quinta-feira, 4 de abril de 2019

"Novela da Globo promove aborto e o pior do feminismo", alerta psicóloga


Não é novidade para ninguém que o principal instrumento de modelagem cultural da Rede Globo são às novelas. De cena em cena, edição por edição, os produtores da emissora implementam a agenda ideológica que seguem, tendo como objetivo alcançar a população através da TV, aos poucos, influenciando gradualmente o modo como a realidade é interpretada.

A nova novela das seis, "Órfãos da Terra", seguirá esta mesma lógica, e já no primeiro capítulo a emissora dos Marinhos deixou claro que não economizará na "lacração", restando ao telespectador decidir transformar ou não a sua casa em uma fonte de renda para a Rede Globo, através da sua audiência.

A psicóloga cristã Marisa Lobo, conhecida por seu ativismo pró-família e luta contra o ativismo LGBT nos Conselhos de psicologia, comentou a estreia da novela alertando aos pais sobre o perigo da influência que ela poderá exercer sobre a mente de seus filhos.

"Órfãos da Terra? Ou pano de fundo para promoção de agendas esquerdistas subversivas?", questionou a psicóloga em sua rede social. "[A] nova novela da Globo já no primeiro capítulo promove aborto e peitos de fora em ato feminista".

Marisa explica que as cenas de mulheres com a frase "meu corpo, minhas regras", fazem alusão à legalização do aborto, pois se trata de uma referência "usada pelas abortistas, escrita no ventre das atrizes, frases, cartazes, símbolos. Ou seja, o pior do feminismo sendo louvado".

A psicóloga também explica que sempre há uma espécie de justificativa para que a Rede Globo promova tal ativismo ideológico. No caso da novela "Órfãos da Terra", será o discurso de "violência contra a mulher" e "defesa da mulher", usados como "pano de fundo" para a promoção do ativismo ideológico feminista.

terça-feira, 2 de abril de 2019

Palavra de Vida: “Se Eu, o Senhor e o Mestre, vos lavei os pés, também vós deveis lavar os pés uns aos outros” (Jo 13, 14).




O evangelista João, ao recordar as últimas horas passadas na companhia de Jesus antes da sua morte, põe no centro da narrativa o episódio de Jesus que lava os pés aos seus discípulos. Lavar os pés era, no antigo Oriente, um sinal de acolhimento ao hóspede, depois da viagem por estradas cheias de poeira. E era normalmente feito por um escravo. Precisamente por isso, num primeiro momento, os discípulos recusam aceitar esse gesto do seu Mestre. Mas depois, Ele explica-lhes:

“Se Eu, o Senhor e o Mestre, vos lavei os pés, também vós deveis lavar os pés uns aos outros.”

Com esta imagem tão significativa, João revela-nos inteiramente a missão de Jesus: Ele, o Mestre e o Senhor, entrou na história humana para ir ao encontro de cada homem e de cada mulher, para os servir e os levar ao encontro com o Pai.

Dia após dia, durante toda a sua vida terrena, Jesus despojou-se de todo e qualquer sinal da sua grandeza, e ali prepara-se para dar a vida na cruz. E é precisamente nesse momento que Ele confia aos seus discípulos, como sua herança, a palavra que lhe está mais a peito:

“Se Eu, o Senhor e o Mestre, vos lavei os pés, também vós deveis lavar os pés uns aos outros.”

É um convite claro e simples. Todos o podemos compreender e pôr em prática imediatamente, em todas as situações e em qualquer contexto social e cultural.

Os cristãos que receberam a revelação do Amor de Deus, por intermédio da vida e das palavras de Jesus, têm uma “dívida” para com os outros: imitar Jesus, acolhendo e servindo os irmãos, para se tornarem também arautos do Amor. Como Jesus: primeiro amar concretamente e depois acompanhar o gesto com palavras de esperança e amizade. E o testemunho é tanto mais eficaz quanto mais prestarmos atenção aos pobres, com espírito de gratuidade. Por outro lado, devemos evitar qualquer atitude de servilismo para com quem tem poder e prestígio.

Mesmo perante situações complexas, e até trágicas, que não conseguimos impedir, há sempre qualquer coisa que ainda podemos e devemos fazer para contribuir para o “bem” comum: sujar as mãos, com generosidade e responsabilidade, e sem nunca esperar recompensas.

