Durante a Copa do Mundo, os olhares de milhões de pessoas se voltam para a competição e foi assim, diante de todos os holofotes, que o goleiro reserva da Nigéria, Ikechukwu Ezenwa, testemunhou sua fé ao comemorar a vitória na última sexta-feira empunhando um terço.
A seleção da Nigéria venceu a Islândia por 2x0, com a equipe europeia tendo perdido um pênalti na partida. Ao celebrar a vitória juntamente com seus companheiros no banco de reservas, Ezenwa não hesitou em tirar do bolso um terço e erguê-lo na frente da câmera.
Este, porém, não foi um gesto isolado na carreira do goleiro. Católico, Ezenwa tem o costume de ter sempre consigo nas concentrações e partidas um terço.
Ezenwa conseguiu sua vaga na seleção nigeriana durante as eliminatórias para a Copa do Mundo, após o goleiro Ikeme ser diagnosticado com leucemia e Akpeyi sofrer uma lesão. Na ocasião, a primeira coisa que pensou foi “Ikechukwu, você pode fazê-lo”.
A sua estreia foi contra a atual campeã africana, a seleção de Camarões, quando teve um desentendimento com o atacante Vincent Aboubakar, justamente devido ao seu costume de ter um terço consigo.
Conforme relatou o site ‘The Line Breaker’, como costuma fazer em cada partida, Ezenwa colocou seu terço perto do gol, mas o atacante camaronês o viu e tirou, “para que não fosse de ajuda a seu rival”.
Porém, o goleiro respondeu ao atacante: “Se conhecesse o significado do terço, não o teria tirado”.
Nigerian Goal keeper Ikechukwu Ezenwa, celebrates with his Rosary after Nig qualified for Russia2018 #Fatima100 pic.twitter.com/fCfO51O7ug
— BONARIO NNAGS (@bonario89) 13 de outubro de 2017
Esta fé e devoção do goleiro nigeriano vem desde a infância. Quando criança, servia como coroinha na igreja de St. Philips, em Port Harcourt.
Além disso, Ezenwa explica que escolheu ser goleiro “porque me permite fazer algo que me alegra: salvar minha equipe”. “Comparo com salvar as vidas das pessoas através da palavra de Deus e permitir que as pessoas se encontrem com sua salvação”, acrescentou.
Conforme indica ‘The Line Breaker’, durante a Copa do Mundo, pode ser que Ezenewa não tenha muitas oportunidades de atuar em campo, a não ser que o titular Uzoho tenha algum imprevisto.
Entretanto, jogando ou não, continuará fazendo o que faz todos os dias: rezar e agradecer.
Cristãos na Nigéria
A Nigéria é um dos países onde os cristãos vem sofrendo grande perseguição religiosa. Segundo o último “Relatório sobre a Liberdade Religiosa no Mundo”, publicado pela Fundação Pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (ACN) em 2016, os países nos quais a perseguição é maior são: Afeganistão, Arábia Saudita, Coreia do Norte, Iraque, Nigéria, Síria e Somália.
Além disso, outro estudo da Fundação ACN, intitulado “Perseguidos e esquecidos. Relatório sobre os cristãos oprimidos devido a sua fé entre 2015 e 2017”, analisou entre diversos países também a Nigéria.
O relatório destacou a ação de Boko Haram, grupo afiliado ao Estado Islâmico, e também do grupo nômade dos Fulani, que realizaram ataques contra cristãos no país.
No documento, referente ao período correspondente entre agosto de 2015 e julho de 2017, assinala-se que “os relatórios da Igreja indicam o conluio do governo local e das forças armadas no assassinato de cristãos, bem como o fornecimento de fundos e armas”.
Recentemente, em uma entrevista à Fundação Pontifícia, o Bispo de Makurdi, Dom Wilfred Chikpa Anagbe, denunciou a existência de um “plano para islamizar” várias regiões cristãs da Nigéria.
Por sua vez, os bispos nigerianos emitiram uma declaração em maio, em que condenaram a violência com origem em grupos radicais islâmicos no país.
No documento, afirmaram que a pobreza, o desemprego e a escassez de escolas na Nigéria contribuem para o aumento do fundamentalismo islâmico e incentivaram os católicos a “trabalharem estreitamente com os muçulmanos amantes da paz” para se ultrapassar as causas que “alimentam o fundamentalismo”.
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ACI Digital
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