sábado, 27 de agosto de 2016

Dia de Luto: Itália chora seus 284 mortos


Neste sábado, dia de Luto Nacional, a Itália começa a sepultar seus mortos, que chegaram a 284, a maior parte deles em Amatrice, sempre mais isolada pelos danos nas vias e na ponte de acesso. São 2.100 os desabrigados.

O Presidente da República Sergio Mattarella visitará algumas das áreas atingidas, para então dirigir-se a Ascoli para os funerais de Estado das vítimas na região das Marcas, aos quais tomará parte também o Premier Renzi. Na terça-feira, 30, por sua vez, será realizado um rito fúnebre em Amatrice.

Os Patriarcas da Rússia, Kirill, e de Constantinopla, Bartolomeu I, uniram-se em oração ao difícil momento vivido pelos italianos, expressando ao Premier Matteo Renzi suas condolências e invocando a todos "fortaleza de ânimo e coragem".

E a terra não para de tremer na região central do país. Foram 1.332 os abalos secundários e réplicas que se seguiram ao grande tremor da madrugada de quarta-feira, 92 somente nas últimas horas, entre as quais um de magnitude 4.0 na Escala Richter, às 4h50min.

Trata-se quase que do golpe final para algumas construções já devastadas, mas sobretudo para ponte em Ter Occhi, na importante via de acesso a Amatrice, que corre o risco de desabar.

O balanço parcial dos mortos, até o momento, é de 284, 11 em Accumoli e 224 somente em Amatrice, onde no entanto  ainda existem pessoas desaparecidas. 388 são os feridos e 238 as pessoas resgatadas com vida.

Procuremos alcançar a sabedoria eterna




Ao aproximar-se o dia em que ela ia partir desta vida – dia que Vós conhecíeis, mas nós ignorávamos – sucedeu, segundo creio, por disposição de vossos secretos desígnios, que nos encontrámos sozinhos, eu e ela, encostados a uma janela, cuja vista dava para o jardim interior da casa que nos hospedava, em Óstia, onde, afastados das multidões, depois da fadiga de uma longa viagem, retemperávamos as forças, antes de embarcarmos. Conversávamos a sós muito suavemente e, esquecendo o passado e voltando-nos para o futuro, interrogávamo-nos mutuamente, à luz da Verdade presente, que sois Vós, qual seria a vida eterna dos Santos, que nem os olhos viram nem os ouvidos escutaram nem jamais passou pelo pensamento do homem. Mas os nossos corações suspiravam pela corrente celeste, que brota da vossa fonte, a fonte de vida, que está em Vós.

Assim falava eu, embora não por este modo e por estas palavras; contudo bem sabeis, Senhor, quanto o mundo e os seus prazeres nos pareciam vis naquele dia em que assim conversávamos. Minha mãe acrescentou ainda: «Filho, quanto a mim, já nada me dá gosto nesta vida. Não sei o que faço ainda aqui, porque já nada espero deste mundo. Havia só uma razão pela qual eu desejava prolongar um pouco mais esta vida: ver-te cristão católico, antes de eu morrer. Deus concedeu-me esta graça de modo superabundante, pois vejo que já desprezas a felicidade terrena para servires o Senhor. Que faço eu ainda aqui?».

Não me lembro bem do que lhe respondi a respeito destas palavras. Entretanto, passados cinco dias ou pouco mais, ela caiu de cama com febre. Num daqueles dias da sua doença, perdeu os sentidos e durante um curto espaço de tempo não dava acordo dos presentes. Acorremos logo e depressa recuperou os sentidos. Vendo-nos de pé, junto de si, a mim e ao meu irmão, disse-nos como quem procura alguma coisa: «Onde estava eu?».

Depois, vendo-nos atónitos de tristeza, disse: «Sepultareis aqui a vossa mãe». Eu estava calado e tentava conter as lágrimas. Meu irmão, porém, proferiu algumas palavras, mostrando a preferência de que ela não morresse em país estranho, mas na sua pátria. Ouvindo isto, fixou nele um olhar cheio de angústia, censurando-o por pensar assim e, olhando depois para mim, disse: «Repara no que ele diz». E em seguida disse para ambos: «Sepultai este corpo em qualquer parte e não vos preocupeis com ele. Só vos peço que vos lembreis de mim diante do altar do Senhor, onde quer que estejais». Tendo feito esta recomendação com as palavras que pôde, calou-se. Entretanto agravava-se a enfermidade e o sofrimento prolongava-se.

