domingo, 21 de agosto de 2016

Seremos revestidos do Senhor!


Celebramos hoje a maior das festas da Santíssima Virgem Maria; é a sua Assunção; a festa da sua entrada na Glória, da sua plenitude como criatura, como mulher, como mãe, como discípula de Cristo Jesus. Como um rio, que após longa corrida deságua no mar, hoje, a Virgem Toda Santa deságua na glória de Deus: transfigurada no Espírito Santo, derramado pelo Cristo, ela está na Glória do Pai!

Para compreendermos o profundo sentido do que celebramos, tomemos as palavras de São Paulo: “Cristo ressuscitou dos mortos como primícias dos que morreram. Com efeito, por um homem veio a morte e é também por um homem que vem a ressurreição dos mortos. Como em Adão todos morrem, em Cristo todos reviverão. Porém, cada qual segundo uma ordem determinada”.

Eis a nossa fé, o centro da nossa esperança: Cristo ressuscitou dos mortos como primícias dos que adormeceram. Ele é o primeiro a ressuscitar, Ele é a causa e o modelo da nossa ressurreição. Os que Nele nascem pelo batismo, os que Nele creem e Nele vivem, ressuscitarão com Ele e como Ele: logo após a morte ressuscitarão naquela dimensão imaterial que temos, núcleo da nossa personalidade, a que chamamos “alma”; e, no final dos tempos, quando todo o universo for glorificado, ressuscitaremos também no nosso corpo. Assim, em todo o nosso ser, corpo e alma, estaremos, um dia, revestidos da Glória de Cristo, nosso Salvador, estaremos plenamente conformados a Ele!

A Igreja crê, desde os tempos antigos, que a Virgem Maria já entrou plenamente na Glória de Cristo, aquela mesma que Ele nos dá. Aquilo que todos nós só teremos em plenitude no final dos tempos, a Santíssima Mãe de Deus, já recebeu logo após a sua morte.

Ela é a “Mulher vestida de sol, tendo a lua debaixo dos pés e sobre a cabeça uma coroa de doze estrelas”.

Ela já está totalmente revestida da Glória do Cristo, Sol de justiça – e esta Glória é o próprio Espírito Santo que o Cristo Senhor nos dá.

Ela já pisa a lua, símbolo das mudanças e inconstâncias deste mundo que passa.

Ela já está coroada com doze estrelas, porque é a Filha de Sião, filha perfeita do antigo Israel e Mãe do novo Israel, que é a Igreja.

Assim, a Virgem, logo após a sua morte – doce como uma dormição -, foi elevada ao Céu, à Glória do seu Filho em todo o seu ser, corpo e alma.

Aquela que esteve perfeitamente unida ao Filho na cruz (cf. Lc 2,34s; Jo 19,25ss), agora está perfeitamente unida a Ele na Glória. São Paulo não dissera, falando do Cristo morto e ressuscitado? “Fiel é esta palavra: Se com Ele morremos, com Ele viveremos. Se com Ele sofremos, com Ele reinaremos” (2Tm 2,12).

Eis! A Virgem que perfeitamente esteve unida ao seu Filho no caminho da cruz, perfeitamente foi unida a Ele na Glória da ressurreição. Aquela que sempre foi “plenamente agraciada” (Lc 1,28), de modo a não ter a mancha do pecado, não permaneceu na morte, salário do pecado.

Assim, o que nós esperamos em plenitude para o fim dos tempos, a Virgem já experimenta agora e plenitude.

"Este sistema é insuportável: exclui, degrada, mata!" é tema do Grito dos Excluídos 2016


“Este sistema é insuportável: exclui, degrada, mata!” é lema da 22ª edição do Grito dos Excluídos, que tem como tema “Vida em primeiro lugar”. A mobilização, com auge em 7 de Setembro, dia da Independência do Brasil, questiona e denuncia as várias formas de desigualdades do país, apontando qual o real papel do Estado diante das exclusões.

O lema escolhido para a ocasião está fundamentado em uma das falas do papa Francisco, durante o Encontro Mundial dos Movimentos Populares, na Bolívia, em julho de 2015. Na ocasião, Francisco falou da urgência em romper o silêncio e lutar por mudanças reais dentro do sistema capitalista, que não compreende o sentido do “cuidar da Casa Comum”.

