terça-feira, 3 de junho de 2014

Os pecados dos antepassados influenciam nossas vidas?


Querido padre Gabriele, algumas vezes ouvimos falar no âmbito carismático de “árvore genealógica”. O que o senhor pode dizer a respeito?

Esta é uma questão controversa. Há quem sustente que as consequências de culpas morais graves, das quais mancharam os próprios antepassados - como por exemplo homicídios, abortos, suicídios, práticas mágicas etc. -, se propagam às gerações sucessivas. Atenção, não a culpa moral, que é sempre e somente pessoal, mas as suas consequências, como por exemplo a tendência inata a repetir os mesmos atos pecaminosos dos antepassados. Uma espécie de “inclinação” espiritual, que chegaria aos filhos, netos, bisnetos e assim desceria na árvore genealógica. Como se transmitem os caracteres hereditários fixos na transmissão da vida, assim seria para aqueles espirituais.

Para livrar-se desta tendência, cada descendente deveria renunciar a eles com um estilo de vida cristã. Através de um caminho de purificação, se alcançaria - uma vez individualizada a tendência pecaminosa, que pode beirar a compulsividade - a emendar-se nela. Isto seria de qualquer modo a transmissão do caráter “doente” aos descendentes. A tese é difusa por nós com o livro do psiquiatra inglês Kenneth McAll, Até as raízes, o qual sustenta - citando casos por ele notados - que a causa dos males pode depender de questões de geração.

A Idade Média foi "noite escura"?


- “A Idade Média terá sido, em virtude da predominância da religião católica, um período de obscurantismo?” (L.M. - Salvador-BA).

A Idade Média é por vezes considerada qual «noite de mil anos» que se abateu sobre a civilização, constituindo, pela barbárie e ignorância de seus homens, verdadeira mancha no decorrer da História.

É o que, conforme alguns autores, a própria designação «Idade Média» deveria incutir. Esta foi forjada pelos humanistas do séc. XVI, que com tal denominação queriam caracterizar o período da língua latina, que vai da idade clássica antiga ao Renascimento da mesma, no séc. XVI. Entre duas épocas áureas estaria [então] uma fase intermediária ou «média», fase apagada ou decadente na História do idioma latino.

Em 1688, o historiador alemão Cristóvão Keller (Cellarius) na sua «Historia Medii Aevi» (="História da Idade Média") adotou pela primeira vez o nome no setor da História da Civilização, o que dava a entender que o período decorrente entre a Idade Antiga e a Renascença foi igualmente uma época apagada e decadente.

Nem todos os autores, porém, concordaram com tal modo de ver...

O historicismo do século passado tinha a Idade Média na conta de período cheio de realizações construtivas.

Vejamos o que há de objetivo nestas diversas apreciações.

1)     O período Antigo ou Greco-Romano da civilização termina com a ruína do Império Romano, o qual cedeu aos golpes das invasões bárbaras (Roma caiu em 476). A Europa e a África Setentrional foram ocupadas pelos germanos invasores que, após haver derrubado as instituições antigas, eram incapazes de construir a vida social, pois careciam de valores culturais correspondentes. Ora, tendo desaparecido a figura do Imperador no Ocidente, a única autoridade capaz de tomar as rédeas da situação europeia dos séculos V/VII era a autoridade eclesiástica: o Papa, então, os bispos e os monges se puseram a preservar da perda total os valores da civilização greco-romana, utilizando-os na confecção de nova síntese cultural.
2)       
Não há dúvida de que a Religião Católica foi altamente benemérita neste trabalho de reconstrução; criaram-se valores e instituições de vulto no início e no decurso da Idade Média. Detendo-nos apenas na história da educação e da cultura, devemos mencionar que foram os clérigos e monges que asseguraram o ensino primário nas escolas catedrais, monacais e palatinas (isto é, erguidas respectivamente junto a uma igreja catedral, a um mosteiro, a um palácio de rei).

Papa fala da Ascensão de Jesus e recorda mandato missionário.


REGINA COELI
Praça São Pedro – Vaticano
Domingo, 1º de junho de 2014

Queridos irmãos e irmãs, bom dia.

