O maestro José Maurício Bragança Moreira, 50
anos, recebeu em 10 de dezembro de 2014, por intercessão de Irmã Dulce a graça
da cura para sua cegueira em decorrência de um glaucoma diagnosticado quando
tinha 23 anos, em 1992. O milagre que o fez voltar a enxegar foi o responsável
por assegurar o cumprimento da última etapa da canonização da beata baiana. O
Papa Francisco promulgou, em 13 de maio de 2019, o decreto que reconheceu o
segundo milagre atribuído à intercessão de Irmã Dulce.
Ele conheceu Irmã Dulce quando ainda era
menino. Seu pai, gerente de uma casa de materiais de construção, doava material
para as obras de Irmã Dulce. A sua mãe também e seu avô ajudava com doação de
roupas e armarinhos. “Eu cresci vendo Irmã Dulce naquela luta incansável para
construir o hospital e dar continuidade às obras, com muita luta e sacrifício.
Nós já a considerávamos santa ainda em vida”.
Ele é músico e maestro, casado e natural de
Salvador, na Bahia, mas atualmente mora em Recife-PE. Tem 50 anos, é filho de
Ernesto Lula Moreira e Therezinha Bragança Moreira, falecidos, também baianos e
amantes da música. Dos pais, além da alegria e da vocação para a música, ele
herdou uma pequena imagem de Irmã Dulce que mantém no criado mudo de sua cama.
Após perder a visão total, em 2000, ele
dedicou-se a estudar o braile, método de leitura para cegos, e deu continuidade
aos estudos de música com ênfase em regência iniciados ainda na juventude. O
passo seguinte foi montar o seu primeiro coral de cegos em Salvador no Centro
de Apoio Pedagógico na escola onde aprendeu a ler em braile. “Me transformei em
maestro de coral. Tive vários corais em Salvador”, conta.
Às vésperas de uma apresentação de seu coral,
ele foi acometido por um derrame nos olhos em decorrência de uma conjuntivite
viral que o deixou sem dormir por quatro dias seguintes. Na madrugada do dia 10
de dezembro de 2014, já exausto e sem conseguir dormir, por volta das 4h, ele
pegou a imagem de Irmã Dulce, a colocou em seus olhos e pediu que Irmã Dulce
aliviasse a sua dor. “Com toda a minha fé, fiz a minha prece em silêncio”,
disse.
Nesse mesmo momento, recorda-se, quando
colocou a imagem de volta, já deu um bocejo e e dormiu. “El me fez dormir e
acredito que ela tenha me operado durante o meu sono. Quando eu acordei de
manhã, a minha esposa me deu umas compressas de gelo e foi quando eu comecei a
enxergar o gelo e a ver a minha mão, e aos poucos a visão foi voltando. O
momento que começou o retorno da visão foi pouco tempo depois da oração. É um
milagre”, afirmou.
Embora tenha voltado a enxergar, os exames
clínicos do miraculado continuam como sendo de um paciente cego. “Eu ouvi de
médicos que eu nunca ia voltar a enxergar porque a visão perdida do nervo ótico
não se recupera. Eu nunca pedi para voltar a enxergar, pois eu tinha
consciência de que era impossível. O que Irmã Dulce me deu foi muito mais do
que a cura da conjuntivite ou o alívio da dor. Ela atendeu a minha oração. É
uma gratidão infinita, pois eu nunca imaginei que isso ia acontecer em minha
vida”, disse o miraculado. O maestro explica o milagre como resultado e
conclusão da fé.
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Revista Bote Fé nº 29, Edições CNBB
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