sexta-feira, 3 de novembro de 2017

Palavra de Vida: “O maior de entre vós será o vosso servo” (Mt 23,11).


Jesus, falando à multidão que   o seguia, anunciou a novidade   do estilo de vida daqueles que   querem ser seus discípulos. É   um estilo “contracorrente”, em   relação com a mentalidade da   época (1).

Naquele tempo, como também   agora, era fácil fazer discursos   moralistas, mas não viver coerentemente. Pelo contrário, cada um procurava, para si próprio, lugares de prestígio no ambiente social, formas de subir, e servir-se dos outros para obter vantagens pessoais.

Aos seus, Jesus pede para terem uma outra lógica, no relacionamento com os outros: aquela que Ele próprio viveu.

«O maior de entre vós será o vosso servo».

Chiara Lubich, comunicando a sua experiência espiritual, num encontro com pessoas desejosas de saber como viver o Evangelho, disse:

«Devemos sempre dirigir o nosso olhar para o único Pai de muitos filhos. Depois, olhar para todas as criaturas como filhos de um único Pai… Jesus, nosso modelo, ensinou-nos apenas duas coisas que são uma só: sermos filhos de um único Pai e irmãos uns dos outros… Portanto, Deus convida-nos à fraternidade universal» (2).

Esta é a novidade: amar todos como fez Jesus, porque todos são – como eu, como tu, como qualquer pessoa sobre a Terra – filhos de Deus, por Ele amados e por quem Ele espera desde sempre.

Descobre-se assim que o irmão que devemos amar concretamente, também com os músculos, é cada uma das pessoas que encontramos no dia-a-dia. É o pai, a sogra, o filho pequeno e o rebelde; o prisioneiro, o mendigo e o deficiente; o chefe de serviço e a senhora das limpezas; o companheiro de partido, e aqueles que têm ideias diferentes das nossas; aqueles que professam a mesma fé e cultura, e também os estrangeiros.

A atitude tipicamente cristã de amar o irmão é pôr-se ao seu serviço:

«O maior de entre vós será o vosso servo».

O Amor não é Amado


Um dia, Frei Leão, o fiel "secretário" do Poverello, sempre atento a tudo o que acontecia na vida do Pai e Irmão Francisco, o ouviu a chorar, a poucos metros desta Basílica, e, mesmo com certa dificuldade, conseguiu ouvir aquelas célebres palavras do “Estigmatizado da Verna”: “o amor não é amado”, “o amor não é amado”. Com muito respeito, como o que tem aquele que entra no santuário da mais profunda intimidade de um homem de Deus, Leão pergunta: “Porque choras, Frei Francisco?”. Francisco não responde, apenas continua a dizer: “o amor não é amado”, “o amor não é amado”…

Leão, talvez para consolá-lo, mas totalmente convencido do que dizia, interrompe o choro de Francisco e lhe diz: “Mas Francisco, não te parece que já fizeste o bastante por Jesus deixando o teu pai e a tua mãe, os teus amigos e um futuro de glória?” E Francisco responde: “Não, não é o bastante”.

quinta-feira, 2 de novembro de 2017

Eles dormem na Paz


No dia 2 de novembro, fazemos a comemoração de todos os fiéis defuntos, dos nossos falecidos, daqueles que estiveram conosco e hoje estão na eternidade, os “finados”, aqueles que chegaram ao fim da vida terrena e já começaram a vida eterna. Portanto, não estão mortos, estão vivos, mais até do que nós, na vida que não tem fim, “vitam venturi saeculi”. Sua vida não foi tirada, mas transformada. Por isso, o povo costuma dizer dos falecidos: “passou desta para a melhor!” Olhemos, portanto, a morte com os olhos da fé e da esperança cristã, não com desespero, pensando que tudo acabou. Uma nova vida começou eternamente.

Para nosso consolo, ouçamos a Palavra de Deus: “Deus não criou a morte e a destruição dos vivos não lhe dá alegria alguma. Ele criou todas as coisas para existirem... e a morte não reina sobre a terra, porque a justiça é imortal” (Sb 1, 13-15).