Finalmente, no nono dia da sua doença, aos cinquenta e seis anos de idade e no trigésimo terceiro da minha vida, aquela alma piedosa e santa libertou-se do corpo.


Das Confissões de Santo Agostinho, bispo
(Lib. 9, 10-11: CSEL 33, 215-219) (Sec. V)

Um político coerente


A coerência é uma virtude cristã que deve penetrar todas as nossas ações e atitudes. Pensar, viver e agir conforme a nossa fé e nossas convicções cristãs. Caso contrário, seremos hipócritas e daremos um grande contra-testemunho do nosso cristianismo. A consciência é única e unitária, e não dúplice. Não se age como cristão na Igreja e como pagão fora dela.

Mas será já existiu um político cristão verdadeiramente coerente? Sim, ele existiu, e a Igreja o proclamou padroeiro dos Governantes e dos Políticos, exatamente porque soube ser coerente com os princípios morais e cristãos até ao martírio. O belo filme da sua vida, em português, intitula-se “O homem que não vendeu sua alma!”. Trata-se do mártir São Tomás More. Lorde Chanceler do Reino da Inglaterra, por não ter aceitado o divórcio e o cisma do rei Henrique VIII, foi condenado à morte por traição e decapitado em 1535. Preferiu perder o cargo e a vida a trair sua consciência.

“O Concílio exorta os cristãos, cidadãos de ambas as cidades [terrena e celeste], a que procurem cumprir fielmente os seus deveres terrenos, guiados pelo espírito do Evangelho. Afastam-se da verdade os que, sabendo que não temos aqui na terra uma cidade permanente, mas que vamos em demanda da futura, pensam que podem por isso descuidar os seus deveres terrenos, sem atenderem a que a própria fé ainda os obriga mais a cumpri-los, segundo a vocação própria de cada um. Mas não menos erram os que, pelo contrário, opinam poder entregar-se às ocupações terrenas, como se estas fossem inteiramente alheias à vida religiosa, a qual pensam consistir apenas no cumprimento dos atos de culto e de certos deveres morais. Este divórcio entre a fé que professam e o comportamento quotidiano de muitos deve ser contado entre os mais graves erros do nosso tempo” (Gaudium et Spes, 43).

Santa Mônica




Mônica nasceu em Tagaste, no ano 331, no seio de uma família cristã. Desde muito cedo dedicou sua vida a ajudar os pobres, que visitava com frequência levando o conforto através das palavras de Deus.

Seu marido era um jovem pagão, de nome Patrício, que a maltratava. Mônica encontrava o consolo nas orações e Deus recompensou sua dedicação, pois ela pôde assistir o batismo do marido, que se converteu sinceramente um ano antes de morrer.

Ela teve três filhos, Agostinho e Navígio e Perpétua, que se tornou religiosa. Porém, Agostinho, foi sua grande preocupação, motivo de amarguras e muitas lágrimas. O coração de Mônica sofria muito com as notícias dos desmandos do filho e por isso redobrava as orações e penitências. Certa vez, ela foi pedir os conselhos do Bispo, que a consolou dizendo: "Continue a rezar, pois é impossível que se perca um filho de tantas lágrimas".

As súplicas de Mônica foram finalmente ouvidas e seu filho, após anos de vida desregrada, converteu-se ao cristianismo, tornando-se um mestre em teologia. Assim, Mônica colhia os frutos de suas orações e de suas lágrimas. Mas a mãe zelosa pouco conviveu com o filho convertido, pois no ano de 387 faleceu santamente.

O Papa Alexandre III confirmou o tradicional culto à Santa Mônica e a proclamou "padroeira das mães cristãs".  


Ó Santa Mônica, que pela oração e pelas lágrimas, alcançastes de Deus a conversão de Vosso filho transviado, olhai para o meu coração, amargurado pelo comportamento do meu filho desobediente, rebelde e inconformado, que tantos dissabores causou ao meu coração e a toda a família. Que Vossas orações se juntem com as minhas, para comover o bom Deus, a fim de que Ele faça meu filho entrar em si e voltar ao bom caminho.

sexta-feira, 26 de agosto de 2016

Museu dedicado a João Paulo I será inaugurado na Itália


O Cardeal Secretário de Estado, Pietro Parolin, preside a Eucaristia na tarde desta sexta-feira (26/8), em Canale D’Agordo, diocese de Belluno, no Vêneto, por ocasião da inauguração do Museu dedicado ao Papa João Paulo I.

