terça-feira, 29 de novembro de 2016

São Saturnino de Toulouse


Santo Saturnino é uma das devoções mais populares na França e na Espanha. Sua vida pode ser confirmada em importantes documentos sobre a vida cristã na região da Gália, datados do ano 450. Esses documentos apontam Saturnino como primeiro Bispo de Toulouse. 

Esta região era marcada pela existência de algumas comunidades cristãs que resistiam ao paganismo. As freqüentes brigas fazia com que o número de fiéis diminuíssem a cada dia. A chegada de Saturnino deu novo ânimo a vida destas comunidades católicas. 

O missionário pregava com fervor, convertendo quase todos os habitantes ao cristianismo. Seu nome foi tão conhecido que logo consagrou-se bispo da região. Embora houvesse um decreto do imperador proibindo e punindo com a morte quem participasse de missas, Saturnino continuou com o Santo Sacrifício da missa, a comunhão e a leitura do evangelho. 

Assim, ele e outros quarenta e oito cristãos acabaram descobertos reunidos e celebrando a missa num domingo. Foram presos e julgados. Como não quis ceder aos apelos dos pagãos, Saturnino foi amarrado pelos pés ao pescoço de um touro bravo e arrastado pelas ruas da cidade. 

São Saturnino, com os membros despedaçados, morreu pouco depois e seu corpo foi abandonado no meio da estrada, recolhido por duas piedosas mulheres, dando-lhe sepultura em uma fossa muito profunda.



Deus de amor, que no exemplo dos mártires santifica a Igreja e a torna testemunha fiel da paixão, morte e ressurreição de Jesus, dignai-vos proteger nossos projetos missionários e fazei de nós verdadeiros apóstolos da paz e da fraternidade. Por Cristo nosso Senhor. Amém.

segunda-feira, 28 de novembro de 2016

Homilética: 2º Domingo do Tempo do Advento - Ano A: "Trigo ao celeiro, palha ao fogo!"


A primeira parte do Tempo Advento nos insere na dinâmica da espera da segunda vinda de Cristo, da Parusia. Jesus há de vir pela segunda vez! Ele “tem na mão a pá, limpará sua eira e recolherá o trigo ao celeiro. As palhas, porém, queimá-las-á num fogo inextinguível” (Mt 3,12). Essas palavras em lugar de infundir medo, são portadoras de esperança. Por outro lado, se na consumação do fim dos tempos todos fossem tratados por igual, não se manifestaria a justiça de Deus nem a importância que tem a liberdade humana. Não podemos dizer que o trigo é a mesma coisa que a palha, pois isso iria contra a verdade. O mesmo se diga da diferença entre uma pessoa que procura comportar-se de tal maneira a ser trigo para Deus de outra cuja vida está cheia de palha.

Mas, como foi dito, tudo isso é motivo de esperança: podemos ser trigo de Deus! Ainda que tenhamos errado muito na vida, enquanto vivermos o caminho encontra-se aberto rumo à santidade. Não sei de quem é o ditado, mas sei que é certo: “por um burro dar um coice não se lhe corta logo a perna”.  Por mais coices dados na vida sempre podemos utilizar as pernas para andar rumo a Deus. Quando? Agora!

O Advento é tempo de preparação para receber o Salvador. É tempo de conversão! Daí o convite de João Batista a todos: “Convertam-se por que o Reino do Céu está próximo!” (Mt 3,2). O tempo é agora: “Preparem o caminho do Senhor, endireitem suas estradas!” (Mt 3,3).

João Batista prega a conversão. Esta significa colocar os passos nos passos de Jesus. E isto é um aspecto que caracteriza a vida cristã inteira. Quando acontece erro, um extravio, cumpre reconhecer o erro, dispondo-se a receber o dom de Deus, que perdoa sempre, que é infinitamente misericordioso e oferece a cura espiritual no Sacramento da Confissão.

Converter-se é renascer continuamente para a vida ressuscitada com Cristo. A existência do cristão deve ser uma conversão contínua. Não é somente purificar-se do estado de pecado, mas também progredir sempre. Ensina São Paulo: “Rogamos e vos exortamos no Senhor Jesus Cristo a que progridais sempre mais” (1Ts 4,1). O cristão convertido sabe que é um peregrino, como ser que vive debaixo da tenda em condição provisória, como pessoa que jaz sob a lei fundamental de uma mudança sempre mais profunda em busca de santificação pessoal.

