terça-feira, 5 de março de 2013

Os "preferidos" para sucessor de São Pedro



Desde que o então Papa Bento XVI anunciou sua renúncia, muitas especulações foram feiras. Diante deste mar de informações, devemos ter sempre diante dos olhos, sobretudo os do coração, onde habita a fé, um dado fundamental: Nosso Senhor Jesus Cristo.

Diante da barca de Pedro, sem Pedro, não devemos temer. Aliás, em momento algum de nossa vida o medo deve apoderar-nos, pois o Senhor mesmo nos disse: “Eis que estou convosco todos os dias, até o fim do mundo” (Mt 28, 20). O fato de sua presença um dos ensinamentos que fica da renúncia do agora Papa Emérito: Cristo é o Supremo Pastor. A Igreja não é minha, não é nossa, não é do Papa. É de Jesus Cristo.


Dessa forma, para que sua obra continuasse aqui na terra, e fosse propagada a todos os povos, Cristo estabeleceu guardiões e mensageiros da sua Palavra. Dentre os discípulos, destacou doze. Dentre os doze, escolheu um, com a finalidade de que fosse o fundamento de sua obra terrena, para que, quando todo o povo olhasse para este primeiro apóstolo, visse nele refletida a face do Filho de Deus e, dessa forma, prosseguisse a missão na unidade, como um só rebanho sob um só pastor (cf. Jo 10, 16). Escolheu nossa humanidade para que nela mostrássemos ao mundo sua divindade.

Os tempos se sucedem, da mesma forma com o timoneiro da barca de Cristo. De Pedro, aquele que recebeu do próprio Cristo a declaração: “Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja” (Mt 16, 18), até o dia de hoje, 265 homens ocuparam-se do leme.

A nós, ovelhas do Bom Pastor, cabe a fidelidade e obediência ao Vigário de Cristo. Precisamos, sobretudo nestes tempos de relativismo, amar cada vez a nossa referência terrena, o Sumo Pontífice, e fazer como São Josemaria Escrivá: agradecer a Deus pelo amor ao papa incutido em nosso coração. No verbo amar, e na prática, encerra-se todas as outras nossas ações para com o Santo Padre.

Por isso, neste período de Sé Vacante, apresentamos alguns daqueles que são os sucessores dos apóstolos, os eminentíssimos cardeais, que junto com o Sumo Pontífice governam a Igreja e pastoreiam o rebanho, sob a graça de Cristo. Dentre os 115 cardeais eleitores, que se enclausurarão na Capela Sistina, um será o novo papa, escolhido por seus pares com o auxílio do Espírito Santo, para estar à frente da Igreja.

Apresentamos alguns cardeais não na intenção de gerar especulação, de fazer politicagem ou sensacionalismos. Pelo contrário, pois mais se ama o que mais se conhece. Desde já queremos rezar pelo Colégio Cardinalício, e pelo eleito, independente de qual cardeal seja. Amantes do Cristo, fiéis ao Papa.

1. Cardeal Angelo Scola


Italiano, o cardeal Scola tem 71 anos e é o atual arcebispo de Milão.Criado cardeal por João Paulo II, já foi Patriarca de Veneza de 2002 a 2011, reitor da Pontifícia Universidade Lateranense e membro de diversos dicastérios da Cúria Romana. Colaborou na fundação da Revista Internacional de Teologia Communio.

2. Leonardo Sandri


Argentino, 70 anos, criado cardeal no primeiro consistório de Bento XVI, o cardeal Sandri é um homem de grande experiência na Cúria Romana. Era um dos homens próximos do Papa João Paulo II. Foi núncio apostólico na Venezuela. É o atual Prefeito da Congregação Para as Igrejas Orientais. No entanto, não possui experiência como bispo diocesano.

3. Angelo Amato


Italiano e Prefeito da Congregação para a Causa dos Santos. O Cardeal Amato tem 74 anos e trabalhou muito tempo com o então cardeal Ratzinger na Congregação para a Doutrina da Fé. Foi ordenado bispo em 2003 e criado cardeal por Bento XVI em 2010. Segue a mesma linha teológica de Ratzinger.

