Um leitor protestante (J.O., RJ) perguntou à nossa
redação se a carta encíclica do Papa Leão XIII que condena o comunismo,
socialismo e o niilismo e sua associação ao mesmo tem um período
vigente pois percebe uma grande concentração de padres e fiéis adotando-o como
visões.
Olá, J. O,
a graça e
a paz de Nosso Senhor Jesus Cristo, esteja com você e com os seus.
A condenação ao comunismo ainda é
vigente porque é uma condenação lógica. De fato, estas coisas afrontam a
identidade católica, a práxis, a prática católica, então, sim,
há uma condenação a tudo isso: ao comunismo, ao niilismo, ao socialismo e,
também, você não citou, ao capitalismo. No Compêndio da Doutrina Social da
Igreja, há uma condenação clara ao comunismo e também ao capitalismo.
O que não podemos é tomar uma
parcialidade, tipo “Ah, a Igreja condena o comunismo” e ponto. Na verdade, a Igreja
condena também, o capitalismo. O que precisamos entender, ao
final das contas, é o que a Igreja condena? Já que
temos que viver em um dos dois (capitalismo ou socialismo), qual é o que
devemos escolher? Então entendemos que é mais fácil viver
no capitalismo porque, ao menos, ele nos dá a liberdade religiosa do que no
comunismo. Mesmo assim o capitalismo tem os seus problemas! Vemos, por
exemplo, George Soros com Globalismo. Globalismo é um conceito
capitalista!
Tanto o capitalismo quanto o
socialismo vão seguir o mesmo caminho, a diferença é quem tem
o poder. No capitalismo o poder está nas empresas (vide George Soros), no
socialismo o poder está no governo. E olhando, por exemplo, para o resultado
da Lava Jato,sabemos que, na verdade, as grandes empresas e o
governo, estão juntos. A verdade, portanto, é que há uma tentativa de dominação
e tanto faz se o nome disso é capitalismo ou socialismo porque os dois estão de
mãos dadas desde que eles consigam dominar corações e mentes, e fazer da gente
o que bem quiser, e pra isso, têm que instruir famílias, etc.
Então, existe a condenação ao
comunismo mas a carta encíclica do Papa Leão XVIII, não acarreta em excomunhão.
Repetindo: há a condenação ao comunismo e ao capitalismo, no
entanto, não há excomunhão automática de forma tão irrestrita, como muitos
afirmam.
A questão da excomunhão é que haveria um decreto de excomunhão automática ipso facto (latae sententiae) para quem é comunista. Isso não existe, e as pessoas gostam de dizer, por exemplo,
que "se você votou no PT está automaticamente excomungado", o que não
procede. Primeiro porque não se trata de um decreto. Fosse assim, estaria
revogado pelo Código de Direito Canônico (CDC) de 1983, mas não é um decreto, é
uma consulta feita à Congregação para a Doutrina da Fé, na época pós-segunda
guerra em que o mundo estava se dividindo entre capitalismo e comunismo.
Naquela época, as pessoas queriam saber qual lado deveriam adotar então
consultaram a congregação para saber se o comunismo é compatível com a fé
católica e Congregação para a Doutrina da Fé respondeu que a prática comunista não
é compatível com a prática católica. Por
que prática? Porque a prática comunista, naquela época, que era o stalinismo,
era fechar igrejas, proibir a fé, matar as pessoas que eram contra, etc...
Então obviamente que, sendo assim, a prática comunista é incompatível. Então a
resposta da Congregação para a Doutrina da Fé foi a seguinte: “Se você praticar o
comunismo, ou seja, matar as pessoas, fechar as igrejas, proibir o culto, etc,
você não consegue ser católico". É, portanto, preciso apostatar a
fé católica pra se comportar desta maneira. E a apostasia é condenada, até
hoje, pelo Código de Direito Canônico com a excomunhão automática.