quarta-feira, 29 de junho de 2016

Venha a nós o vosso reino


Quem haverá, por mais irrefletido que seja, que, desejando fazer um pedido a uma pessoa importante, não discuta consigo mesmo como lhe falará, de forma a lhe agradar e não o aborrecer? Pensará também no que lhe irá pedir e para que fim, sobretudo quando se trata de coisa tão importante, como a que nosso bom Jesus nos ensina a pedir. Na minha opinião, é isso o mais fundamental.

Não poderíeis, Senhor meu, englobar tudo numa palavra e dizer: “Dai-nos, ó Pai, o que for conveniente e adequado?” Assim nada mais seria preciso dizer a quem tudo conhece com perfeição.

Isto na verdade, ó eterna Sabedoria, seria suficiente entre vós e vosso Pai, e foi assim que orastes no Horto de Getsêmani. Vós lhe manifestastes vossa vontade e temor, mas vos conformastes totalmente à sua vontade. Quanto a nós, Senhor meu, sabeis não sermos tão conformados assim, como o fostes à vontade do Pai. Por esta razão, cumpre pedir coisa por coisa. Deste modo, refletiremos antes se nos convém o que pedimos. Em caso contrário, deixemos de pedi-lo. De fato, somos assim: se não nos for concedido o que pedimos, este nosso livre-arbítrio não aceitará o que o Senhor nos der. Porque, embora seja o melhor quanto o Senhor nos der, se não vemos logo o dinheiro na mão, nunca pensamos ser ricos. Por isso Jesus nos ensina a dizer as palavras com que pedimos a vinda de seu reino: Santificado seja o vosso nome, venha a nós o vosso reino. Admirai, minhas filhas, a profunda sabedoria de nosso Mestre!

Considero eu aqui – e para nós é bom entender – o que pedimos com este reino. A majestade de Deus via que não podíamos santificar ou glorificar como seria bom este santo nome do Pai eterno, de acordo como pouquinho que podemos, a menos que sua Majestade não providenciasse, dando-nos aqui o seu reino. Por isso o bom Jesus pôs um pedido ao lado do outro. Para entendermos o que pedimos e quanto interessa pedirmos, importuna e ardentemente, e, além disso, fazer tudo que estiver a nosso alcance para satisfazer àquele que no-lo dará, quero expor-vos aqui o que sobre isso compreendo.

O supremo bem que me parece existir no reino dos céus é que já não se dá valor às coisas da terra. Sendo assim, há um alegrar-se da alegria de todos, uma paz perpétua, uma satisfação imensa em si mesmos por ver que todos engrandecem ao Senhor e bendizem seu nome, sem ninguém mais o ofender com seus pecados. Todos o amam e em seu coração não anseiam nada mais do que amá-lo, nem podem deixar de amá-lo, porque o conhecem. É assim que o deveríamos amar também aqui, embora não o possamos com toda esta perfeição e em sua essência. Pelo menos, nós o amaríamos muito mais do que o amamos, se melhor o conhecêssemos.


Do livro O Caminho da Perfeição, de Santa Teresa, virgem
(Cap. 30,1-5: Oeuvres complètes. Desclée de Brouwer, Paris, 1964, 467-468)         (Séc.XVI)

Estes mártires deram testemunho do que viram


O dia de hoje é para nós dia sagrado, porque nele celebramos o martírio dos apóstolos São Pedro e São Paulo. Não falamos de mártires desconhecidos. A sua voz ressoou por toda a terra e a sua palavra até aos confins do mundo. Estes mártires deram testemunho do que tinham visto: seguiram a justiça, proclamaram a verdade, morreram pela verdade.

São Pedro é o primeiro dos Apóstolos, ardentemente apaixonado por Cristo, aquele que mereceu ouvir estas palavras: E Eu te digo que tu és Pedro. Antes dissera ele: Tu és Cristo, o Filho de Deus vivo. E Cristo respondeu-lhe: E Eu te digo que tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja. Sobre esta pedra edificarei Eu a mesma fé de que tu dás testemunho. Sobre a mesma afirmação que tu fizeste: Tu és Cristo, o Filho de Deus vivo, edificarei Eu a minha Igreja. Porque tu és Pedro.   «Pedro» vem de «pedra»; não é «pedra» que vem de «Pedro». «Pedro» vem de «pedra», como «cristão» vem de «Cristo».