4. Mauro Piacenza


Italiano, atual Prefeito da Congregação para o Clero, tem 68 anos. Foi ordenado sacerdote pelo Cardeal Giuseppe Siri, o histórico Arcebispo de Gênova, seguindo a mesma linha teológica. Ordenado Bispo em 2003 e criado cardeal pelo Papa Bento XVI em 2010.

5. Marc Ouellet


Canadense, 68 anos, o Cardeal Ouellet foi Arcebispo de Quebec, e criado cardeal por João Paulo II em 2003. É o atual prefeito da Congregação para os Bispos, e Presidente da Comissão para a América Latina. Segue a mesma linha teológica do pensamento de Joseph Ratzinger.

6. Peter Turkson


Natural de Gana, 64 anos. É o atual Presidente do Conselho Pontifício Justiça e Paz. Realizou seu doutorado no Pontifício Instituto Bíblico, em Roma. Foi nomeado arecebispo de Cape Coast em 1992 e cardeal por João Paulo II em 2003.

7. Tagle


Segundo mais jovem do Colégio Cardinalício, com 55 anos, Cardeal Tagle é o atual Arcebispo de Manila, nas Filipinas, o maior país católico da Ásia. Midiático e carismático, Tagle apresenta dois programas de televisão, e sua marca é seu sorriso. Esteve próximo de Ratzinger quando integrou a Comissão Teológica Internacional.

8. Angelo Bagnasco


Italiano, 70 anos, foi ordenado bispo em 1998 e criado Cardeal por Bento XVI em 2007. Atual Arcebispo de Gênova e Presidente da Conferência Episcopal Italiana. Filho espiritual do Cardeal Siri. Muito hábil no diálogo com o mundo político.

9. Odilo Scherer


Brasileiro, 63 anos, é Arcebispo de São Paulo. Fez doutorado na Universidade Gregoriana, e trabalhou sete anos na Congregação para os Bispos. Foi bispo de Toledo, reitor de seminário e pároco. Criado Cardeal em 2007, pelo Papa Bento XVI. Fluente em diversos idiomas, inclusive o italiano, segue a linha teológica de Ratzinger, tendo criticado a Teologia da Libertação por sua aproximação com o marxismo. Recentemente, demonstrou bravura e coragem ao nomear um nome para a reitoria da PUC-SP diferente do escolhido na eleição.

10. Gianfranco Ravasi


Italiano, 70 anos, é o atual Presidente do Pontifício Conselho para a Cultura. Biblista, popularizou os estudos da Escritura pela televisão, rádio e jornais. Sem experiência pastoral diocesana, passou muito tempo como professor da Biblioteca Ambrosiana, de Milão. Ordenado bispo em 2007 e criado cardeal em 2010.

11. Péter Erdő


Natural da Hungria, tem 60 anos, é o atual Arcebispo de Budapeste, Primaz da Hungria, Presidente da Conferência episcopal da Hungria e Presidente do Conselho das Conferências Episcopais da Europa. Ordenado bispo em 2000 e criado cardeal por João Paulo II em 2003. Doutor em Direito Canônico.

12. Sean O'Malley


Americano, 68 anos, é o atual Arcebispo de Boston. Ordenado bispo em 1984 e criado Cardeal por Bento XVI em 2006. Membro da Ordem dos Frades Menores, fala espanhol, português e alemão. Enfrentou com coragem os casos de abusos quando chegou à Arquidiocese de Boston. Foi missionário nas Ilhas Virgens, trabalhou na assistência aos latinos, nos Estados Unidos, e é um incansável defensor da vida. Se eleito papa, será o primeiro Pontífice com barba desde Inocêncio XII, que morreu há 213 anos.
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Autor: Fr. Edvaldo Betioli Filho, SAC
Título original: Os "Preferiti" para sucessor de São Pedro.
Disponível em: Católico com muito orgulho.











110 cardeais eleitores presentes na terceira Congregação Geral e ainda não definida data do Conclave



O diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, Pe. Federico Lombardi, concedeu no início da tarde desta terça-feira, 5 de março, uma coletiva sobre as congregações gerais dos cardeais em vista do Conclave. Ele adiantou que o número de eleitores pesentes agora são 110 e os cardeais ainda não marcaram a data do Conclave.

