domingo, 8 de setembro de 2013

A «Rosa de Sarom» é a Esposa/Maria

Maria, cujas excelências e virtudes
canta profeticamente o Cântico dos Cânticos

No Brasil existe um grupo musical católico que se intitula «Rosa de Sarom». Para estes e outros as informações que se seguirão poderão ajudar melhor na compreensão e servir de formação e orientação para uma adequada aplicação do título.

Alguns sites católicos procuram identificar a «Rosa/Flor de Sarom» a Cristo. Ora, o texto no livro do Cântico dos Cânticos 2,1-2 (Ct) onde menciona em uma única vez demonstra que tal referência se aplica a Esposa do Ct e não ao Esposo/Cristo.

O texto diz o seguinte, segundo a Bíblia de Jerusalém: “Sou um narciso de Sarom, uma açucena dos vales. Como açucena entre espinhos é minha amada entre as donzelas”.

Embora muitos especialistas não consigam identificar que “Rosa/Flor” seja esta, deduzem que seja de uma espécie floral própria da planície do Sarom, próximo ao Monte Carmelo. Vale dizer que as traduções mais antigas da Bíblia não dão uma característica desta flor. A “Bíblia Vulgata” chama «Flor dos campos»; a “Bíblia Ecumênica”, de «Narciso»; a “Bíblia de Almeida”, de «Rosa».

Na história da patrística muitos autores aplicam a figura da Esposa à Igreja e outros à Virgem Maria.


Maria como esposa do Ct na tradição da Igreja.

Para entendermos a relação entre a Rosa/Flor de Sarom e a Esposa/Maria convém conhecermos a intenção de muitos Autores que quiseram interpretar em perspectiva mariana muitos textos do Antigo Testamento. Dentre tais textos, surge o livro do Cântico dos Cânticos, interpretado pelo abade beneditino Ruperto de Deutz († 1130), direcionando-o à pessoa de Maria, porque, segundo ele: “Maria é a mãe-virgem do futuro Salvador, a quem dará a luz o povo de Deus, na qualidade de Esposa de Yahwé. Maria é a parte ótima deste povo e sua representante, cujas excelências e virtudes canta profeticamente o Cântico dos Cânticos”.

Segue-o neste caminho interpretativo outros autores medievais: Honório de Autun (séc. XII), Filipe de Harveng († 1183), Tomás de Perseigne († fins do séc. XII) e Alano de Lilla († 1203).

Já encontramos, em autores anteriores a Ruperto, alguns elementos marianos em textos particularizados do Ct, tais autores são: Hipólito de Roma († c. 235), Origenes († 284), Efrém Siro († 373), Ambrósio de Milão († 397), Epifânio de Salamina († 403), Jerônimo († 410), Pedro Crisólogo († 450), Sofrônio de Jerusalém († 638), Apônio (séc. VII), Germano de Constantinopla († 740), João Damasceno († 750c.), Ambrósio Autperto († 781), Pedro Damião († 1072), Amadeu de Lausanna († 1159) e João de Ford († ca. 1214).

A Esposa/Maria está desde o princípio unida ao Esposo/Cristo e segue-o, pois ela é suaamiga, “pela graça e pelas obras” (Alano de Lila † 1203).

O livro do Cântico dos Cânticos oferece-nos diversas figuras simbólicas, que muitos autores interpretaram de modo livre a respeito da Virgem Mãe de Deus. Identificam-na com a imagem do pescoço, aquela que une a cabeça ao corpo místico de Cristo [Dimitrio de Rostov († 1709)]; e para demonstrar sua força, este pescoço é como uma torre (cf. Ct 4,4;7,5): [Hermano de Tournai ca. 1147]; quando falam de sua beleza imaculada vêem a imagem dapomba/rolinha, simples e casta (cf. Ct 4,1): [Cirilo de Alexandria († 444)]; chamando-a deamiga (cf. Ct 4,7): [Teodoro Studita]; e sua beleza imaculada é comparada com aaurora/lua/sol (cf. Ct 6,10): [Germano de Constantinopla († 733)]; quando sua virgindade perpétua é exaltada, usam a imagem do jardim fechado (cf. Ct 4,12): [Esiquio de Jerusalém († 451)]; quando se dirige à amada chama-a de irmã (cf. Ct 4,9-10) [Teodo Studita]; proteção e refúgio, a imagem do muro (cf. Ct 8,10): [Dimitrio de Rostov], enfim,  é figura da Mãe do Senhor.

