quinta-feira, 5 de julho de 2018

Reflexão do Papa Francisco sobre o Sacramento da Crisma (1)


CATEQUESE DO PAPA FRANCISCO
Praça São Pedro – Vaticano
Quarta-feira, 23 de maio de 2018

Queridos irmãos e irmãs, bom dia! 

Depois das catequeses sobre Batismo, estes dias que seguem a solenidade de Pentecostes nos convidam a refletir sobre o testemunho que o Espírito Santo suscita nos batizados, colocando em movimento suas vidas, abrindo-a ao bem dos outros. Aos seus discípulos, Jesus confiou uma missão grande: “Vós sois o sal da terra, vós sois a luz do mundo” (cfr Mt 5, 13-16). Estas são imagens que fazem pensar no nosso comportamento, porque seja a carência seja o excesso de sal tornam desgostoso o alimento, assim como a falta e o excesso de luz impedem de ver. Quem pode realmente tornar-nos sal que dá sabor e preserva da corrupção, e luz que ilumina o mundo, é somente o Espírito de Cristo! E este é o dom que recebemos no sacramento da Confirmação ou Crisma, sobre o qual desejo me concentrar a refletir com vocês. Chama-se “Confirmação” porque confirma o Batismo e reforça a sua graça (cfr Catecismo da Igreja Católica, 1289); como também “Crisma”, pelo fato de que recebemos o Espírito através da unção com o “crisma” – óleo misto com perfume consagrado pelo bispo – termo que nos leva a “Cristo”, o Ungido pelo Espírito Santo.  

Renascer à vida divina no Batismo é o primeiro passo; é preciso então comportar-se como filho de Deus, ou seja, conformar-se ao Cristo que age na santa Igreja, deixando-se envolver na sua missão no mundo. A isso provê a unção do Espírito Santo: “sem a sua força, nada está no homem” (cfr Sequência de Pentecostes). Sem a força do Espírito Santo, não podemos fazer nada: é o Espírito que nos dá a força para seguir adiante. Como toda a vida de Jesus foi animada pelo Espírito, assim também a vida da Igreja e de cada um dos seus membros está sob a guia do mesmo Espírito. 

Concebido pela Virgem por obra do Espírito Santo, Jesus começa a sua missão depois que, saindo da água do Jordão, é consagrado pelo Espírito que desce e permanece sobre Ele (cfr Mc 1, 10; Jo 1, 32). Ele o declara explicitamente na sinagoga de Nazaré: é belo como Jesus se apresenta, qual é a carteira de identidade de Jesus na sinagoga de Nazaré! Ouçamos como o faz: “O Espírito do Senhor está sobre mim, porque me ungiu; e enviou-me para anunciar a boa nova aos pobres” (Lc 4, 18). Jesus se apresenta na sinagoga do seu vilarejo como o Ungido, Aquele que foi ungido pelo Espírito. 

Jesus é pleno do Espírito Santo e é a fonte do Espírito prometido pelo Pai (cfr Jo 15, 26; Lc 24, 49; At 1, 8; 2, 33). Na realidade, na noite de Páscoa, o Ressuscitado sopra sobre os discípulos dizendo a eles: “Recebam o Espírito Santo” (Jo 20, 22); e no dia de Pentecostes a força do Espírito desce sobre os Apóstolos de forma extraordinária (cfr At 2, 1-4), como nós conhecemos. 

O “Respiro” do Cristo Ressuscitado enche de vida os pulmões da Igreja; e de fato as bocas dos discípulos, “cheios do Espírito Santo”, se abrem para proclamar a todos as grandes obras de Deus (cfr At 2, 1-11). 

quarta-feira, 4 de julho de 2018

Reflexão do Papa Francisco sobre o Sacramento do Batismo


CATEQUESE DO PAPA FRANCISCO
Praça São Pedro – Vaticano
Quarta-Feira, 16 de maio de 2018

Queridos irmãos e irmãs, bom dia! 

Hoje concluímos o ciclo de catequeses sobre Batismo. Os efeitos espirituais deste sacramento, invisíveis aos olhos mas operativos no coração de quem se tornou uma nova criatura, são explicitados pela entrega da veste branca e da vela acesa. 

Depois de ser batizado na água de regeneração, capaz de recriar o homem segundo Deus na verdadeira santidade (cfr Ef 4, 24), parece natural, desde os primeiros séculos, revestir os neo-batizados de uma veste nova, cândida, à semelhança do esplendor da vida alcançada em Cristo e no Espírito Santo. A veste branca, enquanto exprime simbolicamente o que aconteceu no sacramento, anuncia a condição dos transfigurados na glória divina.

