Me chamo Alain Matos Viana. Nasci em meio à
Floresta Amazônica, no rio de nome indígena chamado Mamurú. Fui criado noutro
rio de nome também indígena, Uaicurapá. Estudei numa vila que fica na entrada de
outro rio com nome igualmente indígena, Andirá (Barreira do Andirá). Sei fazer
farinha de mandioca, aprendi a caçar de espingarda e pescar de arco e flecha,
hoje sou missionário católico.
Desde minha iniciação cristã nas vilas ribeirinhas
que passei, seja em minha juventude ou agora, como missionário, em tantas
missas e celebrações da Palavra ao redor de Parintins, Maués, Urucará,
Iranduba, e da própria Capital Manaus, nunca – eu disse NUNCA – presenciei uma
“missa indígena”. Mesmo sendo Caboclo de raiz, sempre soube que missa era
missa, seja ela vivida em Roma ou em meio à Floresta.
Hoje, com o Sínodo da Amazônia, pessoas levadas
daqui pelo pessoal da REPAM (Rede Eclesial Pan-Amazônica) mostram veementemente
“rituais indígenas” como se esses rituais fossem a expressão da Igreja na
Amazônia: NÃO! Aqui veneramos a Virgem Maria e não a Pachamama (Mãe Terra).
Não estou negando minhas origens, pelo contrário,
sou Caboclo com muito orgulho, tenho em meu sangue tanto da parte afro como da
parte indígena, mestiço, meio branco, meio índio, meio negro… Mas em se
tratando de Fé, também sei muito bem que herdo a Fé que muitos missionários
vindos dos quatro cantos da terra ensinaram, com uma evangelização destemida,
eficaz, com a força do celibato de tantos padres e religiosos, tantas vezes a
preço do sangue do martírio.
Não posso negar minha origem de sangue muito menos
minha origem de Fé.
Aprendi cedo que a Igreja Católica é também
Apostólica e Romana, seja ela na Ásia, Europa ou no Uaicurapá onde fui batizado.
Não sou autoridade no assunto, mas a experiência
não me deixa ser tão leigo a ponto de não ter o precioso senso crítico. Creio
na Graça do Espírito Santo, que ela vai prevalecer ao final deste Sínodo, mas
fico inquieto em ver pessoas (REPAM) tentando desmoralizar a Tradição
Bimilenar usando um povo e seus costumes como justificativa progressista e
um emaranhado de ideias contrárias à Fé deixada pelos primeiros que aqui
passaram.
Respeitar culturas é uma coisa, fazer delas
profissão de fé é outra.
O povo da Amazônia é mestiço, mas a Fé é Católica.
As terras pertencem a um povo, mas o Evangelho é de
Nosso Senhor Jesus Cristo.
Respeitar os rituais indígenas é necessário. Adorar
Jesus no Rito da Santa Missa é mais ainda.
Por fim, miscigenação significa a mistura de vários
povos, ou seja, a Amazônia não é só indígena! Por isso a Igreja em sua Doutrina
e Teologia Universais é suficientemente capaz de abraçar a todos sem ter que
inventar uma “teologia índia”, muito menos uma “missa amazônica-indígena”.
Sobre padres casados, ou ministério para mulheres,
creio firmemente que o Papa ouvirá, em vez das vozes da Amazônia, como dizem os
líderes da REPAM, a voz do Espírito que atua na Igreja no decorrer dos séculos.
Mas, permito-me uma ressalva:
Para resolver a crise no clero, a falta de
vocações, a homossexualidade nos seminários, é muito simples. Basta as
Congregações e Seminários Diocesanos voltarem ao Primeiro Amor, a vivência do
Carisma de seus fundadores, que esta crise acaba em dois tempos.
“Ora, o que se exige dos
administradores é que sejam fiéis” (ICor 4, 2)
Rezemos por este Sínodo, rezemos pelo Papa
Francisco e rezemos pela erradicação da REPAM.
In Jesu, per Mariae semper!
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Centro Dom Bosco
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