Além disso, Jesus pede-nos que testemunhemos o Amor, não só pessoalmente, nos nossos ambientes de vida, mas também como comunidade, como povo de Deus, cuja lei fundamental é precisamente o amor recíproco.

Cardeal Sarah: Deus nunca abandona sua Igreja diante dos escândalos e da crise moral


O Cardeal Robert Sarah, Prefeito da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, deu esperança aos católicos após afirmar que Deus nunca abandona a sua Igreja, apesar dos escândalos internos e da crise moral que afeta o mundo ocidental.

"Hoje tudo é escuro, difícil, mas independentemente das dificuldades que passamos, há somente uma pessoa que pode vir para nos resgatar. É a ressurreição do Filho de Deus que dá esperança na escuridão", disse o Cardeal Sarah, em uma extensa entrevista concedida ao semanário francês ‘Valeurs Actuelles’, em 27 de março, na qual também defendeu a primazia papal, o celibato sacerdotal e a importância da unidade dos cristãos.

O Purpurado enfatizou que a "grande missão divina" da Igreja é "levar Cristo para os homens, que é a nossa esperança".

O Cardeal Sarah escreveu um novo livro com Nicolas Diat sobre a "profunda crise espiritual, moral e política no mundo contemporâneo", que foi publicado em francês e intitulado: "Já é tarde e já declina o dia".

O título do livro foi tirado de uma passagem do Evangelho de São Lucas, na qual Cristo ressuscitado está com seus discípulos a caminho de Emaús: "Fica conosco, já é tarde e já declina o dia".

Ao falar sobre a confusão moral que afeta as sociedades ocidentais, o Cardeal também assinalou a providência de Deus ao proporcionar pontífices que lideram a igreja em tempos difíceis.

"Deus viu que o mundo estava afundando em uma confusão fatal. Para nos preparar para esta situação, Deus nos deu papas sólidos", explicou o Cardeal Sarah. Em seguida, enumerou os dons particulares que os últimos quatro pontífices deram à Igreja.

Deus "nos deu Paulo VI, que defendeu a vida e amor verdadeiro, apesar da forte oposição à encíclica Humanae Vitae", disse o Purpurado.

Deus nos deu a João Paulo II, cuja vida própria "era um Evangelho vivente" e ensinou que a união da fé e da razão são "uma luz que guia o mundo em direção a uma verdadeira visão do homem".

Enquanto Bento XVI presenteou o mundo ensinando com "clareza, profundidade e precisão" incomparáveis.

"Hoje, Ele nos dá Francisco, que literalmente quer salvar o humanismo cristão. Deus nunca abandona a sua Igreja", assegurou o Cardeal Sarah.

Quando perguntado sobre a sinodalidade, disse: "Cristo fundou uma Igreja cujo modo de governo é hierárquico. A primeira pessoa a cargo da Igreja é o Papa. A primeira pessoa a cargo da igreja local é o bispo na sua diocese e não a conferência episcopal, que é útil para intercambiar (pontos de vistas), não para impor uma direção".

O Cardeal também alertou que as contradições entre as diversas conferências episcopais sobre os ensinamentos morais não servem à unidade e à fé católicas.

"Uma conferência episcopal não tem autoridade legal ou competência em matéria de doutrina", assinalou.

Em seguida, recordou grandes bispos da história como Santo Ambrósio e Santo Agostinho, que "não gastaram seu tempo em reuniões, comissões e viagens constantes," porque um "bispo deve estar com o seu povo, ensinar seu povo, amar seu povo".

"A verdadeira reforma tem a ver com a nossa própria conversão. Se não mudarmos a nós mesmo, todas as reformas estruturais serão inúteis. Leigos, sacerdotes, cardeais, todos devemos retornar a Deus", acrescentou o Cardeal Sarah.

Mais tarde, destacou as vidas de São Francisco de Assis e Santa Teresa de Calcutá, como exemplos de reforma que "transformaram a Igreja ao viver o Evangelho de maneira radical".

Vaticano apresenta novo documento do Papa dedicado aos jovens


O Vaticano apresentou nesta terça-feira, 2, em coletiva de imprensa, a exortação apostólica pós-sinodal Christus Vivit, do Papa Francisco, aos jovens e a todo o povo de Deus. O documento é fruto do Sínodo dos Bispos dedicado aos jovens realizado em outubro passado no Vaticano.