Hoje, na Itália e em outros países, celebra-se a Ascensão de Jesus ao céu, ocorrida quarenta dias após a Páscoa. O Ato dos Apóstolos conta este episódio, a separação final do Senhor Jesus dos seus discípulos e deste mundo (cfr At 1, 2.9). O Evangelho de Mateus, em vez disso, relata o mandato de Jesus aos discípulos: o convite a ir, a partir para anunciar a todos os povos a sua mensagem de salvação (cfr Mt 28, 16-20). “Ir”, ou melhor, “partir” se torna a palavra-chave da festa de hoje: Jesus parte para o Pai e ordena seus discípulos a partirem para o mundo.

Jesus parte, sobe ao Céu, isso é, retorna ao Pai do qual tinha sido mandado ao mundo. Fez o seu trabalho, então retorna ao Pai. Mas não se trata de uma separação, porque Ele permanece sempre conosco, de uma forma nova. Com a sua ascensão, o Senhor ressuscitado atrai o olhar dos apóstolos – e também o nosso olhar – às alturas do Céu para nos mostrar que a meta do nosso caminho é o Pai. Ele mesmo havia dito que iria para lá nos preparar um lugar no Céu. Todavia, Jesus permanece presente e ativo nos acontecimentos da história humana com o poder e os dons do seu Espírito; está próximo a cada um de nós: mesmo se nós não O vemos com os olhos, Ele está ali! Acompanha-nos, guia-nos, toma-nos pela mão e nos levanta quando caímos. Jesus ressuscitado está próximo aos cristãos perseguidos e discriminados; está próximo a cada homem e a cada mulher que sofre. Está próximo a todos nós, também hoje está aqui conosco na praça; o Senhor está conosco! Vocês acreditam nisso? Então digamos juntos: o Senhor está conosco!

sexta-feira, 30 de maio de 2014

O casamento dos padres pode ser uma solução para a pedofilia e homossexualismo?


Caro Padre Angelo, em uma jornada na escola ouvi uma professora que dizia que o casamento dos padres poderia ser uma solução aos casos de pedofilia e também a homossexualismo. Ela também sustentava que os apóstolos eram casados e que seria justo ter também padres casados (adiciono que ela também falava das freiras). Ela disse que o celibato sacerdotal e monástico é contra a natureza e que o matrimônio poderia acabar com as infidelidades e os escândalos. Naturalmente eu estava muito bravo ao ouvir estas coisas contra a Igreja, mas não tive coragem de contrapor, porque muitos dos meus companheiros estavam de acordo, e também porque eu não tinha argumentos adequados para contrapor estas questões. 

Resposta do sacerdote:

Caro,

1. Cito primeiramente o que escreveu um professor na França, Jean Guitton: “Se se compara a vida dos animais com o comportamento da espécie humana, percebemos que a sexualidade nos animais tem um papel muito mais limitado. Dá-se por fases e períodos limitados, ao menos nas espécies superiores. Com excessão dos grandes macacos, que são certamente os degenerados, a fêmea aceita o macho somente para sua necessidade aos seus deveres com a espécie. Existem também casos nos quais apenas um contato torna a fêmea idônea a gerar muitas vezes, como para as abelhas e pulgões. De resto, a sexualidade animal é limitada estreitamente a sua função e não cria comunidade de vida entre os indivíduos. Conhecem-se certamente as simbioses de acoplamento, por exemplo nas rãs e nas tartarugas, mas o acoplamento não é uma sociedade” (J. Guitton, O amor humano, p. 162).

2. Depois de ter observado que para os animais o estímulo sexual leva à necessidade incontrolável, afirma: “Existe toda uma literatura que quer apresentar a satisfação do instinto sexual como uma necessidade. Mas os raciocínios dos fisiologistas e o lirismo nunca podem prevalecer sobre a realidade que a continência não é prejudicial à saúde física e mental e não afeta os órgãos reprodutores. É neste sentido que o instinto sexual, que no homem e somente no homem é independente do instinto vital, permite ao homem libertar-se… Por outro lado, enquanto no animal o instinto segue uma regra e é submisso ao ritmo cósmico, no homem - e sobretudo no macho - pode ser excitado quase em continuação. Não é ligado às necessidades vitais e se apresenta no tempo e fora dele. Diria que no homem o instinto se solta da vida para se envolver no espírito… Tudo ocorre como se a natureza tivesse, neste instinto mais que em outro, deparado o desejo da necessidade… A necessidade, reduzida a pura necessidade real, é rara e se deve notar que nunca é constritiva” (Ib., pp. 164-165).