João foi chamado o Profeta do Altíssimo por que sua a missão foi ir à frente do Senhor para preparar os seus caminhos, ensinando a ciência da Salvação a seu povo. João não desempenhará essa missão à procura de uma realização pessoal, mas concentrando-se em preparar para o Senhor um povo perfeito. Não se dedicará a ela por gosto pessoal, mas por ter sido concebido para isso. E irá realizá-la até o fim, até dar a vida no cumprimento da sua vocação.

Para sermos bons instrumentos nas mãos de Deus é preciso abandonar-nos em suas mãos. Confiemos nesse bom agricultor, ainda que às vezes tenhamos a sensação de que nos está triturando e de que sofremos muito: essa atividade é necessária para que a nossa humanidade apareça como Deus sempre a quis, transluzente da sua graça, que é antecipação da glória de Deus em nós. Somos transformados para transformar, temos que alimentar os outros. A nossa vida deve ser um reflexo dessa referência obrigatória a Deus e aos demais.

Diz João: “Eu sou a voz que clama no deserto: Preparai os caminhos do Senhor, endireitai suas veredas” (Mt 3,3). Ele não é mais do que a voz, a voz que anuncia Jesus. Essa é a sua missão, a sua vida, a sua personalidade. Todo o seu ser está definido em função de Jesus, como teria que acontecer na nossa vida, na vida de qualquer cristão. O importante da nossa vida é Jesus.

O mundo não se abriu nem converteu ainda ao Evangelho. Por isso, soa ainda hoje, e mais atual do que nunca, a voz de João Batista que ecoa no Advento: “Arrependei-vos…” (Mt3,2).

Olhemos em direção ao Menino Deus que está para chegar! Hoje o mundo, muitas vezes, olha em outra direção, donde não virá ninguém. Muitos se acham debruçados sobre os bens materiais como se fossem o seu fim último; mas com eles jamais satisfarão seu coração. Temos que apontar-lhes o caminho. A todos.

Não é possível acolher “Aquele que vem “ se o nosso coração estiver cheio de egoísmo, de orgulho, de autossuficiência, de preocupação com os bens materiais. Não bastam aparências, apenas de que somos cristãos porque recebemos o Batismo. A conversão deve ser comprovada pela ação.


Quais os caminhos tortos que devemos endireitar? Quais os frutos de conversão que Deus está esperando de nós, neste Advento, em preparação ao Natal?

Disposição do Papa Francisco para que os padres absolvam o pecado do aborto não reduz a gravidade do ato


Muitas organizações promotoras do aborto usam a nova disposição do Papa Francisco – permitir que todos os sacerdotes absolvam este pecado – para renovar seus esforços a fim de legalizar esta prática em países de maioria católica. Têm sentido suas reclamações?

Em declarações ao Grupo ACI, o Pe. Mario Arroio Martínez Fabre, doutor em filosofia pela Pontifícia Universidade de Santa Cruz de Roma, advertiu que quem promove a legalização do aborto defendendo-se na recente disposição do Santo Padre realiza uma “tergiversação” e “uma utilização falaciosa das palavras e do conteúdo do texto”.

Em sua Carta Apostólica “Misericordia et Misera”, publicada no dia 21 de novembro, o Papa Francisco determinou: “De agora em diante concedo a todos os sacerdotes, em razão do seu ministério, a faculdade de absolver a quantos cometeram o pecado de aborto”.

O Santo Padre assinalou também: “Quero reiterar com todas as minhas forças que o aborto é um grave pecado, porque põe fim a uma vida inocente; mas, com igual força, posso e devo afirmar que não existe algum pecado que a misericórdia de Deus não possa alcançar e destruir, quando encontra um coração arrependido que pede para se reconciliar com o Pai”.

O Pe. Arroio disse que aqueles que promovem o aborto manipulando as palavras do Papa, “não se preocupam pelo tema da graça de Deus nem o tema do que é um pecado e, sobretudo, é uma tergiversação do sentido das palavras”.

Pe. Arroio disse que a gravidade do aborto, tal como o assinala o Santo Padre, é que “estou acabando com uma vida humana inocente, é algo muito sério”.