Tais interpretações poéticas e metafóricas oferecem uma visão simbólica-teológica que podem parecer exageradas e ricas de sentimentalismo, mas revelam, por parte dos Autores, uma convicção e sentido teológico do texto Sagrado, a fim de demonstrar uma interdependência da mãe com o filho.

Cristo ressuscitado, centro de nossa redenção, associa sua Virgem Mãe ao mistério da salvação, da sua encarnação à sua paixão, mas também na alegria/consolação de sua ressurreição.

A riqueza com que os Padres e Autores sagrados utilizaram a Sagrada Escritura, para iluminar de modo representativo a pessoa de Maria e de seu papel ao lado da missão do Filho, encanta-nos e oferece-nos elementos sugestivos de culto mariano bem aprofundado.

Na linha exegética dos Padres, o Ct serve como modelo tipológico de Maria e da Igreja. S. Ambrósio de Milão († 397) já dizia: “Quanto são belos também todos aqueles símbolos com os quais a Escritura, sob a figura da Igreja, profetizaram sobre Maria!”.

Em várias aparições marianas, Nossa Senhora traz como adorno, seja nas vestes como adorno pessoal, elementos florais: Caravaggio em 1482 (Itália), Guadalupe em 1531 (México), Aparecida em 1717 (Brasil), Lourdes em 1858 (França), Knock em 1879 (Irlanda) e outras.

Portanto, a Rosa/Flor fica como símbolo mariano.

_________________________________________
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA:

BERTETTO, D. La sposa del Cantico dei Cantici, in Maria nel dogmma cattolico. Trattatodi mariologia. Torino: Società Editrice Internazionale, 1950². p. 82-91.

CASAGRANDE, D. EnchirindionMarianumBiblicumPatristicum. Romae: «Cor Unum», 1974. p. 1976.

GHARIB, G. – TONIOLO, E. – GAMBERO, L. – DI NOLA, G. (a cura di), Testi Mariani del Primo Millennio. Padri e altri autori latini, vol. 3. Roma: Città Nuova, 1988. p. 175.


PEINADOR, M. Mariologia de Ruperto de Deutz, in Ephefemerides Mariologicae 17 (1967) 140.
__________________________________________
Fonte: ZENIT

Exorcista Amorth: "Os que querem a guerra na Síria são instrumentos do diabo"

Padre Gabriele Amorth /Foto: Grupo ACI

O famoso sacerdote exorcista da Diocese de Roma e do Vaticano, Gabriele Amorth, assegurou que aqueles que apoiam a intervenção militar contra a Síria, estão sendo instrumentos do Diabo para semear o mal no mundo.

"Estes que querem a guerra na Síria são instrumentos do diabo", assinalou o Pe. Amorth em 4 de setembro em declarações ao blog Stanze Vaticano, do canal de televisão italiano Tgcom24.

"O Senhor é um Deus de paz, quer a paz, quer o amor entre os homens, quer a solidariedade e a ajuda, de modo que o rico ajude o pobre. E Satanás é quem quer a morte e a guerra", afirmou.


Em relação ao dia de jejum e oração assim como à vigília convocadas pelo Papa Francisco para pedir a paz na Síria e no mundo no próximo sábado 7 de setembro, o exorcista disse que sem dúvida "incomodará o diabo, e não só a ele". "Prefiro não dar nomes", acrescentou.

"O Papa tem o objetivo de influir. De que modo? Como um Papa, orando pela ajuda de Deus, este é o modo de atuar dos cristãos. Não com bombas para rebater outras bombas, mas com a oração para rebater as bombas", disse.

O sacerdote, de 88 anos de idade, explicou que a intervenção armada na Síria que algumas potências mundiais defendem, não solucionaria a ameaça do uso de armas químicas no país, imerso em uma guerra civil há mais de dois anos.

Até o momento o regime de Bashar Al Assad e os insurgentes não chegaram a nenhum acordo de paz e, além disso, os jornais especializados no tema assinalam que entre os insurretos haveria participação de movimentos extremistas islâmicos pagos por petroleiras no Qatar e Arábia Saudita.


