sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Mensagem de Dom Paglia às famílias: "Não tenham medo de explicar o jejum aos seus filhos"


Um jejum a ser explicado às crianças, um almoço feito com pouca comida e muitas palavras a serem partilhadas com os avós: quem pede é Dom Vincenzo Paglia, Presidente do Pontifício Conselho para a Família, em uma carta dirigida a todas as famílias por ocasião do Dia de Oração e Jejum pela paz na Síria, indicada pelo Papa Francisco para o próximo sábado 7 de setembro. 

“Queridos pais, não tenham medo de propor aos vossos filhos um almoço austero e mínimo”. Dom Vincenzo Paglia dirige-se assim às mães e aos pais de todos os continentes, para que expliquem aos seus filhos “o que está acontecendo no mundo” e “junto à dureza das notícias”, não esqueçamos “de comunicar a esperança da paz oferecida por Jesus Ressuscitado que reconciliou o mundo não com gestos violentos e vingativos, mas com o dom de si mesmo”.


“As imagens que giraram o mundo e as contínuas e trágicas notícias interpelam o nosso coração, a nossa inteligência, a nossa fé – escreve o prelado, referindo a quanto a mídia tornou conhecida a realidade da Síria”. “Por este motivo – lê-se ainda na carta – vos convido a acolher a proposta do Papa a viver também nas vossas casas um gesto de jejum e oração”.

Para o 7 de setembro, o Presidente do Pontifício Conselho para a Família recomenda um almoço com a participação também dos avós, dos anciãos, recomendando àqueles que viveram momentos de guerra para contar “o que significa viver sob as bombas e na incerteza do amanhã e qual era o sentido da suas orações naqueles dias”.

Aos jovens, o Presidente do Pontifício Conselho para a Família pede que peçam explicações aos seus pais sobre o sentido do Dia de Oração e Jejum desejado pelo Santo Padre e “os motivos pelos quais vale a pena continuar a habitar esta terra marcada, frequentemente, por lutas e violências!.

“Juntos, à mesa, rezem! – conclui Dom Paglia - pelas famílias da Síria, pelas crianças que morrem todos os dias pelo ódio e pela fome, pelos governantes chamados a encontrar uma solução de paz não violenta...cada família escolha o modo que melhor conhece para interceder”. (JE)
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quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Padre da cidade de Sanharó foi suspenso pelo Bispo após celebrar missa para Maçons


O padre José Gomes de Melo (Padre Nilson), responsável pela paróquia do Sagrado Coração de Jesus, na cidade de Sanharó - PE, foi suspenso de suas atividades paroquiais pelo bispo diocesano de Pesqueira, Dom José Luiz Ferreira Salles, após celebrar uma missa em homenagem ao dia do Marçom (20 de agosto) para membros das lojas maçônicas de Sanharó, Belo jardim e Pesqueira.

Uma missa celebrada no ano passado em homenagem ao dia do Maçom causou grande repercussão. Desta vez, os maçons foram mais discretos — deixaram o avental do ano anterior e usaram apenas um pequeno broche na hora da celebração. Mas, diferente do ano passado, agora, o bispo quis dar um basta.

Na ultima sexta-feira, dia 30, após reunião com a Comissão Diocesana de Pastoral para a Doutrina da Fé, o bispo de Pesqueira Dom José Luiz Ferreira Salles divulgou uma Nota Oficial afastando o Padre Nilson das suas funções paroquiais. Leia abaixo a Nota emitida pelo bispo:



COMUNICADO


Aos padres, religiosos (as), leigos (as) e a todos aqueles que as presentes letras virem, saudação, paz e bênção em nosso Senhor Jesus Cristo. 

A respeito da celebração presidida pelo Pe. José Gomes de Melo realizada em Sanharó, no dia 20 do corrente mês, que deu margem a comentários na Internet que denigrem a Santa Igreja, faço saber a todos que:

- Lamento profundamente a reincidência neste erro gravíssimo que traz muitos transtornos à nossa Igreja Diocesana. Por ocasião de denúncia sobre fato semelhante ocorrido em Belo Jardim, foram tomadas as medidas cabíveis de admoestação ao padre envolvido naquele triste e reprovável episódio, conforme o Direito Canônico e as orientações da Santa Sé.

