terça-feira, 15 de outubro de 2019

A REPAM no Sínodo: o desabafo de um missionário católico


Me chamo Alain Matos Viana. Nasci em meio à Floresta Amazônica, no rio de nome indígena chamado Mamurú. Fui criado noutro rio de nome também indígena, Uaicurapá. Estudei numa vila que fica na entrada de outro rio com nome igualmente indígena, Andirá (Barreira do Andirá). Sei fazer farinha de mandioca, aprendi a caçar de espingarda e pescar de arco e flecha, hoje sou missionário católico.

Desde minha iniciação cristã nas vilas ribeirinhas que passei, seja em minha juventude ou agora, como missionário, em tantas missas e celebrações da Palavra ao redor de Parintins, Maués, Urucará, Iranduba, e da própria Capital Manaus, nunca – eu disse NUNCA – presenciei uma “missa indígena”. Mesmo sendo Caboclo de raiz, sempre soube que missa era missa, seja ela vivida em Roma ou em meio à Floresta.

Hoje, com o Sínodo da Amazônia, pessoas levadas daqui pelo pessoal da REPAM (Rede Eclesial Pan-Amazônica) mostram veementemente “rituais indígenas” como se esses rituais fossem a expressão da Igreja na Amazônia: NÃO! Aqui veneramos a Virgem Maria e não a Pachamama (Mãe Terra).

Não estou negando minhas origens, pelo contrário, sou Caboclo com muito orgulho, tenho em meu sangue tanto da parte afro como da parte indígena, mestiço, meio branco, meio índio, meio negro… Mas em se tratando de Fé, também sei muito bem que herdo a Fé que muitos missionários vindos dos quatro cantos da terra ensinaram, com uma evangelização destemida, eficaz, com a força do celibato de tantos padres e religiosos, tantas vezes a preço do sangue do martírio.

Não posso negar minha origem de sangue muito menos minha origem de Fé.

Aprendi cedo que a Igreja Católica é também Apostólica e Romana, seja ela na Ásia, Europa ou no Uaicurapá onde fui batizado.

Não sou autoridade no assunto, mas a experiência não me deixa ser tão leigo a ponto de não ter o precioso senso crítico. Creio na Graça do Espírito Santo, que ela vai prevalecer ao final deste Sínodo, mas fico inquieto em ver pessoas (REPAM) tentando desmoralizar a Tradição Bimilenar usando um povo e seus costumes como justificativa progressista e um emaranhado de ideias contrárias à Fé deixada pelos primeiros que aqui passaram.

Respeitar culturas é uma coisa, fazer delas profissão de fé é outra.
O povo da Amazônia é mestiço, mas a Fé é Católica.
As terras pertencem a um povo, mas o Evangelho é de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Respeitar os rituais indígenas é necessário. Adorar Jesus no Rito da Santa Missa é mais ainda.

Por fim, miscigenação significa a mistura de vários povos, ou seja, a Amazônia não é só indígena! Por isso a Igreja em sua Doutrina e Teologia Universais é suficientemente capaz de abraçar a todos sem ter que inventar uma “teologia índia”, muito menos uma “missa amazônica-indígena”.

Comissão de redação do documento final do Sínodo está completa


O Papa Francisco nomeou quatro novos membros para a comissão de redação do documento final do Sínodo da Amazônia, deste modo, esta comissão fica completa.

O Papa Francisco nomeou o Cardeal Christoph Schönborn, Arcebispo de Viena (Áustria), Dom Edmundo Ponciano Valenzuela, Arcebispo de Assunção (Paraguai), Dom Marcelo Sánchez Sorondo, Chanceler da Pontifícia Academia das Ciências e das Ciências Sociais (Vaticano), e o Pe. Rossano Sala (Itália) como membros da comissão para a redação do documento final do Sínodo da Amazônia.

No Vaticano, Bispo de Castanhal defende ordenação de homens casados


O Bispo de Castanhal (PA), Dom Carlo Verzeletti, falou a favor da ordenação de homens casados ​​de virtude comprovada, os chamados viri probati.

