segunda-feira, 12 de setembro de 2016

São Guido de Anderlecht


Guido viveu entre os séculos X e XI, na Bélgica. Desde a infância, ele já demonstrava seu desapego dos bens terrenos. Ainda jovem deixa a casa dos pais e via ser sacristão em uma paróquia perto de Bruxelas. 

Quando ficou órfão, decidiu ser comerciante, pois teria mais recursos para auxiliar e socorrer os pobres e doentes. Mas após um fatalidade, o navio com suas mercadorias afundou, ele decidiu definitivamente seguir a vida religiosa. 

Guido vestiu o hábito de peregrino e pôs-se novamente no caminho da religiosidade, da peregrinação e assistência aos pobres e doentes. Percorreu durante sete anos as inseguras e longas estradas da Europa, levando conforto aos mais abandonados. 

Depois de tanto andar, Guido voltou para sua terra, residindo na cidade de Anderlecht. Nesta cidade ele morreu, com fama de santidade. Com o passar do tempo foi erguida uma igreja dedicada à ele, para guardar suas relíquias. 



Deus, nosso Pai, colocamos agora, neste momento, sob a vossa proteção todo o nosso agir e todo o nosso viver. Caminhemos hoje buscando a vossa face de luz. Em tudo procuremos a simplicidade, a cordialidade, o bom senso, o bom humor, a alegria cristã, pois lamúrias e tristeza para nada servem. Procuremos mais ajudar que ser ajudados, mais servir que ser servidos, mais somar que dividir, mais ouvir que aconselhar. Não faltemos com a cordialidade, o respeito, a sinceridade, sobretudo para com os que vivem juntos a nós. Por Cristo nosso Senhor. 

domingo, 11 de setembro de 2016

Somos cristãos e pastores


Não é de agora que vossa caridade sabe que nossa esperança está toda em Cristo e que nossa verdadeira glória de salvação é ele. Sois do rebanho daquele que guarda e apascenta Israel. Mas por haver pastores que apreciam este nome, porém não querem exercer seu ofício, vejamos o que a seu respeito diz o Profeta. Escutai vós com atenção; escutemos nós com temor.  

Foi-me dirigida a palavra do Senhor que dizia: Filho do homem, profetiza contra os pastores e dize aos pastores de Israel (Ez 34,1-2). Acabamos de ouvir a leitura deste trecho; resolvemos então falar-vos algo. O Senhor nos ajudará a dizer o que é verdadeiro, se não dissermos o que é nosso. Pois se dissermos o que é nosso seremos pastores a nos apascentar a nós, não as ovelhas. Se, ao contrário, dissermos o que é dele, será ele que vos apascenta por intermédio de quem quer que seja.  Assim diz o Senhor Deus: Ó pastores de Israel, que se apascentam a si mesmos! Acaso não são as ovelhas que os pastores têm de apascentar? (Ez 34,2) quer dizer, os pastores apascentam ovelhas, não a si mesmos. É este o primeiro motivo de repreensão a tais pastores, que apascentam a si e não as ovelhas. Quem são estes que se apascentam? O Apóstolo diz: Todos procuram seu interesse, não o de Jesus Cristo (Fl 2,21).  

Quanto a nós, a quem o Senhor, por sua benevolência e não por mérito nosso, estabeleceu neste cargo de que teremos difíceis contas a dar, devemos distinguir bem duas coisas: a primeira, somos cristãos, a segunda, somos bispos. Somos cristãos para nosso proveito; e somos bispos para vós. Como cristãos, atendemos ao proveito nosso; como bispos, somente ao vosso. E são muitos os cristãos não bispos que vão a Deus por caminho mais fácil talvez, e andam com tanto mais desembaraço quanto menos peso carregam. Nós, porém, além de cristãos, tendo de prestar contas a Deus de nossa vida, somos também bispos e teremos de responder a Deus por nossa administração.



Início do Sermão sobre os pastores, de Santo Agostinho, bispo

(Sermo 46,1-2: CCL 41,529-530)               (Séc.V)

Os cristãos devem usar o nome “Alá”?


Como é que a palavra Alá (ou Allah) se relaciona com o Islã e seus ensinamentos? Essa é uma pergunta difícil que os cristãos do século 21 devem considerar.

O que Allah” realmente significa?

