Após uma videoconferência entre membros da
Frente Parlamentar Católica com o presidente da República Jair Messias
Bolsonaro, na qual participaram representantes de alguns veículos de
comunicação católicos, setores da mídia brasileira afirmaram que o colóquio
teria sido ocasião de barganhas de favores políticos entre as mídias católicas
e o presidente brasileiro. Esta semana representantes de algumas das emissoras
que participaram da reunião e um Arcebispo emitiram notas afirmando que a
imprensa distorceu os fatos.
A mencionada reunião ocorreu no mês passado. O
colóquio tinha como propósito unir forças entre governo e mídias católicas para
dar continuidade a iniciativas a favor da vida e da família, além de promover
ações sociais, educativas e de evangelização para a população.
Uma das emissoras que participou na
videoconferência, a TV Século 21, afirmou através de sua assessoria de imprensa
que a narrativa de que houve proposta de troca de favores por verba “é uma inverdade”.
Segundo o comunicado, o fundador da TV católica, padre Eduardo Dougherty, SJ,
“em nenhum momento propõe-se troca de favores ao Governo ou pede-se apoio em
troca de verbas”.
Pe. Dougherty esteve na reunião com o
presidente e sua nota refere-se a uma matéria veiculada no último sábado, 6, no
jornal O Estado de São Paulo que levava o título:“Por verbas, TVs católicas
oferecem a Bolsonaro apoio ao governo”.
A informação do diário paulistano foi
replicada por outros veículos que também alegaram que representantes de mídias
Católicas teriam oferecido ao presidente Bolsonaro apoio em seus canais e
estações de rádio em troca de verbas públicas.
A notícia gerou desconcerto entre os católicos
e levou a Comissão Pastoral para a Comunicação da Conferência Nacional dos
Bispos do Brasil (CNBB) a emitir uma nota na noite do mesmo dia condenando a
prática de barganhas de favores.
Citando a matéria do Estado de São Paulo, a
Comissão Episcopal Pastoral para a Comunicação da CNBB afirma que “A Igreja
Católica não faz barganhas” e acrescenta que a instituição não foi convidada
para a videoconferência. “A Igreja Católica estabelece relações institucionais
com agentes públicos e os poderes constituídos pautada pelos valores do
Evangelho e nos valores democráticos, republicanos, éticos e morais”, afirma o
texto.
Um dos representantes criticados pela mídia
brasileira foi o Padre Reginaldo Manzotti, que desenvolve um reconhecido
apostolado nos meios católicos através da rádio e da televisão na fundação
“Evangelizar é preciso” e que foi defendido pelo arcebispo de Curitiba, Dom
José Antônio Peruzzo.
Em uma carta ao clero diocesano de capital
paranaense, ao qual pertence o Padre Manzotti, Dom Peruzzo afirma: “A
reportagem do Estadão foi inteligentemente malévola: divulgou o acontecimento
com grande tardança e os apresentou em distorções grosseiras. Pareceu maldade
encomendada”, analisou.
O prelado explicou que permitiu a participação
do padre Manzotti porque entende que é preciso manter canais de diálogo uma vez
que “no segmento das comunicações, quase tudo depende de autorização
governamental. Qualquer meio de comunicação de rádio ou TV é concessão do
Estado”.
“Outros grandes jornais do país também
acompanharam e nada publicaram. Acaso o Estadão é o único “concessionário da
lucidez”, criticou ainda o arcebispo.
“É uma pena que chamaram de barganha o que e
quem nada barganhou. Basta verificar e acompanhar toda a reunião. Quem
barganhou? (…) Impressiona o grau de desfiguração intencionada dos fatos.
Vivemos tempos em que parece natural sofisticar a maldade”, denunciou o
prelado.