sábado, 3 de março de 2018

Papa institui memória de Maria, 'Mãe da Igreja', no calendário litúrgico



O Papa Francisco publicou neste sábado, 3, um decreto que determina a inscrição da Memória da “Bem-aventurada Virgem, Mãe da Igreja” no Calendário Romano Geral, a ser comemorada na segunda-feira depois da celebração de Pentecostes.

“Esta celebração ajudará a lembrar que a vida cristã, para crescer, deve ser ancorada no mistério da Cruz, na oblação de Cristo no convite eucarístico e na Virgem, Mãe do Redentor e dos redimidos”, lê-se no decreto, assinado pelo Prefeito do Dicastério, o cardeal Robert Sarah.

O motivo da celebração está brevemente descrito no Decreto “Ecclesia Mater”: favorecer o crescimento do sentido materno da Igreja nos pastores, nos religiosos e nos fiéis, como, também, da genuína piedade mariana.

“Considerando a importância do mistério da maternidade espiritual de Maria, o Papa Francisco estabeleceu que na segunda-feira depois do Pentecostes, a Memória de Maria Mãe da Igreja seja obrigatória para toda a Igreja de Rito Romano”, comentou o cardeal. 

Igreja, atualidade e verdade!


Como descrever o momento presente? Como entender o que está acontecendo em nossa volta? Como raciocinar e encontrar a Verdade em meio um turbilhão de informações? Como me posicionar preservando as essências da minha fé sem denegrir a imagem daquela que me orienta e ajudar crer? Penso que, para aqueles que buscam respostas, uma alegoria bastante antiga possa ajudar a clarear nossas ideias e chegar a conclusões que nos façam tomar uma postura. Sei que muitos a conhecem ou já ouviram falar, mas não custa nada recordar. Segue então o Mito da Caverna de Platão:

“Havia uma caverna, cujo seu interior permanecem seres humanos, que nasceram e cresceram ali. Ficam de costas para a entrada, acorrentados, sem poder mover-se, forçados a olhar somente a parede do fundo da caverna, sem poder ver uns aos outros ou a si próprios. Atrás dos prisioneiros há uma fogueira, separada deles por uma parede baixa, por detrás da qual passam pessoas carregando objetos que representam homens e outras coisas viventes. As pessoas caminham por detrás da parede de modo que os seus corpos não projetam sombras, mas sim os objetos que carregam. Os prisioneiros não podem ver o que se passa atrás deles e veem apenas as sombras que são projetadas na parede em frente a eles. Pelas paredes da caverna também ecoam os sons que vêm de fora, de modo que os prisioneiros, associando-os, com certa razão, às sombras, pensam ser eles as falas das mesmas. Desse modo, os prisioneiros julgam que essas sombras sejam a realidade. Ora, imagine que um dos prisioneiros seja libertado e forçado a olhar o fogo e os objetos que faziam as sombras (uma nova realidade, um conhecimento novo). A luz iria ferir os seus olhos e ele não poderia ver bem. Se lhe disserem que o presente era real e que as imagens que anteriormente via não o eram, ele não acreditaria. Na sua confusão, o prisioneiro tentaria voltar para a caverna, para aquilo a que estava acostumado e podia ver. Caso ele decida voltar à caverna para revelar aos seus antigos companheiros a situação extremamente enganosa em que se encontram, os seus olhos, agora acostumados à luz, ficariam cegos devido à escuridão, assim como tinham ficado cegos com a luz. Os outros prisioneiros, ao ver isto, concluiriam que sair da caverna tinha causado graves danos ao companheiro e, por isso, não deveriam sair dali nunca. Se o pudessem fazer, matariam quem tentasse tirá-los da caverna.”

Acredito que esta ilustração do pensamento platônico ajuda a clarear muitos encontros e desencontros de nossa sociedade moderna, onde nos deparamos constantemente com reações diversas em vista da busca da essência e defesa da verdade. Deste modo, cabe a cada um de nós nos questionarmos, mediante a complexidade do Mito de Platão, quem sou eu na caverna da contemporaneidade?