Em destaque, a mensagem que os cardeais enviaram na manhã desta terça-feira a Bento XVI. Ainda não foi tomada uma decisão acerca do início do Conclave. No início da coletiva, o religioso jesuíta voltou brevemente à segunda Congregação Geral de segunda-feira, realizada na parte da tarde. Durante a Congregação teve lugar a meditação do pregador da Casa Pontifícia, o frade capuchinho Pe. Ranieri Cantalamessa.

Pe. Lombardi afirmou que na tarde desta segunda-feira chegaram alguns cardeais, em particular alguns eleitores, que na parte manhã ainda não estavam presentes e, portanto, assim que chegaram fizeram o seu juramento: o patriarca maronita libanês, Cardeal Raï; o arcebispo de Colônia, Cardeal Meisner; o arcebispo de Berlim, Cardeal Völki; o arcebispo de Dacar, Cardeal Sarr, e o arcebispo de Praga, Cardeal Duka.


Na Congregação desta segunda foi decidido que não haverá congregações na tarde desta terça e da quarta-feira: portanto, também na quarta-feira haverá Congregação somente pela manhã.

Na manhã de hoje teve lugar a terceira Congregação Geral, realizada das 9h30 às 12h40 locais, com um intervalo de cerca de meia hora. Também manhã desta terça-feira outros cardeais chegaram ao Vaticano, os quais fizeram o seu juramento. Dois cardeais eleitores: o arcebispo de Madri, Rouco Varela, e o polonês Grocholewski. Portanto, no momento estão presentes em Roma 110 cardeais eleitores. 148 purpurados participaram da Congregação Geral desta manhã.

Pe. Lombardi informou que na Congregação Geral desta manhã foram feitos 11 pronunciamentos. Entre os temas: atividade da Santa Sé e dos diferentes dicastérios e a sua relação com os episcopados; renovação da Igreja à luz do Concílio Vaticano II; situação da Igreja e exigência da nova evangelização no mundo, nas diferentes situações culturais. Ao todo, entre segunda e terça-feira, foram feitos 33 pronunciamentos representativos de todos os 5 continentes.

O diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé afirmou que há uma liberdade e uma expressividade da assembleia que tem sido muito eficaz nos pronunciamentos. Ademais, por enquanto, a duração dos pronunciamentos não foi reduzida a um tempo determinado. A questão do início do Conclave continua completamente aberta à consideração dos cardeais. Até então não foi tomada nenhuma decisão, precisou.

Pe. Lombardi acrescentou que a congregação dos cardeais quer entender de quanto tempo pode precisar para fazer a sua adequada preparação em vista da decisão tão importante do Conclave. Portanto, "sem apressar as coisas", comentou.
O sacerdote jesuíta informou que amanhã, quarta-feira, às 17h locais, na Basílica de São Pedro, os cardeais se reunirão no Altar da Cátedra para a Adoração e as Vésperas. Trata-se de um momento de oração que será conduzido pelo cardeal decano Angelo Sodano.

Os cardeais convidam toda a Igreja a rezar e a viver na oração este tempo de preparação para uma decisão tão importante como a eleição do Papa.

Na tarde desta terça-feira tiveram início os trabalhos de preparação da Capela Sistina: portanto, a partir de hoje a capela não mais pode ser visitada pelos turistas, dados os trabalhos em vista do Conclave.

Por fim, Pe. Lombardi fez uma atualização dos dados concernentes à presença da imprensa para a eleição do novo Pontífice. Até a tarde desta segunda-feira os temporariamente acreditados eram 4.432; os permanentes, entre imprensa, foto e vídeo, eram 600. Portanto, superada a cifra total dos 5 mil acreditados. Eles representam 65 nações e 24 línguas.

Ademais, foram mostradas as imagens do Centro Televisivo Vaticano (CTV) com as três urnas que serão utilizadas pelos cardeais na votação durante o Conclave.
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Fonte: CNBB.

A Igreja em oração



Como aconteceu nos anos anteriores, no início da Quaresma deste ano o Papa Bento XVI encontrou-se com os sacerdotes da Diocese de Roma, para um colóquio familiar. Normalmente, ele se limitava a responder às perguntas feitas pelos padres. Dessa vez, destacando que era seu último encontro com eles, preferiu dar seu testemunho a respeito do Concílio Vaticano II (1962-1965), do qual participou desde o início. Ao encerrar, Bento XVI disse aos sacerdotes que houve como que dois Concílios paralelos: um, o real, que aconteceu no Vaticano – feito de orações, discursos, reflexões etc. O outro, o Concílio virtual, do qual os protagonistas eram os meios de comunicação social, baseava-se nas interpretações dos jornalistas, que viam tudo como uma luta entre grupos políticos, opostos entre si.