“No Sínodo, apoio e continuo apoiando a importância de poder ordenar homens casados ​​para o ministério sacerdotal, para que a Eucaristia possa se tornar uma realidade mais próxima do nosso povo e de nossas comunidades, para que esses homens casados ​​possam, de fato, acompanhar a vida de seus povos, a vida de suas comunidades”, disse o Prelado durante a coletiva de imprensa realizada nesta segunda-feira, 14 de outubro, na Sala de Imprensa do Vaticano.

O Prelado, cuja diocese está localizada no estado do Pará, no Brasil, explicou que em sua jurisdição existe “uma realidade exigente, porque temos mais de 800 mil habitantes com 1.110 aldeias e cidades a serem atendidas. Com apenas 45 sacerdotes, dos quais cinco já têm mais de 80 anos”.

“Por isso, com nossos sacerdotes, não estamos em condição de viver aqui aquilo para o qual foram constituídos, porque, como diz a Presyterorum ordinis (ndr: documento sobre os sacerdotes) no número 3 e também a Carta aos Hebreus, ‘tirados dentre os homens e constituídos a favor dos homens', mas isso não acontece porque encontrar as pessoas algumas vezes por ano e celebrar a Missa rápido, quatro, cinco vezes por ano, eles correm de um lugar para o outro e não têm tempo para acompanhar a vida do povo, para estar no meio do povo, oferecer verdadeiro cuidado pastoral”, continuou.

Deste modo, opinou o Prelado, “o sacerdote se converte em um distribuidor de sacramentos algumas vezes no ano. Por isso, no Sínodo, apoio e continuo apoiando a importância de poder ordenar homens casados ​​para o ministério sacerdotal, para que a Eucaristia possa se tornar uma realidade mais próxima do nosso povo e de nossas comunidades, para que esses homens casados ​​possam, de fato, acompanhar a vida de seus povos, a vida de suas comunidades".

Presidente da CNBB se encontra com o vice-presidente Mourão em Roma


Na manhã desta terça-feira, dia 15 de outubro, o presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e arcebispo de Belo Horizonte (MG), dom Walmor Oliveira de Azevedo, encontrou-se com o vice-presidente da República, Hamilton Mourão, em Roma.

Dom Walmor agradeceu a vinda do vice-presidente à canonização de Irmã Dulce, realizada no último domingo, dia 13 de outubro. Já o vice-presidente agradeceu pela abertura cada vez maior de diálogo entre a Igreja e o governo brasileiro. “Saiba que o canal de comunicação estará sempre aberto à CNBB”, afirmou Mourão. Em resposta, dom Walmor disse: “estamos próximos na oração, no apoio e no diálogo”.

O presidente da CNBB também falou sobre o Sínodo para Amazônia, que está sendo realizado até o fim da próxima semana no Vaticano. “O Sínodo está caminhando de forma muito positiva. A Igreja pode contribuir bastante na Amazônia por sua capilaridade”. Mourão afirmou que sua única preocupação é em relação a discussões que interfiram na soberania do país, mas dom Walmor o tranquilizou de que as propostas do Sínodo não mexem com essa questão.

A ordenação de padres casados

 
Sem intenção de polemizar contra ninguém, retorno a esta questão já abordada por mim por ocasião da publicação do Instrumentum laboris (IL) do Sínodo. Pelo que observamos são duas as razões apresentadas pelos que defendem a ordenação de padres casados: se possibilitaria a celebração da Missa nas aldeias, hoje inviabilizada pela normativa do celibato e, por outra parte, se superaria a rejeição intrínseca ao mesmo que desde a antropologia indígena, desde a absoluta impossibilidade para uma “compreensão” da situação pelo que se refere ao caso do padre indígena solteiro na Amazônia de hoje.

A primeira razão fica invalidada pelo fato evidente de que a ausência de padre para celebrar a Eucaristia é um problema comum a toda a Igreja e não só das comunidades indígenas. Pertenceria, portanto, não ao âmbito de uma problemática a ser discutida por um Sínodo.