“E se para mim acabar com uma vida humana inocente não é algo muito sério, significa que não valorizo a vida humana, e prefiro o capricho do que a vida humana”. 

Atentos e preparados!


O Ano Litúrgico começa com a celebração do primeiro domingo do Advento. Celebrando a memória do mistério pascal de Jesus Cristo, no arco anual, entramos em comunhão com os eventos da história salvífica, desde a esperança da vinda do Senhor até a consumação escatológica do Reino de Deus. A temática central desenvolvida na liturgia da palavra da celebração eucarística é a expectativa da Parusia e, a consequente, atenção e preparação requerida dos discípulos para receber “aquele que vem”. Assim, vivendo neste mundo o mandamento do amor, os cristãos aguardam a vitória final e a plenitude da vida.

De acordo com os evangelhos sinóticos, Jesus, no final de seu ministério, fez um grande discurso escatológico (cf. Mt 24; Mc 13; Lc 21). O texto evangélico apresentado neste domingo é uma parte desse discurso na narrativa de Mateus: Mt 24,37-44. Ele está estruturado em dois momentos: uma analogia entre o tempo do dilúvio e o dia da vinda do Filho do Homem (cf. Mt 24,37-41) e a imagem da entrada de um ladrão na casa de um homem (cf. Mt 24,42-44). O primeiro ponto trata da necessidade de levar a sério o anúncio do retorno do Senhor e o segundo, o fato do desconhecimento do dia certo da sua chegada.

O dia da vinda do Filho do homem será como foram os dias de Noé. Nesses dias, as pessoas davam mais atenção às suas necessidades físicas (comer e beber) e emocionais (casar-se) do que a sua dimensão espiritual (anúncio da purificação da humanidade através das águas do dilúvio). Eles reduziram a vida humana apenas ao nutrir-se e ao reproduzir-se, descurando da mensagem divina de conversão. Por isso, a sentença tão dura de Jesus: “E eles nada perceberam até que veio o dilúvio e arrastou a todos” (Mt 24,39). A mesma coisa, todavia, pode voltar a acontecer por ocasião da vinda escatológica do Senhor. Nas vicissitudes da vida, acaba por ocorrer uma desvirtuação das dimensões humanas na qual a vida se limita aos bens básicos e onde, ainda, se negligencia a espiritualidade. 

“A hipocrisia dos consagrados que vivem como ricos fere a consciência dos fiéis e prejudica a Igreja”, diz Papa


“Como consagrados, somos chamados a ser profecia a partir de nossa vida animada pela 'charis', pela lógica do dom, da gratuidade; somos chamados a criar fraternidade, comunhão e solidariedade com os mais pobres e carentes. Se quisermos ser realmente humanos, devemos dar espaço ao princípio de gratuidade como expressão de fraternidade”.

Mensagem a cerca de 800 ecônomos de Institutos de todo o mundo

É o que escreve o Papa em um texto enviado ao Simpósio sobre economia da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica.

“A hipocrisia dos consagrados que vivem como ricos fere a consciência dos fiéis e prejudica a Igreja”, advertiu ainda, prosseguindo:

“Não basta esconder-me atrás da afirmação de que ‘não possuo nada porque sou religioso, religiosa, se meu instituto me permite administrar ou desfrutar de todos os bens que desejo e controlar as fundações civis criadas para manter as próprias obras, evitando assim o controle da Igreja”, segundo o Pontífice. 

A Virgem Maria no Advento


Com as celebrações do tempo do Advento, a Igreja faz memória dos eventos da primeira vinda do Senhor, a fim de se preparar dignamente para o seu retorno “em poder e glória”. Dentre os principais mistérios que antecederam o nascimento do Filho de Deus, encontramos a vocação de Maria. Na verdade, ela, grávida, é uma imagem da comunidade eclesial que espera com amor a manifestação gloriosa de Jesus. Esta analogia entre a Virgem e a Igreja foi ressaltada pelo beato Papa Paulo VI: “Desta maneira, os fiéis que procuram viver com a Liturgia o espírito do Advento, ao considerarem o amor inefável com que a Virgem Mãe esperou o Filho, serão levados a tomá-la como modelo e a prepararem-se, também eles para irem ao encontro do Salvador que vem, bem vigilantes na oração e celebrando os seus divinos louvores”. Nas quatro semanas do Tempo do Advento, a assembleia litúrgica lembra a participação da Virgem Maria nos mistérios da Encarnação do Verbo e do Nascimento de Jesus (Marialis Cultus 3 e 4).