O que significa revestir-se de Cristo, recorda-o São Paulo explicando quais sãos as virtudes que os batizados devem cultivar: “Escolhidos por Deus, santos e amados, revesti-vos de sentimentos de ternura, de bondade, de humildade, de mansidão, de magnanimidade, suportando-vos uns aos outros e perdoando-vos uns aos outros. Mas sobre todas essas coisas revesti-vos da caridade, que os une de modo perfeito” (Col 3, 12-14). 

Também a entrega ritual da chama tirada do círio pascal lembra o efeito do Batismo: “Recebam a luz de Cristo”, diz o sacerdote. Estas palavras recordam que não somos nós a luz, mas a luz é Jesus Cristo (Jo 1, 9; 12, 46), que, ressuscitado dos mortos, venceu as trevas do mal. Nós somos chamados a receber o seu esplendor! Como a chama do círio pascal dá luz a cada vela, assim a caridade do Senhor Ressuscitado inflama os corações dos batizados, enchendo-os de luz e calor. E por isso, desde os primeiros séculos, o Batismo se chamava também “iluminação” e aquele que era batizado era dito “o iluminado”. 

Esta é de fato a vocação cristã: caminhar sempre como filhos da luz, perseverando na fé” (cfr Rito da iniciação cristã dos adultos, n. 226; Jo 12, 36). Se se trata de crianças,  é tarefa dos pais, junto aos padrinhos e madrinhas, cuidar de alimentar a chama da graça batismal nos seus pequeninos, ajudando-os a perseverar na fé (cfr Rito do Batismo das Crianças, n. 73). “A educação cristã é um direito das crianças; essa tende a guiá-las gradualmente a conhecer o desígnio de Deus em Cristo: assim poderão ratificar pessoalmente a fé na qual foram batizados” (ibid., Introdução, 3). 

terça-feira, 3 de julho de 2018

Homossexual segundo o mundo e segundo Cristo


Recentemente apareceram na internet textos escritos por religiosos católicos com ideias sobre a homossexualidade que em quase nada condizem com a fé e a moral da Igreja de Cristo. É assim mesmo: os tempos atuais são muito difíceis e, por vezes, quem deveria defender e ilustrar a fé da Igreja deforma e escandaliza o Povo cristão...

Gostaria de propor algumas reflexões – e peço que você, meu caro Amigo, procure ponderar bem o que estou dizendo:

1. As pessoas homossexuais devem respeitadas e nunca estigmatizadas por suas tendências sexuais. Hoje sabe-se de psicologia e sexualidade humana o que não se sabia no passado... Consequentemente, o modo de avaliar determinados comportamentos deve levar em conta estes novos conhecimentos. Assim, a violência contra homossexuais – sejam elas físicas ou morais – é um crime diante da lei brasileira e, diante de Deus, um pecado.

2. Também é correto desejar que cada pessoa tenha o direito de viver sua vida de acordo com seus valores e sua consciência, desde que respeitando o bem comum e as normas da boa convivência social. No entanto, não é aceitável que minorias homossexuais oranizadas queiram impor a toda a sociedade seus valores e seu modo de pensar, destruindo o sentido genuíno do que seja família e do que seja casamento...

3. O sincero respeito que se deve ter pelos homossexuais não deve e não pode significar que todos tenham a obrigação de fazer uma avaliação positiva da homossexualidade e, mais ainda, da prática homossexual. Respeitar a pessoa, suas tendências, suas opções, sim. A avaliação de suas ações e modo de viver, depende dos critérios que alguém tome como norte e sentido da existência humana... Para um ateu, o critério é ele próprio; para um crente, o critério do certo e do errado é o próprio Deus: ao que Deus chama errado, o crente somente poderá chamar de errado também!

4. Pensemos num cristão homossexual. Para um mundo pagão como o nosso, para pessoas que não têm como critério o Evangelho, ser homossexual e viver a homossexualidade não são problema algum; como não o é a infidelidade conjugal, como não o são as relações pré-matrimoniais e outras realidades mais... Mas, para alguém que creia em Cristo e deseje viver segundo a fé cristã, o ser homossexual traz sim dificuldades, conflitos e dores. E isto porque o critério da vida de um cristão não é a moda, não é a mentalidade dominante, não é a própria pessoa, mas a norma do Evangelho, expressa na fé da Igreja. Ora, deixar-se a si mesmo para abraçar na própria vida e com a própria vida a norma de vida de um Outro – Daquele que disse: “Quem quiser ser Meu discípulo, renuncie-se a si mesmo e siga-Me!” – não é e não será nunca uma tarefa fácil.