O Senhor Jesus, antes da sua paixão, escolheu, como sabeis, os discípulos a quem chamou Apóstolos. Entre estes, só Pedro mereceu representar em toda a parte a personalidade da Igreja inteira. Porque sozinho representava a Igreja inteira, mereceu ouvir estas palavras: Dar-te-ei as chaves do reino dos Céus. Na verdade, quem recebeu estas chaves não foi um único homem, mas a Igreja única. Assim se manifesta a superioridade de Pedro, porque ele representava a universalidade e unidade da Igreja, quando lhe foi dito: Dar-te-ei. Era-lhe atribuído nominalmente o que a todos foi dado.

Com efeito, para que saibais que a Igreja recebeu as chaves do reino dos Céus, ouvi o que o Senhor diz noutro lugar a todos os seus Apóstolos: Recebei o Espírito Santo. E logo a seguir: Àqueles a quem perdoardes os pecados ser-lhes-ão perdoados; àqueles a quem os retiverdes ser-lhes-ão retidos.

No mesmo sentido, também depois da ressurreição, o Senhor confiou a Pedro o cuidado de apascentar as suas ovelhas. Na verdade, não foi só ele, entre os discípulos, que recebeu a missão de apascentar as ovelhas do Senhor. Mas, referindo-se Cristo a um só, quis insistir na unidade da Igreja. E dirigiu-se a Pedro, de preferência aos outros, porque entre os Apóstolos, Pedro é o primeiro.

Não estejas triste, ó Apóstolo. Responde uma vez, responde outra vez, responde pela terceira vez. Vença por três vezes a tua profissão de amor, já que três vezes o temor venceu a tua presunção. Tens de soltar por três vezes o que por três vezes ligaste. Solta por amor o que ligaste pelo temor. E assim, uma vez e outra vez e pela terceira vez, o Senhor confiou a Pedro as suas ovelhas.

Num só dia celebramos o martírio dos dois Apóstolos. Na realidade, os dois eram como um só; embora tenham sido martirizados em dias diferentes, deram o mesmo testemunho. Pedro foi à frente; seguiu-o Paulo. Celebramos a festa deste dia para nós consagrado com o sangue dos dois Apóstolos. Amemos e imitemos a sua fé e a sua vida, os seus trabalhos e sofrimentos, o testemunho que deram e a doutrina que pregaram.


Dos sermões de Santo Agostinho, bispo
(Sermão 295, 1-2.4.7-8: PL 38, 1348-1352) (Sec. V)

Provação, mal e sofrimento


As provações fazem parte da vida de qualquer pessoa. Mesmo aqueles que não professam o credo cristão são visitados pela cruz. A diferença é que, para o cristianismo, o sofrimento possui uma dimensão sobrenatural, ainda que não se possa compreendê-lo. Na Carta Apostólica Salvifici Doloris, São João Paulo II diz que "o sofrimento parece pertencer à transcendência do homem", uma vez que exige dele uma superação de seus próprios limites e forças [1]. E, de fato, é assim. As contrariedades da vida, qualquer pessoa pode intuir isso, são, de certo modo, necessárias para o crescimento humano.

Vários autores espirituais já escreveram sobre esse tema. Em nossos dias, porém, o sofrimento tem sido objeto de discussão das mais variadas filosofias e psicologias. É claro que o assunto não é exclusividade da teologia ascética. Ocorre que, no intuito de dar uma resposta satisfatória às dificuldades enfrentadas pelo homem, muitos estudiosos têm caído na tentação do bem-estar. O mantra moderno é este: "Foge da dor, busca o prazer". Mantra, aliás, presente também em muitas pregações religiosas por aí, infelizmente [2].

O Catecismo, por outro lado, não tem uma explicação fácil para a existência do mal. Ao contrário. "É o conjunto da fé cristã que constitui a resposta a esta questão", insiste a Igreja [3]. Que isso quer dizer? Quer dizer que, para compreender os motivos de cada provação, é necessário um olhar global sobre o mistério de Deus, sua bondade e providência. Esse mistério se manifesta de forma eloquente na cruz, pela qual nos veio a máxima redenção. Portanto, é na contemplação da paixão, morte e ressurreição de Cristo que podemos intuir uma primeira resposta aos nossos dramas existenciais, bem como o modo de enfrentá-los e superá-los.

