São João Paulo II, em várias oportunidades,
chamou atenção ao respeito para com a Eucaristia. A convocação do “Ano da
Eucaristia” (2004) tinha, entre outras finalidades, chamar atenção para a
centralidade da Eucaristia na vida da Igreja e ressaltar o respeito para com a
Eucaristia.
Ao dividir a palavra respeito — res + peito —
nota-se que a mesma tem a ver com aquilo que trazemos dentro da gente, lá no
peito; no coração. A gente respeita aquilo que ama, que tem tanta consideração
a ponto de guardá-la no coração. São coisas do peito, coisas do coração, coisas
com as quais a gente mantém uma relação diferente, mais aprimorada, mais
recata, mais carinhosa; mais respeitosa.
Lembro-me, numa ocasião, que antes da Missa,
um jovem se apresentou para proclamar a Palavra vestindo bermuda e camiseta
regata. O padre perguntou onde iria vestido daquele jeito. — Vou fazer uma
leitura na Missa, respondeu. O padre lhe disse: só se colocar uma roupa mais
respeitosa para a Missa. O jovem argumentou que o importante não é a roupa, mas
o que está dentro do coração. Uma resposta infeliz, mas que ofereceu a
oportunidade para o padre lhe ensinar uma coisa importante: se o teu coração
estiver cheio de amor pela Eucaristia, a ponto de compreender o que você vai
celebrar e que vai proclamar a Palavra de Deus, você não viria vestido deste
modo.
Moral da história: o modo como nos
apresentamos para celebrar tem a ver com o sentimento que devotamos à
Eucaristia. Não se conhecendo o que é a Eucaristia qualquer roupa serve, mesmo
que seja desrespeitosa para o ambiente celebrativo litúrgico, a qual se
acrescenta o comentário: o que importa é o que está no coração.
A falta de respeito não se limita ao modo de
vestir-se do celebrante. Tem a ver também com outras atitudes, como o silêncio,
por exemplo. Noutro domingo, quatro adolescentes passaram a missa inteira (do
começo ao fim) conversando, brincando e rindo; na hora da comunhão foram
cochichando na fila até comungar. Será este um comportamento respeitoso? Também
a postura, o modo de se comportar na Eucaristia demonstra e revela carinho ou
indiferença para com a Eucaristia.
Mas não é só entre os jovens. Alguns adultos,
em vez de participar totalmente na celebração, “aproveitam o tempo” para rezar
novenas ou recitar o terço durante a Missa. Vão para a fila de comunhão com o
terço enrolado na mão, sem deixar espaço para acolher o Corpo do Senhor. Será
esta uma atitude respeitosa e participativa da Eucaristia? Cada vez mais
precisamos entender que a Eucaristia é única; tão única que introduzir devoções
particulares durante a celebração não tem sentido e, em alguns casos, é
desrespeito para com a centralidade da Eucaristia na vida da Igreja e na vida
cristã. Isto, aliás, já havia desaparecido, mas parece que está vindo de carona
com ritos que a Igreja havia suprimido, fundamentando-se na Teologia Litúrgica
e não em devoções ou arroubos sentimentalistas de alguns pregadores.
Os exemplos se multiplicam com facilidade. Na
proximidade de algumas festas dedicadas à Eucaristia, como Corpus Christi, a
Equipe Litúrgica Paroquial poderia aproveitar a oportunidade para uma catequese
sobre o respeito para com a Eucaristia.
Serginho Valle
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