O termo Allah (árabe: الله, Allāh ) é a palavra padrão árabe para Deus e é provavelmente derivada de uma contração do artigo árabe al- e Ilah , o que significa “divindade” ou “deus” pois al-lah que significa “a [única] divindade, Deus”. Há uma outra teoria que rastreia a etimologia da palavra para o aramaico Alaha.

Os falantes de árabe atuais de todas as origens religiosas (muçulmanos, cristãos e judeus) usam a palavra Alá para Deus. Na Arábia pré-islâmica, os pagãos de Meca usaram Allah como uma referência ao deus-criador, possivelmente, a divindade suprema.

A primeira tradução conhecida da Bíblia para o árabe, que foi realizada no século 9, usa a palavra Alá para Deus. De fato, os cristãos árabes estavam usando a palavra Alá para Deus antes do início do Islã, e é importante notar que eles estavam usando-na no lugar de Elohim, mas não no lugar de Yahweh. Isso significa que Deus é uma palavra genérica para Deus, mas não o nome pessoal de Deus (radicais muçulmanos no Ocidente afirmam que Allah, não Yahweh, ou qualquer outro nome Bíblia, é o nome do único Deus verdadeiro.)

Como exemplo mais próximo, cristãos e não-cristãos usam a palavra “Deus” em português, mas isso não torna o Deus da Bíblia o mesmo que o deus dos mórmons, as Testemunhas de Jeová ou outros. Outro exemplo é que quando as pessoas irreverentes usam a expressão “Oh, meu Deus!” em suas comunicações do dia-a-dia, não estão se referindo ao Deus da Bíblia, quando invocam esse termo.

Quando o profeta do Islã começou seu ministério em Meca, ele considerou unir os árabes sob um nome diferente para Deus. Seu favorito era Al-Rahman mas ele escolheu Allah para nomear seu deus. Após a propagação do Islã no Oriente Médio, os cristãos árabes continuaram a usar a palavra Allah uma vez que não tem nenhuma conotações negativa para eles pessoalmente. Mais uma vez, é importante compreender que, tanto antes como depois de Maomé, o Allah dos árabes não era o Allah dos cristãos árabes.

Atualmente, os muçulmanos afirmam que eles adoram o mesmo Deus como cristãos e judeus. Na verdade, a máquina de propaganda islâmica no Ocidente está tentando mudar nosso vocabulário português para acomodar crenças islâmicas. Antes de abordar o assunto, no entanto, eu gostaria de abordar um assunto controverso que está ganhando força entre os cristãos americanos, e está prejudicando enormemente a propagação do Evangelho entre os muçulmanos: a noção de que Allah era o nome de um deus da lua pagão no período pré-islâmico. Eu acredito que esta teoria é muito mal compreendida pelos evangélicos americanos, e está a ser misturada com o impulso islâmico de usar Allah em nosso vocabulário como seu nome ou como uma alternativa para a palavra Deus.

São João Gabriel Perboyre


João Gabriel Perboyre nasceu em 1802 na França, numa família de agricultores profundamente cristã. Era o primeiro dos oito filhos do casal, sendo educado para seguir a profissão do pai. 

Mas o menino era muito piedoso demonstrando desde a infância sua vocação religiosa. Assim aos catorze anos, junto com dois de seus irmãos ingressou na Congregação da Missão fundada por São Vicente de Paulo. 

João Gabriel recebeu a ordenação sacerdotal em 1826. Ficou alguns anos em Paris, como professor e diretor nos Seminários Vicentinos. Porém seu desejo era ser um missionário na China. 

Depois de várias tentativas, João Gabriel conseguiu chegar na China e viveu disfarçado, pois a presença de estrangeiros era proibida por lei. Entretanto foi denunciado e preso, na perseguição de 1839. Permaneceu um ano no cativeiro, sofrendo torturas cruéis, até ser amarrado à uma cruz e estrangulado, no dia 11 de setembro de 1840. 

Beatificado em 1889, João Gabriel foi proclamado Santo, pelo Papa João Paulo II, em 1996. Ele se tornou o primeiro missionário da China a ser declarado Santo pela Igreja. 