O evento marca o Dia da Independência em diversas localidades do país, com o objetivo de “valorizar a vida e anunciar a esperança de um mundo melhor, construindo ações a fim de fortalecer e mobilizar pessoas para atuar nas lutas populares e denunciar as injustiças e os males causados por este modelo econômico excludente, que degrada e mata”. A organização do Grito acontece nos estados brasileiros, em parceria com as entidades e movimentos sociais que  irão às ruas no dia 7 de setembro.

O bispo de Ipameri (GO) e presidente da Comissão Episcopal Pastoral para o Serviço da Caridade, da Justiça e da Paz da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Guilherme Antônio Werlang, enviou uma carta de apoio ao 22º Grito dos Excluídos aos bispos e agentes de pastorais, na qual agradeceu o apoio recebido ao longo destes anos e ressaltou o comprometimento “a continuar gritando pela vida em primeiro lugar”. Dom Guilherme ainda solicitou “o efetivo apoio à essa iniciativa que renova a esperança dos pobres e os torna sujeitos de uma nova sociedade, sinal do Reino de Deus”.

Subsídios

Para garantir a formação da base, desde início de agosto foram oferecidos textos, divididos em eixos, que são subsídios informativos que interagem com o lema “Este sistema é insuportável: Exclui, degrada, mata!”. O primeiro disponibilizado, “Unir os generosos e as generosas”, foi escrito pelo assessor da Comissão Episcopal Pastoral para o Serviço da Caridade, da Justiça e da Paz da CNBB, frei Olávio Dotto. Nesta semana, o segundo texto, do eixo “Desmentir a mídia”, já foi enviado aos articuladores. Nos próximos dias, serão trabalhados os eixos “Direitos Básicos e Função do Estado”; “As várias formas de violência”; “Participação política” e “a Rua é o lugar”.

O material, de acordo com a secretaria do Grito, deve contribuir na realização de reuniões e os pré-Gritos, além de facilitar a organização de agendas, definição de trajetos e locais para as atividades e manifestações por parte dos articuladores de várias cidades brasileiras. As ações deverão acontecer no período da Semana da Pátria, tendo como ponto máximo o dia 7 de Setembro.

A prefiguração de um mundo novo




Não conhecemos o tempo em que se consumirão a terra e a humanidade nem o modo por que se transformará o mundo. Na verdade, passa a figura deste mundo deformada pelo pecado, porém, Deus nos revelou preparar nova habitação e nova terra onde mora a justiça; e sua felicidade cumulará e superará todo desejo de paz que sobe ao coração dos homens. Então, vencida a morte, ressuscitarão os filhos de Deus em Cristo, e aquilo que foi semeado na fraqueza e na corrupção, se revestirá de incorrupção; sempre vivas a caridade e suas obras, toda a criação, que para o homem Deus criou, será liberta da escravidão da vaidade.  

 Recebemos a advertência de que nada adiantará ao homem lucrar o mundo inteiro se vier a perder-se a si mesmo. Todavia a expectativa da nova terra não deve enfraquecer, mas, ao contrário, estimular o interesse pelo desenvolvimento desta terra, onde cresce o corpo daquela nova família humana, que já pode mostrar algo como sombra do novo mundo. Por conseguinte, embora distinguindo com cuidado o progresso terreno e o aumento do reino de Cristo, na medida em que a sociedade humana for mais bem ordenada, influirá sobremaneira no reino de Deus.  

Pois os bens da dignidade da pessoa, da comunhão fraterna e da liberdade, todos bens, frutos da natureza e do esforço humano, depois que pelo Espírito do Senhor e a seu mandado os propagarmos pela terra, de novo os reencontraremos, mais limpos de toda mancha. Luminosos e transfigurados, quando Cristo entregar ao Pai o reino eterno e universal: “reino de verdade e de vida, reino de santidade e de graça, reino de justiça, de amor e de paz”. Este reino já está aqui na terra, em mistério; com a vinda do Senhor, será perfeito.



Da Constituição Pastoral Gaudium et spes sobre a Igreja no mundo de hoje, do Concílio Vaticano I (N.39)        (Séc.XX)

O rosto de Deus


Olhando para a carta que o papa Francisco publicou falando sobre o “Ano da Misericórdia”, ele começa dizendo que Cristo é o rosto da misericórdia do Pai. Como Ele mesmo diz: “Quem me viu, viu o Pai” (Jo 14,9). Portanto, Jesus de Nazaré revela a misericórdia de Deus, que é Pai, e nos convida a fixar os olhos nessa misericórdia como caminho privilegiado de encontro com o Senhor.

