sábado, 18 de outubro de 2014

Beatificação de Paulo VI – o Papa que instituiu o Sínodo dos Bispos



Na manhã deste domingo, dia 19, pelas 10.30h de Roma, será celebrada na Praça de S. Pedro a Beatificação do Papa Paulo VI. Pontifice de grande inteligência e cultura teve uma ação absolutamente fundamental na conclusão do Concílio Vaticano II iniciado por João XXIII. A sua Exortação Apostólica Evangelii Nuntiandi publicada em dezembro de 1975 é considerada pelo Papa Francisco o mais importante documento da Igreja sobre pastoral.

Em entrevista ao nosso colega da redação italiana da Rádio Vaticano Alessandro Gisotti, o Padre Angelo Maffeis, presidente do Instituto Paolo VI, considera que o Papa Montini interpretou o Concílio como um exame de consciência que devia afinar a consciência da Igreja, da sua identidade e missão e renovar o modo de propor a mensagem evangélica, as estruturas e o modo de agir da Igreja.


O Padre Maffeis sublinhou ainda nesta entrevista a feliz coincidência da Beatificação de Paulo VI acontecer no dia em que se encerra o Sínodo sobre a Família, pois foi o Papa Paulo VI quem instituiu este organismo da Igreja. Foram estas as suas palavras:


'Parece que junho de 2013 não aconteceu', diz especialista




Integrante do colegiado de gestão do Instituto de Estudo Econômicos e Sociais (Inesc), José Antonio Moroni avalia que as manifestações de junho de 2013 tiveram pouquíssimo impacto no processo eleitoral, já que as candidaturas que pautavam reformas sociais e democráticas não foram eleitas. O especialista vê com pessimismo a ascensão conservadora no Congresso Nacional e teme estagnação na luta pela conquista de direitos.



“Em relação às eleições, parece que junho de 2013 não aconteceu. As manifestações tiveram pouco impacto no processo eleitoral. Isso porque, ou nosso sistema político é tão rígido que é impermeável a qualquer tipo de manifestação popular, ou por que foi um momento conjuntural que não tinha uma agenda política clara e não foi capaz de tensionar o sistema político”, diz.



A maior prova disso, para Moroni, é que as candidaturas mais progressistas, que pautavam reformas sociais, políticas e democráticas, e que tentaram dar voz as insatisfações da população saíram enfraquecidas do processo eleitoral. “As forças políticas que teriam mais condições de dialogar com o processo de junho de 2013 não saíram fortalecidas. As pautas extremamente conservadoras foram reforçadas. O Congresso do ano que vem será mais conservador que o de hoje e assim conseguirá dar menos respostas às demandas de junho. Cristalizou o velho, no pior sentido da palavra.”

Família, Igreja e sociedade




No Vaticano, o Sínodo dos Bispos realiza sua 3ª assembleia extraordinária, tendo como tema os atuais desafios da família, que interpelam a ação da Igreja. De 5 a 19 de outubro, os 253 participantes, convocados pelo papa Francisco, relatam sobre os desafios familiares de maior relevância nos âmbitos das 114 Conferências Episcopais representadas; participantes de vários organismos da Igreja falam da sua percepção das questões atinentes à família; delegados de outras Igrejas cristãs também presentes.



Além deles, vários casais dos 5 Continentes falam das experiências vividas no casamento e na vida familiar; 38 observadores não-bispos acompanham o desenvolvimento dos trabalhos e 16 especialistas oferecem sua ajuda nas diversas áreas de estudos e ação profissional interessadas nas temáticas familiares. O Papa assiste a tudo, ouve, observa e, no final, recebe indicações da assembleia para as decisões que achar oportunas.



Francisco quis que esta assembleia extraordinária examinasse de maneira mais específica os desafios atuais da família. Hoje há uma percepção compartilhada de que o casamento e a família atravessam uma crise sem precedentes, não apenas nos povos de cultura ocidental, mas também em regiões, onde ainda havia, até recentemente, uma forte cultura favorável à família, como na América Latina e na África.



A crise manifesta-se no elevado número de divórcios e casamentos desfeitos e de casais que convivem sem nenhuma formalização do casamento, nem civil, nem religiosa; impressiona a quantidade dos que rejeitam toda forma de união, vivendo como “singles”. E isso é comum a países da Europa, América e Ásia. Na África, a tendência é a mesma. Além disso, a natalidade caiu de modo significativo na maioria dos países;  nota-se também uma perda de espaço e de relevância social crescente da família.