Não sei se o Papa Bento XVI acompanhou o que saiu nos meios de comunicação, a partir de sua declaração de 11 de fevereiro, quando antecipou sua renúncia. Se acompanhou, deve ter-se lembrado dos "dois Concílios". Afinal, de pouco adiantou ele ter afirmado que não tinha mais vigor físico para dirigir a Igreja e, por isso, julgava mais adequado renunciar. (Aliás, é bom lembrar que ele tem quase 87 anos...). Multiplicaram-se, desde então, as mais diversas teses conspiratórias, as mais complexas explicações e não poucos absurdos a respeito de seu ato. Compreende-se, pois, o comentário irônico de um professor de Filosofia: "Hoje em dia, num mundo em que todo o mundo diz que não tem preconceito, o único preconceito aceito pelos inteligentinhos é contra a Igreja [Católica], [considerada] opressora, machista, medieval" (L. P. Pondé, Folha de S.Paulo, 18.02.13). Em outras palavras: a verdade, por ser simples, não interessa a muitos; as interpretações acabam lhes parecendo mais interessantes. 

Um poeta francês comentou: "As ondas não me interessam. O que me interessa é o mar". Vamos, pois, ao essencial: em sua já famosa declaração, Bento XVI pediu que a Igreja se unisse em oração, tendo em vista o próximo conclave. É sabido que a oração é a força dos fracos. É esse o testemunho que nos dá a Palavra de Deus. Conta-nos S. Lucas, nos Atos dos Apóstolos, que nos primeiros tempos após a ressurreição de Jesus, quando a comunidade cristã dava seus primeiros passos, o rei Herodes mandou prender Pedro. Afinal, como anunciava Jesus de Nazaré, era considerado perturbador da ordem pública. Certamente Pedro seria martirizado, como já acontecera com Tiago. Naquela hora, a comunidade se uniu em oração, pedindo a Deus o que era considerado humanamente impossível: a libertação de Pedro. Graças a essa oração da comunidade, houve uma intervenção divina e Pedro foi libertado, reiniciando suas pregações (cf. At 12).

Vivemos num momento histórico em que somos chamados a atualizar o gesto daquela comunidade de Jerusalém. Crianças e adolescentes, jovens, adultos e idosos, somos chamados a nos unir, se não física, ao menos espiritualmente, para que o Senhor dê à Igreja aquele Bispo de Roma que já está em Seu coração e de que precisamos. Não peçamos que nos dê um executivo, nem insistamos que seja brasileiro, africano, europeu ou asiático. O importante é que seja um apaixonado por Jesus Cristo; que ame a Igreja e se disponha a servi-la; que se lembre dos ensinamentos de Paulo a Timóteo: “Proclama a palavra, insiste oportuna ou inoportunamente” (2Tm 4,2). Sim, que não tenha a preocupação de agradar a todos, nem de ter a mídia a seu favor, mas que seja fiel à verdade ("A verdade vos libertará" - Jesus Cristo), uma vez que deverá trabalhar não para construir uma Igreja feita à imagem e semelhança dos homens, mas para servir a Igreja de Jesus Cristo.

Sim, precisamos nos unir em oração, antes, durante e depois do Conclave. Afinal, a Igreja não é uma ONG, nascida para acalmar a consciência das pessoas e ensinar-lhes o que querem ouvir, mas é a esposa de Cristo, pela qual ele derramou seu sangue - uma esposa que quer nos congregar numa só fé, num só batismo e numa só mesa eucarística.


Dom Murilo Krieger
Arcebispo de Salvador da (BA)

segunda-feira, 4 de março de 2013

O Cético e o Lúcido...



No ventre de uma mulher grávida estavam dois bebês.

O primeiro pergunta ao outro:


- Você acredita na vida após o nascimento?


- Certamente. Algo tem de haver após o nascimento.


- Talvez estejamos aqui principalmente porque nós precisamos nos preparar para o que seremos mais tarde. 


