Olhando
para a carta que o papa Francisco publicou falando sobre o “Ano da
Misericórdia”, ele começa dizendo que Cristo é o rosto da misericórdia do Pai.
Como Ele mesmo diz: “Quem me viu, viu o Pai” (Jo 14,9). Portanto, Jesus de
Nazaré revela a misericórdia de Deus, que é Pai, e nos convida a fixar os olhos
nessa misericórdia como caminho privilegiado de encontro com o Senhor.
Existem
algumas atitudes irresponsáveis, no caminhar da história, que clamam ao céu.
Certamente não vão passar de forma despercebida diante do julgamento de Deus.
Não podemos brincar com a justiça, com a honestidade e com a verdade. São
parâmetros de estabilidade de uma cultura, trazendo consequências positivas ou
negativas, dependendo da forma como são tratadas.
Na oração
de unidade do Pai Nosso pedimos perdão pelas falhas cometidas, quando dizemos,
“perdoai-nos as nossas ofensas” (Lc 11,4). Significa que o mal não pode durar
para sempre, porque existe possibilidade de mudança na forma de agir. Mudança
que cria proximidade da criatura com o seu Criador, com Deus que é Pai da
misericórdia e da acolhida fraterna de quem O procura.
Falando
do rosto de Deus, olhamos também para o rosto das pessoas, criadas à imagem e
semelhança do Criador. Por isso existe nelas a vida como um mistério, que
ultrapassa as realidades simplesmente humanas. O descrente tem dificuldade para
entender essa realidade. Mas uma coisa é certa: a dita semelhança exige da
pessoa muita determinação e ação concreta na construção do bem.
Além da
semelhança com o Criador, com Cristo que é o rosto de Deus, a Palavra divina
fala da necessidade de pertença ao Povo da Aliança. No Antigo Testamento isso
acontecia através do rito da circuncisão. No Novo Testamento, é substituído
pelo batismo e o testemunho de fé como compromisso na comunidade cristã. Então,
a vida de fé deve fazer com que o cristão tenha também o rosto do Pai.
O projeto
de Deus para o seu povo é a vida, mas com indicação de plenitude. Vida que tem
possibilidade de eternidade e de continuidade na glória celeste, fazendo com
que todos sejam felizes no convívio de seu Reino. As portas estão abertas, mas
estreitas e exigem empenho de quem livremente quer passar por elas. O caminho é
o de identificação com o rosto do Pai, com Jesus Cristo.
Dom Paulo
Mendes Peixoto
Arcebispo
de Uberaba
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