A intervenção armada "não está justificada, porque tenho presente a frase que disse o Papa Pio XII para evitar a segunda guerra mundial: ‘Tudo está perdido com a guerra, tudo se pode salvar com a paz’. Todos os sistemas violentos deveriam ser condenados", concluiu o Pe. Amorth.
________________________________

Nota sobre as dívidas da JMJ Rio2013


O Instituto Jornada Mundial da Juventude (IJMJ), responsável pela organização da JMJ Rio2013 e consciente de suas responsabilidades diante de todos que, de algum modo, contribuíram para a realização do evento, garante que vai honrar com todos os compromissos assumidos e apresentará o balanço financeiro. Para isso, conta com o serviço de auditoria da Ernst&Young. O Instituto trabalha com recursos próprios, obtidos por meio de patrocínios, inscrições de peregrinos, doações e vendas de produtos licenciados. Estas duas últimas ações ainda continuam em curso. Diferente do que foi publicado, não houve injeção direta de verba pública na construção do evento.

Ao longo da preparação da JMJ, o Instituto trabalhou com uma margem de segurança orçamentária, a qual, em virtude de determinados fatores, veio a ser utilizada e mesmo ultrapassada. Entre estes fatores, destacam-se a já mencionada mudança dos dois últimos Atos Centrais de Guaratiba para Copacabana – Vigília e Missa de Envio, a redução do número de peregrinos inscritos, em comparação com outras Jornadas; em especial de peregrinos europeus, cujos países enfrentam crises financeiras; além de imprevistos, surpresas e emergências em nível acima do usualmente previstos para eventos do porte da JMJ.



Com isso, a organização precisou reestruturar seu planejamento financeiro inicial, reorganizando prazos. Para ajudar a saldar suas dívidas, o IJMJ lançou a primeira etapa da campanha de arrecadação de recursos. Doações para esta finalidade devem ser depositadas na Conta 80.002-3, agência 0814 do Bradesco.
________________________________

sábado, 7 de setembro de 2013

Perdão e reconciliação é o caminho da paz, afirma Papa em Vigília


HOMILIA
Palavras do Papa Francisco na Vigília de Oração pela Paz
Praça de São Pedro, no Vaticano

Sábado, 7 de setembro de 2013


«Deus viu que isso era bom» (Gn 1,12.18.21.25). A narração bíblica da origem do mundo e da humanidade nos fala de Deus que olha a criação, quase a contemplando, e repete uma e outra vez: isso é bom. Isso nos permite entrar no coração de Deus e recebermos a sua mensagem que procede precisamente do seu íntimo. Podemos nos perguntar: qual é o significado desta mensagem? O que diz esta mensagem para mim, para ti, para todos nós?

Simplesmente nos diz que o nosso mundo, no coração e na mente de Deus, é “casa de harmonia e de paz” e espaço onde todos podem encontrar o seu lugar e sentir-se “em casa”, porque é “isso é bom”. Toda a criação constitui um conjunto harmonioso, bom, mas os seres humanos em particular, criados à imagem e semelhança de Deus, formam uma única família, em que as relações estão marcadas por uma fraternidade real e não simplesmente de palavra: o outro e a outra são o irmão e a irmã que devemos amar, e a relação com Deus, que é amor, fidelidade, bondade, se reflete em todas as relações humanas e dá harmonia para toda a criação. O mundo de Deus é um mundo onde cada um se sente responsável pelo outro, pelo bem do outro. Esta noite, na reflexão, no jejum, na oração, cada um de nós, todos nós pensamos no profundo de nós mesmos: não é este o mundo que eu desejo? Não é este o mundo que todos levamos no coração? O mundo que queremos não é um mundo de harmonia e de paz, em nós mesmos, nas relações com os outros, nas famílias, nas cidades, nas e entre as nações? E a verdadeira liberdade para escolher entre os caminhos a serem percorridos neste mundo, não é precisamente aquela que está orientada pelo bem de todos e guiada pelo amor?

Mas perguntemo-nos agora: é este o mundo em que vivemos? A criação conserva a sua beleza que nos enche de admiração; ela continua a ser uma obra boa. Mas há também “violência, divisão, confronto, guerra”. Isto acontece quando o homem, vértice da criação, perde de vista o horizonte da bondade e da beleza, e se fecha no seu próprio egoísmo.


Quando o homem pensa só em si mesmo, nos seus próprios interesses e se coloca no centro, quando se deixa fascinar pelos ídolos do domínio e do poder, quando se coloca no lugar de Deus, então deteriora todas as relações, arruína tudo; e abre a porta à violência, à indiferença, ao conflito. É justamente isso o que nos quer explicar o trecho do Gênesis em que se narra o pecado do ser humano: o homem entra em conflito consigo mesmo, percebe que está nu e se esconde porque sente medo (Gn 3, 10); sente medo do olhar de Deus; acusa a mulher, aquela que é carne da sua carne (v. 12); quebra a harmonia com a criação, chega a levantar a mão contra o seu irmão para matá-lo. Podemos dizer que da harmonia se passa à desarmonia? Não. Não existe a “desarmonia”: ou existe harmonia ou se cai no caos, onde há violência, desavença, confronto, medo…

È justamente nesse caos que Deus pergunta à consciência do homem: «Onde está o teu irmão Abel?». E Caim responde «Não sei. Acaso sou o guarda do meu irmão?» (Gn 4, 9). Esta pergunta também se dirige a nós, assim que também a nós fará bem perguntar:


- Acaso sou o guarda do meu irmão? Sim, tu és o guarda do teu irmão! Ser pessoa significa sermos guardas uns dos outros! Contudo, quando se quebra a harmonia, se produz uma metamorfose: o irmão que devíamos guardar e amar se transforma em adversário a combater, a suprimir. Quanta violência surge a partir deste momento, quantos conflitos, quantas guerras marcaram a nossa história! Basta ver o sofrimento de tantos irmãos e irmãs. Não se trata de algo conjuntural, mas a verdade é esta: em toda violência e em toda guerra fazemos Caim renascer. Todos nós! E ainda hoje prolongamos esta história de confronto entre irmãos, ainda hoje levantamos a mão contra quem é nosso irmão. Ainda hoje nos deixamos guiar pelos ídolos, pelo egoísmo, pelos nossos interesses; e esta atitude se faz mais aguda: aperfeiçoamos nossas armas, nossa consciência adormeceu, tornamos mais sutis as nossas razões para nos justificar. Como fosse uma coisa normal, continuamos a semear destruição, dor, morte! A violência e a guerra trazem somente morte, falam de morte! A violência e a guerra têm a linguagem da morte!

3. Neste ponto, me pergunto: É possível percorrer outro caminho? Podemos sair desta espiral de dor e de morte? Podemos aprender de novo a caminhar e percorrer o caminho da paz? Invocando a ajuda de Deus, sob o olhar materno da Salus Populi romani, Rainha da paz, quero responder: Sim, é possível para todos! Esta noite queria que de todos os cantos da terra gritássemos: Sim, é possível para todos! E mais ainda, queria que cada um de nós, desde o menor até o maior, inclusive aqueles que estão chamados a governar as nações, respondesse: – Sim queremos! A minha fé cristã me leva a olhar para a Cruz. Como eu queria que, por um momento, todos os homens e mulheres de boa vontade olhassem para a Cruz! Na cruz podemos ver a resposta de Deus: ali à violência não se respondeu com violência, à morte não se respondeu com a linguagem da morte. No silêncio da Cruz se cala o fragor das armas e fala a linguagem da reconciliação, do perdão, do diálogo, da paz. Queria pedir ao Senhor, nesta noite, que nós cristãos, os irmãos de outras religiões, todos os homens e mulheres de boa vontade gritassem com força: a violência e a guerra nunca são o caminho da paz! Que cada um olhe dentro da própria consciência e escute a palavra que diz: sai dos teus interesses que atrofiam o teu coração, supera a indiferença para com o outro que torna o teu coração insensível, vence as tuas razões de morte e abre-te ao diálogo, à reconciliação: olha a dor do teu irmão e não acrescentes mais dor, segura a tua mão, reconstrói a harmonia perdida; e isso não com o confronto, mas com o encontro! Que acabe o barulho das armas! A guerra sempre significa o fracasso da paz, é sempre uma derrota para a humanidade. Ressoem mais uma vez as palavras de Paulo VI: «Nunca mais uns contra os outros, não mais, nunca mais… Nunca mais a guerra, nunca mais a guerra! (Discurso às Nações Unidas, 4 de outubro de 1965: ASS 57 [1965], 881). «A paz se afirma somente com a paz; e a paz não separada dos deveres da justiça, mas alimentada pelo próprio sacrifício, pela clemência, pela misericórdia, pela caridade» (Mensagem para o Dia Mundial da Paz, de 1976: ASS 67 [1975], 671). Perdão, diálogo, reconciliação são as palavras da paz: na amada nação síria, no Oriente Médio, em todo o mundo! Rezemos pela reconciliação e pela paz, e nos tornemos todos, em todos os ambientes, em homens e mulheres de reconciliação e de paz. Amém.