- Também o Pe. José Gomes de Melo foi severamente advertido e está afastado de suas funções paroquiais em Sanharó e das demais funções diocesanas. Ao mesmo, visivelmente arrependido, recomendamos recolhimento, penitência, oração e exigimos retratação perante a Igreja. Imediatamente, o citado padre nos apresentou uma carta escrita, assinada de próprio punho, na qual pede perdão e compromete-se a se retratar publicamente.

- Esta Igreja Diocesana reafirma a comunhão com a Doutrina da Igreja e não permite que seja celebrada qualquer função em união com qualquer associação que não esteja em comunhão com a Doutrina. Não é permitido que se realize nenhuma ação litúrgica para a Maçonaria, nem consentido que sejam apresentados seus símbolos nas celebrações, muito menos que se celebre em ambiente de denominação maçônica.

- Os presbíteros desta Diocese receberão um comunicado oficial do ocorrido tornando-os cientes de que será determinada a sumária suspensão do padre que porventura cometa qualquer abuso litúrgico ou ouse expor a Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo a qualquer situação vexatória desta ou de outra natureza.


- Aproveito esta Nota para ratificar a fidelidade desta Igreja diocesana a Cristo e à sua Igreja, sempre pronta a testemunhar a fé e anunciar a Boa Nova do Reino, percorrendo os caminhos da missão – frequentemente árduos – para santificar a todos. 


Pesqueira, 30 de agosto de 2013. 



Dom José Luiz Ferreira Salles
CSsR Bispo Diocesanoabrir loja de roupas

Dê à paz uma chance

Gregorios III, Patriarca da Igreja Católica Greco-Melquita na Síria

Uma intervenção militar do Ocidente contra o regime do presidente Bashar Al-Assad seria desastrosa de acordo com o líder da Igreja Católica Greco-Melquita na Síria, Gregorios III, afirmando que ninguém pode ter a certeza da autoria dos ataques com armas químicas realizado na semana passada.

Falando do Líbano antes de uma visita pastoral à conflitada capital Síria, Damasco, o Patriarca Gregorios III, reforçou que apesar da situação de conflito, as iniciativas de reconciliação ainda são viáveis e deveriam ser de alta prioridade para todos os países envolvidos.

Em entrevista à Associação Pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (AIS) nesta terça-feira, 27, o Patriarca expressou dúvidas quanto à credibilidade de algumas evidências apresentadas dos focos de conflito na Síria. “Quem pode saber com certeza quem esteve por trás dos ataques com armas químicas?”, concluiu.


Criticando a posição dos Estados Unidos em relação à Síria, o Patriarca acrescentou: “Não se deve acusar o governo um dia e a oposição no outro. É assim que se instiga a violência e o ódio. Os americanos vêm agravando a situação por dois anos”.

O prelado condenou o uso de armas químicas e qualificou de “imoral” a chegada de guerrilheiros do exterior para lutar na Síria assim como a entrada de mais armas no país. Segundo Gregorios III, a onda de guerrilheiros estrangeiros está fazendo crescer o fundamentalismo e o islamismo na Síria. “Países como Rússia, Estados Unidos e outras potencias mundiais deveriam colocar em prática um plano de paz imediatamente. É hora de acabar com estas armas e, ao invés de chamar à violência, as potências internacionais deveriam trabalhar pela paz”, assinalou.

O Patriarca também falou sobre os 450 mil cristãos sírios (quase um terço do total de fiéis no país) que tiveram que deixar seus lares ou emigraram como refugiados a outros países devido à “trágica” situação em Damasco, que há pouco tempo era um lugar de refúgio para cristãos de cidades como Homs e outros lugares hostis.

Na tarde de terça-feira, 27 de agosto, pouco depois que Gregorios deixou o país, duas bombas atingem a cidade velha de Damasco, muito perto da sede do Patriarcado Greco-Melquita. Um dos explosivos caiu em um centro de escoteiros, a dez metros da entrada para o Patriarcado, deixando duas pessoas mortas. Nenhuma criança se feriu. O Patriarca, no entanto, afirma desconhecer se as igrejas e centros cristãos estejam sendo alvos no conflito, “O ataque poderia ter ocorrido pela proximidade destes locais a uma base do exército. O que os extremistas querem é acender o ódio entre grupos cristãos e muçulmanos”.