Queremos aqui nos debruçar sobre a questão cultural indígena que, segundo alguns, deve prevalecer de modo absoluto sobre a atual legislação, “caso os católicos queiram ter membros do clero provenientes das comunidades indígenas”.

O ar descristianizado que sopra ao longo de muitas páginas do IL se evidencia com toda a crueza por ocasião da ordenação de indígenas não vinculados pelo sagrado dom do celibato. “Não há outra possibilidade. Os povos indígenas não entendem”. Uma visão profundamente secularista tomou conta do documento. O que aqui se evidencia com a máxima clareza. Vejamos.

“A cultura não é a medida do Evangelho. É Jesus Cristo a medida de toda a cultura e de toda obra humana” (SD, DI 6).

Não é a cosmovisão indígena a que determina a evangelização e estabelece o que pode ou não ser aceito do Evangelho de Jesus Cristo. Essa cultura seria um “novo evangelho”, como inúmeras vezes se dá a entender no IL, evangelho surgido dos indígenas, das suas culturas ou de sua análise sobre as necessidades do homem também na área do celibato, das famílias, da sexualidade, realidades estas que determinam intrinsecamente a personalidade e a sua história.

A necessidade de “nascer de novo”, “ser um homem novo”, “no único Homem novo” (Ef 2, 15-16), também portanto na área da sexualidade, não seria efetivada pelo Evangelho. Seria pura salvação humana, portanto não salvação. O indígena, sua família, sua afetividade e sexualidade ficariam entregues a si mesmos, a sabedoria dos ancestrais, as cosmovisões da sua cultura, as interpretações da realidade do seu povo.

A evangelização da Amazônia não pode nascer do desejo de “agradar aos homens”, ou de “procurar o seu favor” (Gl 1, 10), nem dos Cardeais, nem tampouco do Sínodo. Ela tem que nascer da responsabilidade da Igreja pelo Dom que Deus nos faz em Cristo, aos indígenas tanto como a nós. Dom que não extingue, tampouco humilha, nem se sobrepõe a nenhuma cultura, nem nação. É “a riqueza insondável” (Ef 3, 8) que antes de tudo é o próprio Cristo, sua Pessoa, sua Igreja, porque Ele mesmo é a nossa salvação e a da Amazônia.

A Cristologia reducionista que perpassa o IL não marcará nunca “os caminhos novos para a Igreja na Amazônia, nem para uma ecologia integral”. Se assim fosse o Sínodo seria eliminado porque Jesus de Nazaré, Filho de Deus ficaria assim fora do centro (ibidem 6-7).

Por outra parte, a mensagem do Novo Testamento sobre a sexualidade humana e suas consequências, ponto de partida para a compreensão do celibato não é um empecilho intransponível para os povos indígenas. Assim como tampouco o foi para os gregos e romanos (1 Cor 6; Ef 5; Gal 5; Rm 1). Como tampouco para os judeus (Mt 19). Todos eles tiveram a mesma dificuldade de compreensão, mas ao mesmo tempo experimentaram a alegria incontida de “glorificar a Cristo no seu corpo” (sexo, genitalidade) (1 Cor 6, 20), assim como também a experiência única da libertação sexual “pelo alto preço do sangue de Cristo” (ibidem) pelo sacramento do Batismo e do sacramento do Matrimônio, mistério grande em Cristo e na Igreja (Ef 5, 32).

Não é a cultura indígena que encontra dificuldades intransponíveis na compreensão do celibato. Acontece que não houve uma verdadeira inculturação do Evangelho entre eles. Tem sido por muitas razões uma transmissão da fé “que não se fez cultura, uma fé que não foi plenamente recebida, não inteiramente pensada, não fielmente vivida” (Rm 10). Isso! Numa palavra: as dificuldades das culturas indígenas para compreender o celibato e vivenciá-lo, também no sacramento da ordem sacerdotal, não são diferentes as das culturas afroamazônicas, ribeirinhas, caboclas, nem urbanas da Amazônia. Aliás, nem as culturas ibéricas na primeira evangelização das mesmas, como a da inculturação das germânicas ou asiáticas, como qualquer cultura experimenta fundamentalmente a mesma dificuldade para compreender, vivenciar, encontrar o verdadeiro sentido da estrutura afetiva, sexual, genital e, portanto, do celibato que nasce necessariamente do Batismo e da Eucaristia (1 Cor 6, 9-11).

