domingo, 28 de março de 2021

Papa no Domingo de Ramos: "Jesus sobe à cruz para descer ao nosso sofrimento".


CELEBRAÇÃO DO DOMINGO DE RAMOS
E DA PAIXÃO DO SENHOR

HOMILIA DO PAPA FRANCISCO

Basílica de São Pedro
Domingo, 28 de março de 2021

Todos os anos, esta liturgia cria em nós uma atitude de espanto, de surpresa: passamos da alegria de acolher Jesus, que entra em Jerusalém, à tristeza de O ver condenado à morte e crucificado. É uma atitude interior que nos acompanhará ao longo da Semana Santa. Abramo-nos, pois, a esta surpresa.

Jesus começa logo por nos surpreender. O seu povo acolhe-O solenemente, mas Ele entra em Jerusalém num jumentinho. Pela Páscoa, o seu povo espera o poderoso libertador, mas Jesus vem cumprir a Páscoa com o seu sacrifício. O seu povo espera celebrar a vitória sobre os romanos com a espada, mas Jesus vem celebrar a vitória de Deus com a cruz. Que aconteceu àquele povo que, em poucos dias, passou dos «hosanas» a Jesus ao grito «crucifica-O»? Que sucedeu? Aquelas pessoas seguiam uma imagem de Messias, e não o Messias. Admiravam Jesus, mas não estavam prontas para se deixar surpreender por Ele. A surpresa é diferente da admiração. A admiração pode ser mundana, porque busca os próprios gostos e anseios; a surpresa, ao contrário, permanece aberta ao outro, à sua novidade. Também hoje há muitos que admiram Jesus: falou bem, amou e perdoou, o seu exemplo mudou a história, e coisas do género. Admiram-No, mas a vida deles não muda. Porque não basta admirar Jesus; é preciso segui-Lo no seu caminho, deixar-se interpelar por Ele: passar da admiração à surpresa.

E qual é o aspecto do Senhor e da sua Páscoa que mais nos surpreende? O facto de Ele chegar à glória pelo caminho da humilhação. Triunfa acolhendo a dor e a morte, que nós, súcubos à admiração e ao sucesso, evitaríamos. Ao contrário, Jesus «despojou-Se – disse São Paulo –, humilhou-Se» (Flp 2, 7.8). Isto surpreende: ver o Omnipotente reduzido a nada; vê-Lo, a Ele Palavra que sabe tudo, ensinar-nos em silêncio na cátedra da cruz; ver o Rei dos reis que, por trono, tem um patíbulo; ver o Deus do universo despojado de tudo; vê-Lo coroado de espinhos em vez de glória; vê-Lo, a Ele bondade em pessoa, ser insultado e vexado. Porquê toda esta humilhação? Por que permitistes, Senhor, que Vos fizessem tudo aquilo?

Fê-lo por nós, para tocar até ao fundo a nossa realidade humana, para atravessar toda a nossa existência, todo o nosso mal; para Se aproximar de nós e não nos deixar sozinhos no sofrimento e na morte; para nos recuperar, para nos salvar. Jesus sobe à cruz para descer ao nosso sofrimento. Prova os nossos piores estados de ânimo: o falimento, a rejeição geral, a traição do amigo e até o abandono de Deus. Experimenta na sua carne as nossas contradições mais dilacerantes e, assim, as redime e transforma. O seu amor aproxima-se das nossas fragilidades, chega até onde mais nos envergonhamos. Agora sabemos que não estamos sozinhos! Deus está connosco em cada ferida, em cada susto: nenhum mal, nenhum pecado tem a última palavra. Deus vence, mas a palma da vitória passa pelo madeiro da cruz. Por isso, os ramos e a cruz estão juntos.