- Bobagem, não há vida após o nascimento. Como verdadeiramente seria essa vida?


- Eu não sei exatamente, mas certamente haverá mais luz do que aqui.


- Talvez caminhemos com nossos próprios pés e comeremos com a boca.


- Isso é um absurdo! Caminhar é impossível.

- E comer com a boca? É totalmente ridículo! O cordão umbilical nos alimenta.

- Eu digo somente uma coisa: A vida após o nascimento está excluída - o cordão umbilical é muito curto.

- Na verdade, certamente há algo. Talvez seja apenas um pouco diferente do que estamos habituados a ter aqui.

- Mas ninguém nunca voltou de lá, depois do nascimento. O parto apenas encerra a vida.

- E, afinal de contas, a vida é nada mais do que a angústia prolongada na escuridão.

- Bem, eu não sei exatamente como será depois do nascimento, mas com certeza veremos a mamãe e ela cuidará de nós. 

- Mamãe? Você acredita na mamãe? E onde ela supostamente está?


- Onde? Em tudo à nossa volta! Nela e através dela nós vivemos. Sem ela tudo isso não existiria.

- Eu não acredito! Eu nunca vi nenhuma mamãe, por isso é claro que não existe nenhuma.

- Bem, mas, às vezes, quando estamos em silêncio, você pode ouvi-la cantando ou sente como ela afaga nosso mundo.
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Fonte: Pedaços&Trechos.

O ateísmo marxista - parte II



Marx entendia a vivência religiosa como expressão de um estado de miséria que a humanidade para si mesma cria ao organizar a vida da sociedade. Por ser “a religião, na realidade, a consciência e o sentimento proprios do homem que, ou ainda não se encontrou, ou já acabou de se perder” é necessário verificar onde o ser humano se perde ou se desencontra de si mesmo.

A alienação religiosa é o sintoma de uma alienação real que finca suas raízes na forma como se estruturam as relações sociais a partir do mundo da produção. Para Marx a relação homem-natureza, mediada pelo trabalho,  é a relação fonte do processo de humanização do indivíduo humano. É também a relação que preside e determina o conjunto das relações dentro da sociedade. É aí que deve ser encontrada a razão por que o ser humano se perde ou não se encontra na plenitde de sua humanidade.


A essência humana é criada no ato pelo qual se transforma a natureza Como a essência humana se dá pela comunhão coletiva em que todos comungam igualmente do fruto do trabalho humano, o fato de alguns serem os donos dos meios de produção, enquanto outros lhes vendem seu trabalho, gera duas classes fundamentais em oposição, impedindo assim a concretização da sociedade de iguais em total fraternidade. A propriedade privada é, pois, uma espeçie de pecado original do qual decorrem todos os males da sociedade. O trabalhador se perde a si mesmo, aliena-se no próprio ato da produção uma vez que não retornam a ele, não apenas o valor pecuniário do artefato produzido, mas também  os frutos culturais e humanizantes de seu trabalho.

Uma sociedade de classes é uma sociedade onde a essência humana está dividida, O proprietário se fecha em seu universo egoista e o trabalhador se vê expropriado do fruto de seu trabalho. Fica impedida a comunhão dos seres humanos na qual os indivíduos poderiam viver plenamente a experiência de serem homens. De um lado um ser humano explorador, opressor e, de outro, um ser humano explorado, oprimido, roubado em sua própria humanidade. Esse estado de infelicidade leva ao sonho com um mundo, fora da história, onde os homens um dia haveriam de ser felizes pela participação no “mistério” de três  pessoas onde tudo o que é de uma é também das outras duas.

O Deus Uno e Trino dos cristãos é adorado por expressar aquilo mesmo que os seres humanos gostariam de realizar nessa terra. A religião é expressão e protesto contra a miséria real. De um lado a religião desempenha a função consolo para as frustrações produzidas pela injustiça,operando uma reconciliação ilusória para o conflito social básico, e, de outro, funciona como justificativa de formas políticas e sociais, ou seja como ideologia do “status quo” do capitalismo. À solução “mística” proposta pela religião Marx propõe a solução política que objetiva a criação de um estado proletário, mediante um processo revolucionário, com a consequente instauração de um modo de produção coletivista, onde todos se tornam iguais nas relações de produção.