Deus eterno e todo-poderoso, que destes a Beato João Gabriel Perboyre a graça de lutar pela justiça até a morte, concedei-nos, por sua intercessão, suportar por vosso amor as adversidades, e correr ao encontro de vós que sois a nossa vida. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.

sábado, 10 de setembro de 2016

Para ser salvos precisamos deixar a autossuficiência, diz Papa

 
JUBILEU EXTRAORDINÁRIO DA MISERICÓRDIA

PAPA FRANCISCO

AUDIÊNCIA JUBILAR

Sábado, 10 de setembro de 2016
Com a sua morte e ressurreição, Jesus Cristo venceu a morte e o pecado para nos libertar do seu domínio. Alcançamos a salvação pelo seu Sangue; Ele é o Cordeiro que foi sacrificado por nós, para podermos receber uma vida nova de perdão, amor e alegria. Por Ele alcançamos a redenção. Atualmente a palavra «redenção» é pouco usada; parece que não agrada ao homem e à mulher de hoje pensar que foram libertos e salvos por uma intervenção de Deus; iludem-se que podem obter tudo com a força da sua própria liberdade; mas não é assim! Estas ilusões são vendidas com o pretexto de liberdade, mas quantas novas escravidões se criam nos nossos dias em nome duma falsa liberdade! Precisamos de Deus que nos liberte de todas as formas de indiferença, egoísmo e autossuficiência. Toda a nossa vida, apesar de marcada pela fragilidade do pecado, decorre sob o olhar de Deus que nos ama. E o seu amor é sem limites. Nunca esqueçamos que, tanto nas angústias e perseguições como nas aflições e sofrimentos de cada dia, somos sempre libertados pela mão misericordiosa de Deus, que nos aconchega a Si e conduz a uma vida nova. Podemos descobrir sinais sempre novos da sua solicitude por nós e sobretudo da sua vontade de nos preceder e alcançar com o seu amor e cumular da sua misericórdia.

Suicídio: cuidado e prevenção


Desde a década de 90 a Organização Mundial da Saúde trata o suicídio como um problema de saúde pública. Reduzir as taxas de suicídio é um desafio coletivo. Refletir sobre o tema é pensar sobre a vida e a morte, as possibilidades e os limites do agir humano. Trata-se, em última análise, de deparar-se com a realidade do próprio ser humano, do mundo e de Deus.

O que o suicida procura desesperadamente é uma saída no fim do túnel, uma fuga rápida e fácil para uma situação de extremo e insuportável sofrimento. O indivíduo, então, projeta suas fantasias nesta realidade misteriosa que ele conhece por morte. Ele não quer a morte em si, nem o que ela significa de fato, mas o que representa para o sujeito: a possibilidade real, talvez única, de parar de sofrer. 

A estrutura, o ambiente e a educação familiar são fundamentais para desenvolver níveis de felicidade que diminuam o instinto autodestrutivo. Aqui entram a ética e o cuidado para pensar preventivamente, atuando no sistema educacional, reconstruindo sentidos, resgatando valores, autorizando a expressão de sentimentos e pensamentos, fortalecendo os vínculos e a espiritualidade.

A ressurreição e a vida nova


O Verbo de Deus, Filho do eterno Pai, não abandonou a natureza humana que caminhava para a ruína, mas com a oblação do seu próprio corpo destruiu a morte, sob cujo domínio o homem tinha caído. Com os seus ensinamentos corrigiu a negligência humana e pelo seu poder restaurou tudo o que o gênero humano tinha perdido.
 
Quem ler os escritos dos autores sagrados verá tudo isto confirmado com a sua autoridade de discípulos do Salvador, quando dizem: O amor de Cristo nos impele, ao pensarmos que um só morreu por todos e que todos portanto morreram. Cristo morreu por todos, para que os vivos deixem de viver para si próprios, mas vivam para Aquele que morreu e ressuscitou por eles. E noutro lugar: Aquele Jesus que por um pouco foi infe- rior aos Anjos, vemo-l’O agora coroado de glória e de honra por causa da morte que sofreu, pois era necessário que pela graça de Deus experimentasse a morte em proveito de todos.
 
A seguir, o mesmo texto indica a razão pela qual só o Filho de Deus, e não qualquer outro, devia fazer-Se homem: Convinha, na verdade, que Deus, origem e fim de todas as coisas, querendo conduzir para a sua glória um grande número de filhos, levasse à glória perfeita pelo sofrimento o Autor da salvação. Estas palavras significam que libertar os homens da corrupção corresponde unicamente ao Verbo de Deus, por quem no princípio foram criados.
 
