domingo, 6 de novembro de 2016

Cristo quis salvar o que estava perdido


Irmãos: Devemos acreditar em Jesus Cristo, verdadeiro Deus, juiz dos vivos e dos mortos, e tornar-nos conscientes da importância da nossa salvação. Com efeito, se damos pouca importância a estas realidades, também é pouco o que esperamos receber. Os que ouvem falar destas realidades sem lhes dar atenção, pecam; e todos nós pecamos se recusamos conhecer quem nos chama, a causa e a finalidade do seu chamamento, os sofrimentos que Jesus Cristo padeceu por nós. 

Que retribuiremos nós ao Senhor, que fruto podemos oferecer-Lhe que seja digno do que Ele nos deu? Quantos benefícios Lhe devemos! Deu-nos a existência, chamou-nos lhos como nosso verdadeiro Pai, salvou-nos quando estávamos perdidos. Que louvor ou retribuição Lhe poderemos dar para compensar tudo quanto recebemos? O nosso espírito estava tão enfraquecido que adorávamos pedras e madeiras, ouro, prata e bronze trabalhados pela mão dos homens; toda a nossa vida não era senão morte. Estávamos envoltos nas trevas e cheios de escuridão no nosso olhar; e por sua graça recuperamos a vista, fazendo desaparecer a névoa que nos rodeava. 

Vendo-nos extraviados no caminho da morte e sabendo que fora d’Ele não tínhamos esperança de salvação, compadeceu-Se de nós e salvou-nos pela sua misericórdia. Chamou-nos à vida quando não existíamos, quis que passássemos do nada à existência.

Exulta, ó estéril, que não tiveste filhos; entoa cânticos de alegria, tu que não deste à luz, porque serão mais numerosos os lhos da desamparada que os daquela que tem marido.

Ao dizer: Exulta, ó estéril, que não tiveste filhos, refere-se a nós, porque era estéril a nossa Igreja, antes de receber os seus lhos. Ao dizer: Entoa cânticos de alegria, tu que não deste à luz, exorta-nos a elevar confiadamente as nossas preces a Deus sem desfalecimento. E ao dizer: Porque serão mais numerosos os lhos da desamparada que os daquela que tem marido, quer significar que o nosso povo parecia abandonado e privado de Deus, mas agora, mediante a fé, tornamo-nos mais numerosos do que aqueles que eram considerados os adoradores de Deus. 

Também se diz noutro lugar da Escritura: Não vim chamar os justos mas os pecadores. Assim fala o Senhor para nos fazer compreender a sua vontade de salvar os que andam perdidos. O que é verdadeiramente grande e admirável não é sustentar o que está firme, mas o que ameaça ruína. Foi o que fez Jesus Cristo: quis salvar o que andava perdido e de fato salvou a muitos, quando nos veio chamar a nós que estávamos em risco de nos perdermos.



Início da Homilia de um autor do século II

(Cap. 1, 1 – 2, 7: Funk, 1, 145-149)

Pentateuco: Livro dos Números


Integrado no grande bloco da Torá ou Pentateuco, o livro dos NÚMEROS recebeu este nome na tradução grega dos Setenta, por abrir com os números do recenseamento do povo hebraico e, depois, apresentar outros recenseamentos ao longo da narrativa (cap. 1-4 e 26). Relacionados com este título podem estar ainda os números das ofertas dos chefes (cap. 7), das ofertas, libações e sacrifícios a oferecer pelo povo (cap. 15 e 28-29). Trata-se, porém, de um livro narrativo com alguns trechos legislativos, que se enlaça com o Êxodo, do qual está literariamente separado pelo código legislativo do Levítico.

CONTEÚDO E DIVISÃO

O conteúdo deste livro abrange as peripécias ou vicissitudes da caminhada pelo deserto, desde o Sinai até às margens do rio Jordão, fronteira oriental da Terra Prometida. No aspecto histórico, a narrativa pode dividir-se em três grandes sequências literárias:

I. No deserto do Sinai (1,1-10,10). Referem-se as ordens de Deus para a caminhada através do deserto com a disposição do acampamento das tribos, os deveres dos levitas e outras leis de carácter ritual.

II. Do Sinai a Moab (10,11-21,35). Os acontecimentos mais importantes desta segunda parte estão marcados por etapas geográficas, algumas das quais são difíceis de identificar. Descreve-se a caminhada directa para Cadés-Barnea, mesmo na fronteira sul de Canaã e, depois, a inflexão para oriente e a errância penosa durante quarenta anos através do deserto até à chegada a Moab, já na fronteira da Terra Prometida.