No dia 8 de dezembro, a Solenidade da Imaculada Conceição de Maria, dentro do contexto do Tempo do Advento, nos faz contemplar a ação divina que preservou Maria da mancha do pecado original e enriqueceu-a com a sua graça, a fim de que estivesse preparada para ser a mãe do Salvador. Como ela foi preparada para ser mãe do Senhor, a Igreja é continuamente santificada para se apresentar “sem mancha e sem ruga, esposa de Cristo, resplandecente de beleza” a Deus Pai. Desta forma, existe uma relação entre a preparação de Maria para acolher a primeira vinda do Senhor e a da Igreja para recebê-Lo no dia da sua Parusia.

Durante os dias feriais que antecedem a celebração do Natal – do dia 17 ao 24 –, a Liturgia da Palavra da eucaristia apresenta as narrativas dos acontecimentos em torno ao nascimento de Jesus: no dia 17, Mt 1,1-17 (a genealogia de Jesus), no dia 18, Mt 1,18-24 (o sonho de José), no dia 19, Lc 1,5-25 (o anuncio do nascimento de João Batista), no dia 20, Lc 1,26-38 (o anuncio do nascimento de Jesus), no dia 21, Lc 1,39-45 (a visitação de Maria a sua prima Isabel), no dia 22, Lc 1,46-56 (o cântico do magnificat), no dia 23, Lc 1,47-66 (o nascimento de João Batista) e no dia 24, Lc 1,67-79 (o cântico do benedictus). No conjunto de todos esses relatos evangélicos, a vocação de Maria, como a mãe de Jesus, se destaca no conjunto rico de personagens envolvidos diretamente com o nascimento do Senhor: José, Zacarias, Isabel e João Batista. A Igreja se espelha na atitude existencial de Maria orante, disponível e servidora, para completar a sua preparação para a celebração do Natal. 

O tempo do Advento


Eis chegado, irmãos caríssimos, o tempo tão celebrado e solene, o tempo favorável, como diz o Espírito Santo, os dias da salvação, da paz e da reconciliação. É o tempo que outrora os Patriarcas e Profetas tão ardentemente desejaram com seus votos e suspiros; o tempo que o justo Simeão finalmente pôde ver cheio de alegria, que a Igreja sempre tem celebrado solenemente, e que também nós devemos santificar em todo o momento com fervor, dando graças e louvores ao Pai eterno pela infinita misericórdia que nos revelou neste mistério: Ele enviou-nos seu Filho Unigênito, pelo imenso amor que tem aos homens, pecadores, para nos livrar da tirania e do império do demônio, convidar-nos para o Céu, revelar-nos os mistérios do seu reino celeste, mostrar-nos a luz da verdade, ensinar-nos o caminho da perfeição, comunicar-nos o gérmen das virtudes, enriquecer-nos com os tesouros da sua graça e, enfim, adotar-nos como filhos seus e herdeiros da vida eterna.

Ao celebrar todos os anos este mistério, a Igreja convida-nos a renovar perpetuamente a memória do amor infinito que Deus mostrou para conosco; e ao mesmo tempo nos ensina que o advento de Cristo não foi apenas para os seus contemporâneos, mas que a sua eficácia nos é comunicada a todos nós, se quisermos receber, mediante a fé e os sacramentos, a graça que nos mereceu, e orientar de acordo com ela os costumes da nossa vida segundo os seus mandamentos.

Além disso, a Igreja espera fazer-nos compreender que assim como Ele veio uma vez, revestido da nossa carne, a este mundo, também está disposto, se não oferecermos resistência, a vir de novo, em qualquer hora e momento, para habitar espiritualmente em nossas almas com abundantes graças.

Por isso, a Igreja, como Mãe piedosa e solícita pela nossa salvação, ensina-nos durante este tempo, com diversas celebrações, com hinos, cânticos e outras vozes do Espírito Santo, a receber convenientemente e de coração agradecido este benefício tão grande e a enriquecer‑nos com o seu fruto, de modo que o nosso espírito se disponha para a vinda de Cristo nosso Senhor, com tanta solicitude como se Ele estivesse para vir novamente ao mundo e com a mesma diligência e esperança com que os Patriarcas do Antigo Testamento nos ensinaram, tanto em palavras como em exemplos, a preparar a sua vinda.