Sem uma autêntica inculturação do Evangelho num processo longo, complexo e difícil, não tem possibilidade nenhuma nenhum povo da Terra de compreensão, aceitação agradecida, nem de vivência fiel, nem nas culturas indígenas, nem em outras quaisquer.

O primeiro passo para a solução do problema do celibato não é abolição do mesmo. É, pelo contrário, inculturar o Evangelho com os valores profundos, aspirações vitais, raízes antropológicas (Rm, 24; At 14, 11-17; 17, 22-31) de determinada cultura. É Jesus Cristo e seu Espírito que transcende toda a cultura, mas simultaneamente se encarna nos valores e nas expressões mais profundas de cada cultura. Ele é o início, meio e fim da inculturação.

Paulo, na Carta aos Gálatas, proclama: “não anulo a graça de Deus; porque se é pela Lei que vem a justiça então Cristo morreu em vão” (2, 21). Não podemos colocar a cultura contra a Graça, nem a sabedoria indígena contra a Cruz.

O celibato no sacerdócio, por outra parte, facilita o trato assíduo com o Senhor, com um coração indiviso (1 Cor 7). Constitui uma característica específica e incomparável do kairós e da situação profética para o exercício do profetismo mais arriscado na Amazônia de nossos dias.

Ele define, proclama abertamente e com alegria a característica essencialmente escatológica do nosso tempo profético incomparável.

Vejamos agora o específico do celibato a partir do Novo Testamento. Este é incompreensível se não é trilhado o caminho de Jesus. Sua vida celibatária é o germe do qual brota necessariamente a virgindade e o celibato na Igreja. Não é de estranhar, portanto, que num documento como o IL que sequestra o Crucificado do texto preparatório do Sínodo, “não compreenda” o celibato de Jesus, nem o da Igreja .

Mateus 19, 10-12 destaca que o mesmo é incompreensível como o foi para os judeus que o insultavam com a palavra: “eunuco, impotente”. Jesus aceita o insulto e explica a sua condição de celibe: “o Reino dos Céus”. Como entre os indígenas da Amazônia o celibato também hoje é tido como impossível por não poucos homens” (PO, 16). Por isto, com tanta mais humildade e perseverança, nós presbíteros somos convidados a implorar com toda a Igreja a graça da fidelidade (ibidem). Numa cristologia e eclesiologia desprovidas da experiência da graça, o celibato não tem sentido nenhum. Assim como é evidente no IL a ausência total da alegria pascal e da autêntica esperança cristã.

Em Mateus, o celibato é tão incompreensível como o camponês do Evangelho que cheio de alegria vende tudo para comprar o único campo (Mt 13, 44ss). O celibatário, como Jesus, vivencia com entusiasmo e alegria o despojamento de tudo “pelo Reino dos Céus”. Esta é a única justificativa. Quem não estiver evangelizado, aquele a quem o Reino de Deus não foi anunciado, não compreende nada. Como os indígenas da Amazônia que pensam desde si mesmos, não desde o Evangelho, não desde o Reino dos Céus. A Igreja mateana que nasce do judaísmo acolhe, admira e acompanha grupos de pessoas que no seu seio permaneciam celibatárias imitando a Jesus.

domingo, 13 de outubro de 2019

O Círio de Nazaré como Agente de Evangelização


No início do século VIII, encontramos uma imagem de Nossa Senhora de Nazaré, cuja origem é cercada de lendas, em Portugal, no monte de São Bartolomeu. Neste lugar a imagem ficou escondida por cerca de quatro séculos, quando na manhã de 14 de setembro de 1182, Dom Fuas Roupinho, Alcaide-mor do Castelo de Porto de Moz e amigo do rei Dom Afonso Henrique, caçando um cervo que fugia em disparada, deparou-se a um abismo. Em meio ao grande perigo que estava, clamou a intercessão da Virgem de Nazaré: “Valei-me Nossa Senhora de Nazaré!”. Após a exclamação, o cavalo volteou sobre os cascos traseiros evitando a queda mortal. Após o milagre obtido pela intercessão da santíssima Virgem, Dom Fuas mandou construir uma capela naquele mesmo lugar em honra daquela por cuja intercessão sua vida tinha sido poupada. A Capela tornou-se centro de peregrinação inclusive de reis e navegadores.