Em sua entrevista, o Patriarca elogiou o trabalho de um centro de auxílio no Patriarcado Católico Grego que funciona desde 2011 em Damasco e hoje oferece alimento e remédios para 2.800 famílias deslocadas e afirmou que a situação na capital é mais grave que em outros lugares, pois “as bombas podem cair sobre nossas cabeças a qualquer instante”.

Renovando seu pedido de orações pela Síria o patriarca se diz contente por ver que, em meio a esta situação de violência, os cristãos respondem com orações. Durante todo este tempo de crise, as igrejas estiveram quase sempre repletas.

“As pessoas sentem que apesar dos problemas, Deus está concedendo milagres. Há uma mistura de esperança e desespero entre o povo. Não sabem o que vai ser do futuro. Estão muito preocupados pelos seus filhos e por aqueles mais vulneráveis. Experimentam o medo, mas apesar disto, estão fortes na fé”, disse o Patriarca Católico Greco-Melquita.


Atendendo ao pedido de oração pela Síria, lançado pelo Patriarca Gregorios III, a Ajuda à Igreja que Sofre solicita aos benfeitores e amigos uma maior caridade, desta vez também na oração. Abaixo segue a prece que pode ser recitada pelos fiéis:

Deus de compaixão
Escutai os clamores que vêm da Síria
Confortai os que sofrem a violência
Consolai aqueles que choram seus falecidos
Dai força aos países vizinhos da Síria para que acolham os refugiados
Convertei os corações daqueles que tomaram as armas
E protegei aqueles que estão comprometidos com a paz.

Deus de esperança,
Inspirai os líderes a escolherem a paz ao invés da violência e buscar a reconciliação com seus inimigos
Inflamai a Igreja Universal de compaixão pelo povo da Síria
E dai-nos a esperança de um futuro construído sobre a justiça para todos.
Isto nós vos pedimos através de Jesus Cristo, Príncipe da Paz e Luz do Mundo.
Amém

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Fonte: AIS

Papa pede ao G-20 para que busque uma solução pacífica na Síria


“Sem paz não há nenhum tipo de desenvolvimento econômico”, afirmou o papa Francisco em uma mensagem enviada ao presidente da Federação Russa, Vladmiri Putin, que nestes dias, em São Petersburgo, preside a reunião do G-20, grupo de países das economias mais emergentes do mundo. O papa chamou a atenção para os conflitos armados. “Um quadro dramático de miséria, fome, enfermidade e morte”, explicou.

Disse que, apesar da reunião não ter como principal objetivo a segurança internacional, o G-20 não pode deixar de refletir sobre a situação do Oriente Médio, especialmente da Síria. “Infelizmente, dói constatar que demasiados interesses prevaleceram desde o começo do conflito sírio, impedindo encontrar uma solução que evitasse o inútil massacre do qual somos testemunhas”, lamentou.


O papa pediu aos líderes dos países do G- 20 para que não permaneçam inertes com relação ao drama que vive a Síria. “Lanço um apelo urgente para que ajudem a encontrar formas de superar os diferentes contrastes e abandonem toda vã pretensão de uma solução militar. Isto é, em vez disso, um novo compromisso de buscar, com coragem e determinação, uma solução pacífica por meio do diálogo e da negociação entre as partes interessadas, com o apoio unânime da comunidade internacional”, clamou.
 

Segundo o papa Francisco, “a economia mundial crescerá à medida em que seja capaz de permitir uma vida digna a todos os seres humanos, desde os anciãos às crianças, ainda que no seio materno; não somente aos cidadãos dos países membros do G20, mas a cada habitante da terra, inclusive os que se encontram em situações sociais mais difíceis ou nos lugares mais remotos”.
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Fonte: CNBB

Egípcios de todas as religiões estiveram unidos pela expulsão da Irmandade Muçulmana no poder


A minoria Cristã no Egito já está acostumada a lidar com a discriminação e gozar de pouca liberdade religiosa, mas nas últimas semanas tiveram que carregar um fardo extra: foram injustamente culpados da queda de Mohamed Mursi, membro da Irmandade Muçulmana, removido do cargo de Presidente do Egito no final de junho após várias manifestações populares.