Se o Verbo tomou corpo, foi para poder oferecer-Se como vítima pelos que tinham corpos semelhantes ao seu, como de- clara a Escritura: Uma vez que os filhos têm o mesmo sangue e a mesma carne, também Ele compartilhou igualmente a mesma natureza, para reduzir à impotência, pela sua morte, aquele que tinha o poder sobre a morte, isto é, o diabo, e libertar aqueles que pelo receio da morte se encontravam durante a vida inteira sujeitos à escravidão. Assim, ao imolar o próprio corpo, pôs fim à lei que pesava sobre nós e, pela esperança da ressurreição, fez-nos começar uma vida nova.
 
Porque a morte tinha recebido dos homens as forças com que os dominara; mas pela encarnação do Verbo de Deus foi destruída a morte e restaurada a vida, como diz o Apóstolo: Uma vez que a morte veio por um homem, também por um homem veio a ressurreição dos mortos; porque do mesmo modo que em Adão todos morrem, assim também em Cristo serão todos restituídos à vida. Já não morremos como condenados, mas morremos com a esperança de ressuscitar dos mortos, no dia da ressurreição universal que Deus realizará e nos concederá a seu tempo.


Dos Sermões de Santo Atanásio, bispo
(Oratio de incarnatione Verbi, 10: PG 25, 111-114) (Sec. IV)

Mês da Bíblia 2016 traz como proposta de estudo o livro do profeta Miqueias.


Miqueias, termo hebraico que pode ser traduzido por “quem como Javé?”, uma espécie de aclamação litúrgica, nasceu em Morasti – aldeia situada no interior de Judá, perto da cidade de Gat, a cerca de 30 km a sudoeste da capital Jerusalém –, em meio à realidade conflitiva e sofrida dos camponeses, vítimas dos grandes proprietários de terra e do exército.

Ao abrirmos o livro do profeta Miqueias, deparamo-nos com fortes denúncias e julgamentos severos contra as autoridades do seu tempo. À luz de seu sofrimento e de sua mística, o profeta acredita que Javé, o Deus da vida, não compactua com a realidade de injustiça. No século VIII a.C., Judá passou por momentos muito difíceis, como guerras constantes, expropriação de produtos e de terras dos camponeses, recrutamento para os exércitos e para as obras públicas.

A situação em que vivemos não mudou muito. Os conflitos em torno da posse da terra continuam e muitas pessoas são assassinadas por defenderem o direito à terra. Enfrentamos altas tributações no campo e na cidade, e as autoridades políticas defendem seus próprios interesses. Cresce o desemprego e a violência, o que faz o medo e a insegurança se tornarem parte do nosso cotidiano. Impera a lógica do “salve-se quem puder”. Com os pés fincados no século VIII a.C. e em nossa realidade, queremos reler a profecia de Miqueias, buscando luzes para iluminar a nossa pastoral.

Como porta-voz da população camponesa, esmagada pelo sofrimento, Miqueias grita:

Escutem bem, chefes de Jacó, governantes da casa de Israel! Por acaso, não é obrigação de vocês conhecer o direito? Inimigos do bem e amantes do mal, vocês arrancam a pele das pessoas e a carne de seus ossos. Vocês são gente que devora a carne do meu povo e arranca suas peles; quebra seus ossos e os faz em pedaços, como um cozido no caldeirão. Depois, vocês gritarão a Javé, mas ele não responderá. Nesse tempo, ele esconderá o rosto, por causa da maldade que vocês praticaram (Mq 3,1-4).[1]

Podemos ouvir a voz do profeta nos capítulos 1-3, oráculos escritos no fim do século VIII a.C., período no qual a Palestina era dominada pelo império assírio. Com base nesses capítulos, é possível enxergar a dura realidade do povo, esmagado pelos tributos entregues ao império e aos dirigentes de Judá. Além disso, o povo era explorado pelos fazendeiros, militares e comerciantes, com a sucessiva perda de seus próprios direitos: família, casa e terra (2,1-11). O profeta denuncia a absoluta miséria e a opressão de seus irmãos, que carinhosamente chama de “meu povo” e também “meus ossos”.