Existem algumas atitudes irresponsáveis, no caminhar da história, que clamam ao céu. Certamente não vão passar de forma despercebida diante do julgamento de Deus. Não podemos brincar com a justiça, com a honestidade e com a verdade. São parâmetros de estabilidade de uma cultura, trazendo consequências positivas ou negativas, dependendo da forma como são tratadas.

Na oração de unidade do Pai Nosso pedimos perdão pelas falhas cometidas, quando dizemos, “perdoai-nos as nossas ofensas” (Lc 11,4). Significa que o mal não pode durar para sempre, porque existe possibilidade de mudança na forma de agir. Mudança que cria proximidade da criatura com o seu Criador, com Deus que é Pai da misericórdia e da acolhida fraterna de quem O procura.

Falando do rosto de Deus, olhamos também para o rosto das pessoas, criadas à imagem e semelhança do Criador. Por isso existe nelas a vida como um mistério, que ultrapassa as realidades simplesmente humanas. O descrente tem dificuldade para entender essa realidade. Mas uma coisa é certa: a dita semelhança exige da pessoa muita determinação e ação concreta na construção do bem.

São Pio X

 
Seu nome de batismo era José Melquior Sarto, oriundo de família humilde e numerosa. Nasceu numa pequena aldeia italiana no dia 02 de junho de 1835. Desde cedo, José demonstrava ser muito inteligente e, por causa disso, seus pais fizeram grande esforço para que ele estudasse. Todos os dias, durante quatro anos, o menino caminhava com os pés descalços por quilômetros a fio, tendo no bolso apenas um pedaço de pão para o almoço. Desde cedo manifestou sua vontade de ser padre.

Mesmo com a morte do pai, o menino entrou no seminário e aos vinte e três anos recebeu a ordenação sacerdotal. Teve uma rápida ascensão dentro da Igreja. Primeiro foi vice-vigário em uma pequena aldeia, depois vigário de uma importante paróquia, cônego, cardeal de Veneza e, após a morte do grande Papa Leão XIII, ele foi eleito seu sucessor, com o nome de Papa Pio Décimo, em 1903.

No Vaticano, José Sarto continuou sua vida no rigor da simplicidade, modéstia e pobreza. Surpreendeu o mundo católico quando adotou como lema de seu pontificado "restaurar as coisas em Cristo". Realizou algumas renovações dentro da Igreja, criando bibliotecas eclesiásticas e reformas nos seminários.

Sua intensa devoção à Eucaristia permitiu que os fiéis pudessem receber a comunhão diária e que a Primeira Comunhão fosse ministrada às crianças a partir dos sete anos de idade. Instituiu o ensino do Catecismo em todas as paróquias e para todas as idades, como caminho para recuperar a fé.

No dia 20 de agosto de 1914, aos setenta e nove anos, Pio Décimo morreu. O povo de imediato passou a venerá-lo como um Santo. Mas só em 1954 ele foi oficialmente canonizado.  


Deus eterno e todo-poderoso, quiseste que São Pio Décimo governasse todo o vosso povo, servindo-o pela palavra e pelo exemplo. Guardai, por suas preces, os pastores de vossa Igreja e as ovelhas a eles confiadas, guiando-os no caminho da salvação. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.

sábado, 20 de agosto de 2016

Alemanha dá primeiro passo rumo à proibição parcial da burca


O ministro do Interior alemão pediu nesta sexta-feira uma proibição parcial da burca, num momento em que a integração está no centro do debate político após dois ataques terroristas em julho e antes de importantes eleições regionais.

“Estamos de acordo em rejeitar a burca, estamos de acordo que também queremos introduzir legalmente a obrigação de mostrar o rosto onde for necessário para nossa sociedade: ao volante, nos processos administrativos (…) nas escolas e nas universidades, nos serviços públicos, ante os tribunais”, disse Thomas de Maizière em declarações à rede de televisão ZDF.

De Maizière sustentou que um véu inteiro não é compatível com “uma sociedade cosmopolita”.

