Uma
situação “preocupante”, assim Bernardo Pires Küster definiu
à ACI Digital
as recentes denúncias de que a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) teria
usado recursos do Fundo Nacional da Solidariedade (FNS) para
financiar instituições que apoiam iniciativas condenadas pelo
magistério da Igreja como,
por exemplo, o aborto.
O
caso veio a público em 19 de fevereiro, quando o site ‘Paraclitus’
divulgou uma nota intitulada ‘Coleta da Campanha da Fraternidade financiou MST e ONGS abortistas’.
Nesta
denúncia, indicam que entre as instituições que receberam dinheiro
do FNS estão a Associação Brasileira de Organizações Não
Governamentais (ABONG), que defende a legalização do aborto, a
Fundação Grupo Esquel Brasil e o Movimento dos Sem-Terra (MST).
Em
seguida, no dia 21 de fevereiro, a CNBB publicou uma nota de esclarecimento, na qual afirma que “não financiou projeto algum de
‘ONGs abortistas’, nem de ‘grupos terroristas’, com recursos
do Fundo Nacional de Solidariedade”.
Segundo
a entidade, “um dos projetos financiados em 2017 foi o V Encontro
dos Signatários da Plataforma
por um Novo Marco Regulatório para as Organizações da Sociedade
Civil,
realizado em São Paulo, no mês de outubro de 2017”.
Entretanto,
afirma que, como a Plataforma não possui CNPJ, “indicou a
Associação Brasileira de Organizações Não Governamentais
(ABONG), uma de suas entidades signatárias, para assinar a parceria
com o Fundo Nacional de Solidariedade, constando, apenas por isso, o
nome da ABONG no site do Fundo como entidade responsável pelo
projeto”.
Assim,
o conhecido ensaísta e influenciador digital Bernardo Pires Küster
publicou nas redes sociais um vídeo-documentário no qual afirma que
recursos do FNS foram sim direcionados para a ABONG, bem como outras
instituições que defendem posições contrárias aos ensinamentos
da Igreja Católica. No vídeo, o leigo ressalta “que não está
condenando a CNBB inteira, todos os bispos,
todos os padres (...)”, e sim algumas decisões tomadas pela cúpula
da entidade nos últimos anos.
“Se
você for ver no próprio site da Plataforma existe um local em que
consegue ver quem são os lançadores da Plataforma por um Novo Marco
Regulatório para as Organizações da Sociedade Civil, os
responsáveis, e lá está a ABONG”, indicou Bernardo em exclusiva
à ACI Digital.
Assim,
ressaltou que “de qualquer forma a ABONG está envolvida, e não
só, mas também MST e, inclusive, a fundação Grupo Esquel do
Brasil, que tem como uma de suas administradoras a ABONG. Ou seja, de
qualquer maneira, de duas formas o dinheiro foi parar na ABONG”.
Logo,
segundo Bernardo, em sua nota, a CNBB “só deu a impressão de que
o dinheiro não foi para a ABONG” e acrescentou: “O pior, a CNBB
disfarçou a informação”.
“Então,
o dinheiro foi para a ABONG através da Esquel, da qual a ABONG faz
parte, e foi para a Plataforma da qual a ABONG também é parte”,
assevera.
Bernardo
explicou ainda que “a finalidade do Fundo Nacional de Solidariedade
é auxiliar organizações católicas e não católicas na prática
do bem, ajuda ao próximo, humanitária, ou seja, o Fundo em si é
uma coisa boa”. Entretanto, ressaltou, “o problema é a falta de
critério” na escolha dos beneficiados.
Conforme
assinalou, por exemplo, a “ABONG é uma associação nacional que
visa reunir as organizações não-governamentais. Eles têm uma
carta de princípios, na qual na parte ‘O que queremos’, afirma
que, ‘enquanto associação de organizações que atuam em diversas
áreas temáticas e dialogando com essas, defende: Fim de todas as
formas de Imperialismo; Participação popular nas políticas com uma
sociedade civil forte e plural; (...); Legalização do aborto;
Reconhecimento civil das uniões homoafetivas; (...) Liberdade
afetiva e sexual para todas as pessoas; e reforma agrária’”.
“Não
estou dizendo que isso é certo ou errado, estou dizendo que vai
contra a doutrina da Igreja. O problema não é essa associação
existir. Ela tem o direito de existir. O problema é a CNBB passar
dinheiro católico para eles, que defendem o que vai contra o que a
Igreja Católica ensina”, declarou.
O
Fundo de Solidariedade é resultado de uma coleta nacional realizada
todos os anos no Domingo
de Ramos,
no contexto da Campanha da Fraternidade. Os recursos arrecadados são
divididos entre o Fundo Diocesano de Solidariedade, que fica com 60%
do total, e o Fundo Nacional de Solidariedade, para o qual são
destinados os 40% restantes.
Até
o ano de 2014, o FNS era gerido pela Cáritas Brasileira e, a partir
de então, foi assumido pela CNBB. Tendo em vista essa mudança de
administração, Bernardo contou que decidiu pesquisar sobre o uso
dos recursos do Fundo em anos anteriores.
“Eu
quis pegar um ano em que Cáritas assumiu para ver se era uma mudança
com a CNBB. Em 2013, por exemplo, está lá financiamento de
sindicato dos trabalhadores rurais da Jordânia (MG), associação
dos Gritos dos Excluídos – que é notoriamente de esquerda –,
Instituto do Desenvolvimento Humano de Agroecológico João Calazans
– que é o pessoal da reforma agrária –, Fundação do Grupo
Esquel, entre outros”, sublinhou.
Nesse
sentido, ao assinalar que o que demonstrou “são fatos”, Bernardo
diz acreditar que “cabe uma investigação mais aprofundada e que a
CNBB tem que se explicar de maneira mais profunda”.
No
vídeo, Bernardo cita nomes de responsáveis pela Campanha da
Fraternidade, bem como pelo Fundo Nacional de Solidariedade e,
conforme pontuou à ACI Digital, deu “nome aos responsáveis porque
o responsável é uma pessoa não uma instituição, justamente para
não entrar a CNBB inteira”.
“A
verdade deve prevalecer, ainda que ela deponha contra alguns membros
da Igreja”, reforçou e acrescentou: “Eu não estou dividindo a
Igreja, estou defendendo a Igreja”.
“Eu
recorro, inclusive, ao próprio Santo Tomás de Aquino, que na Suma
Teológica diz que, quando algum fiel ou alguém do clero comete um
pecado ou erro e é público e o dano e extensivo, ou seja, não fica
só nele, ele precisa ser corrigido e exposto publicamente, para que
seja corrigido da mesma forma que ocorreu”, completou.
Segundo
Bernardo, esta “é uma situação desconfortável, mas deve ser
feita”. “Não estou defendendo direita ou esquerda, estou
defendendo a Igreja. Que fique claro, eu amo a Igreja. Mas, ela está
infiltrada, como sempre esteve”, concluiu.
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ACI
Digital
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