Peçamos a graça do assombro. A vida cristã, sem surpresa, torna-se cinzenta. Como se pode testemunhar a alegria de ter encontrado Jesus, se não nos deixamos surpreender cada dia pelo seu amor espantoso, que nos perdoa e faz recomeçar? Se a fé perde o assombro, torna-se surda: já não sente a maravilha da graça, deixa de sentir o gosto do Pão da vida e da Palavra, fica sem perceber a beleza dos irmãos e o dom da criação. E não lhe resta outra saída senão refugiar-se nos legalismos, clericalismos e tudo o mais que Jesus condena no capítulo 23 de Mateus.

4ª Pregação da Quaresma: "Jesus de Nazaré: uma Pessoa".



JESUS DE NAZARÉ: UMA PESSOA

Quarta Pregação, Quaresma de 2021

Os Atos dos Apóstolos narram o seguinte episódio. À chegada do rei Agripa a Cesareia, o governador Festo lhe apresenta o caso de Paulo, mantido preso por ele, no aguardo do processo. Resume o caso ao rei com estas palavras: “Seus acusadores (...) tinham somente certas questões contra ele, a respeito da sua superstição, e a respeito de um certo Jesus, que já morreu, mas que Paulo afirma estar vivo” (At 25,18-19). Neste detalhe, aparentemente secundário, resume-se a história dos vintes séculos seguintes àquele momento. Tudo ainda gira em torno de “um certo Jesus”, que o mundo considera morto, e a Igreja proclama estar vivo.

É o que nos propomos em aprofundar nesta última meditação, isto é, que Jesus de Nazaré está vivo! Não é uma memória do passado; não é apenas um personagem, mas uma pessoa. Vive “segundo o Espírito”, certo, mas este é um modo de viver mais forte do que aquele “segundo a carne”, porque lhe permite viver dentro de nós, não fora, ou ao lado.

Em nossa releitura do dogma, chegamos ao nó que une as duas pontas. Jesus “verdadeiro homem” e Jesus “verdadeiro Deus” – eu dizia no início – são como os dois lados de um triângulo, cujo vértice é Jesus, “uma pessoa”. Recordemos, em linha de máxima, como se formou o dogma da unidade de pessoa de Cristo. A fórmula “uma pessoa” aplicada a Cristo remete-se a Tertuliano[1], mas foram necessários dois séculos de reflexão para entender o que ela significava de fato e como podia se conciliar com a afirmação de que Jesus era verdadeiro homem e verdadeiro Deus, isto é “de duas naturezas”.

Uma etapa fundamental foi o Concílio de Éfeso de 431, em que foi definido o título de Maria Theotokos, Genitora de Deus. Se Maria pode ser chamada de “Mãe de Deus”, embora tendo dado à luz apenas a natureza humana de Jesus, quer dizer que nele humanidade e divindade formam uma só pessoa. O ponto de chegada definitivo, contudo, foi alcançado apenas no Concílio de Calcedônia de 451, com a fórmula que referimos novamente, a parte relativa à unidade de Cristo:

“Na sequência dos santos Padres, ensinamos unanimemente que se confesse um só e mesmo Filho, nosso Senhor Jesus Cristo (...). A diferença das naturezas não é abolida pela sua união; antes, as propriedades de cada uma são salvaguardadas e reunidas numa só pessoa e numa só hipóstase[2].”

Se, para a plena recepção da definição de Niceia, foi necessário um século, para a completa recepção desta outra definição foram necessários todos os séculos sucessivos, até nossos dias. De fato, somente graças ao recente clima de diálogo ecumênico, pôde-se restabelecer a comunhão entre a Igreja Ortodoxa e as chamadas igrejas Nestorianas e Monofisitas do Oriente cristão. Notou-se que, na maioria dos casos, tratava-se de uma diversidade de terminologia, não de doutrina. Tudo dependia do significado diverso que se dava aos dois termos de “natureza” e de “pessoa” ou “hipóstase”.

Do adjetivo “uma” ao substantivo “pessoa”
 
Assegurado o seu conteúdo ontológico e objetivo, também aqui, para revitalizar o dogma, devemos agora trazer à luz a sua dimensão subjetiva e existencial. São Gregório Magno dizia que a Escritura “cresce com aqueles que a leem” (cum legentibus crescit)[3]. Devemos dizer a mesma coisa do dogma. Ele é “uma estrutura aberta”: cresce e se enriquece, à medida que a Igreja, guiada pelo Espírito Santo, encontra-se a viver novas problemáticas e em novas culturas.

Dissera-o, com singular previsão, Santo Irineu pelo fim do II século. A verdade revelada, escrevia o santo, é “como um licor precioso contido em um vaso de valor. Por obra do Espírito Santo, ela (a verdade) rejuvenesce sempre e rejuvenesce também o vaso que a contém”[4]. A Igreja está em condições de ler a Escritura e o dogma de modo sempre novo, porque ela mesma é sempre renovada pelo Espírito Santo! Eis o grande e simplicíssimo segredo que explica a perene juventude da Tradição e, portanto, dos dogmas que são sua expressão mais elevada. Um grande estudioso da Tradição Cristã do século passado, Jaroslaw Pelikan, escreveu que "Tradição é a fé viva dos mortos" (isto é, a fé dos Padres que continua viva); o tradicionalismo é a fé morta dos vivos ”.[5]

Também o dogma da única pessoa de Cristo é uma “estrutura aberta”, ou seja, capaz de falar-nos hoje, de responder às novas necessidades da fé, que não são as mesmas do quinto século. Hoje, ninguém nega que Cristo seja “uma pessoa”. Há alguns – vimos anteriormente – que negam que seja uma pessoa “divina”, preferindo dizer que é uma pessoa “humana” na qual Deus habita, ou opera, de modo único e excelso. Mas a própria unidade da pessoa de Cristo, repito, não é contestada por ninguém.

A coisa mais importante hoje, a respeito do dogma de Cristo “uma pessoa”, não é tanto o adjetivo “uma”, mas o substantivo “pessoa”. Não tanto o fato de que seja “um e idêntico em si mesmo” (unus et idem), mas que seja “pessoa”. Isto significa descobrir e proclamar que Jesus Cristo não é uma ideia, um problema histórico, e nem mesmo apenas um personagem, mas uma pessoa e uma pessoa viva! Isto, de fato, é o que falta e do que temos extrema necessidade, para não deixar que o cristianismo se reduza a ideologia, ou simplesmente a teologia.

Propusemo-nos em revitalizar o dogma, partindo novamente da sua base bíblica. Por isso, voltemo-nos logo à Escritura. Partamos da página do Novo Testamento que nos fala do mais célebre “encontro pessoal” com o Ressuscitado que já aconteceu na face da terra: o do Apóstolo Paulo. “Saul, Saul, por que me persegues?” “Quem és tu, Senhor?” “Eu sou Jesus!” (cf. At 9,4-5). Que fulgor! Depois de vinte séculos, aquela luz ainda ilumina a Igreja e o mundo. Mas escutemos como ele mesmo descreve este encontro:

“Mas essas coisas, que eram lucro para mim (ser circunciso, da estirpe de Israel, fariseu, irrepreensível), considerei-as prejuízo por causa de Cristo. Mais que isso, julgo que tudo é prejuízo diante deste bem supremo que é o conhecimento do Cristo Jesus, meu Senhor. Por causa dele, perdi tudo e considero tudo como lixo, a fim de ganhar Cristo e ser encontrado unido a ele. E isto, não com a minha justiça que vem da Lei, mas com a justiça que vem pela fé em Cristo, a justiça que vem de Deus, fundada na fé. É assim que eu conheço Cristo” (Fl 3,7-10).

É quase com rubor que ouso me aproximar da experiência flamejante de Paulo à minha pequeníssima experiência. Mas é justamente Paulo que, com sua narrativa, encoraja a fazê-lo assim mesmo, isto é, a dar testemunho da graça de Deus. Estudando e ensinando cristologia, eu tinha feito diversas pesquisas sobre a origem do conceito de “pessoa” em teologia, sobre suas definições e diversas interpretações. Tinha conhecido as intermináveis discussões em torno da única pessoa ou hipóstase de Cristo no período bizantino, os desenvolvimentos modernos sobre a dimensão psicológica da pessoa, com o consequente problema do “Eu” de Cristo, tão debatido quando eu estudava teologia. Em certo sentido, eu conhecia tudo sobre a pessoa de Jesus, mas não conhecia Jesus em pessoa!

Foi justamente aquela palavra de Paulo que me ajudou a entender a diferença. Sobretudo a frase: “é assim que eu conheço Cristo”. Parecia-me que o simples pronome “ele (Cristo)” (auton) contivesse mais verdades sobre Jesus que inteiros tratados de cristologia. “Ele” quer dizer Jesus Cristo “em carne e osso”. Era como encontrar uma pessoa al vivo, depois de conhecê-la por fotografia após anos. Dei-me conta de que eu conhecia livros sobre Jesus, doutrinas, heresias sobre Jesus, conceitos sobre Jesus, mas não o conhecia, pessoa viva e presente. Ao menos, não o conhecia assim quando me aproximava dele por meio do estudo da história e da teologia. Tivera até então um conhecimento impessoal da pessoa de Cristo. Uma contradição e um paradoxo, mas uma pena, bem frequente!

Pessoa é ser-em-relação
 
Refletindo sobre o conceito de pessoa no âmbito da Trindade, Santo Agostinho[6] e, depois dele, Santo Tomás de Aquino, chegaram à conclusão de que “pessoa”, em Deus, significa relação. O Pai é tal pela sua relação com Filho: todo o seu ser consiste nesta relação, como o Filho é tal pela sua relação com o Pai. O pensamento moderno confirmou esta intuição. “A verdadeira personalidade – escreveu o filósofo Hegel – consiste em recuperar si mesmo imergindo-se no outro”[7]. A pessoa é pessoa no ato em que se abre a um “tu” e, neste confronto, adquire consciência de si. Ser pessoa é “ser-em-relação”.

Isto vale de modo eminente para as pessoas divinas da Trindade, que são “puras relações”, ou, como se diz em teologia, “relações subsistentes”; mas vale também para cada pessoa no âmbito criado. Não se conhece a pessoa na sua realidade, a não ser entrando em “relação” com ela. Eis porque não se pode conhecer Jesus como pessoa, a não ser entrando em uma relação pessoal, do eu ao tu, com ele. “O ato do crente não termina num juízo, mas numa realidade”, disse Santo Tomás de Aquino[8]. Nós não podemos nos contentar em crer na fórmula “uma pessoa”; devemos alcançar a própria pessoa e, mediante a fé e a oração, “tocá-la”.

Devemos nos pôr seriamente uma pergunta: para mim, Jesus é uma pessoa, ou somente um personagem? Há uma grande diferença entre as duas coisas. O personagem – tipo Júlio César, Leonardo da Vinci, Napoleão – é alguém de quem se pode falar e escrever o quanto queira, mas com o qual é impossível falar. Infelizmente, para a grande maioria dos cristãos, Jesus é um personagem, não uma pessoa. É o objeto de um conjunto de dogmas, doutrinas ou heresias; alguém de quem celebramos a memória na liturgia, que cremos realmente presente na Eucaristia, tudo o que se quiser. Mas, se permanecermos no plano da fé objetiva, sem desenvolver uma relação existencial com ele, ele permanece externo a nós, toca-nos a mente, mas não aquece o coração. Permanece, apesar de tudo, no passado; entre nós e ele se interpõem, inconscientemente, vinte séculos de distância. No fundo de tudo isso, compreende-se o sentido e a importância daquele convite que o Papa Francisco pôs no início da sua Exortação Apostólica Evangelii gaudium:

“Convido todo o cristão, em qualquer lugar e situação que se encontre, a renovar hoje mesmo o seu encontro pessoal com Jesus Cristo ou, pelo menos, a tomar a decisão de se deixar encontrar por Ele, de O procurar dia a dia sem cessar. Não há motivo para alguém poder pensar que este convite não lhe diz respeito” (EG, 3).

Na vida da maioria das pessoas, há um evento que divide a vida em duas partes, criando um antes e um depois. Para os casados, é o matrimônio, e eles dividem a própria vida assim: “antes de me casar” e “depois de casado”; para os bispos e sacerdotes, é a consagração episcopal ou a ordenação sacerdotal; para os consagrados, é a profissão religiosa. Do ponto de vista espiritual, há um só evento que cria realmente e para todos um antes e um depois. A vida de cada pessoa se divide exatamente como se divide a história universal: “antes de Cristo” e “depois de Cristo”, antes do encontro pessoal com Cristo e depois deste.

Podemos vislumbrar este encontro, ouvir falar dele, desejá-lo, mas, para experimentá-lo, há apenas um meio. Não é algo que se pode obter lendo livros ou escutando uma pregação. Somente por obra do Espírito Santo! Por isso, sabemos a quem devemos pedi-lo e sabemos que ele não espera outra coisa senão que lhe peçamos... Per te sciamus da Patre, noscamus atque Filium: “Ao Pai e ao Filho Salvador por vós possamos conhecer”. Que o conheçamos a partir deste conhecimento íntimo e pessoal que muda a vida.

Mãe do padre Fabio de Melo morre em decorrência da covid-19


Faleceu neste sábado, 27 de março, dona Ana Maria de Melo, mãe do pe. Fabio de Melo, após dias decorridos na UTI em tratamento da covid-19. Ela havia chegado a tomar a primeira dose da vacina contra a doença poucos dias antes de ser infectada. Internada desde o dia 15, ela havia sido intubada nesta semana.

O sacerdote compartilhou o seu momento de dor e fé por meio da sua rede social:

quarta-feira, 24 de março de 2021

Sermão de Nossa Senhora das Dores


“E quanto a ti, uma espada de dor te traspassará a tua alma” (cf Lc 2, 33-35)

Irmãos e irmãs, uma personagem que vamos acompanhar muito nos próximos dias é Nossa Senhora das Dores, já a partir de domingo, ao celebrarmos o Domingo de Ramos, e depois, durante toda a Semana Santa. Sobretudo, na quarta-feira que meditaremos as dores de Nossa Senhora, na terça-feira que teremos a tradicional procissão do Encontro, e sexta-feira, o dia da Paixão de Jesus.

É a mesma Mãe de Jesus, mas da mesma forma que Ela recebe outros títulos, devido aos locais em que Ela aparece e a mensagem que Ela quer transmitir, durante a Semana Santa, Ela é lembrada com título de Nossa Senhora das Dores. Dessa forma, se cumpria aquilo que o profeta Simeão disse à Nossa Senhora: “Quanto a ti, uma espada te atravessará a alma” (Cf Lc 2,34-35).

Nossa Senhora também é lembrada por esse título, pois a dor dela foi tão grande ao ver seu Filho sendo crucificado, que era como se uma espada atravessasse sua alma. Mas, Nossa Senhora sempre guardou e meditou tudo em seu coração e mesmo diante de tal sofrimento, se conformava com a vontade de Deus.

Nossa Senhora das Dores, também é conhecida por outros títulos semelhantes, como por exemplo: Nossa Senhora das Angústias, Nossa Senhora da Piedade, Nossa Senhora da Agonia e Nossa Senhora das Lágrimas. Todos esses títulos se remetem as celebrações da Semana Santa e ao momento que vai desde a condenação de Jesus a morte até a sua entrega total na cruz.

O dia de Nossa Senhora das Dores, segundo o nosso calendário, é celebrado em 15 de setembro, um dia após a celebração da Exaltação da Santa Cruz. Mas, como já dissemos, Ela é bem recordada nesse período da Semana Santa, devido a todo o contexto que envolvem essas celebrações. Nossa Senhora esteve firme, acompanhando os últimos passos do seu Filho, até a morte de Cruz.

Ao celebrar Nossa Senhora das Dores recordamos tantas mães que sofrem com perda prematura de seus filhos, seja pelas drogas, violência, acidente ou doença. Essas mães devem seguir o exemplo de Nossa Senhora e se manter firmes diante desses momentos de sofrimento e se conformarem a vontade de Deus. A força da fé ajudará a passar pelos momentos de dificuldade.

É junto à cruz do seu Filho que Maria se torna a Mãe de todos nós, pois Jesus diz a Maria quando Ela estava aos pés da cruz, ao lado de João: “Mulher, eis aí o teu filho”. E depois diz a João: “Filho, eis aí a tua Mãe”. A partir desse momento, João acolhe Maria consigo e cuida dela. Por isso, a partir do mandato de Jesus, Ela se torna a mãe de todos nós e Mãe da Igreja. Unir-se às dores de Maria é unir-se também às dores de Jesus Cristo, pois onde está a Mãe, também está o Filho.

Nos pautemos agora no momento mais marcante do caminho doloroso de Jesus até o calvário, que nos remete a 4ª dor de Nossa Senhora que é o doloroso encontro de Jesus com sua Mãe. Esse momento celebramos com piedade na Quarta-Feira Santa. Nessa ocasião acontece uma troca de olhares entre o Filho e sua Mãe e com o olhar de Mãe, Nossa Senhora contempla a crueldade que estavam fazendo com o seu Filho. Tudo isso causava uma imensa dor no coração de Nossa Senhora.

Por isso, podemos imaginar qual mãe que não sofre ao ver um filho sofrendo, precisando de ajuda, e sofre mais ainda quando não pode fazer nada. Dessa maneira, que possamos nos unir à dor que Maria sentiu nessa ocasião e peçamos forças para suportar com paciência as dores que possam ocorrer na nossa vida. Que principalmente Maria conforte as mães que sofrem.

Portanto, agora lá do céu, Nossa Senhora está intercedendo por cada um de nós e é aquela Mãe que consola as nossas dores e sofrimentos, sobretudo das mães que perderam seus filhos. Lá no céu, os olhares de Jesus e de Nossa Senhora se cruzam, assim como se cruzaram aqui na terra, um olhar de amor e compaixão.

Padre procura governador, explica celebrações de Semana Santa e pede flexibilização


Às vésperas da Semana Santa, um sacerdote de Cuiabá (MT) tomou a iniciativa de procurar o governador para lhe explicar as celebrações destes dias na Igreja Católica e, assim, pedir que flexibilize o horário de recolhimento estabelecido pelo estado.

Padre Evandro Balena, que colabora na Paróquia Nossa Senhora da Guia, contou que decidiu conversar com o governador mauro Mendes após ouvir a preocupação de fiéis quanto à realização das celebrações desta semana que é o centro da vida da Igreja.

No Mato Grosso, decreto estadual determinou um limite de funcionamento de alguns setores, entre os quais as igrejas, de segunda a sexta-feira, das 5h às 19h, e sábado e domingo, das 5h às 12h. Além disso, há o toque de recolher estabelecido para 21h.

“Diante das diversas manifestações e desejos que tanto vemos pela internet, que ouvimos neste final de semana do povo de Deus, sobre como vai ser a Semana Santa, e diante da possibilidade de engessar mais ainda o decreto, a gente se pergunta como é que podemos deixar Deus de escanteio nessa hora, então precisamos esclarecer”, declarou o sacerdote ao site ‘Araguaia Notícias’.

Pe. Balena indicou que “tanto o governador como os assessores são bons cristãos, mas não necessariamente conhecem o rito da Igreja e os porquês de cada coisa”. Por isso, afirmou, “tomei iniciativa de vir pessoalmente explicar para o governador o rito da Igreja, da Semana Santa”.