Mudemos agora de tempo e lugar, estamos por volta de 1700 e o protagonista não é mais um nobre fidalgo português, mas um caboclo amazônico chamado Plácido José dos Santos. Este, em meio a suas caminhadas pela mata, que eram certamente costumeiras, já que segundo a tradição Plácido era caçador, achou entre as pedras do igarapé Murutucu uma pequena imagem, que tratou de levar para casa. No dia seguinte para a sua surpresa a Imagem não estava onde ele havia deixado, ele então correu ao local onde a havia achado e lá estava ela, após inúmeras tentativas fracassadas de mantê-la em sua casa decidiu construir uma pequena Capela naquele local. Temos aí a primeira Igreja de Nazaré.

Após o achado da imagem, a devoção popular imediatamente começou, pois lá era caminho de muitos viajantes, já que o lugar era próximo da “Estrada do Utinga”, fato que ajudou a propagar a devoção que ali se iniciava. Pouco mais de vinte anos depois, o Bispo da época Dom Bartolomeu de Pilar esteve na capela atraído pela grande devoção que ali se consolidava, na ocasião, Plácido sugeriu ao bispo a construção de uma nova igreja, cuja sugestão foi prontamente aceita, sendo erguida entre 1730 e 1744.

No ano de 1793, o governador Sousa Coutinho teve a ideia de organizar uma grande feira com produtos agrícolas e extrativistas para serem comercializados no período em que se costumava celebrar a festa (mês de agosto). Porém, em junho de 1793 este fica doente, condenado a não comparecer a festa, fez a promessa que se caso melhorasse, iria buscar a imagem, levá-la para a capela de seu palácio e depois voltaria com ela para a sítio de Nazaré. Graça alcançada, promessa cumprida. Temos então em 8 de setembro de 1793 o primeiro Círio de Nazaré.

A atual Igreja, que se seguiu a outras construídas no mesmo local daquela que o Caboclo Plácido edificou, foi construída no século XX. Em seu interior, enriquecido por belos mosaicos e vitrais, temos contada a história da Virgem Maria e da sua invocação sob o nome de Nazaré.

O termo “Círio” tem origem na palavra latina “cereus” (de cera), que significa vela grande de cera, objeto comumente usado para se pagar promessas. Em três de julho de 1793, o governador determina que no final de setembro de cada ano se organizasse festejos em honra a Nossa Senhora de Nazaré no largo de sua ermida, devendo a imagem na véspera ser levada à capela do palácio dos governadores, atual Palácio Lauro Sodré, a fim de ser transferida no dia seguinte novamente para sua ermida. Surge aí a primeira procissão do Círio de Nossa Senhora.

Após a imagem da Virgem Santíssima, é certamente a corda um nos maiores objetos de devoção dos fiéis. Sua origem remonta o ano de 1885, quando na hora da procissão, a baía do Guajará tinha transbordado, para que a berlinda (que era puxada por bois) pudesse avançar, tiveram a ideia de lhe passar uma grande corda em volta, pedindo aos fiéis que a puxassem, dessa forma a berlinda pôde vencer o atoleiro e assim constituiu-se a tradição de atrelar uma corda a berlinda. A Berlinda é o carro mais importante, e sua função é proteger a imagem e proporcionar sua melhor visualização. Além da Berlinda, temos a presença de outros carros que foram surgindo em tempos distintos, e retratam vários episódios ligados a devoção a Virgem de Nazaré, como o milagre de Dom Fuas. Há ainda os carros que retratam aspectos da fé católica, como o da Santíssima Trindade e os Anjos, além da barca dos milagres, que recolhe os objetos em cera levados pelos devotos no cumprimento de suas promessas.