“Cristo vive: é Ele a nossa esperança e a mais bela juventude deste mundo! Tudo o que toca torna-se jovem, fica novo, enche-se de vida. Por isso as primeiras palavras, que quero dirigir a cada jovem cristão, são estas: Ele vive e quer-te vivo!”, escreve Francisco na abertura do documento.

A exortação é dividida em nove capítulos, que abordam desde o que a Palavra de Deus diz sobre os jovens até o discernimento vocacional: 1- Que diz a Palavra de Deus sobre os jovens? / 2- Jesus Cristo sempre jovem / 3- Vós sois o agora de Deus / 4- O grande anúncio para todos os jovens / 5- Percursos de juventude / 6- Jovens com raízes / 7- A pastoral dos jovens / 8- A vocação / 9- O discernimento.

Homilia do Papa Francisco no encerramento de sua viagem ao Marrocos



Viagem do Papa Francisco ao Marrocos
Santa Missa no Parque Esportivo
Príncipe Moulay Abdellah
Domingo, 31 de março de 2019

«Quando ainda estava longe, o pai viu-o e, enchendo-se de compaixão, correu a lançar-se-lhe ao pescoço e cobriu-o de beijos» (Lc 15, 20).

Assim nos leva o Evangelho ao coração da parábola onde se apresenta o comportamento do pai quando vê regressar o seu filho: comovido até às entranhas, não espera que ele chegue a casa, mas surpreende-o correndo ao seu encontro. Um filho ansiosamente esperado. Um pai comovido ao vê-lo regressar.

Mas não foi a única vez que o pai correu. A sua alegria seria incompleta sem a presença do outro filho. Por isso, sai também ao seu encontro, para convidá-lo a tomar parte na festa (cf. 15, 28). Contudo o filho mais velho parece não gostar das festas de boas-vindas, custava-lhe suportar a alegria do pai, não reconhece o regresso do seu irmão: «esse teu filho» (15, 30) – dizia. Para ele, o irmão continua perdido, porque já o perdera no seu coração.

Incapaz de participar na festa, não só não reconhece o irmão, mas tão-pouco reconhece o pai. Prefere ser órfão à fraternidade, o isolamento ao encontro, a amargura à festa. Custa-lhe não só compreender e perdoar a seu irmão, mas também aceitar ter um pai capaz de perdoar, disposto a esperar e velar por que ninguém fique fora; enfim, um pai capaz de sentir compaixão.

No limiar daquela casa, parece manifestar-se o mistério da nossa humanidade: por um lado, temos a festa pelo filho reencontrado e, por outro, um certo sentimento de traição e indignação por se festejar o seu regresso. Por um lado, a hospitalidade para quem experimentara tal miséria e sofrimento, que chegara ao ponto de exalar o cheiro dos porcos e querer alimentar-se com o que eles comiam; por outro, a irritação e o ressentimento por se dar lugar a alguém que não era digno nem merecedor de tal abraço.

Deste modo, mais uma vez vem à luz a tensão que se vive no meio da nossa gente e nas nossas comunidades, e até dentro de nós mesmos. Uma tensão que, a partir de Caim e Abel, mora em nós e que somos convidados a encarar: Quem tem direito a permanecer entre nós, ocupar um lugar à nossa mesa e nas nossas assembleias, nas nossas solicitudes e serviços, nas nossas praças e cidades? Parece continuar a ressoar aquela pergunta fratricida: Porventura sou eu o guardião do meu irmão? (cf. Gn 4, 9).

No limiar daquela casa, surgem as divisões e desencontros, a agressividade e os conflitos que sempre atingirão as portas dos nossos grandes desejos, das nossas lutas pela fraternidade e pela possibilidade de cada pessoa experimentar desde já a sua condição e dignidade de filho.

Mas no limiar daquela casa brilhará também em toda a sua claridade, sem lucubrações nem desculpas que lhe tirem força, o desejo do Pai: que todos os seus filhos tomem parte na sua alegria; que ninguém viva em condições desumanas como seu filho mais novo, nem na orfandade, isolamento ou amargura como o filho mais velho. O seu coração quer que todos os homens se salvem e cheguem ao conhecimento da verdade (cf. 1 Tm 2, 4).