A sociedade sem classes, uma vez implantada, dispensaria a existência do Estado tal como se estruturou no decorrer da história. Teríamos um tipo de democracia onde sempre de novo as assembléias do povo decidiriam seu destino e seus caminhos. Para que se pudesse chegar ao paraiso terrestre, emergiria na classe operária, onde a experiência de desumanização chegaria a seu extremo, uma consciência revolucionária acompanhada de uma prática política destinada a tomar o poder e implantar a nova sociedade, pela abolição da propriedade particular dos meios de produção.

Os partidos comunistas deveriam ser a expressão dessa consciência e o instrumento de tomada do poder para a  instauração da “democracia perfeita”. Feuerbach havia afirmado: “o mistério – o conteúdo oculto – da teologia é a antropologia”, ou seja, as afirmações da teologia são reveladoras dos mais profundos atributos da essência do homem. Marx procura caminhos de operar a conversão da religião em política, de modo que vamos encontar no marxismo as verdades da fé cristã reduzidas a dimensões puramente humanas, privadas de qualquer dimensão de transcendência. Assim: a) a esperança de um novo céu e de uma nova terra - comunhão de todos no mistério da Trindade – se torna esperança de uma comunhão plena pela implantação do paraiso terrestre; b) o pecado original é substituido por outro mal radical: propriedade particular dos meios de produção; c) a classe oprimida, crucificada, ocupa o lugar do redentor crucificado, ressuscitando na história como força revolucionária para implantar a nova sociedade; d) o partido comunista substitui a Igreja, sendo ele a consciência do sentido da história e o instrumento através do qual a classe operária tomaria o poder. e) a mística religiosa se transforma em mística política, que exige a doação da própria vida. (continua).


Dom Eduardo Benes de Sales Rodrigues
Arcebispo de Sorocaba (SP)

Subsídios para a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos 2013



Os subsídios - cartaz e cadernos de oração - que incrementarão as celebrações da Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos 2013 em sua cidade já estão disponíveis para compra. Para adquiri-los, basta efetuar o depósito no valor correspondente à quantidade desejada de cada item e, depois, encaminhar um e-mail com o comprovante de depósito para conic@conic.org.br. Anote aí as nossas informações bancárias: Banco Bradesco, Conta Poupança: 112888-4, Agência: 0606-8. 

Vale lembrar que esses subsídios, além de apresentarem propostas litúrgicas, também trazem informações para trabalhos com grupos específicos, como crianças e jovens. Não deixe para a última hora, quanto antes você se preparar, melhor sua SOUC será!
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Fonte: CONIC.

Perguntas Frequentes: Sé Vacante.



Quais papas já renunciaram?

De acordo com o Vice-Prefeito da Biblioteca Apostólica Vaticana, Dr. Ambrogio Piazzoni, que escreveu um livro sobre a história da eleição dos papas, alguns Pontífices renunciaram obrigados e outros por livre e espontânea vontade. Papa Ponciano, em 235, foi condenado a trabalhar numa mina na Sardenha. Papa Silvério, em 537, foi obrigado a abdicar e exilar-se na Ásia Menor. Martino V foi preso e mandado para a Criméia. Sobre o Papa João XVIII, em 1009, não se tem muita certeza, mas é muito provável que tenha renunciado. Bento IX, em 1044, renunciou e após voltou ao papado. Posteriormente Celestino V, que reconheceu não estar preparado e por fim Gregório XII em 1415.

A renúncia de um Papa está prevista na Igreja?

Sim. A renúncia de um Papa está prevista e regulamentada pelo Código de Direito Canônico. 

Qual é o termo correto para descrever o que o Papa fez?

"Renúncia" seria o termo mais específico e técnico. "Demissão" não, porque pressupõe que alguém aceita a demissão para que tenha efeito e, no caso do Papa, isso não é necessário. "Abdicação" seria o termo mais adequado para um rei.

O Anel: poderá ser destruído, como o selo papal?

