“Alegria e
fraternidade são os sentimentos com que acolhemos as palavras do Papa, que
confirmam o valor do diálogo ecumênico entre a Igreja Luterana e a Igreja
Católica Romana. Esperamos que este diálogo cresça sempre mais a nível mundial
e aqui na Itália”, declarou Heiner Bludau, decano da Comunidade Luterana
italiana.
As palavras do
decano referem-se ao que o Papa falou durante a coletiva de imprensa de ontem,
durante a viagem de regresso da Armênia. Ao jornalista que lhe perguntava se,
na véspera do 500º aniversário da Reforma Protestante, não fosse hora de
retirar a excomunhão de Lutero, o Pontífice respondeu:
“Acredito que as
intenções de Lutero não tenham sido erradas, era um reformador, talvez alguns
métodos não foram corretos, mas naquele tempo, se lemos a história do Pastor –
um alemão luterano que se converteu e se fez católico – vemos que a Igreja não
era precisamente um modelo a imitar: havia corrupção, mundanismo, apego à
riqueza e ao poder. E por isso ele protestou, era inteligente e deu um passo
adiante justificando porquê o fazia. Hoje protestantes e católicos estamos de
acordo na doutrina da justificação: neste ponto tão importante não havia
errado. Ele fez um remédio para a Igreja, depois esse remédio se consolidou em
um estado de coisas, em uma disciplina, em um modo de fazer, de crer, e depois
estava Zwinglio, Calvino e detrás deles haviam os princípios, “cuius regio
eius religio”. Temos que colocar-nos na história daquele tempo, não é fácil
entender. Depois as coisas seguiram adiante, aquele documento sobre a
justificação é um dos mais ricos. Existem divisões, mas dependem também das
Igrejas. Em Buenos Aires haviam duas igrejas luteranas e pensavam de forma
diferente, também na Igreja luterana não existe unidade. A diversidade é o que
talvez nos fez tanto mal a todos e hoje procuramos o caminho para encontrar-nos
depois de 500 anos. Eu acho que o primeiro que devemos fazer é rezar juntos.
Depois devemos trabalhar pelos pobres, os refugiados, tantas pessoas sofrendo,
e, por fim, que os teólogos estudem juntos procurando… Este é um caminho longo.
Certa vez disse brincando: eu sei quando será o dia da unidade plena, o dia
depois da vinda do Senhor. Não sabemos quando o Espírito Santo fará esta graça.
Mas, enquanto isso, devemos trabalhar juntos pela paz”.
Bludau, em
seguida, recordou a visita do Santo Padre à Christuskirche luterana de Roma,
que teve lugar em novembro passado, na qual repetiu o gesto de abertura já
realizado pelos seus antecessores”, testemunhando “o valor da nossa relação
ecumênica, da qual diálogo e oração são duas dimensões essenciais”.
Em conclusão, o
decano expressou o desejo de que “esta relação seja posteriormente aprofundada
em 2017 em vista do Jubileu da Reforma, a ser vivido juntos como uma verdadeira
e própria festa de Cristo, na convicção de que os elementos em comum entre as
nossas Igrejas sejam decididamente mais importantes do que as diferenças ainda
existentes”.
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ZENIT
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