5. Um homossexual cristão deve sim procurar corajosamente aceitar sua realidade homossexual, mas não para viver do seu jeito e sim do jeito de Cristo! E qual é o jeito de Cristo? Qual a sua norma para a sexualidade humana? Certamente que tal norma é aquela da vida sexual como expressão do amor e da entrega a outra pessoa, numa tal comunhão que, selada pelo sacramento do matrimônio, seja até à morte e aberta de modo fecundo aos filhos que Deus der. Para Deus – sejamos claros – a norma é a heterossexualidade e não a homossexualidade! Para um cristão homossexual certamente isto provoca uma séria crise! (Todos nós temos nossas crises... É verdade, no entanto, que a crise no tocante à sexualidade é muito mais séria e estrutural!) E é preciso que se diga: para um cristão com tendência homoafetiva, a homossexualidade tem a marca da cruz – é sim uma cruz! Mas, o nosso Salvador Jesus disse: “Toma a tua cruz e segue-Me!” Em outras palavras: “Segue-Me com tua homossexualidade! Segue-Me com as crises e dificuldades nas quais ela te coloca!”

Um homossexual que deseje viver seriamente sua fé cristã deve saber que é amado pelo Senhor, que não é rejeitado pela Igreja, mas que deve – como também os heterossexuais – colocar sua sexualidade debaixo do senhorio de Cristo: deve lutar para ser casto, para ser reto, para fugir de toda leviandade e imoralidade; deve claramente reconhecer que os atos homossexuais não são moralmente corretos como a relação heterossexual no casamento... Por isso é muito importante que um homossexual cristão procure a ajuda de um sacerdote ou de um cristão maduro, ponderado, fiel a Cristo e à Igreja que possa ajudá-lo no seu caminho. Quem não precisa da ajuda dos outros no caminho de Cristo? Não é isto a Igreja? Não é isto que nos manda a fé cristã: ter uma orientação espiritual com alguém que saiba curar as próprias feridas e as dos outros? E se houver quedas no caminho desse irmão homossexual? E se as amizades descambarem para atos homossexuais? É não desanimar: como qualquer cristão, trata-se de olhar para o Cristo, pedir perdão no sacramento da Penitência e recomeçar o caminho, procurando vencer o pecado! E se um homossexual cristão, mesmo reconhecendo que os atos homossexuais não são moralmente agradáveis a Deus, não conseguir ser casto, e procurar viver com outra pessoa do mesmo sexo, inclusive tendo uma vida sexualmente ativa? Nem assim deve pensar que já não é cristão! Deve reconhecer claramente que sua situação não é o ideal diante de Deus. No entanto, deve viver uma vida o quanto possível digna diante do Senhor e dos homens. Não deve deixar a oração nem a frequência da Santa Missa e deve dizer sempre – todos nós devemos dizer sempre com o coração, o afeto, a alma e também com as lágrimas: “Senhor Jesus Cristo, Filho de Deus, tem piedade de mim, pecador!”

segunda-feira, 2 de julho de 2018

Arcebispo alemão permitirá Comunhão para protestantes em “casos individuais”


O Arcebispo de Paderborn (Alemanha), Dom Hans-Josef Becker, anunciou que dará a Comunhão a protestantes casados com católicos em “casos individuais”.

Segundo o jornal alemão Westfalenblatt, no último 27 de junho o Prelado disse a seus sacerdotes que o documento “Caminhar com Cristo sobre o caminho da unidade: matrimônios interconfessionais e participação comum na Eucaristia, um subsídio pastoral da Conferência Episcopal Alemã” oferece “ajuda espiritual para a decisão consciente em casos individuais acompanhados pelo cuidado pastoral”.

“Na reunião do Conselho Presbiteral da Arquidiocese de Paderborn em 27 de junho de 2018 apresentei minha interpretação e formulei a expectativa de que todos os pastores da Arquidiocese de Paderborn se familiarizem intensivamente com o documento guia e atuem com espírito de responsabilidade pastoral”, disse o Arcebispo ao Westfalenblatt.