3. Um autor de bioética, Ramòn Lucas Lucas, ressalta a importância deste dado: “No animal a atividade instintiva sexual tem um caráter totalmente automático. O encontro do macho com a fêmea não é subordinado a nenhuma decisão ou escolha; tem qualquer coisa de fatal. Do mesmo modo, o ritmo dos períodos do cio é regulado de maneira automática. Este caráter automático não se encontra no homem. Não existe no homem ‘normal’ nenhuma atividade instintiva vinculada por si. A razão disto, em relação à sexualidade, é a ausência dos períodos de cio; como existem determinados estímulos hormonais, que se manifestam na intensificação do instinto. Em virtude desta ausência, o homem escapa ao ciclo do tempo” (R. Lucas Lucas, Antropologia e problemas bioéticos, p. 69).

4. E acrescenta: “A exclusão do homem de determinação instintiva não é de menos, mas uma outra oportunidade como sinal de sua grandeza. A diminuição de sua potência como ser natural oferece a oportunidade de orientar-se para a sua determinação. A vida não lhe é dada já organizada, nem determinada para o ciclo dos instintos; assim o homem é exposto ao risco, e à oportunidade e ao dever de perguntar-se qual é o sentido da sua atividade sexual. Com isto, a possibilidade de errar se converte em privilégio do qual goza apenas o homem; errar é humano. A falta de determinação da força natural da sensualidade humana e das relações sexuais produz paradoxalmente uma força de humanização” (Ib., p. 79). 

"A História do Papado": Uma Refutação a um Programa de TV Adventista


Poucos dias após a renúncia de Bento XVI e a eleição do Papa Francisco, o seriado "Evidências", produzido pela TV Novo Tempo (ligada à igreja Adventista, contando com o apoio cultural da sua Casa Publicadora Brasileira [30:18]), dedicou todo um programa à "História do Papado"[0], apresentado e narrado pelo "teólogo e arqueólogo" Rodrigo Silva [00:34 / 30:13] que, segundo afirmava, pretendia "contar um pouco da história dos Papas" [01:27], expondo as coisas segundo "fatos históricos, bíblicos e proféticos" [27:27].

Conforme este mesmo apresentador, o objetivo de "Evidências" é "a procura de fatos que comprovem a veracidade da Bíblia Sagrada" [00:36], e que neste programa da série viriam a ser respondidas as seguintes questões [01:34]:

• Como surgiu o Papado?
• Pedro foi o primeiro dos Papas?
• O Papa é a besta do Apocalipse?

Muito embora os créditos apresentados no final do programa não digam quem foi o responsável pelo roteiro final, considerando-se o simples fato de o programa ser produzido para uma emissora protestante, não era difícil de "adivinhar" quais respostas seriam dadas para as perguntas acima - uma vez que diversas igrejas protestantes não-adventistas também responderiam da mesma maneira ou de uma maneira muito semelhante...

Na verdade, o programa acabou sendo um resumo de todo ensinamento antipapal promovido pela profetiza-fundadora do Adventismo do 7o Dia, sra. Ellen Gould White, detalhados nos livros da sua autoria ou nos de seus seguidores[1].

Porém, o fato é que, ao final do programa, o próprio apresentador - que se revelou "ex-católico" [28:12] -, recomenda-nos a desconfiar de tudo o que foi dito ali: "Não confiem prontamente no que estou dizendo. Isto mesmo! Essas informações que você recebeu foram dadas para que você investigue por si mesmo os fatos e conclua a respeito do que está por trás do maior sistema eclesiástico do mundo" [27:40].

Portanto, atendamos ao seu pedido e investiguemos cuidadosamente, apoiando-nos em fontes bíblicas e históricas, deixando de lado as pseudo-profecias e preconceitos anticatólicos da fundadora do Adventismo do 7o Dia[2] e dos líderes da denominação.

"Dominus Nobiscum": A celebração dominical na ausência do sacerdote.


A falta de sacerdotes é uma triste realidade para muitas comunidades paroquiais em nosso país. Essa carência prejudica a administração dos sacramentos, em particular a Santíssima Eucaristia. A Igreja com sua preocupação pastoral roga aos Bispos e párocos que procurem outros sacerdotes, diocesanos ou religiosos, como primeira solução, para que celebrem a Santa Missa nesses locais de modo que os fiéis possam cumprir o preceito dominical. Ainda assim, pode não haver sacerdotes em número suficiente para atender todas as comunidades nos domingos e solenidades. Dessa forma, é pedido aos fiéis que se locomovam para uma igreja vizinha para lá celebrar a Eucaristia.

Se, apesar de todos esses esforços, for impossível aos fiéis assistir a Santa Missa, estão eles de acordo com o direito, desobrigados do preceito. Ainda assim, a Igreja convida vivamente, embora não obrigue, o fiel a se reunir em comunidade para a celebração da Palavra ou, pelo menos rezar em família ou, ainda, sozinho. A primeira dessas formas de oração, a comunitária, realiza-se com uma celebração da Palavra de Deus na qual se pode distribuir a comunhão eucarística. A esse ponto temos muitos problemas. O primeiro deles é que a celebração raramente é feita como deveria de acordo com o "Ritual da Sagrada Comunhão e o Culto do Mistério Eucarístico fora da Missa". O que se vê de mais comum é um esboço de missa, da qual se arrancam ou adaptam tudo que seja sacerdotal.
 

Um ícone dessa realidade é a expressão "O senhor esteja conosco" que é uma clara adaptação tupiniquim da saudação clerical "O senhor esteja convosco", do latim "Dominus Vobiscum". E é justamente o latim que mostra como tal expressão é uma adaptação simplória e estranha ao Rito Romano, uma vez que a resposta da saudação só faz sentido na tradução brasileira, no latim o "Et cum spirito tuo" remete claramente ao espírito sacramental que habita na pessoa do ministro ordenado. Tal adaptação infeliz não se prende a essa saudação, mas se estende a"... e a comunhão do Espírito Santo esteja sempre coNosco", "A paz do Senhor esteja sempre coNosco", "Abençoe-Nos o Deus todo-poderoso..." e até ao absurdo "... por Jesus Cristo. Que CONOSCO (sic!) vive e reina, na unidade do Espírito Santo". Casos mais graves podem incluir recitação do prefácio ou imitações do mesmo e, ainda, da própria Oração Eucarística retirando-lhe tão somente a narrativa da consagração. Detalhes à parte, essa celebração que nasce da adaptação do rito da Missa não possui aprovação da Santa Sé.

Olhar a bola e o social


A Copa do Mundo está se aproximando e a sociedade brasileira confirma sinais de que não tratará o futebol simplesmente com a habitual euforia. O “país do futebol”, cansado com o modo obsoleto de se fazer política, está emoldurando o mundial com a exigência de se promover mudanças. Não bastará, como de costume, fixar o olhar na bola. É imprescindível debater as questões sociais, investindo em transformações profundas. A euforia própria do futebol, com sua alegria que bem vivida congraça e inspira união de corações, precisa receber marcas incidentes. Trata-se de adicionar um componente cidadão que contribua para as reformas que o Brasil, especialmente o pobre, espera e precisa. Desta vez, a tática usada desde o Império Romano de distrair o povo das questões sociais e políticas com o entretenimento não pode funcionar.

Com frequência acompanhamos as notícias na imprensa sobre os jogos da Copa que, por exigência de seu órgão superior, poderiam ser realizados em oito estádios. Por isso mesmo, ninguém consegue entender a razão dos investimentos na construção extremamente onerosa aos cofres públicos dos estádios que são considerados desnecessários para o evento. Se confirmada a notícia, trata-se de outro indício da incompetência governamental no planejamento da destinação dos recursos que precisam ser suficientes para atender não apenas o futebol, mas, sobretudo, as necessidades inegociáveis e inadiáveis da saúde pública, educação, transporte, habitação, numa lista interminável de demandas e urgências.

O país do futebol tem nas mãos a oportunidade de não permitir que se manipule a euforia bonita e contagiante deste esporte. Uma tática obsoleta de “pão e circo” para desviar o olhar cidadão das questões que merecem críticas, respostas urgentes, encaminhamentos mais participativos e solidários. O discurso das ruas do ano passado, emoldurando a Copa das Confederações, efetivamente inaugurou esse novo tempo. São muitas as opiniões que apontam que os legados da Copa não serão como mostram as propagandas. De fato, o não cumprimento, ao longo de sete anos, a partir da escolha do Brasil para sediar o mundial, das promessas de investimento na infraestrutura, estradas, aeroportos, transporte urbano, com especial atenção para as conturbações das grandes regiões metropolitanas, um caos na vida do povo, é um legado negativo, que mostra a incompetência e a morosidade dos que estão gerindo a máquina pública.

Ser homossexual é um sofrimento, não uma escolha nem um pecado em si



Blogueiro e participante do universo ativista LGBT, começou-se a falar dele em 2011, quando Phillipe Ariño revelou que havia mudado de vida. Em 2013, ele guiou, em primeira linha, a batalha contra a legalização do "casamento para todos" francês; é autor do livro "L'homosexualité en vérité", que na França vendeu mais de 10 mil cópias.
 
Foi ele quem aconselhou Frigide Barjot, ex-porta-voz da "Manif pour tous", que não falasse de "heterossexualidade", porque "assim se perde não só a batalha, mas também a guerra".
 
Entrevistado por Tempi.it, Ariño explica que, "para salvar o ser humano, é preciso ir à origem do problema. É isso que tentamos fazer nas ruas com os veilleurs" (os "veladores").
 
Conte-nos sua história. Como você cresceu?
 
Eu tinha uma péssima relação com o meu pai e, na adolescência, eu não conseguia fazer amizades masculinas. Depois entendi e reconheci que minhas tendências homossexuais eram sintoma de uma "ferida": só dessa maneira meu sofrimento começou a diminuir.
 
Ser homossexual é um sofrimento; não é uma escolha, um pecado ou algo inócuo. Conheço mais de 90 pessoas com pulsões homossexuais que foram estupradas. Agora, o mundo LGBT me odeia porque conto isso, mas eu repito a eles também: a homossexualidade é uma ferida que não se alivia fazendo sexo. Se você não admitir isso, nunca terá paz.
 
Quando sua forma de entender a homossexualidade mudou?
 
Em 2011, descobri a beleza da continência. Eu havia começado a reconhecer que alguma coisa não estava bem e voltei à Igreja. Durante uma conferência, falei da minha situação e percebi que me ajudava. E não só isso: explicando o meu drama, consegui ajudar muitas pessoas, incluindo homens e mulheres casados.
 
Foi difícil?
 
EU encontrei um caminho, mas há muitos. Outros também conseguem superar estas pulsões; eu descobri que, reconhecendo a minha ferida e oferecendo-a a Cristo e à Igreja, minha condição dolorosa se transforma em uma festa. Ao não praticar a homossexualidade, não estou dizendo "não" às minhas pulsões, mas "sim" a Deus: é um sacrifício para ter o melhor, o máximo, algo que antes eu não tinha. Podemos pensar que o Senhor só nos ama se estivermos bem, mas acontece o contrário: Ele ajuda quem precisa dele e, se você lhe oferece os seus limites, Ele faz grandes coisas.

Por que as relações homossexuais não o faziam feliz?
 
Ao me relacionar com outros homens ou olhar para eles de maneira possessiva, eu sentia satisfação no momento. Mas estava sozinho e nunca me sentia completo. É então que caímos na ilusão de achar que podemos viver a sexualidade como os outros, mas, na verdade, a sexualidade só pode ser vivida na diferença sexual.
 
O que mudou concretamente na sua vida?
 
Antes, eu me sentia sempre inferior aos homens, porque a homossexualidade é invejosa. Agora, após descobrir que Deus me ama e que sou seu filho, querido e amado, não me sinto inferior a nenhum homem. Assim, depois de muitos anos, descobri a beleza da amizade masculina, que eu não trocaria pelas relações do passado – quando eu fingia estar me realizando.
 
Pessoas como você, que abandonam seu passado, não são muito queridas pela comunidade LGBT. Como você se relaciona com o universo que frequentava?
 
Eles me colocaram na lista negra. Ficam me ameaçando e me etiquetam de homofóbico, mas eu não teria sobrevivido junto deles: é um mundo de mentiras, que exteriormente se mostra alegre, mas dentro está cheio de raiva e tristeza. A maioria dos atos homofóbicos e dos insultos contra as pessoas com tendências como as minhas provêm de pessoas que têm feridas como as minhas, que gritam e vociferam porque são frágeis.

Os ativistas podem aplaudir quando você fala, mas você só é visto em sua sexualidade, como se fosse um animal ou um indivíduo de série B que precisa ter direitos especiais. É por isso que eu digo que somos os piores inimigos de nós mesmos. Na Igreja, no entanto, encontrei pela primeira vez alguém que me acolheu como pessoa, levando em consideração tudo o que o Philippe é.