Durante a Semana Santa de 2011, o então Papa Bento XVI participou de uma entrevista na TV italiana Rai Uno, em que respondia a perguntas feitas por pessoas comuns do mundo todo. Uma das questões mais tocantes foi a de uma pequena menina japonesa, que havia sofrido com os terrores do terremoto, o qual atingira seu país. Ela indagou o Santo Padre: "Sinto tanto medo porque a casa na qual me sentia segura tremeu tanto… Por que devo sentir tanto medo? Por que as crianças devem sentir tanta tristeza?" Leiam a resposta:

Querida Helena, eu a saúdo de coração. Também surgem a mim as mesmas perguntas: por que é assim? Por que vocês devem sofrer tanto, enquanto outros vivem no conforto? E não temos as respostas, mas sabemos que Jesus sofreu como vocês, inocente, que o Deus verdadeiro que se mostra em Jesus, está com vocês. Isto me parece muito importante, mesmo se não temos respostas, se permanece a tristeza: Deus está com vocês, e tenham a certeza que isto os ajudará. E um dia poderemos até compreender por que era assim.

Neste momento parece-me importante que saibam: "Deus me ama", mesmo se parece que não me conhece. Não, Ele me ama, está comigo, e vocês devem ter a certeza de que no mundo, no universo, muitos estão com vocês, pensam em vocês, fazem na medida que lhes é possível algo por vocês, para ajudá-los. E estar conscientes de que, um dia, eu compreenderei que este sofrimento não era vazio, não era em vão, mas que por detrás há um projeto bom, um projeto de amor. Não é por acaso. Tenha a certeza disto, nós estamos com você, com todas as crianças japonesas que sofrem, queremos ajudá-las com a oração, com a nossa oração, com as nossas ações e tenham a certeza de que Deus os ajuda. E neste sentido rezamos juntos para que a vocês chegue quanto antes a luz.

O Papa fala claramente em um projeto de amor. Esse projeto nada mais é que a manifestação da providência divina na vida do ser humano. Uma das consequências naturais do sofrimento alheio é a compaixão. Eis aí um motivo claro para a existência das provações. Elas existem para retirar a humanidade da indiferença. Cada indivíduo é chamado a prestar auxílio ao seu irmão necessitado, mormente aos mais pobres. Uma tragédia como o terremoto no Japão — ou, mais próximo ainda de nossa realidade, as enchentes e desmoronamentos que costumam ocorrer em algumas regiões do Brasil — força-nos a pensar nas dificuldades de nossos irmãos e, de alguma forma, a ajudá-los com a oração e, quando possível, com o apoio material. Uma das regras de São Bento consiste precisamente nesta caridade fraterna: "Tolerem pacientissimamente as suas fraquezas, físicas ou morais; rivalizem em prestar mútua obediência; ninguém procure o que julga útil para si, mas sobretudo o que é para o outro" [4]. 

São Pedro e São Paulo*

 
A solenidade de São Pedro e de São Paulo é uma das mais antigas da Igreja, sendo anterior até mesmo à comemoração do Natal. Depois da Virgem Santíssima e de São João Batista, Pedro e Paulo são os santos que têm mais datas comemorativas no ano litúrgico. Além do tradicional 29 de junho, há: 25 de janeiro, quando celebramos a Conversão de São Paulo; 22 de fevereiro, temos a festa da Cátedra de São Pedro e 18 de novembro, reservado à Dedicação das Basílicas de São Pedro e São Paulo. O martírio de ambos deve ter ocorrido em ocasiões diferentes: São Pedro, crucificado de cabeça para baixo na Colina Vaticana em 64, e São Paulo decapitado nas chamada Três Fontes em 67. Mas não há certeza quanto ao ano desses martírios. São Pedro e São Paulo não fundaram Roma, mas são considerados os "Pais de Roma" e considerados os pilares que sustentam a Igreja tanto por sua fé e pregação, como pelo ardor e zelo missionários. São Pedro é o apóstolo que Jesus Cristo escolheu e investiu da dignidade de ser o primeiro Papa da Igreja. À ele Jesus disse: "Tu és Pedro e sobre esta pedra fundarei a minha Igreja". São Paulo é o maior missionário de todos os tempos, o advogado dos pagãos, o "Apóstolo dos gentios". No Brasil, em homenagem a São Pedro, fogueiras são acesas, mastros são erguidos com a sua bandeira, fogos são queimados. São Pedro é caracterizado como protetor dos pescadores.