Referindo-se aos casais compostos de cristãos de distintas denominações e católicos como casais “que unem denominações”, o Arcebispo indicou que através do batismo, sua fé Cristã e o “sacramento do matrimônio”, esses esposos “estão unidos”, e, portanto, na interpretação do prelado, o cônjuge não católico poderia aceder à Eucaristia.

Sobre estes casais, segue o Arcebispo, o cônjuge protestante poderia receber a Eucaristia quando tenha o profundo desejo de fazê-lo e após “chegar a uma decisão responsável em consciência”. Entretanto, precisou, isto não constitui uma “permissão geral” para que protestantes recebam a Comunhão em cerimônias católicas.

Jesus é o único mediador entre Deus e os Homens?


Esta é uma frase bíblica que os protestantes recortam e tiram do contexto para acusar falsamente a doutrina bíblica da intercessão dos Santos ensinada pela Igreja. Primeiro lugar, este versículo está recortado, o versículo completo fica assim:

“Porque há um só Deus, e um só Mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo homem, o qual morreu em resgate por todos” I Tim 2,5

Observaram? O versículo terminado diz que somente Ele morreu por Nós, ou seja, Só Jesus Cristo é o Salvador, este versículo ensina que a Salvação vem somente de Jesus Cristo, isso nada tem a ver com a intercessão dos Santos. É fácil ver o por que de São Paulo ter escrito isso, naquela época os fariseus acreditavam em Deus, mas nao acreditaram em Jesus, e até hoje os Judeus nao creem na divindade de Jesus Cristo. Por isso ele escreveu isso, que de nada adianta você crer em Deus, se nao tem Jesus como teu Senhor e Salvador. Agora o que isso tem a ver com a intercessão dos Santos? Sendo que nós acreditamos que os Santos apenas oram/rezam/intercedem por nós, e NAO acreditamos que eles salvam (o que seria um absurdo)?

Na verdade, existem muitos intercessores. O novo testamento está repleto de passagens que nos exortam a interceder uns pelos outros, inclusive, a que precede o versículo citado acima:

“Acima de tudo, recomendo que se façam preces, orações, súplicas, ações de graça por todos os homens (…). Isto é bom e agradável diante de Deus, nosso Salvador” (1Tm 2,1-3).

“Orai uns pelos outros para serdes curados” (Tg 5,16b)

Logo, Jesus não pode ser o único intercessor. No entanto, todo e qualquer intercessor, sempre ora e obtém a graça em nome de NS Jesus Cristo, e não em seu próprio nome. Pois é somente através de Jesus Cristo que temos acesso ao Pai. Quanto mais santo o intercessor, mais eficaz é a intercessão. Diz ainda a Bíblia, que quanto mais santo o intercessor, maior a eficácia da oração:

“A oração do justo tem grande eficácia.” (Tg 5,16c)

Ora, se a oração de um justo tem grande eficácia, não há dúvida que é melhor pedir a intercessão de um justo do que de um pecador. E, como não existem homens neste mundo mais santificados do que aqueles que já estão no Céu, obviamente, é melhor pedir a intercessão de um santo do Céu do que de um homem que ainda vive neste mundo. Os santos do Céu estão vivos.Porém, argumentam alguns: “Mas como podem interceder se estão mortos e inconscientes?” E quem disse que estão mortos aqueles que estão VIVOS diante do Trono de Deus, porque o nosso Deus não é Deus de mortos, mas de vivos, como ensinou Jesus:

“Moisés chamou ao Senhor: Deus de Abraão, Deus de Isaac, Deus de Jacó. Ora Deus não é Deus dos mortos, mas dos vivos porque todos vivem para Ele.” (Lc 20, 37-38)

Portanto, Jesus nos diz que os santos falecidos (como Abraão, Isaac e Jacó) estão vivos na Presença de Deus, pois VIVEM para Ele. Não estão mortos, nem inconscientes! O livro do Apocalipse também ensina que os santos falecidos não estão adormecidos, mas mesmo antes da ressurreição, suas almas dialogam e intercedem junto a Deus:

“Vi sob o ALTAR as ALMAS DOS HOMENS IMOLADOS por causa da Palavra de Deus e por causa do testemunho que dela tinham prestado. E CLAMARAM EM ALTA VOZ: Até quando ó Senhor, Santo e Verdadeiro, tardarás a fazer justiça, vingando o nosso sangue contra os habitantes da terra? A cada um deles foi dada, então, uma veste branca, e foi-lhes dito, também, que aguardassem ainda um pouco, até que se completasse o número dos seus companheiros e irmãos, que iriam SER MORTOS COMO ELES.” (Apc 6,9-11)

domingo, 1 de julho de 2018

Levemos a sério a nossa salvação. A escolha é sua!


