segunda-feira, 6 de maio de 2013

O inferno? Quase ninguém mais acredita nele!


A razão por que muitos em nossos tempos não acreditam no inferno, é que nunca tiveram explicação exata do que ele significa: é frequente conceber-se o inferno como castigo que Deus inflige de maneira mais ou menos arbitrária, como se desejasse impor-se vingativamente como Soberano Senhor; o réprobo seria atormentado maldosamente por demônios de chifres horrendos, em meio a um incêndio de chamas, etc. — Não admira que muitos julguem tais concepções inventadas apenas para incutir medo ; não seriam compatíveis com a noção de um Deus Bom.

Na verdade, o inferno não é mais do que a consequência lógica de um ato que o homem realiza de maneira consciente e deliberada aqui na terra; é o indivíduo quem se coloca no inferno (este vem a ser primàriamente um estado de alma; vão seria preocupar-se com a sua topografia) ; não é Deus quem, por efeito de um decreto arbitrário, para lá manda a criatura, É o que passamos a ver.


Admitamos que um homem nesta vida conceba ódio a Deus (ou ao Bem que ele julgue ser o Fim último, Deus) e O ofenda em matéria grave, empenhando toda a sua personalidade (pleno conhecimento de causa e liberdade de arbítrio); essa criatura se coloca num estado de habitual aversão ao Senhor. Caso morra nessas condições, sem retratar, nem mesmo no seu íntimo, o ódio ao Sumo Bem, que sorte lhe há de tocar ?

A morte confirmará definitivamente nessa alma o ódio de Deus, pois a separará do corpo, que é o instrumento mediante o qual ela, segundo a sua natureza, concebe ou muda suas disposições. Depois da morte, tal criatura de modo nenhum poderá desejar permanecer na presença de Deus; antes espontaneamente pedirá afastar-se d'Ele. Não será necessário que, para isto, .o Juiz supremo pronuncie alguma sentença; o Senhor apenas reconhecerá, da sua parte, a opção tomada pela criatura ; Ele a fez livre e respeitará esta dignidade, em hipótese nenhuma forçando ou mutilando o seu alvitre.

Eis, porém, que desejar afastar-se de Deus e permanecer de fato afastada, vem a ser, para a alma humana, o mais cruciante dos tormentos. Com efeito, toda criatura é essencialmente dependente do Criador, do qual reflete uma imagem ou semelhança ; por conseguinte, ela tende por sua própria essência a se conformar ao seu Exemplar (é a natureza quem o pede, antecedentemente a qualquer opção da vontade livre); caso o homem siga esta propensão, ele obtém a sua perfeição e felicidade. Dado, porém, que se recuse, a fim de servir a si mesmo, não pode deixar de experimentar os protestos espontâneos e veementíssimos da natureza violentada. A existência humana torna-se então dilacerada : o pecador sente, até nas mais recônditas profundezas do seu ser, o brado para Deus ; esse brado, porém, ele o sufocou e sufoca, para aderir a um fim inadequado, fim que, em absoluto, ele não quer largar apesar do terrível tormento que a sua atitude lhe causa. — Na vida presente, a dor que o ódio ao Sumo Bem acarreta, pode ser temperada pela conversão a bens aparentes, mas precários..., pela auto-ilusão ; na vida futura, porém, não haverá possibilidade de engano!

É nisto que consiste primariamente o inferno. Vê-se que se trata de uma pena infligida pela ordem mesma das coisas, não de uma punição especialmente escolhida , entre muitas outras por um Deus que se quisesse “vingar” da criatura. Em última análise, dir-se-á que no inferno só há indivíduos que nele querem permanecer. — A este tormento espiritual se acrescenta no inferno uma pena física, geralmente designada pelo nome de fogo; certamente não se trata de fogo material, como o da terra, mas de um sofrimento que as demais criaturas acarretam para o réprobo, e acarretam muito naturalmente. Sim; quem se incompatibiliza com o Criador não pode deixar de se incompatibilizar com as criaturas, mesmo com as que igualmente se afastaram de Deus (o pecador é essencialmente egocêntrico), de sorte que os outros seres criados postos na presença do réprobo vêm a constituir para este uma autêntica tortura (não se poderia, porém, precisar em que consiste tal tormento).