São notáveis os dramas e as dificuldades enfrentadas pelas famílias nas áreas de guerra e conflitos, de discriminação cultural e religiosa. Um fluxo migratório constante da África, América Latina e Ásia leva as vítimas da pobreza e da violência a tentarem vida melhor em países mais prósperos; nesses casos, as famílias geralmente são dilaceradas e se sujeitam a toda sorte de precariedades e incertezas. Drama muito especial vivem famílias de grupos étnicos e religiosos minoritários da Síria e do Iraque, tendo que  abandonar tudo e fugir para não serem vítimas do grupo fanático que lhes impõe abraçar à força uma fé, que não é a sua, ou morrer. Há também países pobres submetidos a enormes pressões de organizações internacionais para adotarem políticas drásticas de redução da natalidade e de mudança de sua cultura familiar. Há, enfim, um vergonhoso tráfico de pessoas para a exploração sexual, submetidas a regimes degradantes de escravidão.



Também nos países livres e pluralistas, famílias são submetidas a pressões desagregadoras pela sociedade de consumo, o mercado de trabalho, as condições econômicas e sociais sufocantes, que não lhes deixam espaço nem energia para o cultivo da vida familiar minimamente satisfatória. Como pode zelar bem de si uma das muitas famílias das periferias metropolitanas, se os pais precisam sair muito cedo para chegar em tempo no lugar de trabalho e, à noite, chegam em casa mortos de cansados, mal havendo tempo e disposição para trocar algumas palavras ou dar atenção aos filhos? Nessas condições, qual esperança têm os jovens para sonharem com um casamento e uma família feliz?



Não são poucos os dramas e as pressões vividas pelas famílias! Em vários países, entre os quais o Brasil, boa parte das crianças não nasce em famílias constituídas; suas mães, com frequência bem jovens e sem nenhuma segurança social e econômica, vivem a maternidade de maneira heroica e merecem todo respeito e admiração. Porém, essa não é, certamente, a condição ideal para que uma criança venha ao mundo e tenha garantias de um futuro bom.

Eutanásia: jovem tem data marcada para morrer




Brittany Mayanard, norte-americana de 29 anos, morrerá no dia 1° de novembro, um dia após o aniversário do seu marido. A jovem decidiu realizar a eutanásia logo após descobrir que um tumor no cérebro poderia matá-la em dois meses.


A descoberta da doença


A jovem havia voltado das férias com seu marido quando os médicos diagnosticaram um tumor no cérebro. A expectativa de vida dada a ela era de apenas dois meses (Huffington Post, 8 de outubro).


Decisão de suicídio


Após uma operação falha e com a ineficácia da cura, Brittany tinha todas as possibilidades de tratamento, mas manteve a convicção de que nenhum a ajudaria. A radiação total no cérebro e as outras opções disponíveis poderiam arruinar os seus últimos meses de vida, sem dar a ela uma real possibilidade de alongar o tempo de vida. Assim a jovem decidiu se transferir para Oregon, aproveitando a lei daquele Estado, que permite aos pacientes em fase terminal “se suicidarem” com a ajuda de um médico, ou seja, praticando a eutanásia. A família aceitou a decisão de Brittany (La Stampa, 9 de outubro).

Como posso salvar minha família da violência dentro de casa?




O que acontece no coração humano quando, em um momento de ira ou incompreensão entre o casal, se dá a agressão física, ou até mesmo a morte de uma das pessoas? O que levou a violência àqueles lugares onde o amor e o respeito deveriam ser o pilar de cada relação familiar?
A violência costumeira de quem está convencido de que tudo se acerta por meio de agressões desmembrou famílias inteiras, trazendo apenas abismos e ódio recíproco. Isso pode ser fruto da mentalidade daqueles que iniciam a construir reações, muitas vezes desde o namoro, onde não se entende o amor como doação, mas como posse doentia.


É como se descesse sobre a família uma nuvem de destruição que busca, mediante a agressão, dividir a possibilidade de diálogo e de acordo entre os pais, filhos e os cônjuges. Não podemos desconhecer que a esperança dos sábios não se gera somente na possibilidade de exprimir aquilo que se sente e se quer, mas também no escutar aquilo que o outro leva no coração.