Comitê Nobel do Parlamento da Noruega pedirá para retirar Nobel da Paz de Obama


O Comitê Nobel do Parlamento da Noruega solicitará que se retire do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, o Prêmio Nobel da Paz 2009 devido a sua intenção de realizar uma intervenção militar na Síria, apesar da oposição internacional.

Através de um comunicado, difundido pela agência Ria Novosti, o organismo assinalou que a decisão se baseia em que "as políticas seguidas pelo presidente Obama, tanto no referente à política externa, especialmente no Oriente Médio e Norte da África, como o inaceitável recorte em liberdades dos cidadãos de seu país e do resto do mundo, com a utilização de programas de espionagem como PRISM, a manutenção da prisão de Guantánamo, etc. fazem que considere totalmente inadequado que ostente este galardão, sendo que não é merecedor do mesmo".


No comunicado, o Comitê Nobel do Parlamento recordou que "este prêmio é dado à pessoa que tenha trabalhado mais ou melhor em favor da fraternidade entre as nações, da abolição ou redução dos exércitos existentes e da celebração e promoção de processos de paz", tal e como aparece no testamento de Alfred Nobel.


Na segunda-feira passada, o Nobel de Física e vice-presidente da Academia de Ciências da Rússia, Zhorés Alfiórov, disse que seria justo que os laureados com o "Nobel da Paz" iniciassem um processo para privar Obama deste prêmio. "Fiquei surpreendido quando Obama foi galardoado com este prêmio (em 2009). Não o podia compreender. Ele não merece o Prêmio Nobel da Paz, não tinham que tê-lo concedido", assinalou Alfiórov.
_______________________________

Mensagem às Comunidades por ocasião da Vigília de Oração pela Paz


MENSAGEM PELO DIA DE JEJUM 
E ORAÇÃO PELA PAZ


Estamos em jejum e em oração na busca da paz. Paz especialmente na Síria, no Oriente Médio. O pedido de Santo Padre Francisco para que hoje seja um dia de jejum e oração, nos desperta para a responsabilidade da convivência humana mundial. Os conflitos geram destruição, ceifam vidas, fazem surgir a pobreza, deixam órfãos e viúvas, desenraizam as pessoas, aumentam o número de refugiados, destroem a cultura e as relações, fragilizam a convivência benéfica entre as religiões.

O jejum é essencialmente esvaziamento, abertura para uma vida nova, para novas relações. O jejum tem um toque sagrado de despojamento, de entrar na esfera do não saber, de possibilitar o surgimento da liberdade. O jejum devolve a temperatura ideal do diálogo, do respeito, da diferença. Ele é a confirmação de que a perda das forças físicas fortalece o coração para a presença do outro, da diferença e, por isso, na busca da paz.


A oração, uma vigília de oração, nos coloca na escuta que cria a sensibilidade de que não manteremos a paz a partir de nossas forças, de nossas ideologias, de nossas imposições, de nossas estruturas de domínio e dominação. Buscamos o Senhor (Dominus) porque ele é a casa (domus) que deixa tudo e todos se sentirem em casa. A guerra é a certeza de que posso determinar o que e como deve ser. Quando, em oração, nos deixamos medir pela medida desmedida d’Aquele que cuida desveladamente de todo o universo, a Ele recorremos para que todos os seus filhos e filhas deponham as armas e se deixem tomar pela justiça que conduz à paz.