“Estamos sendo acusados pela Irmandade de termos destituído o Presidente Mursi, mas somos apenas uma pequena minoria de 12% da nação, e as manifestações contrárias constavam de mais de 33 milhões de pessoas”, afirma a missionária comboniana espanhola, Irmã Expedita Pérez, que trabalha em uma escola no Cairo.

Como resultado desta acusação, o pequeno pavio de sentimentos anticristãos, que já vinha se consumindo ao longo do tempo, esgotou-se, detonando uma explosão de violência contra igrejas, centros paroquiais, comunidades e escolas. Os fundamentalistas e extremistas sentiram que agora tinham a desculpa perfeita para tentar novamente destruir a presença nada bem-vinda dos cristãos no país. A Irmã Expedita escuta diariamente os gritos de protesto, algumas vezes violentos, e assim como toda a comunidade cristã, ela experimenta o temor e a incerteza sobre o futuro do país. 


“A comunidade cristã está aterrorizada, mas finalmente despertou, abriu os olhos e começou a sair da sacristia e tomar consciência da situação presente. Agora querem tomar coragem e se defender contra os terroristas. É verdade que muitas igrejas foram incendiadas, mas também é verdade que os cristãos começaram a mobilizar-se para defender seus templos. Estão revezando dia e noite em frente às igrejas; sobretudo jovens que se instalaram diante delas para evitar os ataques”.

Segundo Ir. Expedita explicou à Associação Católica Ajuda à Igreja que Sofre (AIS), estes jovens cristãos “estão cercando as igrejas junto de outros irmãos de fé, tanto ortodoxos como protestantes. Todos eles unidos”. A comboniana insiste que na ocasião da destituição de Mursi o povo Egípcio esteve unido contra a presença da Irmandade Muçulmana no poder. “Não só os cristãos, mas também muçulmanos saíram às ruas para defender e batalhar por algo que era justo”, afirmou.


No que diz respeito ao futuro do país, Ir. Expedita está confiante que não será um governo exclusivamente militar e que todos os egípcios participarão nele. “Até o momento o governo parece estar defendendo e respeitando as minorias: veremos como será no futuro, pois os ataques terroristas são ferozes e insistentes. O Egito é muito grande, e todos temos que construí-lo juntos”, enfatiza a religiosa.
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Fonte: AIS

Traficantes proíbem cultos de religiões de matriz africana no Rio de Janeiro


O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) e a Comissão de Combate à Intolerância Religiosa (CCIR) se reuniram nessa terça-feira para debater o pedido de instauração de inquérito para investigar a denúncia de que traficantes que se declaram evangélicos e que vivem em Vaz Lobo e em Vicente de Carvalho, na zona norte do Rio, estão proibindo religiões de matriz africana de manterem cultos na região.

Segundo a comissão, vários centros espíritas estão sendo invadidos por pessoas que dizem ser do tráfico, expulsando fiéis e ameaçando pessoas por usarem roupa branca. O presidente da CCIR, Ivanir dos Santos, relatou que a discriminação não é novidade e que vários religiosos de matriz africana passaram por situações parecidas diversas vezes.

"Isso não começou hoje, vem desde 2008. Precisávamos conversar neste momento com o Ministério Público para conseguir uma atuação mais concreta. Amanhã (quarta-feira) vamos levar um documento para entregar ao ministério e pretende-se instaurar uma ação civil pública para que possa haver uma investigação de tudo que pode estar por trás deste tipo de atitude", disse Santos.


O documento será elaborado nesta quarta, ainda sem uma pauta definida, mas os representantes da comissão falam em abordar a questão da construção do Plano Nacional contra a Intolerância Religiosa. A Coordenadoria de Direitos Humanos do Ministério Público se comprometeu a apoiar o combate a esse tipo de crime, repudiando qualquer tipo de preconceito e repressão à liberdade do ser humano.

O procurador Márcio Mothé faz parte da coordenadoria e reiterou que o caso deve ser tratado como algo gravíssimo. "A comissão vai nos entregar um documento que encaminharemos aos promotores da Tutela Coletiva de Cidadania e pretende-se que seja instaurado um inquérito civil para que o promotor da área possa identificar os locais onde estão ocorrendo maior intolerância. Há a notícia grave de que seria o tráfico e uma determinada religião influenciando, fazendo uma pressão em detrimento de outro. Isso será apurado e o Ministério Público tomará as providências cabíveis a partir disso", disse.