III. Na região de Moab (22,1-36,13). Começando com a bênção de Balaão, as narrativas desta terceira parte apresentam um novo recenseamento dos israelitas, descrevem a nomeação de Josué para substituir Moisés, contêm algumas prescrições de carácter cultual, narram a luta contra os madianitas e a partilha de Canaã com a instalação das tribos de Rúben, Gad e parte de Manassés em Guilead, na Transjordânia, e a recapitulação das etapas do Êxodo.

Como tal, no seu encadeamento histórico, o livro dos NÚMEROS é inseparável da epopeia do Êxodo. Mas, também nele, é preciso ter presente que as narrativas foram redigidas bastante depois dos acontecimentos históricos, à luz da perspectiva da fé e da celebração litúrgica do templo de Jerusalém, já na Terra Prometida.

A redacção definitiva deste livro deve colocar-se em data posterior ao exílio da Babilónia. Certas leis, sobretudo, são determinadas pela prática ritual estabelecida pelos sacerdotes após o Exílio (séc. VI-V). De resto, só bastante tardiamente, graças a tradições orais muito antigas de proveniência diversa e a fontes documentais variadas, transmitidas como “memória do passado histórico”, é que terá sido possível cerzir em unidade literária o conjunto das leis e a sequência dos acontecimentos.

São Leonardo de Noblac


Leonardo nasceu no ano 491 na província da Gália. Na juventude Leonardo não quis seguir a carreira das armas, preferindo viver ao lado do Bispo da região. Só mais tarde Leonardo decidiu ingressar num mosteiro para se dedicar somente à vida religiosa. 

Mais tarde buscou o isolamento para meditar e viver sua fé na oração. Encontrou o lugar certo para isso num bosque afastado. Lá havia apenas uma casa tosca e simples que lhe servia de morada. Mas seu sossego durou pouco pois a cada dia crescia o número de pessoas que vinham atrás de seus conselhos, orações e consolo. 

A história nos narra que o monge Leonardo auxiliou os trabalhos de parto da rainha Clotilde, esposa do rei Clodoveu. Como recompensa o rei doou aquelas terras à Leonardo, que ergueu um altar à Nossa Senhora e aos poucos se tornou uma intensa e fervorosa comunidade religiosa, culminando com a construção do mosteiro de Noblac. 

Diz a tradição que o monge Leonardo, só deixava o mosteiro quando alguma missão o exigia, especialmente quando se tratava de resgatar e converter os pagãos encarcerados. O culto de Santo Leonardo de Noblac, uma das devoções mais antigas dos fieis franceses, se propagou em todo o mundo cristão e foi reconhecido pela Igreja.


Ó Senhor Deus, fazei que a exemplo dos santos saibamos apresentar-nos diante de Vós como uma oferenda agradável e pura, agora e na hora de nossa morte. Amém. São Leonardo de Noblac, rogai por nós.

sábado, 5 de novembro de 2016

Papa celebra missa em sufrágio de cardeais e bispos falecidos


HOMILIA
Santa Missa em memória de cardeais e bispos falecidos
Basílica de São Pedro
Sexta-feira, 4 de novembro de 2016

“Misericordioso e piedoso é o Senhor” (Sal 102, 8)

O mês de novembro, que a piedade cristã dedica à memória dos fiéis falecidos, suscita a cada ano na Comunidade eclesial o pensamento da vida além da morte e, sobretudo, o pensamento do encontro definitivo com o Senhor. Ele se fará juiz do nosso percurso terreno; um juiz cujas características são a misericórdia e a piedade, como nos recordou o salmista. Conscientes disso, estamos reunidos em torno do altar do Senhor na oração de sufrágio pelos cardeais e bispos que concluíram sua jornada terrena ao longo dos últimos doze meses. E enquanto os confiamos, uma vez mais, à bondade misericordiosa do Pai, renovamos o nosso reconhecimento pelo testemunho cristão e sacerdotal que nos deixaram.

Estes nossos irmãos atingiram a meta, depois de ter servido à Igreja e amado o Senhor Jesus, naquela certeza de amor que o apóstolo Paulo nos recordou na segunda leitura: “Quem nos separará do amor de Cristo?” (Rm 8, 35). É a fé no amor de Cristo, da qual nada pode nos separar: nem tribulações, nem angústias, nem perseguições, nem perigo, nem morte, nem vida…Esses tiveram bem claras também as palavras do livro da Sabedoria: “Os fiéis no amor permanecerão junto a Ele” (3, 9). E sabiam bem que a nossa peregrinação terrena termina junto à casa do Pai celeste e que só ali se encontra a linha de chegada, o descanso e a paz. Àquela casa nos conduz o Senhor Jesus, nosso caminho, verdade e vida.

