A Alba, uma jovem mãe brasileira, escreveu «Pouco depois do nascimento da Mariana, os médicos diagnosticaram nela uma lesão cerebral. Não iria falar nem andar. Sentimos que Deus nos pedia que a amássemos assim e lançámo-nos nos Seus braços de Pai. A Mariana viveu conosco quatro anos e deixou a todos uma mensagem de amor. Nunca ouvimos da sua boca as palavras “papá” ou “mamã”, mas, no seu silêncio, falava com os olhos, que tinham uma luz resplandecente. Não pudemos ensiná-la a dar os primeiros passos, mas ela ensinou-nos a dar os primeiros passos no amor, na renúncia a nós mesmos para amar. Foi, para toda a família, uma dádiva do amor de Deus, que poderemos resumir numa única frase: o amor não se explica com palavras».
É o que acontece também hoje, com cada um de nós: perante a impossibilidade de controlar toda a nossa existência, precisamos de luz, nem que seja só uma réstia, que nos indique o caminho de saída, os passos que precisamos de dar agora, rumo à salvação, a uma vida nova.
“O Senhor é a minha luz e salvação:
de quem terei medo?”
A escuridão do sofrimento, do medo, da dúvida, da solidão, das circunstâncias “inimigas” que desfazem os nossos sonhos, é uma experiência que se vivencia em todos os pontos da Terra e em todas as épocas da história humana, como testemunha esta antiga oração contida no livro dos Salmos.
O autor é, muito provavelmente, uma pessoa injustamente acusada, abandonada por todos, à espera do julgamento. Encontra-se na incerteza de um destino ameaçador, mas confia-se a Deus. Sabe que Ele não abandonou o seu povo na provação, conhece a sua ação libertadora. Por isso, n’Ele terá a luz e encontrará refúgio seguro e inabalável.
Precisamente no reconhecimento da sua fragilidade, abre-se à confidência com Deus, aceita a Sua presença na própria vida e espera com confiança a vitória definitiva, pelos caminhos imprevisíveis do Seu amor.