A Comissão de Combate à Intolerância Religiosa foi criada em 2008, devido ao aumento do número de casos semelhantes. Para o delegado de polícia responsável pelo núcleo de combate à intolerância religiosa, Henrique Pessoa, o diálogo com o MPRJ demonstra o avanço no tratamento a esse tipo de assunto.


"Acredito que é uma atuação muito oportuna, vai ter um aspecto emblemático e didático muito forte. É uma tentativa que vem ocorrendo há seis anos, tentando mostrar que o estado está ciente, está realmente observando o fato com a devida relevância, porque muitas vezes as pessoas tendem a achar que o fato é de menor relevância, quando isto envolve uma dimensão única da pessoa, qual seja sua escolha religiosa", disse Henrique Pessoa.
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Disponível em: Terra

Bispo na Terra Santa fala sobre conflito no Oriente Médio

"O papel moderador dos cristãos pode ser de grande ajuda"

Quando se trata das atuais conversas de paz entre israelenses e palestinos, o bispo auxiliar de Jerusalém, Dom William Shomali, se sente dividido entre a esperança e o ceticismo. Falando à Associação Internacional Católica Ajuda à Igreja que Sofre, Dom Shomali, responsável pelas áreas palestinas do Patriarcado Latino de Jerusalém, afirmou que por um lado seu coração “cheio de esperança e fé” lhe diz que as negociações serão bem sucedidas. “Mas, minha mente cética, trazendo à memória o fracasso das últimas tentativas de negociação – Madri, Oslo, Camp David, River Plantation, Sharm El-Sheik, Amã e outras – me diz o oposto”, revela.

“No momento eu sinto a necessidade de não buscar atuar como um profeta, mas continuar rezando e convidando outros a fazerem o mesmo”. Se as negociações fracassarem, o bispo Shomali expressou seu desejo que não haja uma terceira intifada (uma revolta da parte dos palestinos contra a ocupação israelense). “A experiência das duas últimas foi arrasadora. A luta deveria seguir no nível político”. O prelado qualificou de moderador o papel dos cristãos de Israel e da Palestina no conflito. “Eles rezam e acreditam que a paz ainda é possível. Eles são atores moderados da situação em seus respectivos países. Alguns cristãos palestinos estão envolvidos nas negociações, seja de forma direta ou indireta. Seu papel moderador pode ser de grande ajuda”.


Respondendo à pergunta sobre a posição da Igreja a respeito do status que a parte oriental de Jerusalém deve adquirir após um acordo, Dom Shomali expressou: “Jerusalém deve ser uma cidade para dois povos e três religiões, que devem possuir iguais direitos e dignidade”. O bispo, de origem palestina, afirmou ainda que Jerusalém deveria permanecer uma cidade aberta, com um status particular e garantias internacionais. “Para implementar esta visão necessitamos de negociadores criativos, abertos a novas soluções com a finalidade de lidar com todos os obstáculos, tais como os assentamentos (territórios palestinos ocupados por Israel) e como manter Jerusalém e todos os seus lugares sagrados abertos”, declarou.

Em relação à posição do Primeiro-ministro Israelense, Benjamin Netanyahu, que recentemente afirmou que o conflito palestino-israelense não se trata fundamentalmente dos assentamentos Judaicos na Cisjordânia e sim sobre a recusa dos Palestinos em reconhecer Israel como um Estado Judeu, Dom Shomali afirmou: “Eu acredito que os Palestinos deveriam reconhecer Israel como um Estado, com todos os direitos e a segurança de suas fronteiras. Compete aos Israelenses, não aos Palestinos, decidir qual o caráter que este Estado deve ter; da mesma forma, compete aos Israelenses decidir quem é um “Judeu” ou não. De forma recíproca, será pedido a Israel que reconheça um país Árabe como tal, sem especificar se esta nação Árabe deverá ser secular ou islâmica.