Os pagãos chamavam o local onde colocavam os seus defuntos de necrópole, cidade dos mortos. Os cristãos inventaram outro nome, mais cheio de esperança, “cemitério”, lugar dos que dormem. É assim que rezamos por eles na liturgia: “Rezemos por aqueles que nos precederam com o sinal da fé e dormem no sono da paz”.

Os santos encaravam a morte com esse espírito de fé e esperança. Assim São Francisco de Assis, no cântico do Sol: “Louvado sejais, meu Senhor, pela nossa irmã, a morte corporal, da qual nenhum homem pode fugir. Ai daqueles que morrem em pecado mortal! Felizes dos que a morte encontra conformes à vossa santíssima vontade! A estes não fará mal a segunda morte”. “É morrendo que se vive para a vida eterna!”. S. Agostinho nos advertia, perguntando: “Fazes o impossível para morrer um pouco mais tarde, e nada fazes para não morrer para sempre?”

O Valor da Linguagem Simbolista


Após a acerba campanha ou desconfiança que o racionalismo do séc. XIX ocasionou contra o simbolismo, diz-se que hoje em dia o mundo ocidental (a cultura européia e americana) está de novo descobrindo o valor dos símbolos.

Com efeito, os recentes estudiosos da história, da psicologia, e até da psicanálise, afirmam cada vez mais categoricamente que o recurso a imagens e figuras é espontâneo ao indivíduo que pensa e fala; constitui uma exigência da natureza psicofísica do homem. Este adquire, sim, todas as suas noções a partir dos sentidos ou de imagens materiais; e, embora reflita sobre estas, abstraindo conceitos universais, metafísicos, jamais se pode desvencilhar, nem ao raciocinar nem ao exprimir as suãs conclusões, das figuras sensíveis donde parte o seu conhecimento. Mesmo no homem moderno, por mais "racionalista" que pretenda ser, tem sido comprovada a sobrevivência subconsciente de grande número de imagens, símbolos, que são o suporte e veículo de sua ciência. Isto quer dizer também: mesmo o indivíduo mais "realista" vive de imagens; e este simbolismo subconsciente é às vezes mais forte do que a vida consciente do indivíduo. O que o homem pode fazer, é apenas camuflar ou mutilar os símbolos; nunca, porém, os consegue eliminar de sua mente. O simbolismo tem por fim exprimir as mais secretas modalidades, os finos matizes dos objetos, ou ainda aquilo que a intuição apreende, mas as fórmulas já não sabem traduzir adequadamente. A imaginação, devidamente utilizada, mostra o que é refratário ao conceito, ao raciocínio. A justo título se diz que o homem que não tem "imaginação" ou dela não quer usar, se separa da realidade profunda da vida e do seu próprio psiquismo; esteriliza a sua atividade e produtividade. 

quarta-feira, 1 de novembro de 2017

Padre Manzotti fala sobre brechas que podemos dar ao Diabo


Padre Reginaldo Manzotti foi o convidado do The Noite (SBT), nesta segunda-feira, dia 30, talk show comandado pelo humorista Danilo Gentili. A conversa foi pautada no décimo primeiro livro lançado pelo sacerdote, “Batalha Espiritual”, um dos mais vendidos no país.

Recorro ao Magistério. O demônio é uma pessoa, uma força espiritual, um anjo, e como anjo é mais inteligente e poderoso que o ser humano”, esclarece padre Reginaldo. “O Diabo tenta atingir Deus mas, como não pode, ataca o ser humano, imagem e semelhança de Deus”, complementa.

Venezuela: Catedral celebra Missa sem eletricidade por roubo de cabo e transformador


A Catedral de Maracaibo, na Venezuela, está sem eletricidade desde o dia 11 de outubro, depois que algumas pessoas roubaram o cabo e o transformador, obrigando-os a celebrar as Missas as limitações que isto causou e “de manhã bem cedo, porque à noite fica difícil enxergar”, assinalou o Pe. Silverio Osorio, vigário paroquial da catedral.

Em declarações ao Grupo ACI, o sacerdote informou que o assalto ocorreu na madrugada do dia 11 de outubro. Segundo alguns vizinhos, o roubo foi perpetrado por quatro pessoas, entre elas uma morreu eletrocutada e outra morreu no hospital.