Por último, entende-se que o inferno não tenha fim ; há de ser tão duradouro quanto a alma humana, a qual por sua natureza é imortal; Deus não lhe retira a existência que lhe deu e que, em si considerada, é grande perfeição. Embora infeliz, o réprobo não destoa no conjunto da criação, pois por sua dor mesma ele proclama que Deus é a Suma Perfeição, da qual ele se alheou (é preciso, nos lembremos bem de que Deus, e não o homem, é o centro do mundo).

Não se pense em nova “chance” ou reencarnação neste mundo. Esta, de certo modo, suporia que Deus não leva a sério as decisões que o homem toma, empenhando toda a sua personalidade; o Senhor não trata o homem como criança que não merece respeito. De resto, a reencarnação é explicitamente excluída por textos da Sagrada Escritura como os que se acham citados sob o no 8 deste fascículo.

Eis a autêntica noção do inferno, que às vezes é encoberta por descrições demasiado infantis e fantasistas.
  
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Veja a propósito E. Bettencourt, A vida que começa com a morte (ed. AGIR) Cap. VI.
Disponível em: Guia de Blogs Católicos.

domingo, 5 de maio de 2013

“Pedófilos não são excomungados, mas eu fui!”



Depois de tudo o que foi falado aqui sobre o padre Beto, eu pensava em não mais voltar ao tema do arrogante sacerdote. No entanto, permito-me mais algumas palavras, por conta de um comentário sem sentido que, nos últimos dias, tem ganhado corpo e merece uma resposta.

Ele veio do próprio padre Beto: "Pedófilos não são excomungados, mas eu fui!",  choramingou o sacerdote, em um arroubo patético de apelo sentimental vazio. É bem pouco provável que o padre Beto realmente não entenda o porquê das coisas serem assim; o mais verossímil é que ele esteja fazendo uma chantagem emocional barata, para posar de coitadinho ao mesmo tempo em que lança sobre a Igreja a pecha de intransigente e contraditória. Mas vá lá: tenhamos um pouco de paciência com a ignorância ou a cretinice alheia. Exponhamos o discurso do óbvio e expliquemos ao reverendo sacerdote por que sua situação é diferente da dos ditos “padres pedófilos”.

Convém ter em mente, antes de qualquer coisa, que a excomunhão não é um passaporte irrevogável para o inferno. Trata-se de uma pena eclesiástica, em última instância orientada – como aliás todas as penas eclesiásticas – para a salvação das almas. De que maneira?

Ora, os pecados não se dividem em leves, graves e “excomungantes”. Há somente os leves (ou veniais) e graves (ou mortais), e só. Os primeiros são os que mantém a alma em estado de graça e, os últimos, são os que fazem perder a graça santificante; aqueles (leves) permitem que se vá ao Céu passando pelo Purgatório e, estes, (graves) conduzem ao Inferno. Não há na alma de um assassino (ou adúltero ou ladrão) mais graça santificante do que na de um médico punido com excomunhão, e nem vai menos para o Inferno um católico impenitente do que um herege excomungado. Excomunhão não é, portanto, simples qualificador agravante de condutas pecaminosas. Que coisa é ela, então?

A excomunhão é uma espécie de censura eclesiástica ao mesmo tempo grave e branda. Grave, porque rompe no foro externo a comunhão com o Corpo Místico de Cristo que é a Igreja; branda, porque para ser retirada exige somente um pedido de perdão do excomungado. E os pecados punidos com excomunhão têm geralmente também essa curiosa antinomia: são, ao mesmo tempo, graves em si mesmos e negligenciados por quem os comete. Vejamos alguns exemplos.

Declaração do Juiz Instrutor



Tendo em vista as notícias divulgadas sobre a excomunhão do Reverendo Pe. Roberto Francisco Daniel, como Juiz Instrutor esclareço que:

Foi no exercício de meu ofício que, como Juiz Instrutor, “declarei” a excomunhão no qual o padre incorreu por sua livre opção;

A excomunhão ocorreu Latae Sententiae, ou seja, de modo automático em virtude da sua contumácia (obstinação) num comportamento que viola gravemente as obrigações do sacerdócio que ele livremente abraçou;


Os meios de comunicação têm uma grande missão em informar a sociedade segundo a verdade. Não corresponde a verdade a notícia veiculada em alguns meios de comunicação de que o reverendo Pe. Roberto Francisco Daniel foi excomungado por defender os homossexuais. Isto não é matéria de excomunhão na Igreja;

A excomunhão foi declarada porque ele se negou categoricamente a cumprir o que prometera em sua ordenação sacerdotal: fidelidade ao Magistério da Igreja e obediência aos seus legítimos pastores.


Bauru, 30 de abril de 2013.

Juiz Instrutor
Doutor em Direito Canônico, especialista em Direito Penal da Igreja Católica e juiz para as matérias reservadas à Santa Sé no Brasil

Católicos confirmam apoio à Igreja em página do Fantástico.



E começa mais uma onda de achincalhamento à Igreja Católica no Brasil. Desta vez a grande mídia embarcou de carona na traição de  Pe. Beto, da Diocese de Bauru, sacerdote que de modo contumaz desobedeceu à Igreja e às autoridades às quais jurou – livremente – obediência. Pe. Beto traiu a Igreja, teve a arrogância de pedir que a instituição de 2 mil anos de adequasse ao seu modo relativista de pensar.

Para se ter uma ideia do desatino do reverendo, em vídeos facilmente encontrados na internet, o padre propaga uma apologia à  traição e bissexualidade no matrimônio e quer o apoio da Igreja para tanto. Um despautério inaceitável. Se quer ser um imoral, que o seja fora da instituição, não queira  que a Igreja seja conivente de suas tontices.

Dado o comportamento recorrente do teólogo, a Diocese de Bauru não teve outra opção  a não ser aplicar-lhe a pena da excomunhão, algo previsto no direito eclesiástico e de completo conhecimento do insurreto.  Foi o suficiente para uma legião de organizações partirem em defesa do  padre, agora, fora da comunhão da Igreja Católica.

Homilia do Papa na Missa às Confrarias.



Homilia
Missa na Praça de São Pedro, no Vaticano
Domingo, 05 de maio de 2013

Amados irmãos e irmãs,
fostes corajosos em vir com esta chuva… O Senhor vos abençoe infinitamente!

No caminho do Ano da Fé, sinto-me feliz em celebrar esta Eucaristia especialmente dedicada às Irmandades: uma realidade com grande tradição na Igreja, que foi objecto de renovação e redescoberta nos últimos tempos. Com afecto vos saúdo a todos, e de modo especial às Irmandades vindas das mais diversas partes do mundo. Obrigado pela vossa presença e pelo vosso testemunho!

No Evangelho, ouvimos uma passagem tirada dos discursos de despedida de Jesus, referidos pelo evangelista João no contexto da Última Ceia. Jesus confia aos apóstolos seus últimos pensamentos, como se fosse um testamento espiritual, antes de os deixar. O texto de hoje põe em evidência que toda a fé cristã está centrada no relacionamento com o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Quem ama o Senhor Jesus, no seu íntimo acolhe a Ele e ao Pai e, graças ao Espírito Santo, acolhe no seu próprio coração e na vida pessoal o Evangelho. Indica-se aqui o centro do qual tudo deve partir e ao qual tudo deve conduzir: amar a Deus, ser discípulos de Cristo, vivendo o Evangelho. Ao dirigir-se a vós, Bento XVI usou esta palavra: evangelicidade. Queridas Irmandades, a piedade popular, de que sois uma importante manifestação, é um tesouro que a Igreja tem e que os bispos latino-americanos, significativamente, definiram como uma espiritualidade, uma mística, que é um «espaço de encontro com Jesus Cristo». Bebei sempre em Cristo, fonte inesgotável; reforçai a vossa fé, tendo a peito a formação espiritual, a oração pessoal e comunitária, a liturgia. Ao longo dos séculos, as Irmandades têm sido uma forja de santidade para muitas pessoas, que viveram com simplicidade uma relação intensa com o Senhor. Caminhai decididamente para a santidade; não vos contenteis com uma vida cristã medíocre, mas a vossa pertença sirva de estímulo, a começar por vós mesmos, para amar mais a Jesus Cristo.


Também a passagem que ouvimos dos Actos dos Apóstolos nos fala do que é essencial. Na Igreja nascente, houve imediatamente necessidade de discernir o que era essencial, e o que não o era, para uma pessoa ser cristã, para seguir Cristo. Os apóstolos e os demais anciãos fizeram uma reunião importante em Jerusalém, o primeiro «concílio», sobre este tema, devido aos problemas que surgiram depois que o Evangelho havia sido pregado aos pagãos, aos não judeus. Tratou-se de uma ocasião providencial para compreender melhor o que é essencial: acreditar em Jesus Cristo morto e ressuscitado pelos nossos pecados e amarmo-nos como Ele nos amou. Notai, porém, como as dificuldades foram superadas, não fora, mas dentro da Igreja. E aqui está um segundo elemento que gostaria de vos assinalar, como fez Bento XVI: a eclesialidade. A piedade popular é uma estrada que leva ao essencial, se for vivida na Igreja em profunda comunhão com os vossos Pastores. Amados irmãos e irmãs, a Igreja ama-vos! Sede uma presença activa na comunidade: células vivas, pedras vivas. Os bispos latino-americanos escreveram que a piedade popular, de que sois expressão, é «uma maneira legítima de viver a fé, um modo de se sentir parte da Igreja» (Documento de Aparecida, 264). Isto é importante! Uma maneira legítima de viver a fé, um modo de se sentir parte da Igreja. Amai a Igreja! Deixai-vos guiar por ela! Nas paróquias, nas dioceses, sede um verdadeiro pulmão de fé e de vida cristã, uma aragem fresca! Nesta Praça [de São Pedro], vejo uma grande variedade, antes, de guarda-chuvas e, agora, de cores e de sinais. Assim é a Igreja: uma grande riqueza e variedade de expressões em que tudo é reconduzido à unidade; a variedade reconduzida à unidade e a unidade é o encontro com Cristo.

Gostaria de acrescentar uma terceira palavra, que vos deve caracterizar: missionariedade. Vós tendes a missão específica e importante de manter viva a relação entre a fé e as culturas dos povos a que pertenceis, e fazei-lo através da piedade popular. Quando, por exemplo, levais em procissão o Crucifixo com tanta veneração e amor ao Senhor, não cumpris um mero acto exterior; mas indicais a centralidade do mistério pascal do Senhor, da sua Paixão, Morte e Ressurreição, que nos redimiu, e indicais, primeiramente a vós próprios e depois à comunidade, que é preciso seguir Cristo ao longo do caminho concreto da vida para que nos transforme. De igual modo, quando manifestais uma profunda devoção pela Virgem Maria, apontais a mais alta realização de existência cristã: Aquela que, pela sua fé e obediência à vontade de Deus e também pela sua meditação da Palavra e das acções de Jesus, é a discípula perfeita do Senhor (cf. Lumen gentium, 53). Esta fé, que nasce da escuta da Palavra de Deus, manifestai-la em formas que envolvem os sentidos, os sentimentos, os símbolos das diferentes culturas… E, deste modo, ajudais a transmiti-la ao povo, e especialmente às pessoas simples, àqueles que Jesus chama no Evangelho «os pequeninos». Na realidade, «o caminhar juntos para os santuários e o participar em outras manifestações da piedade popular, levando também os filhos ou convidando a outras pessoas, é em si mesmo um gesto evangelizador» (Documento de Aparecida, 264). Quando ides aos santuários, quando levais a família, os vossos filhos, estais precisamente a fazer uma acção de evangelização. É preciso continuar a fazê-lo! Sede também vós verdadeiros evangelizadores! As vossas iniciativas sejam «pontes», estradas que levem a Cristo a fim de caminhardes com Ele. E, neste espírito, permanecei sempre atentos à caridade. Cada cristão e cada comunidade é missionária na medida em que transmite e vive o Evangelho e testemunha o amor de Deus por todos, especialmente por quem se encontra em dificuldade. Sede missionários do amor e da ternura de Deus! Sede missionários da misericórdia de Deus, que sempre nos perdoa, sempre espera por nós e nos ama tanto!

Evangelicidade, eclesialidade, missionariedade. Três palavras! Não as esqueçais! Evangelicidade, eclesialidade, missionariedade. Peçamos ao Senhor que oriente sempre a nossa mente e o nosso coração para Ele, como pedras vivas da Igreja, para que cada uma das nossas actividades e toda a nossa vida cristã sejam um luminoso testemunho da sua misericórdia e do seu amor. E assim caminharemos para a meta da nossa peregrinação terrena, para aquele santuário belíssimo, para a Jerusalém do Céu. Lá já não há templo algum: o próprio Deus e o Cordeiro são o seu templo; e a luz do sol e da lua cedem o lugar à glória do Altíssimo. Assim seja.

Poder de Maria Santíssima para nos defender nas tentações.



Inimicitias ponam inter te et mulierem ... Ipasa conteret caput tuum – “Porei inimizade entre ti e a mulher... Ela te esmagará a cabeça” (Gen. 3,15).

Sumário. Com muita razão a Santíssima Virgem é comparada a um posto em ordem de batalha, porque ela sabe ordenar o seu poder e a sua misericórdia para confusão dos inimigos infernais e benefício dos seus devotos. Felizes de nós, se nas tentações recorrermos sempre a esta divina Mãe, invocando o seu doce nome juntamente com o de Jesus. O obséquio mais agradável a Maria é: recomendarmo-nos muitas vezes a ela e metermo-nos debaixo da sua proteção: Sub tuum praesidium confugimos, sancta Dei Genitrix – “Sob tua proteção nos refugiamos, ó santa Mãe de Deus!

I. Maria Santíssima não é só Rainha do céu e dos Santos, mas também do inferno e dos demônios, por tê-los vencido intrepidamente com as suas virtudes. Todos os Santos Padres concordam em dizer que a Bem-aventurada Virgem é aquela mulher poderosa, prometida por Deus desde o princípio do mundo, a qual, juntamente com o Filho, deveria estar em perpétua inimizade com a serpente infernal e, a seu tempo, havia de lhe esmagar a cabeça, abatendo-lhe o orgulho. Por isso Lúcifer se vê constrangido a ficar prostrado debaixo dos pés de Maria. – O espírito maligno, para vingar a sua derrota, vira toda a sua sanha contra os devotos da divina Mãe; esta, porém, não permite que lhes cause o menor dano.


Maria foi figurada na coluna, ora de nuvem, ora de fogo, que guiava o povo escolhido para a terra prometida (1). A coluna representava os dois ofícios que a Virgem exercita continuamente para o nosso bem. Como nuvem, ela nos protege do ardor da divina justiça, e como fogo, nos defende dos demônios. Assim como os homens caem na terra quando um raio do céu lhes parece cair sobre eles, assim caem abatidos os espíritos rebeldes só ao ouvirem o nome de Maria.

Pela mesma razão a Virgem é chamada pelo divino Esposo terrível contra o poder do inferno: como um exército bem ordenado: Terribilis ut castrorum acies ordinata (2). Ela sabe ordenar bem o seu poder, a sua misericórdia e os seus rogos para confusão dos inimigos e benefício dos seus servos, que nas tentações invocam o seu poderosíssimo socorro. Como foi revelado a Santa Brígida, o orgulhoso Lúcifer antes queria que se lhe multiplicassem as penas do que ver-se dominado pelo poder de uma mulher. Feliz, pois, aquele que nas lutas com o inferno recorre sempre à divina Mãe e invoca o belo nome de Maria.

II. Habitua-te à bela prática de invocar sempre os nomes santíssimos de Jesus e Maria em todas as tuas necessidades, nos perigos de ofenderes a Deus e especialmente nas tentações contra a pureza (3). Digo que entre todos os obséquios que possamos prestar à Santíssima Virgem, nenhum agrada tanto a nossa Mãe como o recorrermos freqüentemente à sua intercessão e colocarmo-nos debaixo da sua poderosa proteção: Sub tuum praesidium confugimos, sancta Dei Genitrix – “Sob a tua proteção nos refugiamos, santa Mãe de Deus”.