China: Polícia prende novamente bispo clandestino


Mais uma vez, a polícia chinesa na província de Hebei prendeu, no dia 28 de março, Dom Agostino Cui Tai, Bispo de Xuanhua, junto com o seu Vigário Episcopal, Pe. Zhang Jianlin.

Segundo informa Asia News, não se sabe o motivo nem quanto tempo durará a prisão do Prelado clandestino ou “subterrâneo”, ou seja, fiel à Santa Sé.

Nos últimos meses, indica, o Bispo teve que lutar para fazer prevalecer sua autoridade episcopal, reconhecida pelo Vaticano, contra um sacerdote, Pe. Zhang Li, que o acusa de não seguir as instruções da Santa Sé.

Segundo o sacerdote, o Acordo Provisório para a nomeação de bispos, assinado entre a China e o Vaticano estabelece o fim da Igreja clandestina ou subterrânea e, a partir de agora, todos os fiéis e os bispos deveriam fazer parte da Igreja oficial liderada pela Associação Patriótica Católica Chinesa, controlada pelo governo comunista.

Com o apoio do governo local, Pe. Zhang Li já havia incentivado a polícia a prender o Bispo, que há alguns meses ordenou ao presbítero não exercer o ministério sacerdotal.

Nessa ocasião, a polícia prendeu Dom Agostino por 15 dias, pressionando-o a anular o mandato emitido contra Pe. Li.

A proibição contra o presbítero também foi emitida porque este promove um grupo pentecostal liderado por um pastor protestante, que inventaria milagres para "exagerar" os efeitos da oração.

Segundo alguns sacerdotes locais, a nova detenção de Dom Cui Tai foi porque ele "se expôs" ao revelar publicamente sua identidade episcopal; algo ilegal, apesar de ser reconhecido pela Santa Sé, mas não pelo governo.

De acordo com Asia News, os fiéis e sacerdotes da Diocese pedem orações para que Dom Cui Tai e seu vigário "voltem sãos e salvos o mais rápido possível".

Desde 2007, o Bispo foi preso várias vezes ilegalmente. Em outras ocasiões, determinaram a prisão domiciliar.

A Diocese de Xuanhua foi erigida no final de 1946, mas em 1980 o governo comunista criou a diocese "oficial" de Zhangjiakou, à qual anexou as de Xuanhua e Xiwanzi.

A diocese "oficial" de Zhangjiakou não é reconhecida pelo Vaticano.

Após o Acordo Provisório assinado entre a China e o Vaticano para a nomeação de bispos, a Associação Católica Patriótica Chinesa aumentou seu controle e perseguição contra comunidades clandestinas ou subterrâneas.

A esmagadora maioria são os outros padres


Dizem que ser médico é um sacerdócio tão exigente como ser padre. Concordo. Conheço muitos médicos que não descansam enquanto não conseguem salvar os seus doentes, mesmo quando sabem que não os podem curar. Não desistem deles nem os deixam desanimar. Permanecem atentos e disponíveis para os ouvir e validar os seus sintomas. São fiéis aos valores que professaram quando fizeram o Juramento de Hipócrates e declararam, em primeiro lugar, que toda a sua ação médica será para o benefício dos doentes, evitando todo o mal voluntário e corrupção. Sobre o que vêem e sabem, também juraram guardar “silêncio como um segredo religioso”. Tentar curar e não provocar danos nos doentes é, em resumo, a essência do prático.

Um sacerdote que fez votos perante Deus e perante a Igreja, promete o mesmo que um médico. Enquanto um tenta curar o corpo, o outro tenta curar o espírito, mas ambos percorrem caminhos paralelos que, em alturas de maior fragilidade, se chegam a cruzar. Um padre que acompanha no sofrimento, que reconhece as dores do outro, que salva do sem-sentido de tantas desistências provocadas por dramas, perdas, crises, ruturas e acontecimentos trágicos, que faz ‘banco’ na urgência de poder devolver a paz interior e o sentido de vida a quem se sente desistente, também pode ser considerado um ‘médico’ da alma.