Não se trata somente de uma exposição de documentos e objetos do Papa Luciani, que governou a Igreja por apenas 33 dias, mas a tentativa de manter um encontro mais próximo com a pessoa e o mundo da cultura do “Papa do Sorriso”, como era carinhosamente chamado.

Filmes, áudios e fotografias farão parte de um percurso instalado em um prédio do século XV, situado ao lado da igreja paroquial de São João Batista. O objetivo é levar o visitante a mergulhar na trajetória humana e espiritual do Papa Albino Luciani, desde o seu nascimento até à sua eleição como Sucessor de Pedro.

São dados destaques à formação e o ensinamento do Papa Luciani, sua profunda preparação cultural e pastoral, sua atenção com os necessitados, a simplicidade, a humildade, a transparência e a sua grande sensibilidade como Pastor”.

Vida e obra

O visitante poderá saber detalhes sobre os 20 anos de vida pastoral do Papa João Paulo I, os 11 anos de episcopado na Diocese de Vittorio Veneto, sua experiência no Concílio Vaticano II e os 9 anos transcorridos como Patriarca de Veneza.

Ao visitar o Museu, o Cardeal Pietro Parolin declarou: “As virtudes de João Paulo I podem servir de modelo para todos os cristãos. O reconhecimento da sua santidade será um benefício para toda a Igreja. Não podemos fazer previsões sobre uma sua Beatificação. Um homem humilde e simples como Albino Luciani não tem pressa de ser declarado santo”.

Argentina: Cruz de igreja foi profanada com símbolo anarquista


No dia 21 de agosto, a cruz fundacional da Paróquia Santos Mártires Inocentes, na cidade de Enseada, em Buenos Aires (Argentina), amanheceu profanada com um símbolo anarquista.

O Pe. Christian Viña, sacerdote da Arquidiocese de La Plata, percebeu este acontecimento enquanto percorria o bairro de Cambaceres, onde está localizado o templo, junto com jovens universitários que se preparavam para realizar missão na cidade de Enseada.

“Imediatamente começamos a rezar pela conversão dos autores deste ataque. E, ao mesmo tempo, para que tomemos consciência de como cresce o poder das trevas em nossa sociedade descristianizada e até anticristã”, relatou o Pe. Viña em sua conta de Facebook.

“Pensei, do mesmo modo, como o príncipe deste mundo, inimigo do plano de Deus Pai, criador e providente, dias antes de uma celebração – embora comercial – do Dia das Crianças, mostra seu enfurecimento contra o santuário nascente da vida e da família; chamado a ser um local na defesa dos mais frágeis”, adicionou o sacerdote.

Convertei-vos a Mim




Convertei-vos a Mim de todo o coração e manifestai a penitência da vossa alma com jejuns, lágrimas e lamentações; porque, se agora jejuais, depois sereis saciados; se agora chorais, depois tereis alegria; se agora vos lamentais, depois sereis consolados. Nas circunstâncias tristes e adversas costumais rasgar as vestes; segundo a narração do Evangelho, assim fez o sumo sacerdote para mostrar a gravidade do crime do Senhor, nosso Salvador, e o mesmo fizeram Paulo e barnabé ao ouvirem palavras blasfemas. Mas eu digo-vos: não rasgueis as vossas vestes; rasgai antes os vossos corações que estão cheios de pecado, como os odres que, se não forem abertos, rebentarão espontaneamente. Convertei-vos ao Senhor vosso Deus, de quem vos afastastes pelas vossas culpas, e não duvideis do perdão, por maiores que sejam os vossos crimes, porque se são grandes os vossos pecados, grande é também a misericórdia divina para os perdoar.

O Senhor é clemente e compassivo; Ele não quer a morte do pecador, mas a sua conversão; é paciente e rico de misericórdia; não é impaciente como os homens, mas espera por longo tempo a nossa conversão; sempre disposto a perdoar, Ele desiste dos males com que nos ameaçava, se nós desistimos do pecado; se nós mudamos de vida, Ele muda a sentença que nos condenava. Quando o Profeta diz que desiste dos males com que nos ameaçava, não se refere evidentemente ao mal moral, mas ao sofrimento, segundo a expressão que lemos noutro lugar: Basta a cada dia o seu mal; e também: Sobreveio à cidade algum mal que não tenha sido mandado pelo Senhor?