Em geral, as alternativas de diálogo se baseiam sobre aquilo que se quer e não sobre aquilo que a outra pessoa deseja. Mas quando a palavra não tem o efeito desejado, sobretudo quando se espera que a nossa seja a última, diante da sensação de impotência, a agressividade se torna a resposta recorrente daqueles os quais falta a imaginação e que pensam que desta maneira podem se fazer escutar ou obedecer.


Você grita comigo, eu grito com você, e assim quem levanta mais a voz acreditar poder vencer o outro. Falta-nos a capacidade para resolver os conflitos familiares; os membros da nossa família se tornaram saco de pancadas que agredimos constantemente, acreditando que as ligações de sangue sejam suficientemente fortes para tudo permitir e perdoar.


Existem exercícios em família que deveriam ser realizados frequentemente para se tornarem hábitos na solução dos conflitos. Não precisaria esperar para encontra uma solução de emergência para buscar agir desesperadamente e resolver aquilo que em geral foge das mãos. Vejamos alguns exemplos:


1. Avaliar com regularidade a vida familiar


Isto implica no fato de pensar quem são os membros da família e o que querem de cada um e de todos. Não se limite a perguntar coisas relativas à escola e ao trabalho, a falar do clima e da economia. É fundamental exprimir o amor e crescer no amor.


2. Propor de maneira pessoal a crescer naquilo que cada um quer de si mesmo, ajudar e exortar os outros. Contar ao outro os sonhos mantidos no coração.


3. Não pressupor que a outra pessoa deva saber o que acontece e o que se sente. Na família não existem adivinhos. Expresse oportunamente o desconforto do momento. 


4. Ter como princípio fundamental o fato de não ir para a cama bravo(a).


5. Relembrar que “as palavras não são levadas pelo vento”, porque alcançam sempre o seu objetivo. Quem as pronuncia deve saber que a palavra nunca volta vazia.

quinta-feira, 16 de outubro de 2014

Polêmica no Sínodo: Mensagem do relatório intercalar “não corresponde à verdade”, diz bispo.




Os bispos que participam no sínodo da família, em Roma, estão preocupados com o impacto mediático que teve a divulgação do relatório intercalar, na segunda-feira. 


Na conferência de imprensa diária, na sala de imprensa da Santa Sé, o cardeal sul-africano Wilfred Napier foi muito crítico do relatório, dizendo que os bispos nem sabiam que ele ia ser publicado. Napier teme que a sua divulgação tenha causado danos “irremediáveis”, embora o padre Federico Lombardi, presidente da sala de imprensa da Santa Sé, diga que a publicação do documento corresponde à prática normal dos sínodos.


“Uma das coisas que incomodou muito os padres sinodais é que, agora, estamos a trabalhar a partir de uma posição virtualmente irremediável, porque a mensagem já saiu: ‘Isto é o que o Sínodo está a dizer, isto é o que a Igreja católica está a dizer…’ e não é nada disso que estamos a dizer!” E agora, por muito que tentemos corrigir – e essa, infelizmente, é também a minha experiência com os media – uma vez publicado e em destaque, já não há maneira de o recuperar. Essa é a minha preocupação: a mensagem que já saiu não é a verdadeira mensagem! E o que viermos a dizer depois, será sempre visto como se houvesse uma censura, que efetivamente não existe”.


relatório intercalar faz um resumo dos principais pontos discutidos durante a primeira semana do sínodo e serve de base para as discussões que começaram esta semana, com os bispos divididos em grupos, por língua materna. 


O documento foi recebido com muita polêmica e surpresa. Mais do que uma revolução doutrinal, representa uma mudança de tom em relação a aspectos fracturantes, como a coabitação, as uniões irregulares e as relações homossexuais. 


Mas o cardeal africano considera que é “questionável” se a divulgação do documento foi “oportuna”, uma vez que o seu conteúdo não reflete nem posições definidas, nem necessariamente a opinião de todos os padres conciliares. “Talvez alguma linguagem usada no relatório tenha levado as pessoas a acreditarem que este documento é o reflexo dos pontos de vista do sínodo como um todo. Só que vocês [jornalistas] receberam o documento antes de nós, por isso, nunca poderíamos tê-lo subscrito.] 