Se observar e refletir bem, a verdade nesta alegoria se equipara ao conhecimento e a experiência. Para os homens que nasceram e cresceram acorrentados dentro da caverna, a verdade são as sombras e os sons externos daquele “micro mundo” que conheciam, pois se trata de tudo aquilo que até o presente momento experimentaram. Desmitificar este “micro universo”, para aqueles que estão ali é uma violência horrenda para com eles que forçadamente foram, por uma vida, obrigados a limitar seu conhecimento a uma falsa definição do que de fato seja a Verdade.

Libertar um destes acorrentados é fazê-lo sofrer, pois todo processo de conheci-mento exige quebra de conceitos e abertura para o novo. Imagine você descobrir que tudo aquilo que acredita ser verdade, de uma hora para outra, apresenta-se a sua frente como uma simples ilusão. Imagina quantos questionamentos, quanta dor e quanta inquietude. Até você apreender e entender o que aconteceu com a sua vida demora um tempo. E só o tempo é capaz de nos ajudar a organizar nossas ideias e aprimorar os nossos conhecimentos.

É quando então, neste processo de amplificação do conceito de Verdade que ele irá se lembrar daqueles outros acorrentados dentro da caverna, que há anos vivem iludi-dos, enganados e por causa de sua condição são vulneráveis, manipuláveis e precisam saber a Verdade. E ao voltar àquele “micro cosmos” se deparará com uma triste realidade: o que a ignorância é capaz de fazer com aqueles que são privados ou se privam de buscar o real sentido e essência das coisas, isto é, a Verdade.

Alguns pensarão que o fato de ter sido desacorrentado prejudicou-lhe as faculdades da razão, retirou-lhe os sentidos, pobre coitado. Agora ele é um “louco varrido”. Outros o classificarão como um desordeiro, idealista, revolucionário, um cismático que deseja disseminar a discórdia na unidade e fraternidade do grupo. Outros ainda só observarão, não tomarão partido, por falta de coragem e por medo de se abrirem a Verdade, a final de contas, qual grupo não tem um indiferente?

Penso ser esta uma boa ilustração de nossa sociedade moderna, bem como da Igreja. Digo isto, pois a Igreja está inserida no mundo, faz parte do mundo e por mais que tente se diferenciar do mundo, sofre terrivelmente as consequências das variações da cultura e da história. Nós cristãos, na grande maioria das vezes, somos este povo acorrentado, que vê refletido na parede da vida as sombras criadas e formadas pelo tempo e as circunstâncias que vivemos onde são organizados nossos conceitos e instaladas as ideologias.

É muito difícil enxergar uma outra realidade enquanto estivermos encerrados nestas limitações. É próprio do ser humano defender o seu mundo, aquilo que acredita, o que têm e o que traz segurança para sua vida. E é justamente aqui que podemos sair perdendo. Se buscamos a Verdade, não podemos temer alargar nossos conhecimentos, nos fechar às novidades e nos agarrarmos a estruturas que nos trazem segurança por representar a nossa imagem. A busca pela Verdade exige de nós abertura, quebra de conceitos, maturidade, diálogo e inteligência, pois não podemos rejeitar ver as coisas como elas verdadeiramente são. O contrário disso se chama viver na ilusão.

Vive iludido quem se contenta com o pouco, está habituado a perguntas respondi-das e pensamentos concluídos, “alimento mastigado” pronto para ser engolido. Pessoas assim são inteiramente vulneráveis, fácil de ser enganadas e manipuladas. Geralmente são os soldados de frente da batalha, que acreditam na vitória e, por isto, encara a luta sem medo da derrota. São tão certos daquilo que acreditam que perdem por inteiro a razão, o medo de morrer, de matar e de sofrer. São seres controlados por um grupo pensante e manipulante, que sempre usará de todas as armas para que os mesmos continuem acorrentados defendo aquilo que acreditam ser verdade. E assim, muitos perecerão na ignorância!

sexta-feira, 2 de março de 2018

A Igreja permite a legítima defesa pela força das armas?