José Maurício tem nervo ótico danificado e por intercessão de Irmã Dulce voltou a enxergar. Medicina não explica cura.


O maestro José Maurício Bragança Moreira, 50 anos, recebeu em 10 de dezembro de 2014, por intercessão de Irmã Dulce a graça da cura para sua cegueira em decorrência de um glaucoma diagnosticado quando tinha 23 anos, em 1992. O milagre que o fez voltar a enxegar foi o responsável por assegurar o cumprimento da última etapa da canonização da beata baiana. O Papa Francisco promulgou, em 13 de maio de 2019, o decreto que reconheceu o segundo milagre atribuído à intercessão de Irmã Dulce.

Ele conheceu Irmã Dulce quando ainda era menino. Seu pai, gerente de uma casa de materiais de construção, doava material para as obras de Irmã Dulce. A sua mãe também e seu avô ajudava com doação de roupas e armarinhos. “Eu cresci vendo Irmã Dulce naquela luta incansável para construir o hospital e dar continuidade às obras, com muita luta e sacrifício. Nós já a considerávamos santa ainda em vida”.

Ele é músico e maestro, casado e natural de Salvador, na Bahia, mas atualmente mora em Recife-PE. Tem 50 anos, é filho de Ernesto Lula Moreira e Therezinha Bragança Moreira, falecidos, também baianos e amantes da música. Dos pais, além da alegria e da vocação para a música, ele herdou uma pequena imagem de Irmã Dulce que mantém no criado mudo de sua cama.

Após perder a visão total, em 2000, ele dedicou-se a estudar o braile, método de leitura para cegos, e deu continuidade aos estudos de música com ênfase em regência iniciados ainda na juventude. O passo seguinte foi montar o seu primeiro coral de cegos em Salvador no Centro de Apoio Pedagógico na escola onde aprendeu a ler em braile. “Me transformei em maestro de coral. Tive vários corais em Salvador”, conta.

Às vésperas de uma apresentação de seu coral, ele foi acometido por um derrame nos olhos em decorrência de uma conjuntivite viral que o deixou sem dormir por quatro dias seguintes. Na madrugada do dia 10 de dezembro de 2014, já exausto e sem conseguir dormir, por volta das 4h, ele pegou a imagem de Irmã Dulce, a colocou em seus olhos e pediu que Irmã Dulce aliviasse a sua dor. “Com toda a minha fé, fiz a minha prece em silêncio”, disse.

Presidente da República, Jair Bolsonaro, visita Santuário Nacional no dia da Padroeira


O Santuário Nacional recebeu neste dia 12 de outubro, Solenidade de Nossa Senhora Aparecida, a visita do presidente da república, Jair Bolsonaro.

Esta é a primeira vez que um presidente da república participa dos festejos da Padroeira do Brasil, em Aparecida.

Jair Bolsonaro participou da Santa Missa das 16h, presidida pelo Arcebispo de Aparecida Dom Orlando Brandes e foi convidado a proclamar a primeira leitura.

O presidente chegou ao Santuário por volta das 15h10 no helicóptero presidencial, acenou aos fiéis, seguiu para a área reservada no nicho de Nossa Senhora Aparecida, na sequencia, sentou-se próximo ao Altar Central para participar da celebração eucarística.

Esta é segunda vez que Jair Bolsonaro visita o Santuário de Aparecida. A primeira foi em novembro de 2018, quando fez uma passagem rápida, após participar de um evento na Escola de Especialistas de Aeronáutica em Guaratinguetá (SP), no entanto, é a segunda vez que ele visita a região neste ano. Em junho, ele esteve em Guaratinguetá, onde visitou a Fazenda Esperança e participou da Solenidade Militar de Formatura da 248ª Turma do Curso de Formação de Sargentos da Aeronáutica. A última vez que um presidente visitou o local foi no dia 30 de maio de 1998, quando Fernando Henrique Cardoso esteve na inauguração do Centro de Apoio ao Romeiro.