O Catecismo da Igreja
Católica ensina que "a celebração dominical do Dia e da Eucaristia do
Senhor está no coração da vida da Igreja. O domingo, dia em que por tradição
apostólica se celebra o Mistério Pascal, deve ser guardado em toda a Igreja
como dia de festa de preceito por excelência." (CIC 2177) Portanto, o
católico tem a obrigação de participar da celebração dominical.
Mas, em que consiste esta celebração? O mesmo Catecismo segue ensinando:
"O mandamento da Igreja determina e especifica a lei do Senhor:
‘Aos domingos e nos outros dias de festa de preceito, os fiéis têm a obrigação
de participar da missa’. Satisfaz o preceito de participar da missa quem
assiste à missa celebrada segundo o rito católico no próprio dia da festa ou à
tarde do dia anterior. (CIC 2180)
A celebração que
cumpre o preceito é a Santa Missa e o motivo é bastante simples, pois é a
"Eucaristia do domingo [que] fundamenta e sanciona toda a prática
cristã", diz o Catecismo. E continua dizendo que:
"Por isso os fiéis são obrigados a participar da Eucaristia nos
dias de preceito, a não ser por motivos muito sérios (por exemplo, uma doença,
cuidado com bebês) ou se forem dispensados pelo próprio pastor. Aqueles que deliberadamente
faltam a esta obrigação cometem pecado grave."
(CIC 2181)
Por esse parágrafo do
Catecismo é possível dimensionar a importância da participação na Eucaristia
dominical. O Código de Direito Canônico regulamenta:
Cân 1248: § 2. Por falta de ministro sagrado ou por outra grave causa,
se a participação na celebração eucarística se tornar impossível, recomenda-se
vivamente que os fiéis participem da liturgia da Palavra, se houver, na igreja
paroquial ou em outro lugar sagrado, celebrada de acordo com as prescrições do
Bispo diocesano; ou então se dediquem à oração por tempo conveniente,
pessoalmente ou em família, ou em grupos de família de acordo com a
oportunidade."
Infelizmente, está
sendo propagada no Brasil a opinião de que a Celebração da Palavra e a Santa
Missa têm o mesmo peso e importância. Tal opinião é errada e contrária à lei da
Igreja. Além dos documentos já citados, sabendo da importância do domingo para
o católico, o Papa João Paulo II publicou a Carta Apostólica Dies Domini, no
ano de 1998, falando exclusivamente sobre esse tema:
"8. O domingo, segundo a experiência cristã, é sobretudo uma festa
pascal, totalmente iluminada pela glória de Cristo ressuscitado. É a celebração
da « nova criação ». Este seu caráter, porém, se bem entendido, é inseparável
da mensagem que a Escritura, desde as suas primeiras páginas, nos oferece
acerca do desígnio de Deus na criação do mundo. Com efeito, se é verdade que o
Verbo Se fez carne na « plenitude dos tempos » (Gal 4,4), também é certo que,
em virtude precisamente do seu mistério de Filho eterno do Pai, Ele é origem e
fim do universo. Afirma-o S. João, no Prólogo do seu Evangelho: « Tudo começou
a existir por meio d'Ele, e sem Ele nada foi criado » (1,3). Também S. Paulo,
ao escrever aos Colossenses, o sublinha: « N'Ele foram criadas todas as coisas,
nos Céus e na Terra, as visíveis e as invisíveis [...]. Tudo foi criado por Ele
e para Ele » (1,16). Esta presença ativa do Filho na obra criadora de Deus
revelou-se plenamente no mistério pascal, no qual Cristo, ressuscitando como «
primícia dos que morreram » (1 Cor 15,20), inaugurou a nova criação e deu
início ao processo que Ele mesmo levará a cabo no momento do seu retorno
glorioso, « quando entregar o Reino a Deus Pai [...], a fim de que Deus seja
tudo em todos » (1 Cor 15,24.28)."