Uma pessoa foi eletrocutada, outra morreu no hospital. Desde então, a Catedral de Maracaibo, a Prefeitura e uma ou duas famílias estão sem eletricidade”, assinalou.

Disseram que junto com o pároco, Mons. Jesus Quinteros, se aproximaram da “empresa de eletricidade para ver o que eles iam fazer com isso e nos disseram que tinha que esperar, que já estavam procurando o transformador”. Entretanto, o templo ainda continua dependendo da luz natural para não ficar na escuridão.

Na segunda-feira, “às 14h30, me ligaram de Caracas perguntando se era verdade que estávamos sem eletricidade” e indicaram que tentariam conseguir o transformador.

Com isso, o Pe. Osorio disse que “estamos celebrando as Missas sem eletricidade porque não podemos ignorar. Mas, devem ser celebradas de manhã bem cedo, porque à noite fica difícil enxergar”.

Os Antropomorfismos Bíblicos II (Capítulo 3 - Parte 4/4)


Deus semelhante ao homem no Antigo Testamento

Quem lê o Antigo Testamento não pode deixar de observar quão frequente e facilmente ao Senhor Deus são atribuídas feições humanas.

Assim o Criador é dito ter face (cf. Gen 4,16; Ex 33,11.14.15; Sl 9,31...); nariz e narinas, cujo sopro desencadeia os ventos sobre a terra (cf. Ex 15,8; Sl 17,9.16); ouvidos (cf. Sl 9,37; 16,7; 85,1; 1 Sam 8,21); boca (cf. Jos 9,14; Dt 8,3; Sl 17,9; Is 1,20); lábios (cf. Jó 11,5; Is 30,27); língua (cf. Is 30,27); olhos (cf. Dt 11,12; 1 Sam 15,19; 26,24; 2 Sam 15,25; Sl 10,4; Am 9,4); pálpebras (cf. Sl 10,4); voz (cf. Gen 3,8.10; Ex 5,2; 1 Sam 15,19; Sl 17,14); braços (cf. Dt 5,15; Jó 40,4; Is 51,5.9; Jer 27,5); mãos (cf. Ex 33,23; Sl 17,17; Is 65,2; Am 9,2); em particular, mão direita (cf. Ex 15,6.12; Sl 17,36); dedos (cf. Sl 8,4; Ex 31,18; Dt 9,10); pés (cf. 1 Crôn 28,2; Sl 131,7), e pés que levantam nuvens de poeira (cf. Na 1,3; Sl 17,10); costas (cf. Ex 33,23); asas e penas sob as quais protege os justos (cf. Sl 17,8; 56,2; 90,4); um belo manto, cujas orlas enchem o templo (cf. Is 6,1). Está assentado em um trono régio (cf. Sl 46,5).

Além disto, na Sagrada Escritura, o Senhor clama (cf. Lev 1,1), ruge (cf. Am 1,2), compraz-se com suave perfume (cf. 1 Sam 26,19), ri (cf. Sl 2,4), assovia (cf. Is 7,18), dorme (cf. Sl 43,24), desperta-se (cf. Sl 77,65), passeia no jardim do Éden (cf. Gen 3,8), fecha a porta da arca de Noé (cf. Gen 7,16), é guerreiro valente (cf. Ex 15,3; Sl 23,8), cavalga sobre um Querubim, voa, paira sobre as asas do vento (cf. Sl 17,11).

Também os afetos humanos marcam a figura do Senhor Deus (antropopatismos):18 o desgosto (cf. Lev 20,23), o ódio ou a abominação (cf. Dt 12,31), a aversão (cf. Sl 105,40), a inveja (cf. Ex 20,5; 34,14), a vingança (cf. Ex 32,34; Dt 32,35.41; Is 1,24; 34,8), a cólera (cf. Ex 15,7; 32,12; 2 Sam 24,1; Is 9,19), a complacência (cf. Jer 9,23), a alegria (cf. Dt 28,63; Sl 103,31; Sof 3,17), o arrependimento (cf. Gen 6,6; 1 Sam 15,35; Jer 26,13).