O caminho rumo à Casa do Pai começa, para cada um de nós, no próprio dia em que abrimos os olhos à luz e, mediante o Batismo, à graça. Uma etapa importante deste caminho, para nós sacerdotes e bispos, é o momento em que pronunciamos o “eis-me aqui!” durante a Ordenação sacerdotal. Daquele momento estamos de modo especial unidos a Cristo associados ao seu Sacerdócio ministerial. Na hora da morte, pronunciaremos o último “eis-me aqui”, unidos àquele de Jesus, que morreu confiando o seu espírito às mãos do Pai (cfr Lc 23, 46). Os cardeais e bispos que hoje recordamos na oração, por toda a sua vida, especialmente depois de tê-la consagrada a Deus, se dedicaram a testemunhar e dar aos outros o amor de Jesus. E, com a palavra e o exemplo, exortaram os fiéis a fazerem o mesmo. 

Levemos sempre em nós a morte de Cristo


Diz o Apóstolo: O mundo está crucificado para mim e eu para o mundo. Depois, para nos ensinar que há nesta vida uma boa morte, exorta-nos a levar em nosso corpo a morte de Jesus, a fim de que também se manifeste em nosso corpo a vida do Senhor Jesus. Atue, portanto, a morte em nós, a fim de que atue também a vida. A vida boa depois da morte é a vida boa depois da vitória, a vida boa depois do combate, vida em que a lei da carne já não se opõe à lei do espírito, em que não temos de lutar contra este corpo mortal, porque o próprio corpo mortal alcançou a vitória. Não sei bem dizer se esta morte tem maior poder que a vida. Sou guiado pela autoridade do Apóstolo, que afirma: Portanto a morte atua em nós e a vida em vós. Quantos povos alcançaram a vida pela morte de um só! Por isso ensina o Apóstolo que nesta vida devemos desejar aquela morte, afim de que resplandeça em nosso corpo a morte de Cristo, aquela bem-aventurada morte pela qual se dissolve o homem exterior para que se renove o homem interior, e se desfaz a nossa habitação terrestre para que se abra para nós a morada celeste.

Imita a morte do Senhor quem renuncia à vida segundo a carne e se liberta daquelas cadeias de que te fala o Senhor por meio de Isaías: Desfaz as cadeias injustas, desata os laços da servidão, liberta os oprimidos e destrói todos os jugos. 

O Senhor aceitou sujeitar-Se à morte para acabar com a culpa; mas para que a morte não pusesse fim à natureza humana, foi-nos dada a ressurreição dos mortos. Deste modo, a culpa foi destruída pela morte e a natureza é perpetuada pela ressurreição.

Por isso a morte é uma passagem universal. É preciso que a tua vida seja uma contínua passagem: da corrupção para a incorrupção, da mortalidade para a imortalidade, da perturbação para a tranquilidade. Não te perturbe o nome da morte; ao contrário, alegra-te com os benefícios desta feliz passagem. Na verdade, que é a morte senão a sepultura dos vícios e a ressurreição das virtudes? Por isso se diz na Escritura: Tenha eu a morte dos justos, quer dizer: seja eu sepultado como eles, renunciando aos vícios e adquirindo a graça dos justos, que trazem sempre no seu corpo e na sua alma a morte de Cristo. 



Do tratado de Santo Ambrósio, bispo, sobre o bem da morte

(Cap. 3, 9; 4, 15: CSEL 32, 710.716-717) (Sec. IV)

Pentateuco: Livro do Levítico


A Bíblia Hebraica intitulava o terceiro livro do Pentateuco: Wayyiqra (“E chamou”). No entanto, a tradução grega do hebraico (Setenta) chamou-lhe LEVÍTICO, certamente pela importância da função litúrgica nele atribuída aos levitas. Levi era um dos filhos de Jacob (Ex 1,2), cuja tribo deveria situar-se no sul da Palestina e foi escolhida para o serviço religioso e sacerdotal do templo (Dt 10,8-9). Este seria, pois, o livro do culto do povo da aliança.

CONTEÚDO E DIVISÃO

Os acontecimentos narrados pelo LEVÍTICO situam-se durante a grande viagem desde o Egipto até à terra de Israel, no ambiente geográfico e sobretudo teológico da aliança do Sinai e em estreita ligação com o Êxodo e os Números. Os últimos capítulos do Êxodo (25-40) são litúrgicos e fazem uma ligação perfeita com o LEVÍTICO, que é totalmente litúrgico, e a numerosa legislação deste relaciona-se intimamente com o Êxodo (Ex 25,1-29; 31; 35-40).

Apenas algumas tradições antigas devem pertencer ao tempo histórico da travessia do Sinai, pois toda a estrutura do culto aqui regulamentada supõe um povo sedentarizado e o culto do templo bem organizado. Trata-se, talvez, de uma recolha feita pelos sacerdotes de Jerusalém, já depois do Exílio (séc.VI).