A polêmica gerada pela divulgação do relatório levou mesmo a secretária-geral do sínodo a publicar um comunicado em que se lê: “A secretária-geral do sínodo, no seguimento das reações e discussão que se seguiu à publicação do relatório intercalar, e tendo em conta que lhe foi atribuída uma importância que não corresponde à sua natureza, reitera que se trata de um documento de trabalho”. O comunicado foi recebido com alguma revolta pelos jornalistas presentes, que recordaram que foi a própria Santa Sé, na conferência de imprensa de segunda-feira, que atribuiu importância ao relatório pela forma como o divulgou e comentou.

Muçulmanos protestam contra uso do nome 'Estado Islâmico' por terroristas



Depois da decapitação do guia de montanhismo francês Hervé Gourdel, no mês passado, por um grupo jihadista argelino alinhado com o Estado Islâmico (EI), centenas de muçulmanos se reuniram diante da Grande Mesquita de Paris para expressar seu repúdio à brutalidade de um grupo cujo nome e ideologia, disseram, representam um insulto a muçulmanos de todo o mundo.



Ahmet Ogras, vice-presidente do Conselho Francês da Fé Muçulmana, a entidade que convocou o protesto, disse que o uso do nome Estado Islâmico, agora comum, ameaça estigmatizar os muçulmanos da França, a maior comunidade muçulmana da Europa. Ele disse também que o nome confere legitimidade injustificada a um grupo que promove matanças em nome do islã. "Este não é um Estado -é uma organização terrorista", afirmou Ogras. "Não se pode brincar com as palavras."



Enquanto a batalha liderada pelos EUA contra forças radicais segue adiante no Iraque e na Síria, uma nova frente de guerra linguística se delineia.



Grupos muçulmanos estão criticando o Estado Islâmico em protestos e nas mídias sociais, defendendo nomes alternativos para descrever a facção, hoje conhecida por várias siglas, incluindo EIIS (Estado Islâmico no Iraque e na Síria), EIIL (Estado Islâmico no Iraque e no Levante), ECI (Estado do Califado Islâmico) e EI (Estado Islâmico).


Estado Islâmico: O terror como arma




Criança iraquiana que foi decapitada pelos terroristas 
do Estado Islâmico logo após essa foto

Damasco (Prensa Latina) Sinônimo de terror, o Estado Islâmico (EI) agora é o novo inimigo público número um de Washington, criador dessa organização e durante anos um de seus principais patrocinadores como parte de sua geopolítica no Oriente Médio.


Com dezenas de milhares de homens, armamento sofisticado e financiamento abundante, o Daesh (as iniciais do grupo em árabe) passou de uma minúscula formação para representar uma verdadeira ameaça para o Iraque e a Síria.



Ao apoiar e armar os opositores na Síria, criamos um refúgio seguro para os jihadistas, denunciou recentemente o senador norte-americano Rand Paul.



O Estado Islâmico e seu antigo aliado a Frente Al Nusra, braço da Al Qaeda na Síria, foram capazes de crescer graças às doações dos aliados da Casa Branca no Golfo Pérsico, considerou Andrew Tabler, especialista do Instituto Washington para a Política de Oriente Médio.



Também o ex-primeiro-ministro iraquiano, Nuri Al Maliki, denunciou durante anos o envolvimento da Arábia Saudita e Qatar no financiamento ao terrorismo em seu país.

Ainda que suas origens não estejam de todo claras, considera-se que o germe foi o grupo criado em 2002 pelo jordaniano Abu Musab Al Zarqawi, conhecido como a Yamaat Al Tawhid wal Jihad (Comunidade do Monoteísmo e da Guerra Santa).



Um ano depois da invasão estadunidense ao Iraque, em 2003, jurou lealdade à Al Qaeda e passou a chamar-se Organização da Base da Guerra Santa no País dos Dois Rios (em referência aos rios Eufrates e Tigre) e depois Estado Islâmico do Iraque.



Com a morte de Al Zarqawi, em 2006, o comando passou a Abu Omar Al Baghdadi e a este lhe sucedeu em abril de 2010 Abu Bakr Al Baghdadi, quem ao se envolver na guerra síria mudou seu nome em 2013 para Estado Islâmico do Iraque e dos Países do Sham (ISIS, por suas siglas em inglês).



Algumas versões indicam que os germes da atual estrutura do Estado Islâmico (último da longa lista de nomes) se incubaram na prisão estadunidense em Camp Bucca, no Iraque, onde Al Baghdadi esteve preso faz uma década.