“O uso do poder, o exercício do poder, seja
por qual partido for, tem gerado corrupção, e ela tem como finalidade suprir o
caixa de campanhas políticas”, afirmou o procurador, e disparou “A conclusão que nós chegamos é que o
sistema político partidário no país está apodrecido pelo abuso do poder
econômico”.
Nessa fase
emergiu que R$350 mil reais foram pagos para a conta de uma Paróquia, São
Pedro, em Taguatinga, Brasília, conhecida por organizar o evento de Pentecostes
que reúne milhares de pessoas todos os anos.
Disse o
procurador Athayde Ribeiro Costa que as atitudes do ex-senador preso “Trata-se de uma corrupção qualificada, um
mega corrupção”.
A ligação com a
paróquia de Brasília deu-se a partir de dados obtidos por celulares, nos quais
identificaram o pagamento para a paróquia São Pedro, que sempre foi frequentada
por Gim Argello.
Segundo o
delegado Igor Romário de Paula a Lava Jato vai investigar se a Paróquia São
Pedro usou o dinheiro doado pela OAS a pedido do ex-senador Gim Argello
(PTB-DF). Desconfia-se que a Igreja tenha sido usada como canal.
Segundo o
delegado, não se afirma ainda que “seja
um canal, porque a gente ainda não fechou o outro lado. Mas é mais do que uma
suspeita”.
Por fim, disse o
procurador, “A paróquia e os partidos são
objeto de investigação ainda. Nesses momentos temos esses fatos. Esses valores,
pagamentos de propina, são oriundos de obra da Petrobrás. Esses valores foram
pagos para essa Paróquia e vários partidos. Parece que o esquema de travestir
propinas na forma de doações formalmente legais já existe e existe ali há muito
tempo. Não há nenhuma afirmação de que não existam nenhuma culpa dessas
pessoas, mas ainda estamos nos reservando a aprofundar essas informações”.
“Os fatos envolvendo a paróquia São Pedro
estão sob investigação. Uma paróquia é muito suscetível a ser usada como fonte
de dinheiro em espécie, porque recebe muitas doações. Portanto, devemos
investigar se esse pagamento em dinheiro é uma contra partida que pode indicar
lavagem de dinheiro. Existem outras formas de pagamentos de serviço pela
paróquia. Não é porque é uma Igreja católica que não vamos aprofundar as
investigações. Qualquer denominação religiosa exerce poder sobre pessoas.
Precisamos verificar se há algum tipo de influencia de pessoas dessa paróquia
nas campanhas eleitorais de Gim Argello”, afirmou o Procurador.
A paróquia não estranhou receber esse valor
na própria conta?, perguntou uma jornalista ao que foi respondido que “O MPF expediu ofício à paróquia São Pedro
para questioná-los sobre eventuais recursos que tenham inferidos de outras
empreiteiras”.
Em resposta, a
Paróquia São Pedro publicou uma nota por meio do padre Moacir Anastácio,
pároco, que publicamos a seguir: