segunda-feira, 26 de agosto de 2013

No Egito, cristãos e muçulmanos se unem para proteger igrejas

Ataques contra igrejas e outras instituições cristãs aumentaram 

depois da deposição do membro da Irmandade Muçulmana Mohamed Mursi.


O cristão copta Fadi, de 25 anos, e o muçulmano Mahmoud, de 27, ficaram amigos na tarde do dia 14 de agosto. Até então, os dois egípcios jamais haviam se encontrado. Fadi, um estudante de direito, vem de uma família de classe média, e Mahmoud trabalha na pequena padaria do pai, distante apenas cinco quadras da escola secundária que Fadi frequentou no Cairo. Mahmoud não cursou a faculdade de engenharia de computação que sonhava. Fadi deverá se formar em breve.

Para além das diferenças sociais, os dois também fazem parte de grupos religiosos distintos. Mahmoud integra a maioria muçulmana que corresponde a 90% da população, enquanto Fadi é da minoria cristã, contra a qual a perseguição aumentou depois que o Exército e a polícia egípcia iniciaram uma operação para remover dois acampamentos formados por apoiadores do presidente deposto Mohamed Mursi. A operação de dispersão, no dia 14, deixou centenas de mortos.

Contudo, as diferenças foram minimizadas diante de uma causa maior – tentar impedir a destruição de igrejas cristãs. Naquela tarde, uma multidão de apoiadores de Mursi marchava em direção a El Zawya el Hamraa, o bairro de Fadi e Mohamed. “O Egito é muçulmano; cristãos são exceção”, gritavam os islamistas, que também exigiam a volta do presidente deposto ao poder e a libertação de líderes da Irmandade Muçulmana que haviam sido presos pelas forças de segurança.


Cristãos participam de missa na basílica Nossa Senhora de Fátima, no Cairo, Egito (Amr Abdallah Dalsh/Reuters)

“Éramos mais de cem homens, cristãos e muçulmanos, prontos para defender a igreja de Santa Maria Ardel Sherka, localizada em nosso bairro. Tudo o que tínhamos eram pedras, pedaços de paus. Alguns carregavam facas”, contou o engenheiro agrônomo Mohamed, outro muçulmano que se juntou à multidão para defender a igreja local.

“No início éramos na maioria cristãos, mas aos poucos foram chegando mais muçulmanos para nos ajudar. Disseram que a destruição de igrejas era um atentado contra todos os egípcios e que era dever dos muçulmanos defender seus irmãos coptas”, completou Fadi.


Além da capital, cristãos e muçulmanos também se uniram para apagar incêndios em igrejas ou conter ataques em outras cidades como Minya, Suez, Fayoum, Assiut e Alexandria. “No início, os dois grupos ficaram trocando gritos e intimidações. Mas logo as brigas começaram, com pedras sendo atiradas. Eu fui atingido no braço por uma pedra, mas sem gravidade. Mas vi um homem levar uma pedrada na cabeça e cair ao chão com o rosto cheio de sangue”, contou Fadi.

Segundo os dois jovens, o confronto durou cerca de 45 minutos, até a chegada de alguns policiais. “Fadi ajudou um amigo meu que havia levado uma pedrada. Prometi que voltaria nos dias seguintes para ajudar um grupo a fazer vigília para defender a igreja. Foi aí que ficamos amigos”, disse Mahmoud.

Ataques – Testemunhas relataram ataques a dezenas de igrejas e também a escolas, centros comunitários, casas e lojas pertencentes a cristãos nos dias que se seguiram à ação para dispersar os manifestantes contrários ao governo interino. Algumas das igrejas atacadas têm séculos de idade, como a da Virgem Maria, em Minya, datada do século 4 e que ficou tomada por chamas. A maior parte dos ataques ocorreu no interior do país, em cidades menores ou em regiões mais pobres e rurais, redutos da Irmandade Muçulmana e de outros movimentos islâmicos, como o dos salafistas.  


Hashem, um ativista político e cristão copta em Alexandria, a segunda maior cidade do Egito, contou que um grande grupo da Irmandade Muçulmana invadiu um centro comunitário cristão que ajuda crianças de rua, sejam elas cristãs ou muçulmanas. “Testemunhas disseram que um grupo jogou molotovs na grande tenda de lona que abrigava trabalhos de agentes comunitários mantidos por uma das igrejas locais. Ninguém ficou ferido, mas o ataque causou uma revolta entre muçulmanos e cristãos”, disse.