O sacerdote explicou que algumas celebrações devem ocorrer no período da noite. “Principalmente na Quinta-feira Santa, por exemplo, a Missa 'In Coena Domini', que é a Missa da Ceia do Senhor, não pode ser celebrada de dia, só pode ser celebrada depois do pôr do sol”, indicou.

Recordou também que “a grande celebração da Ressurreição é no sábado à noite [Vigília Pascal], é a vigília das vigílias que costumamos falar. Então ela também não pode ser celebrada de dia, precisa ser celebrada só depois do pôr do sol”.

Padre pode ser preso por celebrar Missa na Irlanda



Padre pode ser preso por celebrar Missa na Irlanda com a presença de (poucos) fiéis, mesmo seguindo todos os protocolos sanitários para evitar os contágios pelo coronavírus. O motivo da possível prisão, segundo o portal Irish Catholic, seria a desobediência do padre à suspensão do culto público decretada pelo governo do país desde 7 de outubro do ano passado, alegadamente como forma de combater a pandemia de covid-19.

Esta suspensão, aliás, constitui a maior restrição às atividades religiosas presenciais em toda a Europa na atualidade: ao longo dos últimos 12 meses, o culto público permaneceu suspenso durante quase 8 na Irlanda.

O sacerdote acusado de desobediência é o pe. P. J. Hughes, pároco de Mullahoran e Loughduff, no condado irlandês de Cavan. Ele foi multado em 500 euros, o que, no câmbio atual, equivale a cerca de R$ 3.290,00.

O pe. Hughes divulgou neste mês um boletim paroquial em que afirma:

“No próximo domingo inicia-se a Semana Santa. É difícil acreditar que, pelo segundo ano seguido, as pessoas não possam vir participar das cerimônias da Semana Santa. Apesar do tamanho da igreja e do lugar santo devido à presença de Jesus no Tabernáculo, a polícia tem considerado a paróquia como um ponto crítico para a disseminação do vírus”.

O sacerdote comenta então a desproporção entre a proibição do culto público e as concessões a outras atividades do dia-a-dia, muito embora as igrejas estejam tomando todas as providências sanitárias protocolares para evitar os contágios. Ele escreve:

“A maioria das pessoas está saudável e pode fazer compras, levar seus filhos para a escola e muitos trabalham em ambientes fechados. Estamos cometendo um erro grave ao rejeitarmos Deus e Nosso Senhor Jesus Cristo, permanecendo afastados porque os funcionários do governo dizem que devemos fazer isso”.

Bispo orienta a “desobedecer à lei” para assistir à missa


Na missa do domingo passado, Bernardo Bastres, bispo chileno de Magalhães, pediu aos fiéis que desafiassem a proibição governamental justificada pela pandemia e continuassem a assistir à celebração da Eucaristia.

Um bispo disse “basta” às restrições que, com a desculpa da pandemia do coronavírus, estão afetando desproporcionalmente o culto católico, relegado à categoria de “não essencial”. Trata-se de Bernardo Bastres, da diocese chilena de Magalhães, que, dadas as novas restrições impostas pelo Governo, proibindo qualquer acontecimento, foi categórico no seu desafio.

«Seguindo a responsabilidade que tivemos até hoje em relação à capacidade, em relação às medidas sanitárias, parece-me que podemos continuar com tranquilidade a celebração da Eucaristia durante a semana», disse o bispo. 

“É verdade que a lei diz o contrário, mas acreditamos que quando uma lei é injusta e quando uma lei é contra a consciência, pode-se desobedecer à lei. Digo isto com responsabilidade, como bispo e como chefe da Igreja Católica em Magalhães ”, acrescentou.

Acadêmico pede que Vaticano se pronuncie sobre abusos da China contra os DDHH


Um estudioso sueco que estuda a China pediu ao Vaticano para falar sobre os abusos dos direitos humanos pelo governo chinês, observando que "o diálogo em igualdade de condições não é o que está acontecendo".