O Catecismo da Igreja Católica responde:

2307. O quinto mandamento proíbe a destruição voluntária da vida humana. Por causa dos males e injustiças que toda a guerra traz consigo, a Igreja exorta instantemente a todos para que orem e atuem para que a Bondade divina nos livre da antiga escravidão da guerra.

2308. Cada cidadão e cada governante deve trabalhar no sentido de evitar as guerras.

No entanto, enquanto «subsistir o perigo de guerra e não houver uma autoridade internacional competente, dotada dos convenientes meios, não se pode negar aos governos, uma vez esgotados todos os recursos de negociações pacíficas, o direito de legítima defesa».

2309. Devem ser ponderadas com rigor as estritas condições duma legítima defesa pela força das armas. A gravidade duma tal decisão submete-a a condições rigorosas de legitimidade moral. É necessário, ao mesmo tempo:

– que o prejuízo causado pelo agressor à nação ou comunidade de nações seja duradouro, grave e certo;

– que todos os outros meios de lhe pôr fim se tenham revelado impraticáveis ou ineficazes;

– que estejam reunidas condições sérias de êxito;

– que o emprego das armas não traga consigo males e desordens mais graves do que o mal a eliminar. O poder dos meios modernos de destruição tem um peso gravíssimo na apreciação desta condição.

quinta-feira, 1 de março de 2018

Vaticano lança carta aos Bispos e pede cuidado com Heresias


CONGREGAÇÃO PARA A DOUTRINA DA FÉ

Carta Placuit Deo
aos Bispos da Igreja católica
sobre alguns aspectos da salvação cristã

I. Introdução

1. «Aprouve a Deus na sua bondade e sabedoria, revelar-se a Si mesmo e dar a conhecer o mistério da sua vontade (cfr. Ef 1,9), segundo o qual os homens, por meio de Cristo, Verbo encarnado, têm acesso ao Pai no Espírito Santo e se tornam participantes da natureza divina (cfr. Ef 2,18; 2 Pe 1,4). [...] Porém, a verdade profunda tanto a respeito de Deus como a respeito da salvação dos homens, manifesta-se-nos, por esta revelação, em Cristo, que é, simultâneamente, o mediador e a plenitude de toda a revelação».[1]O ensinamento sobre a salvação em Cristo exige sempre ser aprofundado novamente. A Igreja, tendo o olhar fixo em Cristo Senhor, dirige-se com amor materno a todos os homens, para anunciar-lhes o inteiro desígnio de Aliança do Pai que, mediante o Espírito Santo, deseja «submeter tudo a Cristo» (Ef 1,10). A presente Carta pretende destacar, na linha da grande tradição da fé e com especial referência ao ensinamento de Papa Francisco, alguns aspectos da salvação cristã que possam ser hoje difíceis de compreender por causa das recentes transformações culturais.

II. O impacto das transformações culturais de hoje sobre o significado da salvação cristã

2. O mundo contemporâneo questiona, não sem dificuldade, a confissão de fé cristã, que proclama Jesus o único Salvador de todo o homem e da humanidade inteira (cf. At 4,12; Rom 3,23-24; 1 Tm 2,4-5; Tit 2,11-15).[2]Por um lado, o individualismo centrado no sujeito autônomo, tende a ver o homem como um ser cuja realização depende somente das suas forças.[3]Nesta visão, a figura de Cristo corresponde mais a um modelo que inspira acções generosas, mediante suas palavras e seus gestos, do que Aquele que transforma a condição humana, incorporando-nos numa nova existência reconciliada com o Pai e entre nós, mediante o Espírito (cf. 2 Cor 5,19; Ef 2,18). Por outro lado, difunde-se a visão de uma salvação meramente interior, que talvez suscita uma forte convicção pessoal ou um sentimento intenso de estar unido a Deus, mas sem assumir, curar e renovar as nossas relações com os outros e com o mundo criado. Com esta perspectiva, torna-se difícil compreender o significado da Encarnação do Verbo, através da qual Ele se fez membro da família humana, assumindo a nossa carne e a nossa história, por nós homens e para a nossa salvação.