E porque diz, como vimos anteriormente, que o Senhor é clemente e compassivo, lento para a ira e rico de misericórdia, e que desiste do castigo, para que a grandeza da sua benevolência não nos torne negligentes acrescenta o Profeta: Quem sabe se Ele muda de parecer e nos perdoa e nos dá ainda a sua bênção? Por isso vos exorto à penitência, diz o Profeta; eu sei que Deus é infinitamente misericordioso, como diz David: Compadecei-Vos de mim, ó Deus, pela vossa bondade; pela vossa grande misericórdia apagai os meus pecados. Mas como não podemos saber até onde chega o abismo das riquezas da sabedoria e da ciência de Deus, prefiro ser mais discreto nas minhas afirmações e dizer simplesmente: Quem sabe se Ele muda de parecer e nos perdoa? E ao dizer quem sabe, dá a entender que se trata de uma coisa impossível, ou, pelo menos, difícil de saber.

Depois fala o profeta em sacrifício e libação para o Senhor nosso Deus; com isto quer ensinar-nos que, depois de nos ter dado a sua bênção e perdoado os nossos pecados, podemos então oferecer os nossos sacrifícios a Deus. 



Do Comentário de São Jerônimo, presbítero, sobre o Livro do Profeta Joel
(PL 25, 967-968) (Sec. V)

Por que Jesus chama Maria de mulher e não de mãe?


Na Palavra de Deus, nos deparamos algumas vezes com Jesus Cristo se dirigindo a Virgem Maria chamando-a de “mulher”. Ficamos curiosos, intrigados e por vezes sem saber o que dizer sobre o tratamento de Filho de Deus para com a Santíssima Virgem. Pelo conhecimento e pela experiência que temos a respeito de nosso Mestre e Senhor Jesus Cristo, sabemos que existem razões para a aparente dureza com que Ele trata a sua Mãe. Dessas razões, destacaremos duas que nos ensinam os santos, que nos ajudarão a compreender o tratamento de Jesus para com Maria.

A geração de Jesus no ventre de Maria tem algo de muito particular. “Por um privilégio único, ele nascera somente do Pai, sem ter uma mãe. E nascera de uma mãe humana, sem ter pai. Deus sem Mãe, e homem sem pai. Sem mãe, desde todos os tempos. Sem pai, no fim dos tempos” (AGOSTINHO DE HIPONA, A Virgem Maria: cem textos marianos com comentários, p. 142).

O que Santo Agostinho quer dizer é que Maria vive duas realidades em relação a Jesus Cristo porque Ele é Deus e homem. Jesus é Deus e enquanto tal Ele é Senhor de Maria. Enquanto Deus ele tem somente o Pai do Céu, pois ela não gerou o Verbo Eterno de Deus. Porém, enquanto homem, Ele é filho de Maria, mas não tem um pai biológico, pois Ele foi gerado pelo Espírito Santo. Por isso o Jesus homem, tem somente uma Mãe, que é a Virgem Maria. Nossa Senhora vive a realidade de ser serva do Senhor, pois Jesus é Deus, mas ao mesmo tempo ela é Mãe de Deus. Tudo isso Santo Agostinho nos diz para que entendamos que ao chamar Maria de “mulher” Ele não está desprezando sua Mãe, mas Ele nos chama a atenção para o fato de que Ele é Deus e enquanto tal Maria não é sua Mãe, mas apenas uma mulher, criatura de Deus. Porém, com isso Jesus não está negando a sua humanidade, tampouco está dizendo que Maria não é sua Mãe. Jesus está dizendo que é Deus e por isso Ele pode mudar água em vinho, pode realizar curas, milagres e prodígios, para aquelas pessoas da Galileia, que não acreditavam Nele pois o conheciam e sabiam que Ele era filho de Maria. Eles não acreditavam na divindade de Jesus, como Pelágio. É interessante que no seu Evangelho Jesus nos deixou um fundamento seguro contra todas as heresias.

Maria é a Mãe da carne de Jesus, de sua humanidade, Mãe da fraqueza humana que Ele assumiu por nossa causa. Todavia, o milagre que o Filho realizaria seria graças à Sua divindade (cf. Jo 2, 1-12).