Jesus,
falando à multidão que o seguia, anunciou a novidade
do estilo de vida daqueles que querem ser seus
discípulos. É um estilo “contracorrente”, em
relação com a mentalidade da época (1).
Naquele tempo, como também agora, era fácil fazer discursos moralistas, mas não viver coerentemente. Pelo contrário, cada um procurava, para si próprio, lugares de prestígio no ambiente social, formas de subir, e servir-se dos outros para obter vantagens pessoais.
Aos seus, Jesus pede para terem uma outra lógica, no relacionamento com os outros: aquela que Ele próprio viveu.
«O
maior de entre vós será o vosso servo».
Chiara
Lubich,
comunicando a sua experiência espiritual, num encontro com pessoas
desejosas de saber como viver o Evangelho, disse:
«Devemos sempre dirigir o nosso olhar para o único Pai de muitos filhos. Depois, olhar para todas as criaturas como filhos de um único Pai… Jesus, nosso modelo, ensinou-nos apenas duas coisas que são uma só: sermos filhos de um único Pai e irmãos uns dos outros… Portanto, Deus convida-nos à fraternidade universal» (2).
Esta é a novidade: amar todos como fez Jesus, porque todos são – como eu, como tu, como qualquer pessoa sobre a Terra – filhos de Deus, por Ele amados e por quem Ele espera desde sempre.
Descobre-se assim que o irmão que devemos amar concretamente, também com os músculos, é cada uma das pessoas que encontramos no dia-a-dia. É o pai, a sogra, o filho pequeno e o rebelde; o prisioneiro, o mendigo e o deficiente; o chefe de serviço e a senhora das limpezas; o companheiro de partido, e aqueles que têm ideias diferentes das nossas; aqueles que professam a mesma fé e cultura, e também os estrangeiros.
A atitude tipicamente cristã de amar o irmão é pôr-se ao seu serviço:
«O
maior de entre vós será o vosso servo».
Ouçamos
ainda Chiara: «Aspirar constantemente ao primado evangélico,
pondo-se, o mais possível, ao serviço do próximo. […] E qual é
a melhor maneira de servir? É fazendo-se um com cada pessoa que
encontramos, sentindo em nós aquilo que ela sente: resolver os
problemas como se fossem nossos, que se tornam nossos pelo amor. […]
Ou seja, nunca mais viver debruçados sobre nós mesmos, mas procurar
carregar os seus pesos, partilhar as suas alegrias» (3).
Todas as nossas capacidades e qualidades positivas, tudo aquilo que pode fazer sentirmo-nos “grandes”, é uma oportunidade de serviço que não podemos perder: a experiência no trabalho, a sensibilidade artística, a cultura, mas também a capacidade de sorrir e de fazer sorrir; o tempo a oferecer para ouvir alguém que se encontra na dúvida ou em sofrimento; as energias da juventude, mas também a força da oração, quando a força física vier a faltar.
«O
maior de entre vós será o vosso servo».
E
este amor evangélico, desinteressado, mais cedo ou mais tarde,
acende no coração do irmão o mesmo desejo de partilha, renovando
os relacionamentos na família, na paróquia, nos locais de trabalho
ou de diversão e colocando as bases para uma nova sociedade.
Hermez, adolescente do Médio Oriente, conta: «Era domingo. Logo que acordei, pedi a Jesus que me iluminasse para amar o dia inteiro. Dei-me conta de que os meus pais tinham saído para ir à Missa. Lembrei-me que podia limpar e arrumar a casa. Procurei atender a cada pormenor, incluindo as flores sobre a mesa! Depois preparei o pequeno-almoço, sem esquecer nada.
Quando os meus pais chegaram, ficaram surpreendidos e muito contentes de terem encontrado tudo preparado. Naquele domingo, o pequeno-almoço foi tomado com muita alegria, como nunca tinha acontecido. Falámos sobre muitas coisas e pude partilhar com eles as muitas experiências vividas durante a semana. Aquele pequeno ato de amor tinha dado o tom para um maravilhoso dia!».
Letizia
Magri
1)
Cf. Mt 23, 1-12; 2) C. Lubich, L’unità agli albori del Movimento
dei Focolari – Payerne (Suíça), 26 de setembro de 1982; 3)
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