Diante de tais expressões, impõe-se de novo a questão: que sentido poderá ter tal modo de falar, muito surpreendente num livro que se diz ter por autor principal o próprio Deus? 

terça-feira, 31 de outubro de 2017

Com que direito Lutero pretendia “reformar” a Igreja?


Lutero começou por negar. Negou a autoridade, negou a tradição, negou o magistério eclesiástico, negou a Igreja orgânica, visível, hierárquica. Com que direito? Com que títulos? Não existia havia 15 séculos o cristianismo? Não ascendiam os seus pastores, os seus bispos, os seus papas, por uma sucessão ininterrupta até aos apóstolos, até ao próprio Cristo?

Mas a Igreja Católica havia perdido o espírito primitivo, havia adulterado os ensinamentos do Evangelho, havia-o sobrecarregado com uma farragem de superstições humanas, havia-o prostituído com a idolatria de Babilônia.

E como o sabe ele? Como o prova? Não havia Cristo prometido a sua assistência infalível à Igreja? Não lhe havia assegurado que com ela estaria todos os dias até à consumação dos séculos?

Não importa. Lutero entrincheira-se na Bíblia. — Mas a Bíblia, quem a interpreta? Não a possuía, não a possui porventura a Igreja Católica? Não a liam todos os Santos Padres e Doutores? Não a conheciam todos os concílios? Não a vulgarizavam todos os santos reformadores? E por que a nenhum ocorreu a ideia de começar uma reforma destruindo a Igreja em nome da Escritura, de embandeirar a Bíblia em pendão de revolta contra a autoridade constituída por Cristo?

Falar à consciência religiosa, ensinando verdades a crer e preceitos a praticar, sem autorização divina, é embuste, impostura e charlatanismo.

Lutero, porém, possui um segredo especial de exegese desconhecido de toda a antiguidade eclesiástica. Ele, o frade despeitado, guinda-se às alturas proféticas de novo evangelista, recebe diretamente ilustrações do Espírito Santo, comunica com o santuário da Trindade [1] e dos seus recessos inacessíveis traz ao mundo o dom de uma hermenêutica sacra, de cujo bojo sai um cristianismo todo novo.

Destarte, de consequência em consequência, Frei Martinho é obrigado a arvorar-se uma missão divina, a atribuir-se uma legação religiosa especial.

Ora, onde estão as credenciais desta embaixada extraordinária? Nenhum homem pode levantar-se no meio dos seus semelhantes e afirmar, sem provas cabais, que é um enviado do Altíssimo. Nenhum homem pode guindar-se à trípode dos oráculos e daí legislar religião para a humanidade sem antes demonstrar apoditicamente a autenticidade de sua missão plenipotenciária. Religião, só Deus a pode impor ao homem. Falar à consciência religiosa, ensinando verdades a crer e preceitos a praticar, sem títulos divinos, sem autorização divina, sem sanção divina, é embuste, é impostura, é charlatanismo. Nossa dignidade de seres racionais revolta-se contra semelhantes exploradores da credulidade pública. — Profeta de Wittenberg, onde estão as cartas de crença de tua missão divina?

A garantia que temos da origem celeste de uma doutrina reside na autoridade recebida do alto por aquele que no-la propõe.

Ora os sinais com que Deus chancela a autoridade dos seus enviados são os milagres: milagres que se manifestam na ordem física, milagres que resplendem na santidade irrepreensível do divino enviado. Só o milagre, intervenção extraordinária da divina onipotência, pode autenticar as missões do céu.

Com milagres provou Jesus a sua messianidade (cf. Jo 5, 36; 10, 37-38; 15, 22; Mt 12, 39-40); com milagres sigilou Deus a embaixada dos seus apóstolos (cf. 2Pd1, 18; 2Cor 12, 12; Mc 16, 20); no milagre reconheceu sempre a apologética cristã, firmada nos princípios da razão e nos ensinamentos dos livros inspirados, a assinatura inimitável do divino Autor nas suas manifestações extraordinárias à humanidade.

Que milagres fizeram os primeiros reformadores para atestar o caráter divino de sua missão?