Eis aqui a vossos pés, ó Maria, minha esperança, este pobre pecador, que tantas vezes por sua culpa se fez escravo do inferno. Reconheço que me deixei vencer pelos demônios, porque não recorri a vós, meu refúgio. Se eu tivesse recorrido sempre a vós, e vos tivesse invocado, nunca teria caído. Espero, Senhora minha amabilíssima, que por vosso intermédio já estou livre das mãos do demônio e que Deus me perdoou. Mas temo que no futuro venha a cair de novo no cativeiro do inferno. Sei que meus inimigos ainda não perderam a esperança de me tornar a vencer. Já me preparam nossos assaltos e novas tentações. Ah! Minha Rainha e meu refúgio, ajudai-me metei-me debaixo de vosso manto; não permitais que torne a ser escravo dos demônios.

Sei que vos me ajudareis e me fareis vitorioso, sempre que eu vos invocar. É este, porém, o meu receio, receio de que nas tentações eu me esqueça de chamar por vós. Eis, portanto, a graça que vos peço e de vós espero, oh Virgem Santíssima, que eu me lembre sempre de vós, especialmente quanto estiver em luta com o demônio. Fazei com que então não deixe de vos invocar freqüentemente, dizendo: Maria, ajudai-me, ajudai-me, Maria! – E quando chegar finalmente o dia da minha última contenda com o inferno, na hora da minha morte, ah, Senhora e Rainha, assisti-me então muito mais e lembrai-me de vos invocar então com mais frequência, com os lábios ou com o coração, afim de que, com o vosso dulcíssimo nome e com o de vosso Filho Jesus na boca, possa ir bendizer-vos e louvar-vos, para nunca mais me apartar dos vossos pés por toda a eternidade, lá no paraíso. (*I 69.)

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1. Ex. 13, 21.
2. Cant. 6, 3.
3. Indulg. de 25 dias cada vez que se invoca devotamente o santíssimo nome de Jesus, e outros tantos pela devota invocação do nome de Maria.
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Fonte: LIGÓRIO, Afonso Maria de. Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo II: Desde o Domingo da Páscoa até a Undécima Semana depois de Pentecostes inclusive. Friburgo: Herder & Cia, 1921, p. 88 - 91.
Disponível em: São Pio V

A Igreja e os “Padres Beto” – Apologética da Ortodoxia e da Sã Doutrina Católica.



Foi com uma mistura de pesar a alívio que eu li a declaração sobre a resignação e subsequente excomungação do controverso Padre Beto, agora já não mais Padre, não mais católico, apenas Beto.

Pesar, porque é triste que um sacerdote da Santa Igreja, seja ele quem for, sinta-se impossibilitado de cumprir seus votos à Deus de ministrar ao Seu povo na condição de servo e sacerdote e por isso, decida abandonar sua vocação. Como o próprio “Padre. Beto” argumenta,  o sacerdócio católico é, de certa forma, para sempre e irrevogável, pois tal e qual o testemunho do Antigo Testamento, a fé Católica é, de fato, o cumprimento do Judaísmo bíblico em Cristo, e sendo assim, não poderia ser diferente. O sacerdócio judeu era vitalício e o Católico assim se intenciona ser.  Alívio, porque a última coisa de que a Igreja precisa é que a desobediência, o subjetivismo e relativismo sejam instituídos em seu próprio seio e nesse sentido, a resignação e subsequente excomungação do referido Padre seja, talvez, uma benção do alto.

Infelizmente,  o mundo secularizado parece difundir – cada vez mais agressivamente – uma visão neo-liberal, quase anárquica, que parece favorecer tudo aquilo que, não muito tempo atrás, era dissaborido até mesmo pelos mais progressistas. Sendo assim, dentro da própria Igreja há aqueles que não apenas passaram a tolerar e aceitar quase que cegamente a desobediência, o subjetivismo e o relativismo teológico e moral, mas os apoiam apaixonadamente. Quem duvida que faça uma breve visita ao FaceBook do ex-católico e ex-padre “Beto” e veja com os próprios olhos as centenas, talvez milhares, de mensagens de apoio de “católicos” deixadas no seu mural.