O anel do pescador é o sinal visível da autoridade do Papa, que ele recebe no momento solene no início do Pontificado e que usa no dedo anular direito. Esta insígnia papal é documentada desde o tempo de Clemente IV (por volta de 1265) e era utilizada como selo secreto para correspondências privadas. Durante a solene celebração do início do Pontificado, o Cardeal Decano do Sacro Colégio o coloca no anular da mão direita do novo Papa. O anel, confeccionado em ouro, além de gravado o nome do Pontífice, tem a imagem em relevo do Apóstolo Pedro pescando sobre uma barca. Com a morte de cada Papa, o Cardeal Camerlengo o retira do dedo e, na presença dos representantes do Colégio dos Cardeais quebra-o, indicando com tal gesto o final do pontificado.

A Quarta Encíclica sobre a Fé: será publicada até o final de fevereiro?

O texto não está em condições de ser traduzido e publicado. Assim, este permanece como um documento que poderá vir a público posteriormente, mas talvez não na forma de Encíclica.

O que faz a Igreja durante a Sé Vacante?

Segundo a Constituição Apostólica Universi Dominici Gregis, “em tempo de Sé Vacante, e sobretudo durante o período em que se desenvolve a eleição do sucessor de Pedro, a Igreja está unida em modo todo particular com os sagrados Pastores e especialmente com os Cardeais eleitores do Sumo Pontífice e implora a Deus o novo papa como dom de sua bondade e Providência. À exemplo da primeira comunidade cristã, da qual se fala no Ato dos Apóstolos (cf. At 1,14), a Igreja Universal, espiritualmente unida com Maria, Mãe de Jesus, deve perseverar unanimemente na oração; assim, a eleição do novo Pontífice não será um fato isolado do Povo de Deus e dizendo respeito somente ao Colégio dos eleitores, mas, num certo sentido, uma ação de toda a Igreja”.

Neste sentido, o beato João Paulo II pediu neste documento que “em todas as cidades e nos outros lugares, pelo menos os mais distintos, assim que se tenha a notícia da vacância da Sé Apostólica e, de modo particular, da morte do Pontífice, após a celebração das solenes exéquias, se elevem humildes e insistentes orações ao Senhor (cf. Mt 21,22; Mc 11,24), para que ilumine a alma dos eleitores e os torne assim concordes na sua tarefa, que se obtenha uma solícita, unânime e frutuosa eleição, como exige a saúde das almas e o bem de todo o Povo de Deus”.

Quais as atribuições do Cardeal Camerlengo? 

O Camerlengo, atualmente o cardeal italiano Tarcisio Bertone (nomeado em 4 de abril de 2007), é quem preside a Câmara Apostólica e que exerce a função de cuidar e administrar os bens e os direitos temporais da Santa Sé. No período da Sé Vacante, ele está entre aqueles que não entregam seu cargo e que continuam a exercer suas funções ordinárias, submetendo ao Colégio cardinalício aquilo que deveria ser apresentado ao Sumo Pontífice. Segundo a Constituição Universi Dominici Gregis, compete a ele:

·    > colocar os selos que lacram os aposentos do Papa, dispondo que as pessoas que habitualmente frequentam o apartamento privado, possam permanecer até depois do sepultamento (em caso de morte do Pontífice), quando então todo o apartamento pontifício será fechado e selado;

·     > comunicar a morte do Papa tanto ao Cardeal Vigário de Roma, que por sua vez, dá a notícia ao Povo de Roma com notificação especial, quanto ao Cardeal Arcipreste da Basílica Vaticana;

·    > tomar posse da Residência Apostólica Vaticana e, pessoalmente ou por delegado, das Residências de Latrão e de Castel Gandolfo;

·       > estabelecer, ouvidos os Cardeais Chefes das três Ordens, tudo aquilo que concerne à sepultura do Pontífice;

·    > presidir a Congregação particular constituída pelo mesmo Cardeal e por três Cardeais Assistentes e que tem a tarefa de administrar as questões de menor importância;

·       > decidir o dia em que devem iniciar as Congregações gerais para a preparação da eleição do Papa;

·    > predispor, junto aos Cardeais que desempenhavam respectivamente a função de Secretário de Estado e de Presidente da Pontifica Comissão para o Estado da Cidade do Vaticano, as dependências da Domus Sanctae Marthae para a conveniente acomodação dos Cardeais eleitores e prover com eles os detalhes para a preparação da capela Sistina, a fim de que as operações relativas à eleição possam se realizar facilmente, de modo ordenado e com a máxima reserva;