Depois do ataque, uma multidão formada por pessoas das duas religiões se dirigiu a uma área próxima, onde um grupo depredava uma igreja. “Corremos em direção a eles, chamando-os de criminosos”. Seguiu-se uma briga, que envolveu facas, barras de ferro, pedras, pedaços de pau. “Houve alguns feridos, mas sem muita gravidade”, contou, acrescentando que os agressores acabaram indo embora. “Fomos aplaudidos pelos moradores dos prédios, de ambas as religiões. É triste ver egípcios brigando entre si, mas comemoramos a vitória como se fosse uma final de futebol”.

"Bode expiatório" – O analista político Emad Gad, do Centro Al-Ahram para Pesquisas Políticas e Estratégicas do Cairo, considera a atual gravidade dos ataques contra cristãos sem precedentes no país. “Ao longo das últimas décadas, houve pequenos ataques contra coptas, mas nos últimos meses eles se intensificaram. As forças de segurança nada fazem para proteger as pessoas e os templos religiosos”.


Em discursos recentes, dirigentes da Irmandade alegaram que a Igreja e empresários coptas financiaram a imensa manifestação popular do dia 30 de junho que levou à deposição de Mursi. “A retórica foi uma estratégia para angariar apoio de seus simpatizantes para sua causa. Os cristãos coptas serviram de bodes expiatórios pela derrubada de Mursi”, analisou Gad.

Os cristãos passaram a ser mais ativos na política do país após a derrubada do ditador Hosni Mubarak, em 2011. Durante o governo Mursi, porém, foram excluídos.  “Muçulmanos e coptas seculares não querem o domínio de uma facção sobre a outra na sociedade egípcia. Mas os islamistas, ou querem tudo sob seu controle ou destruirão o país. Durante o governo de Mursi, os coptas foram reprimidos e excluídos de quase todos os postos importantes no país”.

Alguns políticos acusaram a Irmandade Muçulmana de incitar seus seguidores a cometer atos de violência contra cidadãos coptas e outros muçulmanos e a realizar ataques contra instituições cristãs. No entanto, líderes da Irmandade negaram as acusações e condenaram os ataques, acusando os serviços de inteligência do governo interino e seus apoiadores de atacar igrejas para culpar o movimento islâmico.
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Fonte: Veja

Por que eu devo zelar pela Liturgia?


A leitura da Constituição Sacrosanctum Concilium nos dá a resposta para essa indagação.

- Porque pela Liturgia, especialmente no sacrifício eucarístico, “se exerce a obra de nossa redenção”;

- Porque a Liturgia contribui para que os fiéis exprimam em suas vidas e aos outros manifestem o mistério de Cristo e a genuína natureza da verdadeira Igreja, da qual é próprio ser, a um só tempo, humana e divina;

- Porque a obra da salvação, prenunciada por Deus, é realizada em Cristo, e esta obra continua na Igreja e se coroa em sua liturgia, por causa da presença de Cristo na Liturgia, que é o antegozo da liturgia celeste.

- Os apóstolos foram enviados a anunciar a obra da salvação através do sacrifício e dos sacramentos, sobre os quais gira toda a vida litúrgica. Nunca, desde então a Igreja deixou de reunir-se para celebrar o mistério pascal.


- Porque Cristo está presente: na pessoa do ministro, nas espécies eucarísticas, nos sacramentos, na sua palavra e na oração da Igreja. A liturgia é, pois, o exercício do múnus sacerdotal de Jesus Cristo, realizando a santificação do homem mediante sinais sensíveis. Dessa forma, toda a celebração litúrgica, como obra de Cristo sacerdote, e de seu corpo, a Igreja, é uma ação sagrada por excelência, cuja eficácia nenhuma outra ação da Igreja iguala, sob o mesmo título e grau.

- A Liturgia não esgota a ação da Igreja, que envolve também a evangelização e o apostolado; todavia, a liturgia é o ponto para o qual converge a ação da Igreja e de onde esta retira sua força; da eucaristia, principalmente, deriva a graça para nós, obtendo-nos a santificação. Para que se obtenha plena eficácia, no entanto, os fiéis devem aproximar-se da Sagrada Liturgia com boa disposição, cooperando com a graça do alto. Ademais, é dever dos sagrados pastores vigiar que, na ação litúrgica, não só se observem as leis para a válida e lícita celebração, mas que os fiéis participem dela com conhecimento de causa, ativa e frutuosamente.

- A participação plena e ativa do povo deve ser conseguida mediante instrução devida. Não há, no entanto, esperança de que tal possa ocorrer, se os próprios pastores de almas não estiverem antes imbuídos do espírito e força da Liturgia, e dela se tornarem mestres.

Com empenho e paciência procurem dar os pastores de almas a instrução litúrgica e também promovam a ativa participação interna e externa dos fiéis, [...] cumprindo assim um dos principais deveres do fiel dispensador dos mistérios de Deus; e nesse particular conduzam seu rebanho não só pela palavra, mas também pelo exemplo.

As transmissões pelo rádio e televisão das funções sagradas, particularmente em se tratando da Santa Missa, façam-se com discrição e decoro, sob a direção e responsabilidade de pessoa idônea, escolhida para tal ofício pelos bispos.


A ordenação da Sagrada Liturgia depende unicamente da autoridade da Igreja. Esta autoridade cabe à Santa Sé Apostólica, e, segundo as normas do Direito, ao Bispo. [...] Portanto, jamais algum outro, ainda que sacerdote, tire ou mude por conta própria qualquer coisa à Liturgia.


Maite Tosta
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A Porta Estreita


Por que o Senhor afirma que a porta é estreita e que muitos tentarão e não conseguirão? Será que Deus nos preparou uma armadilha?

De modo algum! Na Casa do Pai há tantas moradas...

A porta é estreita porque nos tornamos grandes demais, autossuficientes demais, prepotentes demais, demasiadamente cheios de nós mesmos, inchados! A porta é estreita porque nossas manhas sãos largas... Portanto, há um combate a ser travado em nós, para nos adequarmos ao Reino de Deus. 


O Reino é para os pequenos, e nos tornamos gigantes pelo orgulho, a soberba, a autossuficiência. O Reino é para as crianças, e nos tornamos adultos no sentido da velhacaria, da desconfiança, do cinismo, do cálculo segundo a carne!

Quando Miguel de Unamuno morreu, encontraram na sua mesa de trabalho estes versos:

"Aumenta a porta, meu Pai, para que eu possa passar!
Tu a fizeste para as crianças e eu cresci, a meu pesar!

Se não aumentas a porta, diminui-me, por piedade!
Faz-me voltar à idade em que viver era sonhar!".


Eis! Voltar a ser criança, a ser pobre, a ser confiante, pequeno, ante o Senhor! Em uma palavra: deixar que o Senhor reine em nós, que o Seu Reinado nos invada! Mas, o quê?! Crescemos, queremos nós mesmos controlar nossa vida, decidir de modo autônomo, sem Deus, os nossos passos! Seguindo nossa lógica, nossos instintos, nossas paixões, não entraremos! Não entrará no Reino quem primeiro não deixar o Reino entrar em si, no seu coração e na sua vida!


Dom Henrique Soares da Costa

Ou Cristo é mentiroso, ou Lutero é falso!


Chama-se Protestantismo o conjunto de seitas provenientes da revolta de Lutero. Que significa e exprime esse nome? 

Significa que os seus adeptos protestam. E contra que?
Contra e doutrina da Igreja Católica, Apostólica, Romana.
 
E quando começou este protesto? 

No século quatorze; é de origem relativamente nova, pois data de quase catorze séculos depois do aparecimento da Religião Católica Romana, fundada por Jesus Cristo. 

E por que protestou Lutero? 

Para se vingar do Papa que não se curvara perante os caprichos do herege. Asseveram os protestantes ter sido motivo do rompimento deles contra a Igreja Romana o ter esta se desviado dos ensinamentos de Cristo. Seria verídica esta afirmação?... 

Eis-nos perante uma destas conclusões, verdadeiro dilema: ou Cristo é  mentiroso, ou Lutero é falso, pois ambos, como haveremos de verificar, se contradizem reciprocamente em toda linha. 

1. QUAL O MENTIROSO? 


Disse Jesus a Pedro: - “Tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja, e as portas do inferno (os seres e as paixões) não prevalecerão contra ela” (Mat. XVI,18).

E, mais explícito e categórico ainda, o Cristo prossegue: - “Foi-me dado todo o poder no céu e na terra; ide, pois, (revestidos deste poder), e instruí a todos os povos... ensinando-os a observar as coisas que vos tenho mandado. E eis que ESTOU convosco todos os dias, até a consumação dos séculos”. (Mat.28,18-20). 

Nada mais claro e positivo. O Cristo, Deus, estará com o chefe dos Apóstolos até ao fim dos tempos. Quer isto dizer que a Igreja existirá eternamente na pureza e na firmeza de sua fé, que será infalível, pois jamais sucumbirá ao peso das falsidades e paixões. Tal é a forma promessa de Jesus. No entanto, Lutero e, após ele, os seus filhos e netos, denominados protestantes, falam que a instituição de Cristo decaiu de sua altura divina, tornando-se um antro de vícios e explorações. E, por isso, quis o monge de Wittemberg reformá-la. 

Qual, pois, o mentiroso? O Divino Mestre ou o frade revoltoso e os seus asseclas? 

Raciocinemos. Se a Igreja sucumbiu, pela influência do erro e das paixões, como afirmam, então temos três enormes mentiras atribuídas a Jesus: 1ª.: as portas do inferno prevaleceram contra ela, apesar da afirmação contrária de Cristo; 2ª. : Pedro deixou de ser PEDRA, para se fazer lodo; 3ª. : Cristo abandonou a Igreja, depois de garantir que ficaria com ela até o fim dos tempos. Respondam os protestantes: qual entre os dois é o mentiroso: Jesus ou Barrabás, Cristo ou Lutero?... 

Trinta e cinco anos atrás, João Paulo I era eleito Papa


Nesta segunda-feira, 26 de agosto, decorre o 35º aniversário de eleição à Sé de Pedro de João Paulo I. Nascido em Canale d’Agordo, norte da Itália, em 17 de outubro de 1912, no momento da eleição o Cardeal Albino Luciani era Patriarca de Veneza e assumiu o nome de João Paulo I, homenageando seus dois predecessores: João XXIII e Paulo VI, que falecera 20 dias antes.

O seu pontificado foi um dos mais breves da história: depois de apenas 33 dias o “Papa do sorriso” foi encontrado morto em sua cama, na manhã de 28 de setembro. Em seu único discurso Urbi et Orbi, João Paulo I reiterou à Igreja que seu principal dever era a evangelização e a exortou a prosseguir no esforço do ecumenismo.


Em discurso no dia 10 de setembro, dirigindo-se a representantes da imprensa internacional, pediu que “se aproximassem mais de seus semelhantes, intuindo de perto seu desejo de justiça, de paz, de concórdia e solidariedade, em prol de um mundo mais justo e humano”.

Nas quatro audiências gerais que concedeu, o Papa “humilde” enfrentou temas como a humildade, a fé, a esperança e a caridade, falando com um estilo pessoal do qual emergiu sua missão pastoral e catequética.

João Paulo I também é lembrado como o “Papa catequista”, ou “Papa pároco do mundo”, nomes que salientam seu amor pela catequese vista como paixão comunicativa a serviço da verdade cristã e não como uma forma reduzida de evangelização.

(CM)
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O Estado não pode ser indiferente à autoridade de Deus

As sociedades não podem comportar-se como se Deus não existisse.
A Igreja condena o indiferentismo religioso e o laicismo do Estado.

É inegável a importância de se discutir as relações entre Estado e Igreja. Há quase dois milênios as duas esferas se relacionam, ora de modo pacífico, ora por meio de conflitos que podem durar anos, décadas e até séculos.

No começo da expansão do Cristianismo, os imperadores romanos perpetraram uma grande perseguição aos que aderiam à nova religião. Era a primeira grande dificuldade na relação entre o Estado e a Igreja. Mais adiante, na Idade Média, a "questão das investiduras" colocava, de um lado, a liberdade da Igreja em escolher e nomear seus bispos, e, do outro, o poder temporal dos reis. Só depois de o Papa Calisto II e o imperador alemão Henrique V firmarem um acordo – era a primeira concordata formal entre um Papa e um chefe de Estado –, a controvérsia viria a ser superada.

No século XX, com a chegada do socialismo ao poder, a liberdade da Igreja se viu ameaçada em várias nações: muitos de seus bens foram confiscados, parte significativa de seu patrimônio foi delapidada e várias comunidades ainda hoje se confinam a catacumbas, para praticar a fé que receberam dos Apóstolos. Na China, o conflito entre Estado e Igreja salta aos olhos: ao lado da Igreja "una, santa, católica e apostólica" – como professamos no Credo – foi fundada a Associação Patriótica Chinesa, instituição religiosa oficial do Estado comunista. Várias tentativas de sanar o problema ocuparam o trabalho dos Sumos Pontífices, sem sucesso: o governo vermelho chinês tem se mantido irredutível até o momento.


Urge, antes de mais nada, desmascarar uma ideia recorrente: a de que os religiosos não deveriam se intrometer na vida pública ou opinar nas decisões políticas. Com frequência, debatedores pretensamente "esclarecidos" recorrem a este argumento e, defendendo uma mal-entendida laicidade do Estado, sugerem à Igreja o silêncio, quando não a própria sujeição ao poder civil. Para sustentar seus pontos-de-vista, atacam com insistência a era medieval – quando as instituições estavam impregnadas do espírito cristão –, à qual contrapõem o advento do iluminismo e da modernidade ateia.

Hoje, sabe-se que a historiografia que menospreza a Igreja e a sua influência, tachando o glorioso milênio que nos deu os gênios de Agostinho, Anselmo e Tomás de "Idade das Trevas", foi confeccionada ideologicamente, e que, diferentemente do que postulavam os iluministas, a contribuição oferecida pela religião cristã à sociedade civil abrange as mais diversas áreas da atuação humana. "Onde quer que a Igreja tenha penetrado – notava o Papa Leão XIII –, imediatamente tem mudado a face das coisas e impregnado os costumes públicos não só com virtudes até então desconhecidas, mas ainda com uma civilização nova". O Papa Francisco ressaltou esta verdade histórica, quando lembrou que "graças à fé, compreendemos a dignidade única de cada pessoa, que não era tão evidente no mundo antigo".

Separar absolutamente as esferas civil e religiosa não é só, na prática, irrealizável – já que, da mesma forma, não se pode separar as realidades física e espiritual do homem –, mas teoricamente inadmissível.

Primeiro, porque contraria o próprio direito divino. De acordo com a lição da encíclica Immortale Dei, "as sociedades não podem sem crime comportar-se como se Deus absolutamente não existisse". Mais que respeitá-lo, devem elas "seguir estritamente as regras e o modo segundo os quais o próprio Deus declarou querer ser honrado". O Estado não pode permanecer indiferente à autoridade de Deus, para o qual tende todo homem e, por consequência, toda sociedade humana.

Segundo, porque esta indiferença seria extremamente prejudicial à própria convivência das pessoas. Não é possível dar paz e prosperidade a um império prescindindo da religião. Nas palavras do Papa Francisco, "só a partir de Deus (...) é que a nossa sociedade pode encontrar alicerces sólidos e duradouros".

Sobre isto, o último século, repleto de sistemas filosóficos malucos, guerras violentas e campos de concentração, tem muito a ensinar à contemporaneidade: ele lembra – para citar uma sentença do escritor russo Fiódor Dostoiévski – que "se Deus não existe, tudo é permitido". Lembra que são baldados os esforços de se construir uma moralidade "laica", distante de Deus: quando o homem tenta tirá-Lo do centro de sua vida e da sociedade, colocando a si mesmo como medida última de todas as coisas, a própria dignidade do homem se esvanece. São verdadeiras as palavras de Jesus: "Sem Mim, nada podeis fazer" (Jo 15, 5).
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domingo, 25 de agosto de 2013

Juízo Particular e Juízo Final: Quando e como acontecerá?


I - O JUÍZO PARTICULAR ocorre imediatamente após a morte, e define se a alma vai para o Céu, inferno ou purgatório. Não há uma ação violenta de Deus, mas simplesmente a alma terá nítida consciência do que foi sua vida terrestre, e assim, se sentirá irresistivelmente impelida para junto de Deus (Céu), ou para longe da presença de Deus (Inferno) ou ainda para um estágio de purificação (Purgatório).