3. O Santo Padre Francisco, no seu magistério ordinário, referiu-se muitas vezes a duas tendências que representam os dois desvios antes mencionados, e que se assemelham em alguns aspectos a duas antigas heresias, isto é, o pelagianismo e o gnosticismo.[4]Prolifera em nossos tempos um neo-pelagianismo em que o homem, radicalmente autônomo, pretende salvar-se a si mesmo sem reconhecer que ele depende, no mais profundo do seu ser, de Deus e dos outros. A salvação é então confiada às forças do indivíduo ou a estruturas meramente humanas, incapazes de acolher a novidade do Espírito de Deus.[5]Um certo neo-gnosticismo, por outro lado, apresenta uma salvação meramente interior, fechada no subjetivismo.[6]Essa consiste no elevar-se «com o intelecto para além da carne de Jesus rumo aos mistérios da divindade desconhecida».[7]Pretende-se, assim, libertar a pessoa do corpo e do mundo material, nos quais não se descobrem mais os vestígios da mão providente do Criador, mas se vê apenas uma realidade privada de significado, estranha à identidade última da pessoa e manipulável segundo os interesses do homem.[8]Por outro lado, é claro que a comparação com as heresias pelagiana e gnóstica pretende somente evocar traços gerais comuns, sem entrar, nem fazer juízos, sobre a natureza destes erros antigos. De fato, a diferença entre o contexto histórico secularizado de hoje e o contexto dos primeiros séculos cristãos, nos quais estas heresias nasceram, é grande.[9]Todavia, enquanto o gnosticismo e o pelagianismo representam perigos perenes de equívocos da fé bíblica, é possível encontrar uma certa familiaridade com os movimentos de hoje apenas referidos acima.

4. Seja o individualismo neo-pelagiano que o desprezo neo-gnóstico do corpo, descaracterizam a confissão de fé em Cristo, único Salvador universal. Como poderia Cristo mediar a Aliança da família humana inteira, se o homem fosse um indivíduo isolado, que si autorrealiza somente com as suas forças, como propõe o neo-pelagianismo? E como poderia chegar até nós a salvação mediante a Encarnação de Jesus, a sua vida, morte e ressurreição no seu verdadeiro corpo, se aquilo que conta fosse somente libertar a interioridade do homem dos limites do corpo e da matéria, segundo a visão neo-gnóstica? Diante destas tendências, esta Carta pretende reafirmar que, a salvação consiste na nossa união com Cristo, que, com a sua Encarnação, vida, morte e ressurreição, gerou uma nova ordem de relações com o Pai e entre os homens, e nos introduziu nesta ordem graças ao dom do seu Espírito, para que possamos unir-nos ao Pai como filhos no Filho, e formar um só corpo no «primogênito de muitos irmãos» (Rom 8,29).

Denúncias sobre a Campanha da Fraternidade! Agora tem nota da ABONG!



Em mais um capítulo da história das denúncias e questionamentos à CNBB sobre os projetos apoiados e financiados pelo FNS (Fundo Nacional da Solidariedade), a ABONG – Associação Brasileira de Organizações Não-Governamentais lança uma nota explicativa sobre o uso dos recursos que recebeu do FNS.

Os recursos que compõe o FNS vêm da Coleta da Solidariedade, vinculada à Campanha da Fraternidade e realizada todos os anos no Domingo de Ramos, conforme artigo publicado pelo Portal Paraclitus no dia 19 de fevereiro (acesse aqui), que denunciou o uso do dinheiro doado pelos fieis para a coleta da CF para o financiamento de ONGs abortistas (como a ABONG e a Fundação Grupo Esquel Brasil) e do MST (por meio de projetos vinculados a essas mesmas organizações).

Depois das denúncias levantadas pelo Portal Paraclitus, a CNBB lançou uma nota explicativa (clique aqui para acessar a íntegra da nota) que dizia, entre outras coisas: “o financiamento, portanto, foi para a Plataforma no valor de R$ 40.500,00 (quarenta mil e quinhentos reais) e não para a ABONG, conforme se tem divulgado, por má fé ou desinformação”.