"18. Por esta dependência essencial que o terceiro mandamento tem
da memória das obras salvíficas de Deus, os cristãos, apercebendo-se da
originalidade do tempo novo e definitivo inaugurado por Cristo, assumiram como
festivo o primeiro dia depois do sábado, porque nele se deu a ressurreição do
Senhor. De fato, o mistério pascal de Cristo constitui a revelação plena do
mistério das origens, o cume da história da salvação e a antecipação do
cumprimento escatológico do mundo. Aquilo que Deus realizou na criação e o que
fez pelo seu povo no êxodo, encontrou na morte e ressurreição de Cristo o seu
cumprimento, embora este tenha a sua expressão definitiva apenas na parusia,
com a vinda gloriosa de Cristo. N'Ele se realiza plenamente o sentido «
espiritual » do sábado, como o sublinha S. Gregório Magno: « Nós consideramos
verdadeiro sábado a pessoa do nosso Redentor, nosso Senhor Jesus Cristo ». Por
isso, a alegria com que Deus, no primeiro sábado da humanidade, contempla a
criação feita do nada, exprime-se doravante pela alegria com que Cristo
apareceu aos seus, no domingo de Páscoa, trazendo o dom da paz e do Espírito
(cf.Jo 20,19-23). De fato, no mistério pascal, a condição humana e, com ela,
toda a criação, que geme e sofre as dores de parto até ao presente (cf. Rom
8,22) conheceu o seu novo « êxodo » para a liberdade dos filhos de Deus, que
podem gritar, com Cristo, « Abba, Pai » (Rom 8,15; Gal 4,6). À luz deste
mistério, o sentido do preceito vetero testamentário do dia do Senhor é
recuperado, integrado e plenamente revelado na glória que brilha na face de
Cristo Ressuscitado (cf. 2 Cor 4,6). Do « sábado » passa-se ao « primeiro dia
depois do sábado », do sétimo dia passa-se ao primeiro dia: o dies Domini
torna-se o dies Christi!" (DD)
Para aqueles que,
mesmo diante dessa farta documentação, ainda insistem em colocar em igual nível
de importância a Celebração da Palavra e a Santa Missa, existe a Instrução
Redemptionis Sacramentum, que versa sobre alguns itens que se devem observar e
evitar acerca da Santíssima Eucaristia. Ela foi publicada pela Congregação para
o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, em 25 de março de 2004 e
especificamente sobre o preceito dominical ela diz que:
"A Igreja, no dia que se chama «domingo», reúne-se fielmente para
comemorar a ressurreição do Senhor e todo o mistério pascal, especialmente pela
celebração da Missa. De fato, «nenhuma comunidade cristã se edifica se não tem
sua raiz e tronco na celebração da Santíssima Eucaristia». Pois o povo cristão
tem direito a que seja celebrada a Eucaristia em seu favor, aos domingos e
festas de preceito, ou quando ocorram outros dias festivos importantes, e
também diariamente, na medida do possível. Por isto, quando no domingo há
dificuldade para a celebração da Missa, na igreja paroquial ou noutra
comunidade de fiéis, o Bispo diocesano busque as soluções oportunas, juntamente
com o presbitério. Entre as soluções, as principais serão chamar para isto a
outros sacerdotes ou que os fiéis se transladem para outra igreja de um lugar
circunvizinho, para participar do mistério eucarístico.
Todos os sacerdotes, a quem tem sido entregue o sacerdócio e a
Eucaristia «para» os outros, lembrem-se de que seu encargo é para que todos os
fiéis tenham oportunidade de cumprir com o preceito de participar na Missa do
domingo. Por sua parte, os fiéis leigos têm direito a que nenhum sacerdote, a
não ser que exista verdadeira impossibilidade, nunca rejeite celebrar a Missa
em favor do povo, ou que esta seja celebrada por outro sacerdote, se de diverso
modo não se pode cumprir o preceito de participar na Missa, no domingo e nos
outros dias estabelecidos.
«Quando falta o ministro sagrado ou outra causa grave fez impossível a
participação na celebração eucarística», o povo cristão tem direito a que o
Bispo diocesano, quando possível, procure que se realize alguma celebração
dominical para essa comunidade, sob sua autoridade e conforme às normas da
Igreja. Por isso, esta classe de Celebrações dominicais especiais devem ser
consideradas sempre como absolutamente extraordinárias. Portanto, quer sejam
diáconos ou fiéis leigos, todos os que têm sido encarregados pelo Bispo
diocesano para tomar parte neste tipo de Celebrações, «considerarão como
mantida viva na comunidade uma verdadeira "fome" da Eucaristia, que
leve a não perder ocasião alguma de ter a celebração da Missa, inclusive
aproveitando a presença ocasional de um sacerdote que não esteja impedido pelo
direito da Igreja para celebrá-la».