“Renovo o convite a toda a Igreja para viver intensamente este dia e, desde já, expresso reconhecimento aos outros irmãos cristãos, irmãos de outras religiões e aos homens e mulheres de boa vontade que quiserem se unir a este momento. Exorto em especial os fiéis romanos e os peregrinos a participarem da vigília de oração, aqui na Praça S. Pedro, às 19h, para invocar do Senhor o grande dom da paz. Que se eleve forte em toda a terra o grito da paz! ” (Papa Francisco)

Com o Santo Padre elevemos com o jejum e a oração o grito pela paz!




+ Leonardo Ulrich Steiner
Bispo Auxiliar de Brasília
Secretário Geral da CNBB

Intervenção militar na Síria: caminho rumo ao suicídio do Ocidente


Se os Estados Unidos atacar a Síria,
a Rússia atacará a Arábia Saudita

Entre as muitas perplexidades ligadas ao destino da Síria, emergem algumas certezas: as potências ocidentais são diretamente responsáveis pela difusão do fundamentalismo islâmico e pela violência em todo o mundo árabe, e uma eventual intervenção militar não só levaria toda a região a um conflito de consequências incalculáveis, mas assinaria a sentença de morte dos cristãos no Oriente Médio.
 
Quem está convencido disso é o Pe. Boghos Levon Zekiyan, quem não poupa críticas ao ler sobre os recentes acontecimentos na Síria, que fazem pensar em um novo Iraque. Sacerdote de rito armênio, além de professor de "Língua e literatura armênias" na Università Ca’Foscari de Veneza, e de "Instituições eclesiásticas armênias" no Pontificio Istituto Orientale de Roma, nesta entrevista à Aleteia, ele coloca na balança todas as responsabilidades dos países ocidentais.


No território sírio, os massacres parecem não ter fim. As crônicas nos falam diariamente de horrores inimagináveis contra a população: decapitações, sequestros, homicídios massivos, estupros. Nem sequer as crianças estão a salvo.  Frente a esta violência, que rumo a Síria vai tomar?

 
Tenho certeza de que o conflito na Síria e em todo o mundo árabe foi incentivado por potências estrangeiras, pelo imperialismo ocidental que, após a queda a União Soviética, parece ter se tornado insaciável e, por isso, feroz e violento.
 
Mais ainda: é portador de uma hipocrisia que raramente teve precedentes na história. Hipocrisia: onde estava oOcidente durante o genocídio na Ruanda? Onde estava e está frente ao extermínio dos cristãos em Darfur? Onde estava durante o uso de gases contra os curdos, quando Saddam era seu aliado? É uma ladainha que não acaba nunca!
 
Quanto ao rumo que a Síria vai tomar, é difícil dizer, e isso é muito triste. Mas o rumo do Ocidente, se continuar com este capitalismo impiedoso, com esta hipocrisia selvagem, com esta miopia política que criou os talibãs – como todos sabem – e que apoia o fundamentalismo islâmico mais fanático em todos os lugares, talvez seja mais fácil de prever: o suicídio!
 
O que pode acontecer, se houver uma intervenção militar?
 
Eu preferiria nem pensar nisso. Como já disseram outros mais especialistas que eu: a catástrofe! De qualquer maneira, seria o penúltimo passo rumo à morte dos cristãos no Oriente Médio. Este é um processo sem fim e em cujo desenvolvimento histórico, infelizmente, as potências ocidentais quase sempre tiveram um infeliz e triste papel!
 
Todos os líderes religiosos lançaram apelos contra uma intervenção militar externa. Mas o que se pode fazer concretamente para acabar como conflito sírio?
 
Espero que o Santo Padre lance um forte apelo, como João XXIII fez na véspera da guerra, depois dissuadida, de Cuba. Naquele então, Khrushchov e Kennedy escutaram o Papa. Esperemos que os que hoje governam o mundo não estejam surdos.
 
Que mensagem o senhor daria ao Ocidente, para que entenda a situação dos cristãos no Oriente Médio e saiba agir adequadamente?
 
Não acho que ele não entenda, ainda que seja muito obtuso. O Ocidente não quer compreender, pois está cego pelo seu capitalismo desenfreado e sua ambição ilimitada de poder.
 
Mas também há ignorância. Quem acha que a democracia pode se instaurar com as armas não entendeu nada sobre democracia (pensemos no Iraque, Afeganistão, Tunísia, Egito). Mais ainda: aposto que estes senhores nunca leram o famoso discurso de Péricles, que continua sendo a carta magna da democracia.
 