No último dia 26 de fevereiro, porém, conforme apurado pelo Bruno Braga, a própria ABONG lançou uma nota de esclarecimento (clique aqui para acessar a nota) em cujo primeiro parágrafo afirma que foi ela quem recebeu os recursos da Campanha da Fraternidade, sendo responsável por gerenciá-los.

Temos acompanhando as denúncias quanto à utilização dos recursos da Campanha da Fraternidade de 2017 pelo Fundo Nacional de Solidariedade, em especial, o apoio referente ao V Encontro Nacional da Plataforma pelo Novo Marco Regulatório das Organizações da Sociedade Civil, tendo sido a ABONG responsável pela administração dos recursos.

Como diz Bruno Braga, o desenrolar dos acontecimentos

É uma verdadeira cusparada na cara dos católicos, que veem pasmos um vínculo confessado por ambas as partes e que por si só já é abominável: uma Conferência de Bispos em parceria com uma associação comprometida com bandeiras e projetos de engenharia social e comportamental totalmente contrários aos princípios da Santa Igreja Católica.

O que falta, ainda, para que a CNBB assuma o erro perante os fieis católicos e dê as explicações devidas, com transparência, comprometendo-se a redefinir os critérios para aprovação dos projetos beneficiados, ao fim e ao cabo, com o dinheiro desses mesmos fieis?

Padre Beto: Caso de padre excomungado vai para análise do STF



O Supremo Tribunal Federal deve analisar a ação encaminhada pela defesa de Roberto Francisco Daniel, conhecido como "Padre Beto", que questiona a forma como ele foi excomungado pela Igreja Católica, em processo realizado pela Diocese de Bauru (SP) em 2013.

A decisão da igreja foi tomada após a divulgação de vídeos na internet nos quais o padre defendia temas polêmicos, como a união entre homossexuais, fidelidade e necessidade de mudanças na estrutura da instituição.

primeiro pedido de revisão do processo de excomunhão foi indeferido em primeira instância, e a decisão, ratificada pelo Tribunal de Justiça de São Paulo. Dois anos depois, os advogados de defesa conseguiram entrar com um agravo para que o caso seja analisado pelo STF. Não há prazo para que isso aconteça.

A defesa de Beto argumenta que o processo de excomunhão contrariou a Constituição brasileira ao não possibilitar a ampla defesa.

“Embora o Brasil seja um país laico, onde o estado não interfere na Igreja, é preciso respeitar o exercício do direito de defesa que é previsto na Constituição. Por isso, entendemos que há um conflito de interesses nessa questão que precisa ser analisado e revisto”, explica o advogado Antônio Celso Galdino Fraga.

Em nota, a assessoria de comunicação da Diocese de Bauru informou que não há nada a dizer ou acrescentar sobre o assunto e que o caso agora é meramente jurídico.

Padre Beto atualmente trabalha como professor universitário e criou uma igreja. Ele também já celebrou dezenas de casamentos gays, além dos casamentos héteros que continuou fazendo após a excomunhão.

Ele destaca que a ação não questiona o mérito da decisão da Diocese de Bauru, e sim, a forma como ela foi conduzida.

“Eu cheguei para uma reunião com a carta onde pedia o afastamento das funções eclesiásticas e fui recebido em um verdadeiro ‘tribunal’ sem a chance de me defender.”

"CNBB financiou instituições contrárias ao ensinamento da Igreja", afirma Bernardo Küster


Uma situação “preocupante”, assim Bernardo Pires Küster definiu à ACI Digital as recentes denúncias de que a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) teria usado recursos do Fundo Nacional da Solidariedade (FNS) para financiar instituições que apoiam iniciativas condenadas pelo magistério da Igreja como, por exemplo, o aborto.

O caso veio a público em 19 de fevereiro, quando o site ‘Paraclitus’ divulgou uma nota intitulada ‘Coleta da Campanha da Fraternidade financiou MST e ONGS abortistas’.

Nesta denúncia, indicam que entre as instituições que receberam dinheiro do FNS estão a Associação Brasileira de Organizações Não Governamentais (ABONG), que defende a legalização do aborto, a Fundação Grupo Esquel Brasil e o Movimento dos Sem-Terra (MST).