Príncipes dos apóstolos e doutores do Universo, São Pedro e São Paulo, rogai ao Mestre de todas as coisas que dê a paz ao mundo e às nossas almas a sua grande misericórdia. Fazei de nós seguidores fiéis de Jesus e inspirai-nos o zelo missionário. Amém.
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No Brasil, caso esta solenidade não caia num domingo, pode ser celebrada no domingo seguinte.

terça-feira, 28 de junho de 2016

O Óbolo de São Pedro


A cada ano, por ocasião da Festa de São Pedro e de São Paulo, a Igreja é chamada a unir-se, estritamente, ao Sucessor do Apóstolo Pedro com uma coleta conhecida como Óbolo de São Pedro. Chama-se Óbolo de São Pedro a ajuda que os fieis oferecem ao Santo Padre como sinal de adesão à solicitude do sucessor de Pedro relativamente às múltiplas carências da Igreja universal e às obras de caridade em favor dos mais necessitados.

Esta coleta tem um significado especial, neste ano da misericórdia, quando a Esmolaria Pontifícia, que cuida do atendimento dos mais necessitados em nome do Papa, está desenvolvendo múltiplas atividades caritativas em favor dos mais humildes, que estão em situação de pobreza na cidade eterna. Assim já foram feitas a Barbearia, inaugurado um novo albergue, foram construídos chuveiros, banheiros, e é distribuída comida para os mais humildes e sem casa de Roma. Tudo isso é possível graças a esta coleta especial, chamada Óbolo de São Pedro, que é feito em todas as paróquias, em todas as missas desta solenidade, e enviados na sua integralidade pelos Bispos Diocesanos para o Bispo de Roma.

O Óbolo de São Pedro nasceu com o próprio cristianismo a prática de sustentar materialmente aqueles que têm a missão de anunciar o Evangelho, a fim de poderem entregar-se inteiramente ao seu ministério, tomando cuidado também dos mais necessitados.

No final do século VII, os anglo-saxões, depois de sua conversão, sentiram-se tão ligados ao Bispo de Roma que decidiram enviar, de maneira estável, um contributo anual ao Santo Padre.

Assim nasceu o Denarius Sancti Petri (esmola de São Pedro), que rapidamente se espalhou pelos países da Europa.

Esta prática sofreu grandes vicissitudes ao longo dos séculos, até que foi consagrada pelo Papa Pio IX através de sua encíclica Saepe Venerabilis, de 03/08/1871.

Esta coleta realiza-se atualmente em todo o mundo católico, na sua maior parte, no dia 29 de junho ou, no caso do Brasil, no domingo mais próximo da Festa de São Pedro e São Paulo.

Homilética: 14º Domingo Comum - Ano C: "Anunciando o Reino de Deus e a Paz".


A liturgia do 14º domingo do Tempo Comum apresenta a missão dos seguidores de Jesus. Embora as leituras de hoje nos projetem em sentidos diversos, domina a temática do “envio”: na figura dos 72 discípulos do Evangelho, na figura do profeta anônimo que fala aos habitantes de Jerusalém do Deus que os ama, ou na figura do apóstolo Paulo que anuncia a glória da cruz, somos convidados a tomar consciência de que Deus nos envia a testemunhar o seu Reino.

O evangelho (Lc 10,1-12.17-20 ou 10,1-9) traz a missão dos setenta e dois discípulos, portanto, um grupo mais amplo que os Doze, cuja missão está descrita em Marcos 6,7-13 (e nos textos paralelos Mt 10,1.7-14; Lc 9,1-6). O número dos setenta e dois orienta a atenção para um conceito amplo da missão. É, sobretudo, no Evangelho que a temática do “envio” aparece mais desenvolvida. Os discípulos de Jesus são enviados ao mundo para continuar a obra libertadora que Jesus começou e para propor a Boa Nova do Reino aos homens de toda a terra, sem excepção; devem fazê-lo com urgência, com simplicidade e com amor. Na ação dos discípulos, torna-se realidade a vitória do Reino sobre tudo o que oprime e escraviza o homem.

Como a missão deles é anunciar a chegada do reino de Deus e a paz, a 1ª leitura sugere uma associação ao belo anúncio da paz para Jerusalém, em Isaías 66,10-14c.

Na primeira leitura, apresenta-se a palavra de um profeta anônimo, enviado a proclamar o amor de pai e de mãe que Deus tem pelo seu Povo. O profeta é sempre um enviado que, em nome de Deus, consola os homens, liberta-os do medo e acena-lhes com a esperança do mundo novo que está para chegar.