Das Cartas Pastorais de São Carlos Borromeu, bispo

(Acta Ecclesiae Mediolanensis, t. 2, Lugduni, 1683, 916-917) (Sec. XVI)

Amigos com o dinheiro iníquo (Lucas 16,9).


Há, nos evangelhos, uma exortação de Jesus que nos parece estranha, até mesmo incompreensível para muitos: "Fazei amigos com o dinheiro iníquo, que vos receberão nas moradas eternas" (Lc 16,9).

De que amigos o Senhor nos está falando?
E esta coisa de dinheiro iníquo? Devemos nós, de algum modo, possuir dinheiro iníquo?
Fazer amigos com o dinheiro iníquo não é, precisamente, o que mais vemos nos escândalos de corrupção que carcomem a política do nosso País?
Estaria Nosso Senhor corroborando atitudes vis, mesquinhas, até maquiavélicas, justificando meios tortos para fins proveitosos?
Primeiro de tudo: de qual dinheiro está falando o Senhor?

Dinheiro, aqui, é uma metáfora. Na verdade esse dinheiro que nos pode fazer ricos é todo e qualquer bem, espiritual ou material que tenhamos. Assim, dinheiro, no dizer de Jesus, é minha saúde, minha juventude, meu bom nome, dinheiro é minha inteligência, meus talentos, dinheiro são meus bens... Até minha fé e minha vida espiritual são dinheiro!

Dinheiro, portanto, são minhas riquezas. Todos estes bens são chamados “dinheiro” porque são uma forma de riqueza: proporcionam segurança e apoio na vida. Todas estas coisas nos definem e nos dão o horizonte no qual vivemos nosso cotidiano, nos dão segurança, configuram nossa identidade.

Note que, de certo modo, todos temos alguns desses dinheiros, todos somos ricos de algo! Ninguém de nós pode, calmamente, ao escutar o Senhor falar em dinheiro, em riqueza, pensar: “Isto não diz respeito a mim, pois não sou rico!”

As palavras do Senhor sempre dizem respeito a todos nós!

Mas, se é isto o "dinheiro", por que, então, Jesus o chama de iníquo? Tenho culpa de ser jovem? Que iniquidade há num talento que tenho - aliás dado pelo próprio Deus? E os bens materiais que ganhei com meu trabalho, por que seriam iníquos?

Jesus não chama nossos bens de desonestos; chama-os iníquos. E por quê? Porque tudo neste mundo é ambíguo, tudo neste mundo pode tomar o lugar de Deus no meu coração! Eu posso endeusar minha saúde, meus amigos, meus talentos; posso absolutizar meus bens materiais, meu trabalho, minha fama, meu sucesso. Assim fazendo, permitiria que coisas deste mundo fossem o sentido e o referencial da minha existência, desviaria minha vida da sua verdade: vivemos por Deus e para Deus; cairia na mentira, numa vida de ilusão!

Não esqueçamos, não sejamos ingênuos: as realidades deste mundo – todas elas – são ambíguas, pois trazem a séria ameaça de se tornarem um absoluto, a ponto de alguém chegar mesmo a pensar: Meu trabalho é minha vida; minha família é minha vida! Toda riqueza que possuamos nos deve colocar em estado de alerta para a ela não apegarmos de modo escravizador o coração.

Por isso tais realidades são chamadas de “injustas" pelo Senhor, ainda que em si mesmas nada tenham de desonestas ou pecaminosas.

Por tudo isto é que no mesmo contexto do Evangelho, somente alguns versículos depois (v. 13), Jesus afirma que ninguém pode servir a dois senhores: ou coloco minha vida no Deus verdadeiro ou, ao invés, transformo bobamente em deus o que não pode me dar a vida verdadeiramente. Isto mesmo: Quem é o Deus da minha vida, quem é o Absoluto do meu coração: O Senhor ou estas coisas? Note, meu Amigo paciente, que esta questão é fundamental na nossa vida. Dela depende vivermos na verdade ou numa triste mentira!