O trágico acontecimento do Exílio diz bem da importância que o culto tinha para este povo. Sem as seguranças que lhe vinham do rei, a Israel restava a Lei (proclamada agora talvez nas primeiras sinagogas) e o sacerdócio que mantinha o culto do templo, onde o povo se reunia para as grandes festas, que faziam reviver a sua consciência de povo de Deus.

O autor, ao situar todo este enorme conjunto de leis cultuais num único local e antes da partida do Sinai, com a qual começa o livro dos Números, pretende atingir vários objectivos: primeiro, dizer que todas as leis devem ter o seu fundamento na aliança do Sinai, graciosamente oferecida por Deus ao seu povo, e que o culto deve ser uma resposta a essa aliança; depois, atribuir toda esta legislação à mediação de Moisés, que foi o primeiro organizador do povo de Deus. No entanto, quando estas leis cultuais foram codificadas aqui, já eram praticadas no culto do templo. Isso não obsta a que algumas delas sejam tão antigas que se percam no tempo.

Mas o culto do povo da aliança não pode limitar-se apenas aos ritos litúrgicos. Daí a inserção, neste livro, de um “Código de Santidade”, que pertencia também ao ambiente dos sacerdotes-catequistas do templo. O conteúdo do LEVÍTICO pode alinhar-se, então, em seis grandes secções, constituindo as quatro primeiras um “Código sacerdotal”. Teríamos, portanto, a seguinte divisão:

São Zacarias e Santa Isabel


Embora os nomes destes santos não estejam presentes no Calendário Litúrgico da Igreja, há muitos séculos a tradição cristã consagrou este dia à veneração da memória de São Zacarias e Santa Isabel, pais de São João Batista. 

Encontramos a sua história narrada no magnífico Evangelho de São Lucas, onde ele descreveu que havia no tempo de Herodes, rei da Judéia, um sacerdote chamado Zacarias; a sua mulher pertencia à descendência de Aarão e se chamava Isabel. Eles viviam na aldeia de Ain-Karim e tinham parentesco com a Sagrada família de Nazaré. 

Foram escolhidos por Deus por sua fé inabalável, pureza de coração e o grande amor que dedicavam ao próximo. Zacarais e Isabe eram um casal de idosos e infelizmente Isabel era estéril. Mas foi por sua esterilidade que ela se tornou uma grande personagem feminina na historia religiosa do povo de Deus. 

O anjo do Senhor apareceu ao velho sacerdote Zacarias no templo e lhe disse que sua mulher Isabel teria um filho que levaria o nome de João. Zacarias inicialmente se manteve incrédulo e para que pudesse crer precisou de um sinal: ele ficou mudo até que João veio à luz do mundo. 

Conta-nos o Evangelho que Maria esteve com Isabel auxiliando-a durante sua gravidez. Após o nascimento de João, Zacarias e Isabel se recolheram à sombra da fama do filho, como convém aos que sabem ser o instrumento do Criador. Com humildade, se alegraram e se satisfizeram com a santidade da missão dada ao filho, sendo fieis a Deus até a morte.


São Zacarias e Santa Isabel, intercedei junto a Deus para que nossos filhos sejam abençoados como o fostes vós e vosso João Batista, anunciando o Evangelho que nos conduz ao Caminho, Verdade e à Vida. Que sejamos irrepreensíveis diante do Senhor, como fostes Vós, São Zacarias e Santa Isabel. Que os anjos nos conduzam e que todos os casais possam viver nessa plenitude de santidade que vós vivestes. Amém.

sexta-feira, 4 de novembro de 2016

CNBB lembra tragédia do rompimento da barragem de Fundão em Mariana (MG) em Nota Oficial


NOTA SOBRE UM ANO DA "TRAGÉDIA DE MARIANA"

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil - CNBB, por intermédio de sua Presidência, traz à memória a tragédia que causou inúmeras vítimas, com o rompimento da Barragem de Fundão, no distrito de Bento Rodrigues, município de Mariana – MG, no dia 5 de novembro de 2015. As consequências, ainda em curso, alastradas por comunidades e cidades de Minas Gerais e do Espírito Santo, chegam até o Oceano Atlântico, causando danos socioambientais, econômicos e culturais incalculáveis. Um ano depois, constata-se que, a bacia Rio Doce ainda está longe de apresentar os desejáveis sinais de recuperação.

Esse acontecimento não pode ser esquecido nem banalizado. A imensidão de lama, de rejeitos de minério da barragem rompida, ao atingir as famílias, levou consigo suas casas, seus meios de sustentação e, na sua face mais cruel, a própria vida de dezenove pessoas. Nossa voz faz ecoar o grito dos que clamam pela apuração dos fatos, responsabilização dos culpados e justa indenização dos atingidos.