A 2ª leitura, embora relativamente independente, harmoniza-se com o tema das outras duas, anunciando “a paz e a misericórdia para o Israel de Deus” (Gl 6,16). O apóstolo Paulo deixa claro qual o caminho que o apóstolo deve percorrer: não o podem mover interesses de orgulho e de glória, mas apenas o testemunho da cruz – isto é, o testemunho desse Jesus, que amou radicalmente e fez da sua vida um dom a todos. Mesmo no sofrimento, o apóstolo tem de testemunhar, com a própria vida, o amor radical; é daí que nasce a vida nova do Homem Novo.

Papa Francisco: “Acredito que as intenções de Lutero não tenham sido erradas”. Luteranos acolhem as palavras do Papa "com alegria e fraternidade”.

 
“Alegria e fraternidade são os sentimentos com que acolhemos as palavras do Papa, que confirmam o valor do diálogo ecumênico entre a Igreja Luterana e a Igreja Católica Romana. Esperamos que este diálogo cresça sempre mais a nível mundial e aqui na Itália”, declarou Heiner Bludau, decano da Comunidade Luterana italiana.

As palavras do decano referem-se ao que o Papa falou durante a coletiva de imprensa de ontem, durante a viagem de regresso da Armênia. Ao jornalista que lhe perguntava se, na véspera do 500º aniversário da Reforma Protestante, não fosse hora de retirar a excomunhão de Lutero, o Pontífice respondeu:

“Acredito que as intenções de Lutero não tenham sido erradas, era um reformador, talvez alguns métodos não foram corretos, mas naquele tempo, se lemos a história do Pastor – um alemão luterano que se converteu e se fez católico – vemos que a Igreja não era precisamente um modelo a imitar: havia corrupção, mundanismo, apego à riqueza e ao poder. E por isso ele protestou, era inteligente e deu um passo adiante justificando porquê o fazia. Hoje protestantes e católicos estamos de acordo na doutrina da justificação: neste ponto tão importante não havia errado. Ele fez um remédio para a Igreja, depois esse remédio se consolidou em um estado de coisas, em uma disciplina, em um modo de fazer, de crer, e depois estava Zwinglio, Calvino e detrás deles haviam os princípios, “cuius regio eius religio”. Temos que colocar-nos na história daquele tempo, não é fácil entender. Depois as coisas seguiram adiante, aquele documento sobre a justificação é um dos mais ricos. Existem divisões, mas dependem também das Igrejas. Em Buenos Aires haviam duas igrejas luteranas e pensavam de forma diferente, também na Igreja luterana não existe unidade. A diversidade é o que talvez nos fez tanto mal a todos e hoje procuramos o caminho para encontrar-nos depois de 500 anos. Eu acho que o primeiro que devemos fazer é rezar juntos. Depois devemos trabalhar pelos pobres, os refugiados, tantas pessoas sofrendo, e, por fim, que os teólogos estudem juntos procurando… Este é um caminho longo. Certa vez disse brincando: eu sei quando será o dia da unidade plena, o dia depois da vinda do Senhor. Não sabemos quando o Espírito Santo fará esta graça. Mas, enquanto isso, devemos trabalhar juntos pela paz”.

Itália: Muçulmanos vandalizam imagem do padroeiro da Bolonha

 
A estátua de São Petrônio, padroeiro da cidade de Bolonha (Itália), encontra-se na praça ‘di Porta Ravegnana’, exatamente abaixo de ‘As Duas Torres’. Este emblemático monumento amanheceu com uma inscrição em árabe. A frase “Alá Akbar”, que significa “Deus é grande”, ocupou em grande medida a base da escultura.

A polícia está revisando as gravações de vídeo das câmaras de vigilância da região para descobrir os culpados, pois consideram muito provável que este momento tenha sido gravado.

A Arquidiocese condenou este ato e afirma que é uma provocação que tenham utilizado o pedestal da estátua de São Petrônio para “ofender os outros. É uma blasfêmia que se use o nome de Deus” com esta finalidade, já que “é o símbolo civil e religioso da cidade”.

Além disso, pede “às autoridades competentes que identifiquem os responsáveis e não cedam à lógica da confrontação e prevaleça a colaboração de todas as pessoas para conseguir uma coexistência pacífica”.

O prefeito da cidade, Virginio Merola, confirma que a inscrição, realizada com espuma branca, “será apagada de imediatamente”. Acrescenta, segundo informa ‘Il Messaggero’, que confia que “não seja uma brincadeira de algum ‘tonto’, porque Bolonha sempre foi uma cidade na qual convivem diferentes culturas e religiões, há séculos, e existe o diálogo, por isso não podemos permitir este tipo de gesto por parte da cidadania”.