Em seguida, no dia 21 de fevereiro, a CNBB publicou uma nota de esclarecimento, na qual afirma que “não financiou projeto algum de ‘ONGs abortistas’, nem de ‘grupos terroristas’, com recursos do Fundo Nacional de Solidariedade”.

Segundo a entidade, “um dos projetos financiados em 2017 foi o V Encontro dos Signatários da Plataforma por um Novo Marco Regulatório para as Organizações da Sociedade Civil, realizado em São Paulo, no mês de outubro de 2017”.

Entretanto, afirma que, como a Plataforma não possui CNPJ, “indicou a Associação Brasileira de Organizações Não Governamentais (ABONG), uma de suas entidades signatárias, para assinar a parceria com o Fundo Nacional de Solidariedade, constando, apenas por isso, o nome da ABONG no site do Fundo como entidade responsável pelo projeto”.

Assim, o conhecido ensaísta e influenciador digital Bernardo Pires Küster publicou nas redes sociais um vídeo-documentário no qual afirma que recursos do FNS foram sim direcionados para a ABONG, bem como outras instituições que defendem posições contrárias aos ensinamentos da Igreja Católica. No vídeo, o leigo ressalta “que não está condenando a CNBB inteira, todos os bispos, todos os padres (...)”, e sim algumas decisões tomadas pela cúpula da entidade nos últimos anos.

Se você for ver no próprio site da Plataforma existe um local em que consegue ver quem são os lançadores da Plataforma por um Novo Marco Regulatório para as Organizações da Sociedade Civil, os responsáveis, e lá está a ABONG”, indicou Bernardo em exclusiva à ACI Digital.

Assim, ressaltou que “de qualquer forma a ABONG está envolvida, e não só, mas também MST e, inclusive, a fundação Grupo Esquel do Brasil, que tem como uma de suas administradoras a ABONG. Ou seja, de qualquer maneira, de duas formas o dinheiro foi parar na ABONG”. 

Logo, segundo Bernardo, em sua nota, a CNBB “só deu a impressão de que o dinheiro não foi para a ABONG” e acrescentou: “O pior, a CNBB disfarçou a informação”.

Então, o dinheiro foi para a ABONG através da Esquel, da qual a ABONG faz parte, e foi para a Plataforma da qual a ABONG também é parte”, assevera.

Saudades de João Paulo II



Seu Manuel, o porteiro, tem um pequeno envelope nas mãos. Com um sorriso, ele me informa: Acho que é livro, Paulo. 

O envelope só tem o meu nome, escrito à mão. Nenhuma indicação do remetente. Seu Manuel não sabe me dizer quem o deixou. 


Em casa, abro cuidadosamente o envelope. Seu Manuel tinha razão: é um livro. Um pequeno livro sobre um grande homem: "Uma Vida com Karol — Memórias do Secretário Particular de João Paulo II". Que alegria! 


Quem me enviou este livro parece ter tido acesso direto aos meus pensamentos nos últimos dias. Começo imediatamente a lê-lo. Escrito em linguagem clara e despretensiosa, ao sabor das recordações, o pequeno volume é na verdade um depoimento do cardeal polonês Stanislaw Dziwisz ao jornalista italiano Gian Franco Svidercoschi. Stanislaw foi o braço direito de Karol Wojtyla por 39 anos — 12 em Cracóvia, 27 no Vaticano. 


Percebo, logo nas primeiras páginas, tratar-se uma obra marcada pelo sentimento de saudade. Grandes livros foram escritos assim: Platão sentia saudade de Sócrates, São João sentia saudade de Jesus, e assim por diante... A presença de João Paulo II, um dos maiores homens do nosso tempo, chega a ser quase palpável no decorrer do livro. 


Lendo sobre as façanhas do papa que enfrentou (e venceu) o comunismo soviético, que lutou obstinadamente em defesa da vida e da paz, que semeou a espiritualidade cristã em todos os continentes da Terra — percebo então que também estou com saudade.