·     > Se a Sé do Penitenciário Mor estiver vacante, presenciar junto aos três Cardeais Assistentes à abertura das cédulas para a sua eleição que se dá por meio de votação secreta de todos os Cardeais eleitores presentes;

·      > conceder permissão para eventuais fotografias a título de documentação do Pontífice defunto;

·      > desde o início do processo da eleição assegurar com a colaboração externa do Substituto da Secretaria de Estado o fechamento da Domus Sancatae Marthae e da Capela Sistina e dos ambientes destinados às celebrações litúrgicas às pessoas não autorizadas;

·      > receber o juramento dos cardeais sobre a observância do segredo do voto;

·      > É obrigado a vigiar com diligência, junto aos três Cardeais Assistentes pro tempore, para que não seja de modo algum violada a confidencialidade do que ocorre na Capela Sistina, recebendo dos Cardeais eleitores, onde se realizam as operações de votações e dos espaços adjacentes, tanto antes quanto durante e depois tais operações, os escritos de qualquer natureza, que tenham consigo, relativos ao êxito de cada escrutínio, a fim de que sejam queimados com as cédulas.
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       Fonte: CNBB.
   As respostas às perguntas são fornecidas pela Rádio Vaticano (www.radiovaticana.va) e Agência Zenit (www.zenit.org)

Cardeais decidem que enviarão mensagem ao Papa emérito



Na sala nova do Sínodo, no Vaticano, foi realizada na manhã desta segunda-feira, 4 de março, a primeira congregação geral do Colégio Cardinalício. Às 17h , hora de Roma, está marcada para ser a segunda reunião. Trata-se dos primeiros passos que levarão os cardeais a escolher, nos próximos dias, a data do início do Conclave para eleger o novo Papa.

Na entrevista coletiva com os jornalistas, o diretor da Sala de Imprensa do Vaticano, padre Federico Lombardi afirmou que estavam presentes 142 cardeais dos quais 103 são eleitores, portanto devem ainda chegar a Roma 12 cardeais eleitores, uma vez que são esperados para o Conclave, 115 cardeais. No início da primeira congregação foi feita a oração do “Veni Sancte Spiritus”. Em seguida, o cardeal Angelo Sodano, decano do Colégio, falou sobre o significado do evento. Depois foi realizada a cerimônia do juramento de cada cardeal. O cardeal Camerlengo Tarcisio Bertone antecipou a proposta, aprovada, que o padre Raniero Cantalamessa, pregador da Casa Pontifícia, tenha na tarde de hoje, a primeira meditação das congregações gerais. O Colégio dos cardeais aprovou também a proposta do cardeal decano de enviar uma mensagem ao Papa emérito.

Uma outra providência da congregação realizada na manhã de hoje, disse padre Lombardi, foi a eleição, por sorteio, dos três assistentes do Camerlengo. Na Constituição sobre o Conclave se fala da Congregação Particular, aquela que trata dos assuntos de caráter prático, guiada pelo Camerlengo, mas constituída também de seus assistentes que são sorteados pelos eleitores presentes em Roma.. Foram sorteados e, portanto, nomeados como assistentes: o cardeal Crescencio Sepe, pela ordem dos Bispos; o cardeal Giovanni Battista Re, pela Ordem dos Presbíteros; e o cardeal Franc Rodé pela Ordem dos Diáconos. Esses cardeais, portanto, por três dias, serão os assistentes do Camerlengo na Congregação Particular. Depois de três dias, serão sorteados outros três afim de que se faça um rodízio. Na primeira congregação de hoje, 13 cardeais fizeram intervenções breves, mas intensas.

Houve um intervalo durante a primeira congregação que durou cerca de meia hora. Padre Lombardi precisou que este momento foi importante para um significativo contato pessoal de encontros, troca de ideais, também em âmbito particular e não somente na assembleia. A primeira reunião dos cardeais, portanto, segundo padre Lomabrdi, foi marcada por um clima de grande serenidade. Um início muito positivo, sereno e que promete um caminho intenso que vai durar toda a semana. Padre Lombardi lembrou que nos próximos dias será decidida a data de início do Conclave, evento que já recebeu 4.300 credenciamentos de jornalistas do mundo inteiro.
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Fonte: CNBB.