O JUÍZO FINAL ou UNIVERSAL
 é a tomada de consciência, do indivíduo e de todos os homens, das obras boas e más que cada um realizou. Note que é diferente do Juízo Particular. Neste, Deus revela a cada um, em foro privado, a pureza de intenção que definiu sua sorte no além. Já o Juízo Universal não se trata de uma segunda instância, pois o julgamento individual já ocorreu no Juízo Particular, mas simplesmente revelará a todos os homens os mistérios da história da humanidade e todos os efeitos positivos ou negativos das atitudes de cada um. Tudo será manifesto a todos. 

Dia de triunfo da Verdade e da Justiça. 

Após o Juízo Final segue-se o Tanque de Enxofre (Inferno) para os ímpios e o Paraíso para os justos.


II - Juízo particular e juízo final

Além do juízo particular, que acontece imediatamente depois da morte, a fé da Igreja diz que no fim do mundo será julgada toda a humanidade. Este segundo juízo será de todos e na presença de todos os homens, ao final dos tempos, e por isto é chamado de juízo final ou juízo universal.

Sentido do juízo final

O juízo final não mudará em nada a sentença estabelecida no juízo particular, mas servirá para que resplandeça a sabedoria e a justiça divina, para prêmio dos bons e castigo dos maus, também em relação ao corpo. Perante Cristo, que é a Verdade, será revelada definitivamente a verdade em relação a cada homem com Deus. O juízo final revelará até suas ultimas consequências o que cada um fez - bom ou mal- ou tenha deixado de fazer durante sua vida terrena.

O juízo final revelará que a justiça de Deus triunfa sobre todas as injustiças cometidas por suas criaturas e que seu amor é mais forte que a morte.

III - Diz S. Paulo que após a morte sucede-se o Juízo; trata-se do Juízo Particular e não do Juízo Final, quando ressuscitaremos. No Juízo Particular encontramos o nosso destino até o final dos tempos: a salvação (indo diretamente para o céu ou passando por um purificação preliminar) ou a condenação (indo para o inferno).

Consideremos, então, que o Senhor viesse hoje: todos os mortos - justos (inclusive os que estavam no purgatório) e injustos - ressuscitariam (cf. At 24,15) e seriam julgados - publicamente - juntamente com aqueles que se encontravam vivos; então o que cada um tiver feito será revelado diante de todos e haverá apenas 2 destinos finais: a Vida Eterna (para os justos) e o castigo eterno (para os injustos). Se por um lado parece que há vantagem pelo fato de ficar vivo até o Dia do Senhor, para não passar eventualmente pelo purgatório, por outro exige mais responsabilidade da parte do cristão: 

Porque ninguém - senão Deus - sabe o dia e hora do Juízo Final. Porque o resultado do julgamento será fulminante: ou a Vida ou a Morte eterna.

IV - Está dito do dia do juízo, que os homens verão aqueles que, entre vós, viveram vidas ímpias e tiveram obras falsas quanto aos mandamentos de Jesus Cristo. Porém, os justos, tendo boas obras e sofrido tormentos, bem como aborrecido os prazeres da alma, quando contemplarem aos que têm obras más e negaram a Jesus com suas palavras e atos, sendo castigados com penosos tormentos e um fogo inextinguível, darão glória a Deus, dizendo: "Há esperança para Aquele que serviu a Deus de todo coração".

Ângelus: Papa volta a fazer apelo pela paz na Síria


ANGELUS
Praça São Pedro
Domingo, 25 de agosto de 2013


Queridos irmãos e irmãs, bom dia!

O Evangelho de hoje nos convida a refletir sobre o tema da salvação. Jesus está saindo da Galileia rumo à cidade de Jerusalém e ao longo do caminho alguém – conta o evangelista Lucas – aproxima-se a Ele e lhe pergunta: “Senhor, são poucos os que se salvam?” (13, 23). Jesus não responde diretamente à pergunta: não é importante saber quantos se salvam, mas é bastante importante saber qual é o caminho da salvação. E então à pergunta Jesus responde dizendo: “Fazei todo esforço possível para entrar pela porta estreita. Porque eu vos digo que muitos tentarão entrar e não conseguirão” (v. 24). O que Jesus quer dizer? Qual é a porta pela qual devemos entrar? E porque Jesus fala de uma porta estreita?