"Já não vivo eu, mas é Cristo que vive em mim", escreve S. Paulo, mostrando que o cristianismo é um caminho de negação do eu para que apareça verdadeiramente quem nós somos. Esta verdade sobre nós dorme sob a capa densa dos nossos desejos e medos. É necessário, pois, negar este eu superficial a partir do qual a imensa maioria de nós age. É preciso fazer a experiência da "kenonis", do rebaixamento que o próprio Cristo fez, a fim de que se manifeste quem nós somos, manifestação pela qual a terra inteira geme em dores de parto.
                                                                                         
É esta a proposta de Jesus: "quem quiser me seguir, negue-se". Ainda ontem, eu lia das revelações de Jesus a Sta Brígida: "somente irá entrar no céu os que se humilham e se mortificam". E o que são a humilhação e a mortificação senão o rebaixamento da alma e do corpo, respectivamente? Este falso eu que todos trazemos, altivo e inconstante, não é quem de fato nós somos. Ou descobrimos a nossa verdadeira identidade - e para isso, é preciso procurar em Deus - ou morreremos e nos daremos conta da grande mentira que fomos e que estaremos - Deus nos livre - condenados a estender pela eternidade.

Se a via da conversão é mesmo uma via de negação do próprio eu, pouquíssima gente faz progressos no mundo. Antes, se poderia dizer que o cristianismo, como é pregado nos moldes atuais pela maioria, se encontra precisamente no rumo oposto, isto é: o da promoção do próprio ego. Não à toa Jesus diz que são pouquíssimos os que encontram o Caminho.

"Lembra-te sempre de que não realizas nada de virtuoso, esforçando-te para te dominares. De fato, que virtude há em tomar pá e picareta para tentar sair de uma galeria subterrânea, onde se tenha caído por falta de atenção? Não é natural, pois, utilizar as ferramentas entregues por alguém de fora, para escapar dessa atmosfera sufocante e tenebrosa? O contrário não seria pura estupidez? Essa parábola te pode ensinar a sabedoria. As ferramentas são os instrumentos da salvação, os mandamentos do Evangelho, os santos sacramentos da Igreja, que foram postos à disposição de cada cristão por ocasião do santo batismo. Sem uso, não terão nenhum proveito. Porém, utilizados com discernimento, permitirão que abras o caminho para a liberdade e para a luz. " (Tito Colliander, Caminho dos Ascetas, Iniciação à Vida Espiritual).

sábado, 30 de junho de 2018

Presidente filipino Rodrigo Duterte acende indignação ao chamar Deus de "estúpido"


O presidente das Filipinas, Rodrigo Duterte, voltou a receber duras críticas por seus comentários contra a Igreja Católica. Em um discurso no dia 22 de junho de 2018, ele questionou a História da Criação e a doutrina do pecado original da Bíblia. Em tom de revolta e desconfiança, o presidente perguntou: “quem é este Deus estúpido?”.

A declaração foi criticada pelos líderes católicos e até os próprios aliados do presidente. É o que informa o site CBS News.

O bispo das Filipinas, Arturo Bastes, chamou Duterte de “louco” e afirmou: “a injúria de Duterte contra Deus e a Bíblia revela, mais uma vez, que ele é um psicopata, uma mente anormal que não deveria ter sido eleita como presidente de nossa nação civilizada e cristã”.

O senador Panfilo Lacson, ex-chefe da polícia das Filipinas e defensor das políticas de Duterte, também criticou o presidente, acrescentando: “Que Deus o perdoe e faça com que ele repare todos os seus pecados”.

No discurso televisado, o presidente ainda proferiu palavras de baixo calão ao se referir a Deus. “Este filho da p… é realmente estúpido”, disse ele.

sexta-feira, 29 de junho de 2018

"Glória e cruz, em Cristo, caminham juntas", diz Papa


HOMILIA
Solenidade dos Santos Pedro e Paulo 
Praça São Pedro – Vaticano
Sexta-feira, 29 de junho de 2018

As leituras proclamadas permitem-nos entrar em contacto com a Tradição Apostólica, que «não é transmissão de coisas ou de palavras, uma coleção de coisas mortas. A Tradição é o rio vivo que nos liga às origens, o rio vivo no qual as origens sempre estão presentes» (Bento XVI, Catequese, 26 de abril de 2006) e oferecem-nos as chaves do Reino dos Céus (cf. Mt 16, 19). Tradição perene e sempre nova, que acende e revigora a alegria do Evangelho, consentindo-nos assim de confessar com os nossos lábios e o nosso coração: «“Jesus Cristo é o Senhor”, para glória de Deus Pai» (Flp 2, 11).