A grande diferença entre um e outro é a transcendência. O padre não é um clínico, como é evidente. Enquanto no médico se vê a ação de um homem sobre outro homem, no padre existe a possibilidade do encontro com Deus. E da cura espiritual, que permite aos homens elevarem-se acima das suas circunstâncias e divinizarem-se, humanizando-se. O paradoxo é grande, mas é real. O médico pode curar ou não as doenças. O padre não tenta sequer curar doentes, mas cuida de restaurar neles a esperança, de lhes transmitir fé e confiança num Deus que, ele sim, pode reforçar a fortaleza interior e dar as forças para avançar, mesmo quando o caminho implica atravessar doenças muito graves ou perdas irreparáveis.

Quem já se sentiu doente e vulnerável do ponto de vista da saúde física conhece, por experiência, o poder terapêutico de um bom médico. Quem já esteve como que caído, perdido ou desistente, quem já passou por dores morais e emocionais provocadas por crises devastadoras ou acidentes inesperados, sabe o poder resgatador e curativo de um bom padre. E é por saber tudo isto e também por estar consciente de que a maioria dos padres da Igreja católica dá verdadeiro testemunho de Deus, que escrevo sobre os outros padres.

Penso nos bons padres que existem em todo o mundo e de quem não se fala por só haver espaço nos media para os tarados e os abusadores. Mesmo sendo estes uma ínfima minoria na Igreja, são estes que deixam marcas devastadoras e indeléveis no tempo. Sobretudo nas suas vítimas. Por causa destes levanta-se uma suspeita geral sobre todos os outros. Hoje em dia qualquer sacerdote que seja visto a abraçar, a acolher no seu gabinete ou a caminhar sozinho ao lado de um jovem, rapaz ou moça, pode ser considerado suspeito pela comunidade.

Detesto generalizações e escrevo contra toda esta onda de suspeição sobre os padres porque conheço centenas deles e com cada um aprendo alguma coisa. Todos me acrescentam paisagem interior, todos me ajudam a expandir o coração e os horizontes, todos me ajudam a perceber o que me faz mais humana, todos me mostram como posso ir mais longe e chegar mais alto, deixando ao meu critério ir por esses caminhos ou por outros. Conheço alguns destes bons padres por os ouvir em homilias, conheço outros porque os leio e, outros ainda, por ter com eles conversas verdadeiramente iluminantes e transformadoras.

Afinal, o STF acertou ao reconhecer a legalidade de sacrifícios de animais em rituais religiosos?


Você pode discordar, torcer o pescoço e xingar a decisão proferida pelo Superior Tribunal Federal, ao reconhecer à legalidade dos sacrifícios de animais em rituais religiosos. O fato é que isso não muda o que está escrito na Constituição Federal Brasileira, a lei máxima do país, aa qual o STF tem por obrigação zelar seu cumprimento.

Para entender a decisão é importante separar convicções religiosas, morais e até filosóficas do direito em si. Não cabe ao STF legislar acerca de doutrinas religiosas, nem sobre moralidade ou filosofia. À Corte cabe apenas observar se determinado ato está ou não em conformidade com a lei.

Ainda que possamos não concordar com o sacrifício de animais em rituais religiosos, é dever reconhecer que este é um direito garantido em consequência da liberdade de culto religioso, algo que, na prática, vale para qualquer religião.

"É inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias", diz o parágrafo VI do artigo 5° da Constituição Federal.

Note que está incluso "...e suas liturgias", indicando claramente que a forma de culto também é um direito adquirido, como observou o ministro Alexandre de Morais em seu voto:

"A oferenda dos alimentos, inclusive com a sacralização dos animais, faz parte indispensável da ritualística das religiões de matriz africana”, afirmou o magistrado, segundo o G1.

O direito à vida, também garantido na Constituição, não se aplica aos animais, mas apenas aos seres humanos. No âmbito dos rituais religiosos, o que é considerado "maus tratos" também não se aplica, visto que isso é relativo à interpretação da doutrina religiosa, algo que naturalmente pode ser visto de outra maneira por quem não professa determinada crença.

Assim, o STF entendeu que o sacrifício por si mesmo não constitui ilegalidade, nem maus tratos, até porque há muitas formas de sacrifício animal não contestadas pela sociedade, como o próprio abatimento para consumo e uso de derivados, como a pele e outras partes do animal. Ou seja, a finalidade religiosa é apenas uma entre tantas legalmente existentes, desde que atendendo certas condições.