Em conclusão, o bispo Shomali ressaltou que o conflito entre Israel e a Palestina já não era o único que ameaçava a estabilidade do Oriente Médio hoje. “Desde a primavera árabe existem novas realidades no campo de batalha. Porém, este conflito continua sendo um fator importante”.
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Fonte: AIS

Encontro com Corpo Diplomático explica posição da Santa Sé sobre a Síria


Tendo em vista o Dia de Jejum e Oração pela paz na Síria e a Vigília convocados pelo Papa Francisco para o próximo sábado, na Praça São Pedro, a Secretaria de Estado convidou os embaixadores acreditados junto à Santa Sé para uma reunião, realizada na manhã desta quinta-feira. Estiveram presentes 71 embaixadores, ou seja, quase a totalidade do Corpo Diplomático que mora em Roma. O Secretário para a Relação com os Estados, Dom Dominique Mamberti, explicou ao Corpo Diplomático o significado desta iniciativa. Ele estava acompanhado de Dom Camilleri, Dom Ortega e o Chefe do Protoclo, Dom Bettencourt.

Dirigindo-se aos Embaixadores presentes, Dom Mamberti disse que o sincero apelo do Papa Francisco “se faz intérprete do desejo de paz que sobe de todas as partes da terra, do coração de cada homem de boa vontade. Na concreta situação histórica marcada pela violência e pela guerra em muitos lugares, a voz do Papa se eleva em um momento particularmente grave e delicado do longo conflito sírio, que já viu muito sofrimento, devastação e dor aos quais se somam as tantas vítimas inocentes dos ataques de 21 de agosto passado, que suscitaram na opinião pública mundial horror e preocupação pelas conseqüências do possível emprego de armas químicas”.


Ao falar das diversas reações a nível mundial a tais atos, o Secretário para a Relação com os Estados recordou o apelo do Santo Padre feito no Angelus do último domingo, quando foi taxativo ao afirmar que “existe um juízo de Deus e também um juízo da história sobre nossas ações ao qual não se pode escapar!”. Após, falou da resposta e atenção da Santa Sé, desde o início do conflito, “ao grito de ajuda que chegava do povo sírio”, caracterizadas pela “consideração à centralidade da pessoa humana, independente de etnia ou religião”.

Também foram lembrados aos Embaixadores os inúmeros apelos pela paz feitos por Bento XVI por ocasião da Bênção Urbi et Orbi e no discurso ao Corpo Diplomático em 7 de janeiro de 2013, assim como as tantas referências a esta tragédia humanitária feitas pelo Papa Francisco desde o início de seu pontificado, em particular o seu primeiro apelo feito na Mensagem Urbi et Orbi na Páscoa. Dom Mamberti recordou ainda os pronunciamentos feitos pelos Observadores Permanentes da Santa Sé na ONU, quer em Nova York, quer em Genebra, assim como as intervenções do Núncio Apostólico em Damasco, Dom Mario Zenari e a missão conduzida pelo Cardeal Robert Sarah, por ocasião do Sínodo dos Bispos.

O Secretário para a relação com os Estados reitera as posições da Santa Sé diante desta trágica situação que já provocou mais de 110 mil mortos, mais de 4 milhões de deslocados internos e mais de 2 milhões de refugiados em outros países, ou seja, a prioridade de cessar imediatamente toda violência, o apelo para que as partes envolvidas superem a cega contraposição e busquem a via do encontro e da negociação e a urgência no respeito ao direito humanitário.

A Santa Sé defende alguns elementos que considera essencial para o futuro da Síria, como a retomada do diálogo entre as partes para a reconciliação do povo sírio, a preservação da unidade do país e a garantia da integridade territorial. Ademais, reitera que os responsáveis pelo país no futuro, garantam lugar para todos, em particular para as minorias, incluindo os cristãos, no respeito dos direitos humanos e da liberdade religiosa.

Por fim, Dom Mamberti observa que “causa particular preocupação a presença crescente na Síria de grupos extremistas, frequentemente vindos de outros países”, considerando relevante exortar a população e grupos da oposição “a tomarem distância de tais extremistas, de isolá-los e de oporem-se abertamente e claramente ao terrorismo”. 


Após o pronunciamento de Dom Mamberti, 12 embaixadores de diversas partes do mundo pediram para serem aprofundados alguns pontos, ou melhor esclarecidos. (JE)
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