“Queremos mostrar nossos rostos uns aos outros e esta é a razão pela qual concordamos em rejeitar isso, agora a questão é como traduzimos isso em uma lei”, disse.

Esta proposta ocorre num momento em que há uma polêmica na França pela decisão de vários prefeitos de proibir o burkini, traje de banho que cobre a mulher da cabeça aos tornozelos.

De Maizière defendeu uma proibição parcial da burca, enquanto setores mais duros do partido da chanceler Angela Merkel, a União Democrata Cristã, apoiam uma proibição total.

A proibição parcial provavelmente ganharia apoios no Parlamento, sustentou o ministro, que na semana passada havia dito que uma proibição total do véu seria, em sua opinião, inconstitucional.

No entanto, não estabeleceu um calendário para introduzir esta proibição, que foi defendida há tempos pelos conservadores, mas que não conta com a adesão dos sociais-democratas (SPD), sócios de Merkel no governo.

“Vamos etapa por etapa, mas acredito que muitas coisas podem ser aprovadas”, disse. 

Amo porque amo, amo para amar




O amor subsiste por si mesmo, agrada por si mesmo e por causa de si mesmo. Ele próprio é para si mesmo o mérito e o prémio. O amor não busca outro motivo nem outro fruto fora de si; o seu fruto consiste na sua prática. Amo porque amo; amo para amar. Grande coisa é o amor, desde que remonte ao seu princípio, que volte à sua origem, que torne para a sua fonte, que se alimente sempre da nascente donde possa brotar incessantemente. Entre todas as moções, sentimentos e afectos da alma, o amor é o único em que a criatura pode corresponder ao Criador, se não em igual medida, ao menos de modo semelhante. Com efeito, Deus, quando ama, não quer outra coisa senão ser amado: isto é, não ama por outro motivo senão para ser amado, sabendo que o próprio amor torna felizes os que se amam entre si. O amor do Esposo, ou antes o Amor‑Esposo, não pede senão correspondência e fidelidade. A amada deve, portanto, retribuir com amor. Como pode a esposa não amar, sobretudo se é a esposa do Amor? Como pode o Amor não ser amado? Com razão renuncia a qualquer outro afecto e se entrega total e exclusivamente ao Amor a alma consciente de que o modo de corresponder ao amor é retribuir com amor. Na verdade, mesmo quando toda ela se transforma em amor, que é isso em comparação com a torrente perene que brota daquela fonte? Evidentemente, não corre com igual abundância o caudal do amante e do Amor, da alma e do Verbo, da esposa e do Esposo, da criatura e do Criador; há entre eles a mesma diferença que entre a fonte e quem dela bebe. Sendo assim, ficará sem qualquer valor e eficácia o desejo da noiva, o anseio de quem suspira, a paixão de quem ama, a esperança de quem confia, porque não pode acompanhar a corrida do gigante, igualar a doçura do mel, a mansidão do cordeiro, a beleza do lírio, o esplendor do sol, a caridade d’Aquele que é a caridade? Não. Porque embora a criatura ame menos, porque é menor, se todavia ela ama com todo o seu ser, nada fica por acrescentar. Nada falta onde está tudo. Por isso, este amor total equivale ao desposório, porque é impossível amar assim sem ser amado, e neste mútuo consentimento de amor consiste o autêntico e perfeito matrimónio. Quem pode duvidar de que a alma é amada pelo Verbo, antes dela e mais intensamente? 


Dos Sermões de São Bernardo, abade, sobre o Cântico dos Cânticos
(Sermão 83, 4-6: Opera Omnia, ed. Cist. 2 [l958], 300-302) (Sec. XII)

Esta gruta é o lugar onde São Pedro celebrava a missa?


O capítulo onze do Livro dos Atos dos Apóstolos diz que Antioquia foi a cidade na qual, pela primeira vez, os discípulos de Jesus foram chamados de “cristãos”. A tradição fala de Pedro como o fundador da Igreja de Antioquia, seguindo a história do mesmo livro, que conta não somente a chegada de Pedro e Barnabé à cidade turca, mas também a sua pregação.

 
Mas também esta tradição observa que foi na Knisset Mar Semaan Kefa (“Gruta de São Pedro”, em aramaico), onde Pedro celebraria a Eucaristia para esta comunidade. Ou seja, essa pequena gruta poderia ser o primeiro local de culto da antiga Igreja de Antioquia.