A imagem da porta volta várias vezes no Evangelho e remete àquela da casa, do lar, onde encontramos segurança, amor, calor. Jesus nos diz que há uma porta que nos faz entrar na família de Deus, no calor da casa de Deus, da comunhão com Ele. Esta porta é o próprio Jesus (cfr Jo 10, 9). Ele é a porta. Ele é a passagem para a salvação. Ele nos conduz ao Pai. E a porta que é Jesus não está nunca fechada, esta porta não está nunca fechada, está aberta sempre e a todos, sem distinção, sem exclusão, sem privilégios. Porque, vocês sabem, Jesus não exclui ninguém. Algum de vocês poderia dizer-me: “Mas padre, com certeza eu sou excluído, porque sou um grande pecador: fiz tantas coisas más, fiz tantas, na vida”. Não, você não está excluído! Justamente por isso você é o preferido, porque Jesus prefere o pecador, sempre, para perdoá-lo, para amá-lo. Jesus está esperando você para te abraçar, te perdoar. Não ter medo: Ele te espera. Animado, tenha coragem para entrar pela sua porta. Todos são convidados a atravessar esta porta, a atravessar a porta da fé, a entrar na sua vida e a fazê-Lo entrar na nossa vida, para que Ele a transforme, a renove, dê a ela alegria plena e duradoura.


Nos dias de hoje, passamos diante de tantas portas que nos convidam a entrar prometendo uma felicidade que depois percebemos que dura somente um instante, que é um fim em si mesma e não tem futuro. Mas eu pergunto a vocês: nós, por qual porta queremos entrar? E quem queremos fazer entrar pela porta da nossa vida? Gostaria de dizer com força: não devemos ter medo de atravessar a porta da fé em Jesus, de deixá-Lo entrar sempre mais na nossa vida, de sair de nossos egoísmos, dos nossos fechamentos, das nossas indiferenças com os outros. Porque Jesus ilumina a nossa vida com uma luz que não se apaga mais. Não é um fogo de artifício, não é um flash! Não, é uma luz tranquila que dura sempre e nos dá paz. Assim é a luz que encontramos se entramos pela porta de Jesus.

Certo, aquela de Jesus é uma porta estreita, não porque seja uma sala de tortura. Não, não por isto! Mas porque nos pede para abrir o nosso coração a Ele, para reconhecer-nos pecadores, necessitados da sua salvação, do seu perdão, do seu amor, de ter humildade para acolher a sua misericórdia e fazer-nos renovar por Ele. Jesus no Evangelho nos diz que ser cristãos não é ter uma “etiqueta”! Eu pergunto a vocês: vocês são cristãos de etiqueta ou de verdade? E cada um responda para si! Não cristãos, nunca cristãos de etiqueta! Cristãos de verdade, de coração. Ser cristão é viver e testemunhar a fé na oração, nas obras de caridade, no promover a justiça, no fazer o bem. Pela porta estreita que é Cristo deve passar toda a nossa vida.

À Virgem Maria, Porta do Céu, peçamos que nos ajude a atravessar a porta da fé, a deixar que o seu Filho transforme a nossa existência como transformou a sua para levar a todos a alegria do Evangelho.

Apelo pela Síria

Com grande sofrimento e preocupação continuo acompanhando a situação na Síria. O aumento da violência em uma guerra entre irmãos, com o multiplicar dos massacres e atrocidades, que todos pudemos ver também nas terríveis imagens destes dias, leva-me mais uma vez a exortar para que cesse o barulho das armas. Não é o conflito que oferece perspectivas de esperança para resolver os problemas, mas é a capacidade de encontro e de diálogo.

Do fundo do meu coração, gostaria de manifestar a minha proximidade com a oração e a solidariedade a todas as vítimas deste conflito, a todos aqueles que sofrem, especialmente as crianças, e convidar a ter sempre viva a esperança de paz. Faço apelo à Comunidade Internacional para que se mostre mas sensível a esta trágica situação e coloque todo o seu empenho para ajudar a amada nação síria a encontrar uma solução a uma guerra que semeia destruição e morte.


Todos juntos, rezemos, todos juntos rezemos à Maria, Rainha da Paz: Maria, Rainha da Paz, rogai por nós. Todos: Maria, Rainha da Paz, rogai por nós.
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Fonte: Boletim da Santa Sé
Tradução: Jéssica Marçal