O Evangelho inteiro quer responder à pergunta que se abrigava no coração do Povo de Israel e que, mesmo hoje, não cessa de habitar em tantos rostos sedentos de vida: «És Tu aquele que há de vir, ou devemos esperar outro?» (Mt 11, 3). Pergunta que Jesus retoma e coloca aos seus discípulos: «E vós, quem dizeis que Eu sou?» (Mt 16, 15).

Pedro, tomando a palavra, atribui a Jesus o título maior com que O podia designar: «Tu és o Messias» (Mt 16, 16), isto é, o Ungido, o Consagrado de Deus. Apraz-me saber que foi o Pai a inspirar esta resposta a Pedro, que via como Jesus «ungia» o seu povo. Jesus, o Ungido que caminha, de aldeia em aldeia, com o único desejo de salvar e levantar quem era tido por perdido: «unge» o morto (cf. Mc 5, 41-42; Lc 7, 14-15), unge o doente (cf. Mc 6, 13; Tg 5, 14), unge as feridas (cf. Lc 10, 34), unge o penitente (cf. Mt 6, 17). Unge a esperança (cf. Lc 7, 38.46; Jo 11, 2; 12, 3). Numa tal unção, cada pecador, cada vencido, doente, pagão – no ponto onde se encontrava – pôde sentir-se membro amado da família de Deus. Com os seus gestos, Jesus dizia-lhe de maneira pessoal: tu pertences-Me. Como Pedro, também nós podemos confessar com os nossos lábios e o nosso coração não só aquilo que ouvimos, mas também a experiência concreta da nossa vida: fomos ressuscitados, acudidos, renovados, cumulados de esperança pela unção do Santo. Todo o jugo de escravidão é destruído graças à sua unção (cf. Is 10, 27). A nós não é lícito perder a alegria e a memória de nos sabermos resgatados, aquela alegria que nos leva a confessar: «Tu és (…) o Filho de Deus vivo» (Mt 16, 16).

Entretanto é interessante notar o seguimento desta passagem do Evangelho onde Pedro confessa a fé: «A partir desse momento, Jesus Cristo começou a fazer ver aos seus discípulos que tinha de ir a Jerusalém e sofrer muito, da parte dos anciãos, dos sumos-sacerdotes e dos doutores da Lei, ser morto e, ao terceiro dia, ressuscitar» (Mt 16, 21). O Ungido de Deus leva o amor e a misericórdia do Pai até às extremas consequências. Este amor misericordioso exige ir a todos os cantos da vida para alcançar a todos, ainda que isso custe o «bom nome», as comodidades, a posição… o martírio.

Perante anúncio tão inesperado, Pedro reage: «Deus Te livre, Senhor! Isso nunca Te há de acontecer» (Mt 16, 22) e transforma-se imediatamente em pedra de tropeço no caminho do Messias; e, pensando defender os direitos de Deus, sem se dar conta transforma-se em seu inimigo (Jesus chama-o «Satanás»). Contemplar a vida de Pedro e a sua confissão significa também aprender a conhecer as tentações que hão de acompanhar a vida do discípulo. À semelhança de Pedro, como Igreja, seremos sempre tentados por aqueles «sussurros» do maligno que serão pedra de tropeço para a missão. Digo «sussurros» porque o demónio seduz veladamente, fazendo com que não se reconheça a sua intenção, «comporta-se como um ser falso, que quer ficar escondido e não ser descoberto» (Santo Inácio de Loyola, Exercícios Espirituais, n. 326).

Pelo contrário, participar na unção de Cristo é participar na sua glória, que é a própria Cruz: Pai, glorifica o teu Filho… «Pai, manifesta a tua glória!» (Jo 12, 28). Glória e cruz, em Jesus Cristo, caminham juntas e não se podem separar; porque, quando se abandona a cruz, ainda que entremos no deslumbrante esplendor da glória, enganar-nos-emos porque aquela não será a glória de Deus, mas a pantomina do adversário.