Existe uma incapacidade de distinguir as coisas, mas também falta de vontade. É verdade que a Síria não era um país democrático quando à liberdade de expressão política; mas era um dos países mais democráticos do mundo no que diz respeito à democracia comunitária, que praticamente não existe no Ocidente, pois não há comunidades étnicas e confessionais reconhecidas além das grandes religiões e uma ou outra confissão esporádica, e as minorias territoriais, como o Tirol do Sul.
 
O monopólio etnocultural do Ocidente e do seu sistema político, que invadiu o mundo, é também uma forma de ditadura que o Ocidente, com sua prepotência político-ideológica, se nega inclusive a discutir.
 
Que interesses econômicos, políticos e sociais poderiam estar por trás de uma intervenção militar ocidental?
 
Antes de tudo, acho, o interesse da indústria bélica, que torna o milionário bilionário. Este é o leitmotivsociopolítico do Ocidente hoje; e, em grande parte, ele já conseguiu tornar os ricos mais ricos, e os mais ricos, riquíssimos.
 
Grande, chapeau! Assim, o Iraque, ainda que tenha sido um autêntico fracasso político, foi um sucesso enorme para os grandes produtores de armas; e, visto assim, todas as guerras dos últimos 23 anos foram um êxito.

 
Que Deus nos salve do pior!
____________________________________
Fonte: Aleteia

Globo cria confusão sobre aborto na novela Amor à Vida

Recentemente na novela Amor à Vida, um médico se negou a atender uma paciente
que chegou em estado de choque após ter provocado um aborto.


Ilustríssimo Senhor,
Carlos Henrique Schroder
Diretor Geral da TV GLOBO
 
Em cena da novela “Amor à vida”, no capítulo 82 que foi ao ar no dia 22 de agosto, a Rede Globo entrou com extrema superficialidade e com inúmeros equívocos em debate que merece ser abordado com seriedade e fundamentação. Em evento desconectado do enredo, entra em debate o aborto provocado. O personagem de um médico, chefe da residência médica, afirma que “o aborto ilegal está entre as maiores causas de mortes de mulheres no Brasil”. E afirma também que “infelizmente o aborto ilegal se tornou caso de saúde pública”.
 
Vamos aos dados oficiais, disponíveis no DATASUS: faleceram no Brasil, em 2011 (último ano a ter os dados totalmente disponíveis) 504.415 mulheres. O número máximo de mortes maternas por aborto provocado, incluindo os casos não especificados, corresponde a 69, sendo uma delas aborto dito legal. Portanto, apenas 0,013% das mortes de mulheres devem-se a aborto ilegal. Comparando, 31,7% das mulheres morreram de doenças do aparelho circulatório e 17,03% de tumores. Estes sim constituem problemas de saúde pública.
 

Houve também clara confusão entre os conceitos de “omissão de socorro” e “objeção de consciência”, com laivos de intolerância à liberdade religiosa. Desconhecemos que alguma religião impeça seus membros de prestar socorro a “pecadores”. Se assim fosse, inúmeros assaltantes e assassinos que chegam baleados aos hospitais ficariam sem atendimento. Se até um bandido assassino que foi ferido no embate tem direito a atendimento médico, como caberia negá-lo em situações de sequelas do aborto? A cena foi preconceituosa para com as crenças do outro personagem médico, distorcendo-as. Ela parece mesmo pretender trazer confusão para a questão da objeção de consciência, situação em que o profissional de saúde se recusa licitamente a realizar ou participar do abortamento, uma vez que ele se forma para proteger a vida e não para tirá-la.

 
Sabedores da influência que as novelas possuem na mentalidade do povo, demandamos que haja uma retratação das falsas impressões apresentadas, pois uma emissora deve ter compromisso com a realidade dos fatos. Se a Rede Globo deseja problematizar o debate, que o faça a partir de dados e situações verazes e não apenas reproduza determinados jargões propagandísticos pela legalização do aborto em nosso país.


Brasilia, 23 de Agosto de 2013.


Lenise Garcia
Presidente Nacional

Jaime Ferreira Lopes
Vice-Presidente Nacional Executivo

Damares Alves

Secretária Geral

_________________________________
Disponível em: Aleteia