"A China deve ser tratada como qualquer outro país e jogar pelas mesmas regras", escreveu Fredrik Fällman, professor associado de sinologia da Universidade de Gotemburgo, em uma coluna de 19 de março no .

"A Igreja Católica frequentemente comenta a situação em outros países. No entanto, na China, o Vaticano mantém silêncio sobre muitos desenvolvimentos relativos - incluindo a sistemática perseguição religiosa, questões de direitos trabalhistas e abusos de direitos humanos contra os uigures. Parece que os funcionários do Vaticano estão mantendo a China em um padrão diferente em comparação com outros países", comentou

Em 2018, o Vaticano chegou a um acordo com o governo chinês sobre a nomeação de bispos. Os termos do acordo, que foi renovado em outubro de 2020 por mais dois anos, nunca foram revelados publicamente.

O acordo foi feito para ajudar a unir a Igreja “oficial” e a Igreja clandestina, por assim dizer, por ser fiel a Roma e rechaçar bispos ordenados sem o mandato pontifício. Estima-se que 6 milhões de católicos estão registrados no Partido Comunista Chinês.

De acordo com Joseph Cardinal Zen, bispo emérito de Hong Kong, os cristãos na China continuaram a ser perseguidos e assediados pelas autoridades, "apesar do acordo".

A política de "sinicização", anunciada pelo presidente chinês Xi Jinping em 2015, visa reforçar a identidade chinesa e comunista em todas as práticas religiosas do país. Incluiu instruir as igrejas a remover imagens dos Dez Mandamentos e substituí-las por prosseis de Mao Tsé-Tung.

Fällman observou que mesmo em Hong Kong, onde os religiosos gozam de mais liberdade do que no continente, Pequim vem reforçando seu controle sobre a religião nos últimos anos, mais recentemente por meio de uma lei de "segurança nacional" que entrou em vigor no verão passado.

De acordo com a nova lei, vários católicos em Hong Kong foram presos e acusados de terrorismo, sedição e conluio estrangeiro.

A Diocese de Hong Kong permanece vaga, já que a diocese é liderada desde 2019 pelo Cardeal John Tong, que se retirou em 2017 e assumiu o comando novamente depois que o bispo anterior de Hong Kong morreu inesperadamente. Sucessivos candidatos selecionados pelo Vaticano, e aprovados pelo Papa Francisco, não puderam assumir por questões políticas.

"A iminente escolha de um novo [bispo de Hong Kong] sem dúvida criará mais tensões à medida que irão investigá-lo para saber onde está sua lealdade. A escolha de um bispo 'pró-Pequim' não vai cair bem entre muitos cidadãos, enquanto a escolha de um bispo mais independente e crítico pode pressionar os católicos de Hong Kong", observou Fällman.

Ele acrescentou: "Se o Vaticano quer restaurar a ordem das nomeações episcopais e acabar com práticas clandestinas, então deve dialogar com qualquer interlocutor que seja preciso — seja este 'pró-Pequim' ou não."

De acordo com novas regras previstas para entrar em vigor em 1º de maio de 2021, a Associação Patriótica Católica Chinesa será responsável pela seleção de candidatos episcopais. Em seguida, os candidatos serão "aprovados e consagrados pela Conferência dos Bispos Católicos Chineses".

As regras supostamente não mencionam qualquer participação do Vaticano na aprovação dos bispos, apesar do acordo Vaticano-China de 2018 supostamente envolver tanto autoridades chinesas quanto as da Santa Sé no processo de nomeação de bispos.

"É preciso que haja uma coalizão internacional entre cristãos, e talvez outros grupos religiosos, para pressionar a China", concluiu Fällman.

"Aqui o Vaticano poderia desempenhar um papel central com sua força e experiência, o que também beneficiaria a realização dos aspectos 'pastorais' buscados com o atual acordo Sino-Vaticano. O verdadeiro diálogo inclui críticas francas e é a chave para dar passos reais nas relações com a China", afirmou.