Esse relativismo intolerante, infligido justamente por aqueles que pregam a tolerância é, lastimavelmente,  muitas vezes agravado pela complacência daqueles em posição de autoridade, mas principalmente pela falta de zelo, reverência e ortodoxia dos leigos em geral, que  parecem ter sistematicamente adotado posturas seculares de duas formas bastante evidentes:  (i) ao engolir tudo o que lhes é posto garganta abaixo em nome da tolerância e dos “direitos humanos” (ii)  e ao presumirem que a Igreja, enquanto Mãe e formadora da Fé Cristã, deva limitar-se a ser apenas uma cópia miniatura ou consequência acidental da sociedade “real” , submetendo-se, portanto, às imposições da cultura, dos “avanços” da ciência – Alguém gostaria de uma clonagem humana, hoje? – dos “avanços” legais em forma de leis que garantem o “direito” à eutanásia, aborto, união homossexual, etc.

Um golpe bem aplicado.



Eu caí no conto de vigário! Foi um golpe bem bolado!

Para que outros não sejam também tapeados, vou narrar o que me aconteceu:

No dia l2 de abril, recebi um telefonema do Sr. Miguel, esposo Dona Cleuza, coordenadora de pastoral de uma das paróquias de Umuarama. Não me lembrei deles, mas não dei importância, pois achei que o interessava era o que ele pedia:

O jovem João Paulo, de 17 anos, morador de um sítio entre Umuarama e Perobal (20 km), estava numa região onde não havia capela, mas ele reunia os vizinhos para rezar o terço, fazer culto, etc. Ele achava até que o moço fosse um vocacionado.

Pois bem, os pais do rapaz, viajaram para Campinas e lá perto sofreram um grave acidente; o pai morreu e a mãe estava hospitalizada. Queria saber se eu poderia receber o jovem e conversar com ele para ajudá-lo a superar esta situação tão triste.

À tarde, o moço telefonou. Uma voz muito agradável, simples, humilde, dizendo que o Sr. Miguel havia lhe avisado que eu queria conversar com ele. Pediu desculpas porque tinha conseguido uma passagem para Campinas para assistir sua mãe; e quando voltasse me procuraria.

No dia 15, pela manhã, ele me telefonou de Campinas comunicando que sua mãe havia falecido e que queria trazer o corpo para ser enterrado aqui, junto com os avós, como ela havia pedido. Perguntei onde tinha sido enterrado o pai e ele disse que foi em Campinas porque os parentes dele moravam lá. Necessitava de R$1.215,00 para completar as despesas do translado.


Disse ter um conhecido, de Jacarezinho-PR, que estava lá em Campinas e tinha conta na Caixa Econômica Federal: Ag. 0391, c/poupança, opção 013, n. 72500-4. Como não sabia se acarretaria despesas pediu par mandar R$5,00 a mais. Se eu pudesse enviar até o meio dia, ele já iria providenciar a liberação do corpo.

Quando eu estava indo para a Cx. Econômica, imaginei que podia ser um golpe. Mas não tendo como me comunicar nem com ele nem co o Sr. Miguel, porque este estava junto com sua mulher participando de um retiro, resolvi enviar R$l.230,00, pois tinha prometido, e podia, sendo verdade, causar transtornos para o jovem.

Ele propôs até que eu fosse ao sítio deles pegar o trator como garantia, que era a única coisa de valor maior que possuíam, e que na sexta-feira, dia 19 ele viria na minha casa para acertar. Mas hoje já é dia 24 e nem noticias do João Paulo.

PEDIRIA AO Sr. Bispo de Jacarezinho, se for possível, encontrar o homem em cuja conta eu depositei o dinheiro. O nome dele é Rodrigo Baptista Souza, o Caixa verificou e isto é certo, o dono da conta acima é da Ag.0391 – Jacarezinho.

Levado pelo desejo de ajudar pastoralmente esse jovem, deixei-me iludir pela história tão bem arquitetada. Espero que não enganem outros Bispos e Padres!


Dom José Maria Maimone
Bispo Emérito de Umuarama (PR)